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22/05/2016

Os demónios do apostolado 15

A inveja pastoral

O demónio da inveja não é alheio ao apostolado. Trata-se de um demónio universal. Obviamente, a sua ação entre os apóstolos não tem os resultados devastadores que tem na política, na arte ou em outras actividades do “mundo”: as invejas no interior da Igreja são muito menos graves, mas apresentam-se de uma forma subtil.

A tentação expressa-se habitualmente em forma oblíqua. Manifesta-se com a tendência em encontrar e assinalar, à primeira vista, defeitos em todas as iniciativas pastorais e em actividades apostólicas que se destacam e se sobressaem do comum. Despreza-se toda a forma de apostolado que tem algo de diferente, com comentários, piadas, etc. Também no corpo apostólico da Igreja se sofre a tentação do corpo social: defender a mediocridade e derrubar tudo o que se sobressai e que, por isso, questiona. A tentação se manifesta também mediante o cinismo diante de trabalhos, iniciativas ou apóstolos que querem viver radicalmente a sua chamada à evangelização. O cinismo é a expressão mais subtil da inveja; é seu melhor dissolvente.

Agora, em alguns casos, o demónio da inveja apostólica revela-se em forma directa, em formas de rivalidade e de competição latente ou aparente. Esta tentação actua em todos os meios e níveis, normalmente dissimulada pelo “zelo pela verdade”, pelo “serviço do Reino” etc., palavras que escondem, às vezes, inveja pela reputação ou pelo êxito de um companheiro de apostolado.

Este demónio age também entre os teólogos, campo em que nem todo o conflito ou disputa teológica está inspirada na procura da verdade; costuma haver questões pessoais misturadas. Age nos meios pastorais, em todos os níveis. Quantas vezes, apóstolos valiosos, projectos e experiências prometedoras são marginalizados, postergadas sem motivo, ou ignoradas, por questões de rivalidade!

O demónio da inveja pastoral leva a considerar projectos ou actividades de outros, como uma ameaça à própria influência apostólica. Quando se cai nesta tentação, o relacionamento apostólico fica inevitavelmente comprometido.

Fonte: presbíteros

(revisão da versão portuguesa por ama)

Este texto é um extracto do livro do teólogo chileno segundo galilea, Tentación y Discernimiento, Narcea, Madrid 1991, p. 29-67.

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