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30/06/2016

Com Ele não há possibilidade de fracasso

"Tudo posso naquele que me conforta". Com Ele não há possibilidade de fracasso, e desta persuasão nasce o santo "complexo de superioridade" para enfrentar as tarefas com espírito de vencedores, porque Deus nos concede a sua fortaleza. (Forja, 337)

Se não lutas, não me digas que procuras identificar-te mais com Cristo, conhecê-lo, amá-lo. Quando empreendemos o caminho real de seguir a Cristo, de nos portarmos como filhos de Deus, não se nos oculta o que nos aguarda: a Santa Cruz, que temos de contemplar como o ponto central onde se apoia a nossa esperança de nos unirmos ao Senhor.

Digo-vos desde já que este programa não é uma empresa cómoda; viver da maneira que o Senhor assinala pressupõe esforço. (…) Nós descobriremos a baixeza do nosso egoísmo, os golpes da sensualidade, as investidas de um orgulho inútil e ridículo e muitas outras claudicações: tantas, tantas fraquezas. Descoroçoar? Não. Com S. Paulo, repitamos ao Senhor: sinto complacência nas minhas enfermidades, nos ultrajes, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo; pois quando estou fraco, então sou mais forte.


(…) Eu vivo persuadido de que, sem olhar para o alto, sem Jesus, jamais conseguirei nada; e sei que a minha fortaleza, para me vencer e para vencer, nasce de repetir aquele brado: tudo posso n'Aquele que me conforta, que contém a segura promessa de Deus de não abandonar os seus filhos, se os seus filhos não o abandonarem. (Amigos de Deus, nn. 212–213)

Reflectindo - 194 - Vocação

Vocação

Pode ser que para alguns a vocação seja mais ou menos um sonho e como quase todos os sonhos algo irrealizável.

Mas não é assim.

Trata-se antes de algo como uma locução interior que o Espírito San­to insinua na alma.

Claro que falo da vocação cristã mas de certo modo pode inferir-se que a vocação é sempre fruto de reflexão.

Quem anda pela vida preocupado apenas com o dia-a-dia, ir "andan­do" sem procurar deter-se por escassos momentos que seja a reflec­tir no papel que lhe cabe desempenhar no que pode fazer de melhor e mais útil para si mesmo e sobretudo pelos outros não passará de um mero "expectador" mais ou menos distraído do verdadeiro valor da sua vida.

Todos termos de considerar o que nos compete fazer e, mais, o que os outros legitimamente esperam que façamos.

Daí que seguir uma vocação de forma séria perseverante - custe o que custar apesar dos pesares - se significará ocupar o lugar que lhe compete na vida de sociedade e levar a cabo - ou pelo menos tentar - os planos que o Criador tem para cada um.


ama, Malta, 2015.01.19

Temas para meditar - 648

Propósitos



Nada deforma tanto a consciência que fazer propósitos e, por fraqueza, não os cumprir.


(rafael llano cifuentesFortaleza, Quadrante, 1991, pg. 39)

Leitura espiritual

Leitura EspiritualAmar a Igreja 


São Josemaria Escrivá

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Para começar, gostaria de vos recordar umas palavras de S. Cipriano: A Igreja universal apresenta-se-nos como um povo cuja unidade é obtida a partir da unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Não estranhem, portanto, que nesta festa da Santíssima Trindade a homilia trate da Igreja, tanto mais que a Igreja tem as suas raízes no mistério fundamental da nossa fé católica: o de Deus uno em essência e trino em pessoas.

A Igreja centrada na Trindade: eis como sempre a consideraram os Padres.
Reparem como são claras as palavras de Santo Agostinho: Deus habita no seu templo; não apenas o Espírito Santo, mas igualmente o Pai e o Filho...
Por isso, a Santa Igreja é o templo de Deus, ou seja, de toda a Trindade.

Ao reunirmo-nos de novo no próximo Domingo, consideraremos outro dos aspectos maravilhosos da Santa Igreja: essas notas que recitaremos dentro de pouco, no Credo, depois de cantar a nossa fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo.
Et in Spiritum Sanctum, dizemos.
E, logo a seguir, et unam, sanctam catholicam et apostolicam Ecclesiam, confessamos que há uma só Igreja, Santa, Católica e Apostólica.

