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31/12/2016

Um ano que termina

Quando recordares a tua vida passada, passada sem pena nem glória, considera quanto tempo perdeste, e como podes recuperá-lo: com penitência e com maior entrega. (Sulco, 996)

Um ano que termina – já foi dito de mil modos, mais ou menos poéticos – com a graça e a misericórdia de Deus, é mais um passo que nos aproxima do Céu, nossa Pátria definitiva.

Ao pensar nesta realidade, compreendo perfeitamente aquela exclamação que S. Paulo escreve aos de Corinto: tempus breve est!, que breve é a nossa passagem pela terra! Para um cristão coerente, estas palavras soam, no mais íntimo do seu coração, como uma censura à falta de generosidade e como um convite constante a ser leal. Realmente é curto o nosso tempo para amar, para dar, para desagravar. Não é justo, portanto, que o malbaratemos, nem que atiremos irresponsavelmente este tesouro pela janela fora. Não podemos desperdiçar esta etapa do mundo que Deus confia a cada um de nós.


Pensemos na nossa vida com valentia. Por que é que às vezes não conseguimos os minutos de que precisamos para terminar amorosamente o trabalho que nos diz respeito e que é o meio da nossa santificação? Por que descuidamos as obrigações familiares? Por que é que se nos mete a precipitação no momento de rezar ou de assistir ao Santo Sacrifício da Missa? Por que nos faltará a serenidade e a calma para cumprir os deveres do nosso estado e nos entretemos sem qualquer pressa nos caprichos pessoais? Podeis responder-me: são coisas pequenas. Sim, com efeito, mas essas coisas pequenas são o azeite, o nosso azeite, que mantém viva a chama e acesa a luz. (Amigos de Deus, 39–41)

Evangelho e comentário

Tempo do Natal

Evangelho: Jo 1, 1-18

No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem. Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu. Veio para o que era seu e os seus não O receberam. Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. João dá testemunho d’Ele, exclamando: «Era deste que eu dizia: ‘O que vem depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim’». Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça. Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.

Comentário:

São João com o estilo que lhe e próprio dá-nos as razões e motivos que enfor­mam a nossa fé.

Tudo parece resumir-se a luz e trevas, a luz que tudo ilumina e as trevas que tudo escondem e ocultam.
O Menino é a luz que ilumina e atrai os homens irresistivelmente para o alto.

Ele afasta definitivamente as trevas onde tantos se deixam cair como mortos vivos.

Luz de luz, guia os meus passos para o supremo bem e felicidade eter­nas.

(ama, comentário sobre Jo 1, 1-18, 31.12.2009)




Leitura espiritual

Leitura espiritual



A Cidade de Deus 



Vol. 1


CAPÍTULO XXXII

Instituição dos jogos cénicos.

Todavia, ficai sabendo, vós que o ignorais e vós também que fingis ignorá-lo; prestai atenção, vós que murmurais contra quem vos libertou de tais senhores: os jogos cénicos, espectáculos de torpeza e desvario de vaidades, foram criados em Roma não por vícios humanos, mas por ordem dos vossos deuses. Seria mais tolerável conceder honras divinas a Cipião do que prestar culto a deuses deste jaez. Porque estes não eram melhores que o seu pontífice. Vede se prestais atenção — se é que o vosso espírito, embriagado por erros sorvidos desde há tanto tempo, vos permite tom ar em consideração alguma coisa de são. Os deuses ordenavam exibições de jogos teatrais em sua honra para refrearem a pestilência dos corpos. O pontífice, ao invés, proibia a própria construção do teatro para evitar que as vossas almas se empestassem. Se em vós resta uma centelha de lucidez para dar preferência à alma sobre o corpo — escolhei a qual dos dois deveis prestar culto. E não se acalmou aquela pestilência dos corpos, porque, num povo belicoso como este, até então acostumado apenas aos jogos de circo, se insinuou a insânia refinada das representações teatrais. Mas a astúcia de espíritos nefandos, prevendo que a seu tempo terminaria aquela peste, teve o cuidado de inocular outra muito mais grave e do seu pleno agrado, desta vez não nos corpos, mas nos costumes. Esta peste cegou o espírito a estes desgraçados com tão espessas trevas e tornou-os tão disformes, que, agora (a posteridade talvez não acredite se lhe chegar ao ouvido), devastada que foi Roma, os contagiados desta peste que na fuga conseguiram chegar a Cartago, todos os dias e à porfia se encontram nos teatros enlouquecidos pelos histriões.

CAPÍTULO XXXIII

Nem a destruição da pátria conseguiu corrigir os vícios dos Romanos.

