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29/12/2016

Apostas, jogos de sorte: são permitidos para um cristão?

Participação em apostas ou jogos de sorte são permitidos para um cristão?

Apostas e jogos de sorte são uma realidade no meio social, pois a diversão, o lazer e o entretenimento, nas suas várias expressões, fazem parte de uma das dimensões do ser humano. Porém, a pergunta é se essas práticas são convenientes ou não.

Diante do que a Igreja ensina sobre apostas e jogos de sorte ou azar, sendo essa uma questão complexa, um aspecto imprescindível é destacar o abandono e a confiança na Providência de Deus, que rege todas as coisas e deve ter a primazia na vida de todo ser humano. Também é preciso a todos disposição e empenho para o trabalho que “pode ser um meio de santificação” (CIC 2427), que não deve ser descartado frente a possíveis acomodamentos por motivos fúteis.

O que a Igreja ensina

O Catecismo da Igreja Católica, em sua terceira parte, na segunda seção sobre os dez mandamentos, que trata do sétimo mandamento “não roubarás” [i], traz as direções sobre os jogos de sorte e apostas, ou seja, se são convenientes ou não, e os riscos que tais práticas podem trazer quando excedem e causam dependência nas pessoas.

O Catecismo da Igreja diz:

“Os jogos de azar (jogos de carta etc.) ou apostas em si não são contrários à justiça. Tornam-se moralmente inaceitáveis quando privam a pessoa daquilo que lhe é necessário para suprir suas necessidades e as dos outros. A paixão pelo jogo corre o risco de se transformar em uma dependência grave. Apostar injustamente ou trapacear nos jogos constitui matéria grave, a menos que o dano infligido seja tão pequeno, que aquele que o sofre não possa razoavelmente considerá-lo significativo [ii]”.

Perante esse ensinamento do Catecismo, verifica-se que os jogos de sorte ou apostas, por eles mesmos, não são um problema para os princípios conceituados justos. Entretanto, essa prática torna-se inadmissível quando inflige valores primordiais da vida e seus direitos inalienáveis, ao priorizar mais as coisas secundárias.

Exemplos de incoerência:

Um pai de família que deixa de comprar o necessário para sua casa se manter com dignidade e gasta seu dinheiro com jogos de sorte e apostas está dando prioridade ao que é secundário. Outra situação é quando uma pessoa, devido a sua exagerada frequência nos jogos e apostas, acaba viciando-se nessas práticas e deixa de fazer as coisas realmente necessárias em sua vida, como cuidar da própria saúde, cumprir com responsabilidades familiares e sociais.

Outro risco é acreditar mais em apostas e jogos de sorte do que no próprio Deus, o que pode interferir tanto na espiritualidade da pessoa quanto no seu equilíbrio na vivência social. Com efeito, o vício provoca a perda da liberdade de filho de Deus e dos princípios básicos do Evangelho.

Assim, é importante ter claro que o ser humano também deve trabalhar para sua sobrevivência, pois, em Génesis 3,17, ao falar sobre a terra, diz que o homem “tirará dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida”. Ou seja, não se deve confiar o sustento às apostas e jogos.

Postura coerente face a essa realidade

Diante da participação de apostas e jogos de sorte, conforme a Igreja ensina, é importante que cada um saiba analisar as suas próprias limitações e intenções por trás de cada prática, para não se viciar, ou optar sempre por aquilo que pode ser supérfluo. Com isso, se for por simples diversão, sem resquício de vícios e com uma consciência moral reta, não haverá problemas nesse sentido.

Uma forma de não incorrer em riscos relacionados ao excesso de jogos de sorte, cartas e apostas é perceber como e o quanto estamos envolvidos, se temos o domínio sobre nós mesmos para dizer sim e não na hora de começar e na hora de parar.

Assim, o que precisa reger nossa vida é a Providência de Deus, tanto na parte material quanto a promoção de divertimentos que sejam saudáveis para o corpo e a alma. Já que, na vida do cristão, “procura-se ordenar para Deus e para a caridade fraterna os bens deste mundo” [iii].

O básico e necessário sempre nos será concedido pelo Senhor por meio da Sua Providência juntamente com o nosso esforço e trabalho, pois Jesus garante-nos: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” [iv].

 char guillory  CANÇÃO NOVA  18 DE NOVEMBRO DE 2016





[i] (Mateus 19,18)
[ii] (CIC 2413)
[iii] (CIC 2401)
[iv] (Mateus 6,33)

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