Todos aqueles que amaram verdadeiramente a Igreja souberam relacionar estas quatro notas com o mais inefável mistério da nossa santa religião: a Santíssima Trindade.
Nós cremos na Igreja de Deus, Una, Santa, Católica e Apostólica, na qual recebemos a doutrina; conhecemos o Pai, o Filho e o Espírito Santo e somos baptizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

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Momentos difíceis

É necessário meditarmos frequentemente, para não corrermos o risco de nos esquecermos, que a Igreja é um mistério grande, profundo. Nunca poderá ser abarcado nesta terra.
Se a razão tentasse explicá-lo por si só, veria apenas a reunião de pessoas que cumprem certos preceitos, que pensam de forma parecida. Mas isso não seria a Santa Igreja.

Na Santa Igreja os católicos encontramos a nossa fé, as nossas normas de conduta, a nossa oração, o sentido de fraternidade, a comunhão com todos os irmãos que já desapareceram e que estão a purificar-se no Purgatório - Igreja padecente-, ou com os que já gozam da visão beatífica - Igreja triunfante-, amando eternamente Deus, três vezes Santo.
É a Igreja que permanece aqui e, ao mesmo tempo, transcende a história.
A Igreja que nasceu sob o manto de Santa Maria e continua a louvá-la como Mãe na terra e no céu.

Confirmemos em nós mesmos o carácter sobrenatural da Igreja; confessemo-lo aos gritos, se for preciso, porque nestes momentos são muitos aqueles que - embora fisicamente dentro da Igreja, e até em altas posições - se esqueceram destas verdades capitais e pretendem apresentar uma imagem da Igreja que não é Santa, que não é Una, que não pode ser Apostólica porque não se apoia na rocha de Pedro, que não é Católica porque está sulcada por particularismos ilegítimos, por caprichos de homens.

Não é novidade.
Desde que Jesus Cristo fundou a Santa Igreja, esta Mãe, que é nossa Mãe, sofreu uma perseguição constante.
Talvez noutras épocas as agressões se organizassem abertamente; agora, em muitos casos, trata-se de uma perseguição camuflada. Seja como for, hoje, como ontem, há quem continue a combater a Igreja.

Repetirei mais uma vez que não sou pessimista, nem por temperamento nem por hábito.
Como é possível ser pessimista se Nosso Senhor prometeu que estará connosco até ao fim dos séculos?
A efusão do Espírito Santo plasmou, na reunião dos discípulos no Cenáculo, a primeira manifestação pública da Igreja.

O nosso Pai Deus - Pai amoroso que cuida de nós como da menina dos olhos, conforme nos diz a Escritura com uma expressão tão gráfica, para podermos perceber - não cessa de santificar, pelo Espírito Santo, a Igreja fundada pelo seu Filho muito amado.
Mas a Igreja vive actualmente dias difíceis: são anos de grande desconcerto para as almas.
O clamor da confusão levanta-se por toda a parte e renascem com estrondo todos os erros que houve ao longo dos séculos.

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Fé.
Precisamos de fé.
Se olharmos com olhos de fé, descobrimos que a Igreja contém em si mesma e difunde à sua volta a sua própria apologia.
Quem a contempla, quem a estuda com olhos de amor à verdade, deve reconhecer que ela, independentemente dos homens que a compõem, e das modalidades práticas com que se apresenta, leva em si mesma uma mensagem de luz universal e única, libertadora e necessária, divina.

Quando ouvimos vozes de heresia - porque são exactamente isso, nunca me agradaram os eufemismos-, quando observamos que se ataca impunemente a santidade do matrimónio e do sacerdócio; a concepção imaculada da Nossa Mãe Santa Maria e a sua virgindade perpétua, com todos os restantes privilégios e excelências com que Deus a adornou; o milagre perene da presença real de Jesus Cristo na Sagrada Eucaristia, o primado de Pedro, a própria Ressurreição de Nosso Senhor, como não sentir a alma cheia de tristeza?
Mas tenham confiança: a Santa Igreja é incorruptível.
A Igreja vacilará se o seu fundamento vacilar, mas poderá Cristo vacilar?
Enquanto Cristo não vacilar, a Igreja jamais fraquejará até ao fim dos tempos.