Ó mentes dementes! que tamanho, não erro, mas furor é este? Segundo ouvimos dizer, enquanto todos os povos do Oriente e as cidades mais importantes das regiões mais remotas da Terra lamentam o vosso desastre e decretam luto público e se mostram inconsoláveis, vós procurais os teatros, entrais neles, enchei-los e tornai-los muito mais loucos do que eram antes. Era esta baixeza, era esta peste das vossas almas, era esta perversão da probidade e da honestidade que Cipião temia quando proibia a construção de teatros, quando via que a prosperidade vos podia afundar na corrupção, quando se recusava a que estivésseis seguros do temor do inimigo. Nunca acreditou na felicidade de um estado de altas muralhas e baixos costumes.

Mas em vós valeu mais a sedução ímpia dos demónios do que as advertências de homens precavidos. Por isso não quereis que vos sejam imputados os males que praticais, — mas imputais aos tempos cristãos os males que padeceis. E nem sequer na vossa segurança procurais a paz da repú­blica, mas a impunidade do vosso desregramento — vós que, viciados pela prosperidade não fostes capazes de vos corrigirdes na adversidade. Cipião queria atemorizar-vos com o inimigo para que não caísseis no desregramento; mas vós nem esmagados pelo inimigo refreastes a sensualidade. Perdestes a utilidade da desgraça, tornastes-vos nos mais desgraçados e continuais os piores.

CAPÍTULO XXXIV

A clemência de Deus mitigou a ruína da Urbe.

E todavia, se viveis, devei-lo a Deus, que, perdoando, vos convida à correcção pela penitência. Foi Ele quem vos permitiu, a vós ingratos, escapar às mãos inimigas, quer utilizando o nome dos seus servos quer refugiando-vos nos locais dedicados aos seus mártires. Dizem que Rómulo e Remo fundaram um asilo — e todos os que nele se refugiavam ficavam livres de toda a pena, procurando assim aumentar a população da cidade que iam fundar. Maravilhosa iniciativa que redundou em honra de Cristo! Os destruidores da Urbe decidiram o mesmo que antes tinham feito os seus fundadores. Que há de extraordinário em que, para completar o número dos seus concidadãos, tenham aqueles feito o que estes fizeram para conservarem um grande número dos seus inimigos?

CAPÍTULO XXXV

Escondidos entre os ímpios há filhos da Igreja e na Igreja há falsos cristãos.

Estas e outras que tais, — se é possível encontrar outras mais fecundas e mais propositadas, — poderão ser as respostas que a resgatada família de Cristo Senhor e a peregrina cidade de Cristo Rei darão aos seus inimigos. É bom que ela não esqueça que até entre os seus inimigos se ocultam alguns dos seus futuros concidadãos — para que não julgue ter sido improfícuo esperar por eles, suportando- -os como inimigos, até ao dia em que ela os acolherá como crentes. Do mesmo modo sucede que a cidade de Deus, durante a sua peregrinação pelo mundo, conta no seu seio com pessoas a si unidas pela comunhão dos sacramentos (conexos communione sacramentorum) que não partilham com ela a herança eterna dos santos. Alguns mantêm-se escondidos; outros são conhecidos. Como os inimigos, não hesitam em murmurar contra Deus de cuja marca sacramental são portadores. Tão depressa com eles enchem os teatros, como logo a seguir connosco enchem as igrejas. Não há que desesperar da emenda de alguns, nomeadamente destes últimos, pois que entre os nossos mais declarados adversários se escondem alguns predestinados a tornarem-se nossos amigos, coisa de que eles nem suspeitam.

De facto, estas duas cidades estão mutuamente entrelaçadas e mescladas uma na outra neste século, até que no último juízo serão separadas.

Para glória da cidade de Deus, que brilhará com mais claridade em contraste com os seus opostos, — vou expor a minha opinião acerca da sua origem, do seu desenvolvimento e dos fins respectivos, conforme a ajuda que receber de Deus.


CAPÍTULO XXXVI

Assuntos a tratar na sequência desta obra.

Mas tenho ainda algumas coisas a dizer contra os que atribuem todas as desgraças da república romana à nossa religião, que proibiu que se sacrificasse aos seus deuses. Devem com efeito ser relatadas todas aquelas desgraças, que venham a propósito e pareçam suficientes, suportadas por aquela cidade e pelas províncias por ela governadas antes da proibição dos sacrifícios. Sem dúvida que no-las atribuiriam todas a nós se a nossa religião já antes delas brilhasse a seus olhos ou já lhes tivesse proibido os seus cultos sacrílegos.

Em seguida, deve-se mostrar por que virtudes obtiveram o engrandecimento do Império e por que motivo Deus, de quem dependem todos os reinos, lhes prestou o seu auxílio.

Deve-se ainda mostrar como o poder dos que eles chamam deuses de nada lhes serviu — e, pelo contrário, quanto os prejudicaram com os seus enganos e mentiras.

