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23/05/2016

Os demónios do apostolado 16

Perder o sentido do humor

Este demónio dramatiza e faz vítimas. Neste caso, o sentido do humor consiste em ver o lado bom das coisas, ainda que aparentemente de todo negativas; consiste em aprender a relativizar, a olhar “desde fora” as situações que nos afectam. O sentido do humor, por isso, ajuda a equilibrar as coisas, a não dramatizar e não ver tudo de maneira trágica. Ter sentido de humor é não fazer-se de importante, não levar a sério títulos, nem os problemas, nem os conflitos pastorais e eclesiais. É rir sadiamente de nós mesmos, das situações e dos seus protagonistas.

O demónio que arranca ou adormece o sentido do humor, arrasta progressivamente o apóstolo à crítica sistemática, ao azedume, ao complexo de vítima que dramatiza tudo o que o afecta desfavoravelmente. O apóstolo que se dá muita importância, que acha seu trabalho o máximo, que procura cargos importantes ou que simplesmente se leva muito a sério, perde a simplicidade evangélica e, com ela, o sentido cristão do humor.

O apostolado requer o sentido do humor. A Igreja também precisa de humor e, obviamente, todos nós. O sentido do humor é uma qualidade tão humana quanto cristã. Trata­-se de uma qualidade presente nos santos, nos apóstolos e nos missionários mais atraentes. Teve importância no apostolado de ontem e tem no de agora.

De facto, em tempos de particular tensão e conflito na vida apostólica e da Igreja em geral, o sentido do humor torna-se imprescindível. Por isso, contribuir para o seu desaparecimento da vida eclesial e pastoral constitui uma tentação permanente, um demónio. Os cismas, heresias, dissidências, divisões, conflitos insolúveis e falta de diálogo e de comunhão são atitudes de pessoas que normalmente perderam o sentido do humor; que dão grande importância a si mesmos e às suas ideias. Sem sentido de humor, qualquer contradição, reprovação ou questionamento provindos da Igreja, é um drama, uma perseguição. Portanto, um apóstolo sem sentido de humor é um apóstolo vulnerável e débil.

Em última análise, o sentido do humor forma parte da fortaleza cristã e, certamente, a propicia.

Fonte: prebíteros

(revisão da versão portuguesa por ama)


Este texto é um extracto do livro do teólogo chileno segundo galilea, Tentación y Discernimiento, Narcea, Madrid 1991, p. 29-67.

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