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O humano e o divino na Igreja

Assim como em Cristo há duas naturezas - a humana e a divina - também, por analogia, podemos referir-nos à existência na Igreja de um elemento humano e de um elemento divino.
A ninguém passa despercebida a evidência dessa parte humana.
A Igreja, neste mundo, está composta por homens e para homens, e dizer homem é falar da liberdade, da possibilidade de actos grandes e de actos mesquinhos, de heroísmos e de claudicações.

Se só admitíssemos essa parte humana da Igreja nunca conseguiríamos compreendê-la, pois não teríamos chegado à porta do mistério. A Sagrada Escritura utiliza muitos termos - tirados da experiência terrena - para os aplicar ao Reino de Deus e à sua presença entre nós, na Igreja.
Compara-a ao redil, ao rebanho, à casa, à semente, à vinha, ao campo onde Deus planta ou edifica.
Mas destaca uma expressão que compendia tudo: a Igreja é o Corpo de Cristo.

E Ele a uns constituiu Apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e doutores, para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo. São Paulo escreve também que somos um só corpo em Cristo, e cada um de nós membros uns dos outros.
Como é luminosa a nossa fé! Todos somos em Cristo, porque Ele é a Cabeça do corpo da Igreja.

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É a fé que os cristãos sempre confessaram.
Ouçam comigo estas palavras de Santo Agostinho: e desde então Cristo está formado pela cabeça e pelo corpo, verdade que, não duvido, conheceis bem.
A cabeça é o nosso próprio Salvador, que padeceu sob Pôncio Pilatos e agora, depois de ressuscitar de entre os mortos, está sentado à direita do Pai.
E o Seu corpo é a Igreja.
Não esta ou aquela igreja, mas a que se encontra espalhada por todo o mundo.
Nem sequer é apenas a que existe entre os homens actuais, uma vez que a ela pertencem também os que viveram antes de nós e os que hão-de existir depois, até ao fim do mundo.
Assim, toda a Igreja, formada pela reunião dos fiéis - e porque todos os fiéis são membros de Cristo-, possui Cristo como Cabeça, que governa do Céu o Seu corpo.
E, embora esta Cabeça se encontre fora da vista do corpo, está unida pelo amor.

(cont)

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Agora compreendem porque não se pode separar a Igreja visível da Igreja invisível.
A Igreja é, simultaneamente, corpo místico e corpo jurídico.
Pelo próprio facto de ser corpo, a Igreja distingue-se com os olhos, ensinou Leão XIII.
No corpo visível da Igreja - no comportamento dos homens que dela fazemos parte aqui na terra - aparecem misérias, vacilações, traições.
Mas a Igreja não se esgota aí, nem se confunde com essas condutas erradas: pelo contrário, não faltam, aqui e agora, generosidades, afirmações heróicas, vidas de santidade que não fazem barulho, que se consomem com alegria no serviço dos irmãos na fé e de todas as almas.

Considerem também que, se as claudicações superassem numericamente as atitudes corajosas ficaria ainda essa realidade mística - clara, inegável, embora a não percebamos com os sentidos - que é o Corpo de Cristo, o próprio Senhor Nosso, a acção do Espírito Santo, a presença amorosa do Pai.

A Igreja é, por conseguinte, inseparavelmente humana e divina. É sociedade divina pela sua origem, sobrenatural pelo seu fim e pelos meios que se ordenam proximamente a esse fim; mas, na medida em que se compõe de homens, é uma comunidade humana.
Vive e actua no mundo, mas o seu fim e a sua força não estão na terra, mas no Céu.