Por fim, responder-se-á aos que, já refutados e convencidos com evidentíssimas provas, procuram sustentar que convém venerar os deuses, não por causa dos interesses da vida presente, mas por causa dos da vida que há-de vir depois da morte. Se não me engano, é um assunto muito mais trabalhoso, muito mais subtil e digno da mais elevada discussão. Trata-se de discutir com filósofos — não com quaisquer filósofos, mas com os mais ilustres, com os que gozam entre eles da mais elevada fama e que connosco estão de acordo em muitos pontos tais como: imortalidade da alma, criação do mundo pelo verdadeiro Deus, Providência com que rege todo o universo que criou.

Mas como também devem ser refutados aqueles pontos em que de nós discordam, não devemos faltar a este dever: resolveremos com as forças que Deus nos conceder, as objecções contra a religião e, de seguida, estabeleceremos firmemente a Cidade de Deus, a verdadeira religiosidade (pietas) e o culto de Deus unicamente no qual se encontra a verdadeira promessa da felicidade eterna.

Seja, pois, este o fim deste livro e encetemos novo caminho conforme o planeado.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)


Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

II. EXPANSÃO DA IGREJA FORA DE JERUSALÉM [i]

Capítulo 7

Martírio de Estêvão

54Ao ouvirem tais palavras, encheram-se intimamente de raiva e rangeram os dentes contra Estêvão. 55Mas este, cheio do Espírito Santo e de olhos fixos no Céu, viu a glória de Deus e Jesus de pé, à direita de Deus. 56«Olhai, disse ele, eu vejo o Céu aberto e o Filho do Homem de pé, à direita de Deus.» 57Eles, então, soltaram um grande grito e taparam os ouvidos; depois, à uma, atiraram-se a ele 58e, arrastando-o para fora da cidade, começaram a apedrejá-lo.

As testemunhas depuseram as capas aos pés de um jovem chamado Saulo. 59E, enquanto o apedrejavam, Estêvão orava, dizendo: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito.» 60Depois, posto de joelhos, bradou com voz forte: «Senhor, não lhes atribuas este pecado.» Dito isto, adormeceu.



[i] (6,8-12,25)

Antigo testamento / Levítico

Levítico 9

Os sacerdotes começam o seu ministério

1 Oito dias depois, Moisés convocou Arão, seus filhos e as autoridades de Israel.

2 E disse a Arão: "Traz um bezerro para a oferta pelo pecado e um carneiro para o holocausto, ambos sem defeito, e apresenta-os ao Senhor.

3 Depois diz aos israelitas: Tragam um bode para oferta pelo pecado; um bezerro e um cordeiro, ambos de um ano de idade e sem defeito, para holocausto; e um boi e um carneiro para oferta de comunhão, para os sacrificar perante o Senhor, com a oferta de cereal amassada com óleo; pois hoje o Senhor vos aparecerá".

4 Levaram então tudo o que Moisés tinha determinado para a frente da Tenda do Encontro, e a comunidade inteira aproximou-se e ficou em pé perante o Senhor.

5 Disse-lhes Moisés: "Foi isso que o Senhor ordenou que façam, para que a glória do Senhor vos apareça".

6 Disse Moisés a Arão: "Vem até o altar e oferece o teu sacrifício pelo pecado e o teu holocausto, e faz propiciação por ti mesmo e pelo povo; oferece o sacrifício pelo povo e faz propiciação por ele, conforme o Senhor ordenou".

7 Arão foi até o altar e ofereceu o bezerro como sacrifício pelo pecado por si mesmo.

8 Os seus filhos levaram-lhe o sangue, e ele molhou o dedo no sangue e o pôs nas pontas do altar; depois derramou o restante do sangue na base do altar, onde queimou a gordura, os rins e o lóbulo do fígado da oferta pelo pecado, conforme o Senhor tinha ordenado a Moisés; a carne e o couro, porém, queimou fora do acampamento.

9 Depois sacrificou o holocausto. Os seus filhos entregaram-lhe o sangue, e ele derramou-o nos lados do altar.

10 Entregaram-lhe, em seguida, o holocausto pedaço por pedaço, inclusive a cabeça, e ele queimou-os no altar.

11 Lavou as vísceras e as pernas e queimou-as em cima do holocausto sobre o altar.

12 Depois Arão apresentou a oferta pelo povo. Pegou o bode para a oferta pelo pecado do povo e o ofereceu como sacrifício pelo pecado, como fizera com o primeiro.

13 Apresentou o holocausto e ofereceu-o conforme fora prescrito.

14 Também apresentou a oferta de cereal, pegou um punhado dela e queimou-a no altar, além do holocausto da manhã.

15 Matou o boi e o carneiro como sacrifício de comunhão pelo povo. Os seus filhos levaram-lhe o sangue, e ele derramou-o nos lados do altar.

16 Mas as porções de gordura do boi e do carneiro, a cauda gorda, a gordura que cobre as vísceras, os rins e o lóbulo do fígado, puseram-nos em cima do peito; e Arão queimou essas porções no altar.

17 Em seguida, Arão moveu o peito e a coxa direita do animal perante o Senhor como gesto ritual de apresentação, conforme Moisés tinha ordenado.