Enganar-se-iam gravemente aqueles que procurassem separar uma Igreja carismática - que seria a verdadeiramente fundada por Cristo-, doutra jurídica ou institucional, que seria obra dos homens e simples efeito de contingências históricas.
Só há uma Igreja.
Cristo fundou uma única Igreja: visível e invisível, com um corpo hierárquico e organizado, com uma estrutura fundamental de direito divino e uma íntima vida sobrenatural que a anima, sus - tenta e vivifica.

E não é possível deixar de recordar que Nosso Senhor, ao instituir a Sua Igreja, não a concebeu nem formou de modo a compreender uma pluralidade de comunidades semelhantes no seu género, embora diferentes, e não ligadas por aqueles vínculos que tornam a Igreja indivisível e única...
Por isso, quando Jesus fala deste místico edifício, refere-se apenas a uma Igreja a que chama Sua: edificarei a Minha Igreja (Mat. XVI, 18). Qualquer outra que se imagine fora desta, em virtude de não ter sido fundada por Ele, não pode ser a Sua verdadeira Igreja.

Fé, repito; aumentemos a nossa Fé; pedindo-a à Santíssima Trindade, cuja festa hoje celebramos.
Poderá acontecer tudo, excepto que o Deus três vezes Santo abandone a Sua Esposa.

(cont)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

Evangelho: Mt 9, 1-8

1 Subindo para uma pequena barca, tornou a passar o lago, e voltou para a Sua cidade. 2 Eis que Lhe apresentaram um paralítico que jazia no leito. Vendo Jesus a fé que eles tinham, disse ao paralítico: «Filho, tem confiança, são-te perdoados os teus pecados». 3 Então, alguns dos escribas disseram para consigo: «Este blasfema». 4 Tendo Jesus visto os seus pensamentos, disse: «Porque pensais mal nos vossos corações? 5 Que coisa é mais fácil de dizer: “São-te perdoados os teus pecados”, ou dizer: “Levanta-te e caminha”? 6 Pois, para que saibais que o Filho do Homem tem poder sobre a terra de perdoar pecados», disse então ao paralítico: «Levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa». 7 E ele levantou-se, e foi para sua casa. 8 Vendo isto, as multidões ficaram possuídas de temor, e glorificaram a Deus por ter dado tal poder aos homens.

Comentário:



Os escribas não terão ficado admirados por Jesus Cristo ter «visto os seus pensamentos»?
Normalmente deveriam mas a sua obstinação é tal que até este prodígio lhes passa despercebido.

É o que acontece quando se tem o coração fechado ou demasiado cheio de preconceitos: não se vê o evidente!

A razão fica embotada e não se reconhece a verdade.

(ama, comentário sobre Mt 9, 1-8, 2015.07.03)


Doutrina – 190

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA

Compêndio


PRIMEIRA PARTE: A PROFISSÃO DA FÉ
SEGUNDA SECÇÃO: A PROFISSÃO DA FÉ CRISTÃ
CAPÍTULO SEGUNDO

CREIO EM JESUS CRISTO, O FILHO UNIGÉNITO DE DEUS
«E EM JESUS CRISTO, SEU ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR»
«JESUS CRISTO FOI CONCEBIDO PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO, E NASCEU DA VIRGEM MARIA»

94. «Concebido por obra do Espírito Santo...»: o que significa esta expressão?


Significa que a Virgem Maria concebeu o Filho eterno no seu seio, por obra do Espírito Santo e sem a colaboração de homem: «O Espírito Santo descerá sobre ti» (Lc 1, 35), disse-lhe o Anjo na Anunciação.

29/06/2016

Leitura espiritual

Leitura EspiritualAmar a Igreja 


São Josemaria Escrivá
11   
       
Esta Igreja Católica é romana.
Eu saboreio esta palavra: romana! Sinto-me romano, porque romano quer dizer universal, católico; porque me leva a amar carinhosamente o Papa, il dolce Cristo in terra, como gostava de repetir Santa Catarina de Sena, a quem tenho como amiga amadíssima.

Desde este centro católico romano - sublinhou Paulo VI no discurso de encerramento do Concílio Vaticano II - ninguém é, em teoria, inalcançável; todos podem e devem ser alcançados.
Para a Igreja Católica ninguém é estranho, ninguém está excluído, ninguém se considera afastado.
Venero com todas as minhas forças a Roma de Pedro e de Paulo, banhada pelo sangue dos mártires, centro donde tantos saíram para propagar por todo o mundo a palavra salvadora de Cristo.
Ser romano não implica nenhum particularismo, mas ecumenismo autêntico.
Representa o desejo de dilatar o coração, de abri-lo a todos com as ânsias redentoras de Cristo, que a todos procura e a todos acolhe, porque a todos amou primeiro.

Santo Ambrósio escreveu umas breves palavras, que compõem uma espécie de cântico de alegria: onde está Pedro, aí está a Igreja, e onde está a Igreja não reina a morte, mas a vida eterna.
Porque onde estão Pedro e a Igreja está Cristo, e Ele é a salvação, o único caminho.

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A Igreja é Apostólica

Nosso Senhor funda a sua Igreja sobre a debilidade - mas também sobre a fidelidade - de alguns homens, os Apóstolos, aos quais promete a assistência constante do Espírito Santo.
Leiamos outra vez o texto conhecido, que é sempre novo e actual: Foi-me dado todo o poder no céu e na terra.
Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei, e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.

A pregação do Evangelho não surge na Palestina pela iniciativa pessoal de umas tantas pessoas fervorosas.
Que podiam fazer os Apóstolos?
Não valiam absolutamente nada no seu tempo; não eram ricos, nem cultos, nem heróis do ponto de vista humano.
Jesus lança sobre os ombros deste punhado de discípulos uma tarefa imensa, divina.
Não fostes vós que me escolhesses, mas fui eu que vos escolhi a vós, e que vos destinei para que vades e deis fruto, e para que o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.

Através de dois mil anos de história, conserva-se na Igreja a sucessão apostólica.
Os bispos, declara o Concilio de Trento, sucederam no lugar dos Apóstolos e estão colocados, como diz o próprio Apóstolo (Paulo), pelo Espírito Santo para reger a Igreja de Deus (Act. XX, 28). E, entre os Apóstolos, o próprio Cristo tornou Simão objecto duma escolha especial: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja. Eu roguei por ti, também acrescenta, para que a tua fé não pereça; e tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos.

Pedro muda-se para Roma e fixa ali a sede do primado, do Vigário de Cristo.
Por isso, é em Roma onde melhor se adverte a sucessão apostólica, e por isso é chamada a Sé apostólica por excelência.
 Proclamou o Concilio Vaticano II, com palavras de um Concilio anterior, o de Florença, que todos os fiéis de Cristo devem crer que a Santa Sé Apostólica e o Romano Pontífice possuem o primado sobre todo o orbe, e que o próprio Romano Pontífice é sucessor do bem-aventurado Pedro, príncipe dos Apóstolos, verdadeiro vigário de Jesus Cristo, cabeça de toda a Igreja e pai e mestre de todos os cristãos.
A ele foi entregue por Nosso Senhor Jesus Cristo, na pessoa do bem-aventurado Pedro, plena potestade de apascentar, reger e governar a Igreja universal.

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A suprema potestade do Romano Pontífice e a sua infalibilidade, quando fala ex cathedra, não são uma invenção humana, pois baseiam-se na explícita vontade fundacional de Cristo.
Que pouco sentido tem enfrentar o governo do Papa com o dos bispos, ou reduzir a validade do Magistério pontifício ao consentimento dos fiéis!
Nada mais alheio à Igreja do que o equilíbrio de poderes; não nos servem esquemas humanos, por mais atractivos ou funcionais que sejam.
Ninguém na Igreja goza por si mesmo de potestade absoluta, enquanto homem; na Igreja não há outro chefe além de Cristo; e Cristo quis constituir um Vigário seu - o Romano Pontífice - para a sua Esposa peregrina nesta terra.