18 Depois Arão ergueu as mãos em direcção ao povo e o abençoou. E, tendo oferecido o sacrifício pelo pecado, o holocausto e o sacrifício de comunhão, desceu.

19 Assim Moisés e Arão entraram na Tenda do Encontro. Quando saíram, abençoaram o povo; e a glória do Senhor apareceu a todos eles.

20 Saiu fogo da presença do Senhor e consumiu o holocausto e as porções de gordura sobre o altar. E, quando todo o povo viu isso, gritou de alegria e prostrou-se com o rosto em terra.


(Revisão da versão portuguesa por ama)

CARVIDEX


A partir do dia 01 de Janeiro, 

CARVIDEX retoma as publicações.

Pequena agenda do cristão



SÁBADO



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Honrar a Santíssima Virgem.

A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador, porque pôs os olhos na humildade da Sua serva, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas, santo é o Seu nome. O Seu Amor se estende de geração em geração sobre os que O temem. Manifestou o poder do Seu braço, derrubou os poderosos do seu trono e exaltou os humildes, aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel Seu servo, lembrado da Sua misericórdia, como tinha prometido a Abraão e à sua descendência para sempre.

Lembrar-me:

Santíssima Virgem Mãe de Deus e minha Mãe.

Minha querida Mãe: Hoje queria oferecer-te um presente que te fosse agradável e que, de algum modo, significasse o amor e o carinho que sinto pela tua excelsa pessoa.
Não encontro, pobre de mim, nada mais que isto: O desejo profundo e sincero de me entregar nas tuas mãos de Mãe para que me leves a Teu Divino Filho Jesus. Sim, protegido pelo teu manto protector, guiado pela tua mão providencial, não me desviarei no caminho da salvação.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?





30/12/2016

Para obedecer, é preciso humildade

Quando tiveres de mandar, não humilhes: procede com delicadeza; respeita a inteligência e a vontade de quem obedece. (Forja, 727)

Muitas vezes fala-nos através doutros homens e pode acontecer que, à vista dos defeitos dessas pessoas ou pensando que não estão bem informadas ou que talvez não tenham entendido todos os dados do problema, surja uma espécie de convite a não obedecermos.

Tudo isso pode ter um significado divino, porque Deus não nos impõe uma obediência cega, mas uma obediência inteligente, e temos de sentir a responsabilidade de ajudar os outros com a luz do nosso entendimento. Mas sejamos sinceros connosco próprios: examinemos em cada caso se o que nos move é o amor à verdade ou o egoísmo e o apego ao nosso próprio juízo. Quando as nossas ideias nos separam dos outros, quando nos levam a quebrar a comunhão, a unidade com os nossos irmãos, é sinal certo que não estamos a actuar segundo o espírito de Deus.


Não o esqueçamos: para obedecer, repito, é preciso humildade. Vejamos de novo o exemplo de Cristo. Jesus obedece, e obedece a José e a Maria. Deus veio à Terra para obedecer, e para obedecer às criaturas. São duas criaturas perfeitíssimas – Santa Maria, Nossa Mãe; mais do que Ela só Deus; e aquele varão castíssimo, José. Mas criaturas. E Jesus, que é Deus, obedecia-lhes! Temos de amar a Deus, para amar assim a sua vontade, e ter desejos de responder aos chamamentos que nos dirige através das obrigações da nossa vida corrente: nos deveres de estado, na profissão, no trabalho, na família, no convívio social, no nosso próprio sofrimento e no sofrimento dos outros homens, na amizade, no empenho de realizar o que é bom e justo... (Cristo que passa, 17)

Reflectindo - 216

Graças – 2


No Convento em Monte Real esperando a Santa Missa fico pensando nas enormes graças que por intermédio das Tuas dilectas filas me tens dispensado.


Como Te agradeço Senhor e como lhes estou grato a elas!


Tenho a certeza absoluta que se não me porto pior é devido às suas orações por mim.



(ama, reflexões, 21.08.2016)

Evangelho e comentário

Tempo do Natal

Sagrada Família

Evangelho: Mt 2, 13-15. 19-23

Depois de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto e fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar». José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto e ficou lá até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pelo Profeta: «Do Egipto chamei o meu filho». Quando Herodes morreu, o Anjo apareceu em sonhos a José, no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra de Israel, pois aqueles que atentavam contra a vida do Menino já morreram». José levantou-se, tomou o Menino e sua Mãe e voltou para a terra de Israel. Mas, quando ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai, Herodes, teve receio de ir para lá. E, avisado em sonhos, retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Assim se cumpriu o que fora anunciado pelos Profetas: «Há-de chamar-Se Nazareno».

Comentário:

Como obedece José!

Pode parecer uma pequena peça que no tabuleiro da Redenção, Deus vai movimentando conforme Lhe convém!


Mas, não!