A Igreja é Apostólica por constituição: a que verdadeiramente é e se chama Católica, deve ao mesmo tempo brilhar pela prerrogativa da unidade, santidade e sucessão apostólica.
Assim, a Igreja é Una, com unidade esclarecida e perfeita de toda a terra e de todas as nações, com aquela unidade da qual é princípio, raiz e origem indefectível a suprema autoridade e mais excelente primazia do bem-aventurado Pedro, príncipe dos Apóstolos, e dos seus sucessores na cátedra romana.
E não existe outra Igreja Católica, senão aquela que, edificada sobre o único Pedro, se levanta pela unidade da fé e pela caridade num único corpo conexo e compacto.

Contribuímos para tornar mais evidente essa apostolicidade aos olhos de todos, manifestando com requintada fidelidade a união com o Papa, que é união com Pedro.
O amor ao Romano Pontífice há-de ser em nós uma formosa paixão, porque nele vemos a Cristo.
Se tivermos intimidade com o Senhor na nossa oração, caminharemos com um olhar desanuviado que nos permitirá distinguir, mesmo nos acontecimentos que às vezes não compreendemos ou que nos causam pranto ou dor, a acção do Espírito Santo.

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A missão apostólica de todos os católicos

A Igreja santifica-nos, depois de entrarmos no seu seio pelo Baptismo.
Recém-nascidos para a vida natural, podemos logo acolher-nos à graça santificante.
A fé duma pessoa, mais ainda, a fé de toda a Igreja, beneficia a criança pela acção do Espírito Santo, que dá unidade à Igreja e comunica os bens duns para os outros.
É uma maravilha esta maternidade sobrenatural da Igreja, que o Espirito Santo lhe confere.
A regeneração espiritual, que se opera pelo Baptismo, é de alguma maneira semelhante ao nascimento corporal.
Assim como as crianças que se encontram no seio da mãe não se alimentam por si mesmas, porque se nutrem do sustento da mãe, também os pequeninos que não têm uso da razão, se encontram como crianças no seio da sua Mãe, a Igreja, pois recebem a salvação pela acção da Igreja, e não por si mesmos.

Manifesta-se assim em toda a sua grandeza o poder sacerdotal da Igreja, que procede directamente de Cristo.
Cristo é a fonte de todo o sacerdócio, visto que o sacerdote da Lei Antiga era como a sua figura.
Mas o sacerdote da Nova Lei age na pessoa de Cristo, segundo o que se diz em 2 Cor. II, 10: pois eu também o que perdoo, se alguma coisa perdoo, por amor de vós o perdoo na pessoa de Cristo.

A mediação salvadora entre Deus e os homens perpetua-se na Igreja através do Sacramento da Ordem, que capacita - pelo carácter e pela graça consequentes - para agir como ministros de Jesus Cristo em favor de todas as almas.
Que um possa realizar um acto que outro não pode, não provém da diversidade na bondade ou na malícia, mas da potestade adquirida, que um possui e outro não.
Por isso, como o leigo não recebe a potestade de consagrar, não pode fazer a consagração, seja qual for a sua bondade pessoal.

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Na Igreja há diversidade de ministérios, mas um só é o fim: a santificação dos homens.
Nesta tarefa participam de algum modo todos os cristãos, pelo carácter recebido com os Sacramentos do Baptismo e da Confirmação. Todos temos de nos sentir responsáveis por essa missão da Igreja, que é a missão de Cristo.
Quem não tem zelo pela salvação das almas, quem não procura com todas as suas forças que o nome e a doutrina de Cristo sejam conhecidos e amados, não compreende a apostolicidade da Igreja.

Um cristão passivo não é capaz de entender o que Cristo quer de todos nós.
Um cristão que se preocupa com as suas coisas e se desentende da salvação dos outros, não ama com o Coração de Jesus.

O apostolado não é missão exclusiva da Hierarquia, nem dos sacerdotes ou dos religiosos.
A todos nos chama o Senhor para sermos instrumentos, com o exemplo e com a palavra, dessa corrente de graça que salta até à vida eterna.

Sempre que lemos os Actos dos Apóstolos, emocionam-nos a audácia, a confiança na sua missão e a sacrificada alegria dos discípulos de Cristo.
Não pedem multidões.
Ainda que as multidões venham, eles dirigem-se a cada alma em concreto, a cada homem, um por um: Filipe ao etíope; Pedro ao centurião Cornélio: Paulo a Sérgio Paulo.