José não é um “boneco” uma peça de um puzzle obedecendo cegamente à Vontade Divina.


Sim, obedece prontamente, é um facto, mas não o faz inconsciente ou cegamente.

Obedece porque a sua profunda fé e confiança no Senhor lhe dizem que é o que convém fazer.

Ensina-me e ajuda-me, Senhor, a ter como José uma humilde simplicidade que me mostre o melhor caminho que tenho - sempre - de andar para merecer a graça de, em tudo, cumprir a Tua Vontade Santa.

(ama, comentário sobre Mt 2, 13-15. 19-23, 26.12.2010)





Leitura espiritual

Leitura espiritual



A Cidade de Deus 




Vol. 1

CAPÍTULO XXVIII

Razão por que Deus permitiu que a lascívia do inimigo se satisfizesse nos corpos das pessoas continentes.

Se a vossa castidade foi um joguete dos inimigos, nem por isso, ó fiéis de Cristo, deveis sentir desgosto pela vida. Tendes motivos para uma grande e autêntica consolação, se mantiverdes a convicção firme de que não haveis participado, por permissão, nos pecados contra vós cometidos.
Mas, se por acaso perguntardes porque são permitidos — responderei: quão profunda é a providência do Criador e governador do mundo! quão insondáveis são os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos! Interrogai-vos sinceramente nas vossas almas a ver se não vos tereis envaidecido com ares de superioridade do dom da vossa integridade ou da vossa continência ou do vosso pudor e levados pelo prazer dos louvores humanos, não havereis tido, neste ponto, inveja de alguns. Não acuso o que ignoro nem ouço a resposta que os corações vos dão a estas perguntas. Mas se eles vos responderem que assim é, — não vos admireis por terdes perdido aquilo com que pretendíeis suscitar a admiração dos homens e por terdes ficado com o que já não podem admirar. Se não prestastes o vosso consentimento aos que estavam a pecar, é porque o auxílio divino se juntou à divina graça para a não perderdes; mas o opróbrio humano sucedeu à glória humana para a não amardes. Em ambos os casos, consolai-vos, ó pusilânimes: por um lado, fostes provadas, pelo outro, castigadas; por um lado, fostes santificadas, pelo outro, corrigidas.

Mas as que, depois de terem interrogado o coração, responderem:
— que jamais se orgulharam da excelência da virgindade, da viuvez ou do recato conjugal;
— que antes, atraídas pela humildade, se alegraram com temor deste dom de Deus;
— que a ninguém invejaram a excelência de uma santidade e de uma castidade semelhante à delas;

— que antes, pondo de parte o louvor humano (que é tanto mais pródigo quanto mais rara é a virtude exaltada), optaram por crescerem em número em vez de sobressaírem em grupo reduzido delas — estas, mesmo que algumas delas tenham sido violentadas por bárbaros sensuais, não se devem queixar de isto ter sido permitido nem crer que Deus esquece tais torpezas porque permite o que ninguém comete impunemente. Na realidade, há como que um certo peso das más paixões a que o juízo divino, oculto no presente, dá livre curso reservando-se para as pôr às claras no último dia. Mas talvez estas — que no seu coração estão bem conscientes de não terem tirado nenhum motivo de orgulho deste privilégio da castidade, e que nem por isso sofreram menos na sua carne a violência do inimigo, — tivessem um pouco de fraqueza secreta que poderia tomar-se em orgulho cheio de arrogância, se no decurso da citada calamidade elas tivessem escapado a esta humilhação. Assim como alguns foram arrebatados pela morte
para que a malícia não pervertesse a sua inteligência [i]
assim também a algumas destas se lhes tirou pela violência um tanto da sua honra para que a sua prosperidade não pervertesse a sua modéstia. Assim, tanto a umas que já se orgulhavam de não terem sofrido nenhum contacto obsceno na sua carne, como a outras, que poderiam talvez vir a orgulhar-se caso não chegassem a sofrer o atentado brutal dos inimigos, — a nenhumas se lhes arrebatou a castidade, mas antes se lhe fortaleceu a humildade. Das primeiras se curou a vaidade latente; às segundas se evitou uma vaidade iminente.

Há ainda outro ponto que se não deve deixar em silêncio: a algumas que sofreram estas coisas pode parecer que o bem da continência se deve considerar como um dos bens corporais e que se conserva se o corpo continuar livre de todo o contacto libidinoso com outro, em vez de residir apenas na fortaleza da vontade ajudada por Deus, santificando assim não só o espírito mas também o corpo. Este bem não é tal que não possa ser arrebatado mesmo sem consentimento. Deste erro foram talvez libertadas:
— quando pensam com que sinceridade serviram a Deus;
— quando com fé inabalável estão convencidas de que, às que assim o servem e lhe suplicam, Deus de maneira nenhuma pode votá-las ao abandono;
— quando tudo isto nelas está arraigado — concluem claramente: Deus jamais poderia permitir que estas coisas acontecessem aos seus santos, se deste modo pudesse perecer a santidade que lhes confiou e que neles ama.

CAPÍTULO XXIX

Que devem responder os servidores de Cristo aos infiéis quando estes o exprobram por não os ter livrado do furor dos inimigos.

Toda a família do verdadeiro Deus soberano tem a sua consolação, uma consolação não falaz nem assente em bens caducos e passageiros. De forma nenhuma deve estar desgostosa mesmo da vida temporal. É nela que aprende a conseguir a eterna e, como peregrina que é, a utilizar-se dos bens terrenos, mas não a deixar-se por eles cativar. E quanto aos males — é neles posta à prova ou é por eles corrigida. Aos que insultam a sua probidade e dizem, quando lhe advém algum mal temporal:
Onde está o teu Deus [ii]?
perguntem, por sua vez, onde é que estão os seus deuses quando sofrem de males semelhantes, eles que, para evitarem tais males, os adoram ou pretendem convencer-nos de que devem ser adorados.

Ela lhes responderá: «O meu Deus está em toda a parte presente; todo em toda a parte; em parte nenhuma encerrado; pode estar presente sem que saibamos; pode ausentar-se sem se mover. Quando me atormenta com a adversidade — está submetendo à prova os meus merecimentos ou castigando os meus pecados; — mas, em compensação dos meus males temporais, piedosamente suportados, tem-me reservada uma recompensa eterna. Mas vós, quem sois vós para merecerdes que convosco se fale sequer dos vossos deuses e muito menos do meu Deus, que é mais terrível que todos os deuses, pois os deuses dos gentios são os demónios, ao passo que o Senhor fez os Ceus [iii].


CAPÍTULO XXX

Os que se queixam dos tempos cristãos pretendem encher-se de vergonhosas prosperidades.

Se ainda estivesse vivo Cipião Nasica, outrora vosso pontífice, eleito por todo o Senado por ser o melhor varão para receber a sagrada imagem da Frigia durante o terror da Guerra Púnica, não vos atraveríeis talvez a olhar-lhe para a cara. Seria ele próprio que vos refrearia a impudência.

Porque vos queixais dos tempos cristãos quando a adversidade vos fustiga? Não será porque estais desejosos de gozar com segurança da vossa luxúria, afundando-vos em costumes totalmente perdidos, longe de toda a aspereza das coisas molestas? Desejais ter paz e estar providos de todo o género de recursos, mas não é para deles fazerdes uso com honradez, isto é, com moderação e sobriedade, com temperança e religiosamente, mas sim para alcançardes infinita variedade de prazeres com dissipações insensatas e, com tal prosperidade, dardes origem nos vossos costumes, a males piores que as crueldades dos inimigos.

Mas o dito Cipião, vosso pontífice máximo, considerado o melhor varão de todo o Senado, receava que sobre vós recaísse esta desgraça e por isso se opunha à destruição de Cartago, então rival do poder romano, e opunha-se a Catão que advogava a sua ruína. Receava a segurança como inimigo para espíritos débeis e via que para estes concidadãos, como se pupilos fossem, era necessário o terror como o melhor tutor.

Não o enganou este parecer. A realidade provou quão verdadeiro fora o que dissera. Efectivamente, destruída Cartago, isto é, afastado e desaparecido o grande terror da república romana, imediatamente começaram a surgir muitos males, como consequência da situação próspera: a concórdia fendeu-se e rompeu-se — primeiro por cruéis e sangrentas rebeliões e, logo depois, num maléfico encadeamento de causas, incluindo guerras civis, surgiram tais desastres, derramou-se tanto sangue, ateou-se tal selvagem cupidez de proscrições e rapinas, que os Romanos, aqueles que em tempos da sua vida mais íntegra temiam desgraças vindas do inimigo, agora, perdida essa integridade de vida, tinham que padecer dos seus próprios compatriotas crueldades maiores. A própria ambição do poder — que, entre outros vícios do género humano, mais puro se encontrava em todo o povo romano, — uma vez vencidas algumas das principais potências, esmagou sob o jugo da servidão as restantes já desfeitas e fatigadas.

CAPÍTULO XXXI

Através de que graus foi aumentando entre os Romanos a ambição do poder.

Na verdade, quando é que descansará esse desejo em tão altivos espíritos, antes de chegarem, depois de escalarem todas as honras, até ao poder absoluto? Se não houvesse uma ambição superior não seria possível essa continuidade de honras. Mas de forma nenhuma essa ambição prevaleceria a não ser num povo corrompido pela avareza e pela luxúria. Em avaro e licencioso se tomou tal povo devido à prosperidade que o citado Nasica, com grande previsão, julgava que se devia evitar opondo-se à destruição da maior, mais forte e mais opulenta cidade inimiga. Assim a paixão seria reprimida pelo medo; e reprimida a paixão não se cairia na luxúria; e reprimida a luxúria, não avançaria a avareza. Atalhados estes vícios, floresceria e cresceria a virtude tão útil à cidade. E a liberdade continuaria companheira da virtude.