Tinham aprendido do Mestre.
Recordai aquela parábola dos operários que aguardam trabalho, no meio da praça da aldeia.
Quando o dono da vinha foi à procura de empregados, com o dia já bem entrado, descobriu que ainda havia homens sem fazer nada: porque estais aqui todo o dia ociosos?
Eles responderam: porque ninguém nos contratou.
Isto não deve suceder na vida do cristão; não deve encontrar-se ninguém à sua volta que possa afirmar que não ouviu falar de Cristo, porque ninguém lh'O anunciou.

Os homens pensam frequentemente que nada os impede de prescindir de Deus.
Enganam-se. Apesar de não o saberem, jazem como o paralítico da piscina probática, incapazes de se deslocarem até às águas que salvam, até à doutrina que dá alegria à alma.
A culpa é muitas vezes dos cristãos, porque essas pessoas poderiam repetir hominem non habeo não tenho sequer uma pessoa para me ajudar.
Todo o cristão deve ser apóstolo, porque Deus, que não precisa de ninguém, precisa, contudo, de nós. Conta connosco e com a nossa dedicação para propagar a sua doutrina salvadora.

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Estamos a contemplar o mistério da Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica.
É hora de nos perguntarmos: compartilho com Cristo do seu afã de almas?
Peço por esta Igreja de que faço parte, onde hei-de realizar uma missão específica, que ninguém pode fazer por mim?
Estar na Igreja é já muito, mas não basta.
Devemos ser Igreja, porque a nossa Mãe nunca há-de ser para nós estranha, exterior, alheia aos nossos mais profundos pensamentos.

Acabamos aqui estas considerações sobre as notas da Igreja.
Com a ajuda do Senhor, terão ficado impressas na nossa alma e confirmar-nos-emos num critério claro, seguro, divino, para amarmos mais esta Mãe Santa, que nos trouxe à vida da graça e nos alimenta dia a dia com solicitude inesgotável.

Se porventura ouvirdes palavras ou gritos de ofensa à Igreja, manifestai, com humanidade e caridade, a essa gente sem amor, que não se pode maltratar assim uma Mãe.
Agora atacam-na impunemente, porque o seu reino, que é o do seu Mestre e Fundador, não é deste mundo.
Enquanto gemer o trigo entre a palha, enquanto suspirarem as espigas entre a cizânia, enquanto chorar o lírio entre os espinhos, não faltarão inimigos que digam: quando morrerá e perecerá o seu nome? Ou seja, vede que virá tempo em que hão-de desaparecer e já não haverá mais cristãos...
Mas, quando dizem isto, eles morrem sem remédio.
E a Igreja permanece.

Aconteça o que acontecer, Cristo não abandonará a sua Esposa.
A Igreja triunfante está já junto d'Ele à direita do Pai.
E daí nos chamam os nossos irmãos cristãos, que glorificam a Deus por esta realidade que nós ainda só podemos ver através da clara penumbra da fé: a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

(cont)

Evangelho e comentário


Tempo Comum

São Pedro e São Paulo - Apóstolos

Evangelho: Mt 16, 13-19

13 Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os Seus discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». 14 Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». 15 Jesus disse-lhes: «E vós quem dizeis que Eu sou?». 16 Respondendo Simão Pedro, disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». 17 Respondendo Jesus, disse-lhe: «Bem-aventurado és, Simão filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos céus. 18 E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. 19 Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus».

Comentário:

Jesus Cristo quer confirmar os Seus Apóstolos na Fé na Sua Divindade.

Que atenham absolutamente claro e seguro que Ele é o Filho Unigénito de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que veio ao mundo para redimir a humanidade inteira e instaurar o Reino de Deus.

Para nós, cristãos, esta é uma verdade de Fé e assim o afirmamos no Credo.

(ama, comentário sobre Mt 16, 13-19, Carvide, 22.02.2016)





Pequena agenda do cristão


Quarta-Feira



(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Simplicidade e modéstia.


Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.


Lembrar-me:
Do meu Anjo da Guarda.


Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente. Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?