Por isto e por tão previdente amor à pátria deste vosso pontífice máximo eleito (nunca é demais repeti-lo) pelo Senado daquele tempo sem discrepância de opinião como o melhor varão, fez ele com que o mesmo Senado retirasse um seu projecto, tão desejado, de construir um teatro [iv]. No seu discurso pleno de gravidade conseguiu convencê-lo a não consentir na infiltração da lascívia grega nos costumes varonis da pátria e a não tolerar a ruína e a morte da virtude romana por causa da depravação estrangeira. Foi tal o poder das suas palavras que o Senado mudou de disposição; proibiu que se colocassem assentos de que, à hora aprazada, os cidadãos se começavam a servir para os espectáculos.

Com que cuidado não teria este homem retirado de Roma os próprios jogos cénicos se tivesse ousado resistir à autoridade dos que ele considerava como deuses! Não se apercebia de que eram nocivos demónios, ou, se o sabia, pensava que era melhor aplacá-los do que desprezá-los. Ainda não tinha sido anunciada aos povos aquela suprema doutrina que, limpando o coração pela fé, poderia mudar as aspirações humanas e tenderia para os bens celestes e supracelestes com humilde espírito religioso liberto da tirania de soberbos demónios.

(cont)

(Revisão da versão portuguesa por ama)





[i] ne malitia mutaret intelectum eorum.
Sap. Salom., IV, 11.
[ii] Ubi est Deus tuus?
Salmo XLI, 4
[iii] Terribilis est super omttes deos: quontam dii gentium daemonia, Dominus autem Caelos fedt.
Salmo XCV, 4-5.
[iv] Não foi Cipião Nasica, como pensa Santo Agostinho, mas Cipião Córculo quem levou o Senado a interromper os trabalhos da construção de um teatro fixo, iniciados em 155 pelo Censor Cássio.

Embora o teatro viesse já de longe — com Tondrónico ( +207), Névio (264-194), Énio (239-169), Plauto ( +184), Terêncio (185-159)
— era ele representado sobre um estrado móvel de madeira ao ar livre, geralmente no Forum. Só em 179 é que o censor Emílio Lépido construiu um hemiciclo junto do templo de Apoio e em 174 os censores construíram um, todo de pedra. V. G. Bloch e J. Carcopino, in Histoire Romaine, II.

Actos dos Apóstolos

Actos dos Apóstolos

II. EXPANSÃO DA IGREJA FORA DE JERUSALÉM [i]

Capítulo 7

Discurso de Estêvão

1Depois, o Sumo Sacerdote perguntou-lhe: «Isso é verdade?» 2Ele respondeu:

«Irmãos e pais, escutai! O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, quando ele estava na Mesopotâmia, antes de se ter estabelecido em Haran, 3e disse-lhe: ‘Deixa a tua terra e a tua parentela e vai para a terra que te hei-de mostrar.’ 4Abandonou, então, o país dos caldeus, e foi estabelecer-se em Haran. Daí, após a morte do pai, Deus fê-lo emigrar para esta terra que habitais agora. 5Não lhe deu aí propriedade alguma, nem mesmo um palmo de terra, mas prometeu-lhe a posse dela, a ele e, depois, à sua descendência, embora não tivesse sequer um filho. 6E Deus afirmou-lhe que a sua descendência habitaria em terra estranha, que a reduziriam à escravidão e que seria maltratada, durante quatrocentos anos. 7‘Mas o povo de quem forem escravos, hei-de Eu julgá-lo, disse Deus. Depois disso, hão-de sair e prestar-me culto neste lugar.’ 8Em seguida, deu-lhe a aliança da circuncisão. Foi assim que Abraão gerou Isaac e o circuncidou, ao oitavo dia. E Isaac fez o mesmo a Jacob, e Jacob aos doze patriarcas.

9Os patriarcas, invejosos de José, venderam-no, a fim de ser levado para o Egipto. Mas Deus estava com ele: 10livrou-o de todas as provas e deu-lhe graça e sabedoria diante do faraó, rei do Egipto, que o nomeou governador desse país e de toda a sua casa. 11Veio depois a fome sobre todo o Egipto e sobre Canaã. A angústia era grande e os nossos pais não encontravam nada para comer.

12Ouvindo dizer que no Egipto havia trigo, Jacob mandou lá os nossos pais, uma primeira vez. 13À segunda vez, José deu-se a conhecer a seus irmãos e sua origem foi revelada ao Faraó. 14José mandou então buscar seu pai Jacob e toda a sua parentela, composta de setenta e cinco pessoas. 15Jacob desceu ao Egipto e lá morreu, assim como os nossos pais. 16Os seus corpos foram trasladados para Siquém e depositados no sepulcro que Abraão adquirira, por uma importância em prata, aos filhos de Emor, em Siquém.

17Enquanto se aproximava o tempo em que deveria realizar-se a promessa feita por Deus a Abraão, o povo cresceu e multiplicou-se no Egipto, 18até que subiu ao trono do Egipto um novo rei, que não tinha conhecimento de José. 19Usando de astúcia para com a nossa raça, esse rei perseguiu os nossos pais, até ao ponto de os fazer expor os recém-nascidos, para os privar da vida.

20Nessa altura nasceu Moisés, que era agradável aos olhos de Deus. Foi criado durante três meses em casa de seu pai. 21Depois, tendo sido exposto, a filha do Faraó recolheu-o e criou-o como seu próprio filho. 22Moisés foi iniciado em toda a ciência dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras.

23Quando completou os quarenta anos, veio-lhe ao espírito a ideia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. 24Ao ver um deles maltratado, tomou a sua defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio. 25Pensava que os seus irmãos compreenderiam ser Deus quem, por sua mão, lhes trazia a liberdade, mas não o compreenderam. 26No dia seguinte, apareceu a dois deles que lutavam, e pretendeu reconciliá-los, dizendo: ‘Sendo irmãos, porque vos agredis um ao outro?’ 27Então, aquele que agredia o companheiro repeliu-o, dizendo: ‘Quem te nomeou nosso chefe e nosso juiz. 28Queres matar-me como ontem mataste o egípcio?’ 29A essas palavras, Moisés fugiu e foi residir, como estrangeiro, para a terra de Madian, onde teve dois filhos.

30Ao fim de quarenta anos, apareceu-lhe um Anjo no deserto do monte Sinai, na chama de uma sarça ardente. 31Perante essa aparição, Moisés ficou estupefacto e, aproximando-se para observar melhor, fez-se ouvir a voz do Senhor: 32‘Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob.’ A tremer, Moisés não ousava erguer os olhos. 33Então, o Senhor disse-lhe: ‘Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa. 34Eu vi a angústia do meu povo no Egipto, ouvi os seus gemidos e desci para o libertar. E, agora, vem cá, pois vou mandar-te ao Egipto.’

35Este Moisés, que eles renegaram, dizendo: ‘Quem te nomeou chefe e juiz’, é este que foi enviado por Deus como chefe e libertador pela mão do anjo que lhe apareceu na sarça. 36Foi ele que os fez sair do Egipto, realizando prodígios e milagres na terra do Egipto, no Mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos. 37Foi ele, Moisés, quem disse aos filhos de Israel: ‘Deus fará surgir um profeta como eu, entre os vossos irmãos.’ 38Foi ele que, durante a assembleia no deserto, esteve entre o Anjo, que lhe falava no monte Sinai, e os nossos pais; foi ele que recebeu as palavras de vida, para no-las transmitir.

39Foi a ele que os nossos pais se recusaram a obedecer, antes o repeliram, voltando em seus corações ao Egipto 40e dizendo a Aarão: ‘Faz-nos deuses que marchem à nossa frente, pois desse Moisés que nos fez sair do Egipto, não sabemos o que foi feito dele.’ 41E, nesses dias, construíram um bezerro, ofereceram um sacrifício ao ídolo e festejaram alegremente a obra das suas próprias mãos. 42Deus, então, afastou-se deles e entregou-os ao culto do exército celeste, como está escrito no Livro dos Profetas:

‘Oferecestes-me, porventura, vítimas e sacrifícios
durante quarenta anos, no deserto, ó Casa de Israel?
43Vós transportastes a tenda de Moloc
e a estrela do deus Refan,
imagens que fizestes para as adorar!
Por isso, exilar-vos-ei para além da Babilónia.’

44Os nossos pais tinham no deserto a tenda do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que a construísse de harmonia com o modelo por ele visto. 45Foi precisamente essa tenda que os nossos pais receberam e introduziram, sob o comando de Josué, no território conquistado aos povos que Deus expulsou na sua frente, e assim se manteve até aos dias de David. 46Este achou graça diante de Deus e pediu para edificar uma habitação ao Deus de Jacob. 47Foi, porém, Salomão quem lhe construiu uma casa. 48Mas o Altíssimo não habita em casas erguidas pela mão do homem, como diz o profeta:

49‘O Céu é o meu trono
e a Terra, estrado dos meus pés.
Que casa me haveis de construir, diz o Senhor,
e qual será o lugar do meu repouso?
50Não foi a minha mão que fez todas as coisas?’
51Homens de cerviz dura, incircuncisos de coração e de ouvidos, sempre vos opondes ao Espírito Santo; como foram os vossos pais, assim sois vós também. 52Qual foi o profeta que os vossos pais não tenham perseguido? Mataram os que predisseram a vinda do Justo, a quem traístes e assassinastes, 53vós, que recebestes a Lei pelo ministério dos anjos, mas não a guardastes!»



[i] (6,8-12,25)