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10/05/2016

Maio - Santo Rosário - Quarto Mistério Doloroso


Jesus Toma a Sua Cruz

Sobre os Teus ombros doridos, repousa agora a Cruz que, desde sem­pre, Te estava reservada.
Enfraquecido como estás, uma noite inteira sem dormir, o sofrimento atroz do Getsémani, as vergastadas, os encontrões, deixaram-Te quase sem forças.
O Teu Espirito está como que aturdido pelos insultos, as palavras soe­zes, o ódio e a raiva que vês nos homens que Te rodeiam e que toda a noite Te atormentaram.
Para os judeus, príncipes dos sacerdotes e os outros do Sinédrio, és um inimigo e há que exacerbar ao máximo a multidão dos simples, analfa­betos, pouco mais que brutos, para que peçam mais e mais sofrimentos, mais e mais troça e escárnio. Só descansarão quando te virem morto, pregado na Cruz. Há o secreto medo que os Teus discípulos que se con­tam por milhares, acorram em Teu auxílio, se sublevem e subvertam facilmente toda uma turba de pobres homens e mulheres ávidos de um chefe, de um líder contra os odiados opressores romanos.
Para estes últimos, não passas de um divertimento. Algo que sai da ro­tina. Julgam que não têm qualquer responsabilidade; não lavou as mãos do assunto, o seu chefe, Pôncio Pilatos?

E onde estou eu, Senhor? No grupo turbulento, inconsciente e sem von­tade própria os que gritam: Crucifica-O! Daqueles que se aglomeram, ávidos de verem como é que vais aguentar o pesado madeiro?
Ou estou no meio daqueles que se limitam a cumprir ordens, sem querer saber, como nem porquê, se são justas ou injustas, e assim Te flagelei e agora Te arrasto para receberes a Cruz?
Acrescento, talvez, alguma coisa da minha lavra: uso o azorrague com mais força, fui eu quem se lembrou da coroa de espinhos, dei-Te algu­mas bofetadas por minha conta?
Ou sou, ainda, dos que, de longe, disfarçadamente, olham tudo, apavo­rados que descubram qualquer ligação conTigo, olhando em volta, pers­crutando se alguém se lembra de me Ter visto no meio dos quatro mil que alimentas-Te milagrosamente com uns pouco de peixes e pães?
Esta angústia de não saber onde estou, faz-me encolher na minha pró­pria insignificância cobarde e pusilânime. Quantas vezes me deixei ir com os outros, sem querer saber para onde ia, onde levava aquele ca­minho?
Quantas vezes inventei eu próprio algumas modificações nesses cami­nhos ínvios tornando-os mais tortuosos?
Quantas vezes não fugi e não me escondi, fiquei calado e atentei passar despercebido com medo de cair em “ridículo”, de “chocar” os outros, ou muito simplesmente de me afirmar como Teu filho e não consentir ofensa ao meu Pai na minha presença?

Descansa agora a Cruz no Teu ombro dorido, Senhor que Tu és homem, embora perfeito, sentes em todo o eu corpo esse peso enorme desse lenho duro que há-de receber o teu Corpo martirizado.
E conheces, um a um, todos os pecados de todos os homens que cons­tituem o peso dessa Cruz. Os meus também.
E eu queixo-me da minha cruz. Que é pesada, que é incómoda, que, até por vezes, me tira o sono!


Perdoa-me, Senhor, a minha insensibilidade perante a Tua Cruz. Não olhes para mim, Senhor, com o Teu olhar magoado e triste. Deixa-me respirar um pouco, tomar alento, ganhar coragem para então, postado a Teu lado, volveres para mim o Teu olhar misericordioso e, silenciosa­mente, dizeres-me: Estás perdoado; não tornes a pôr mais peso nesta tão pesada Cruz. E eu, senhor, com o coração cheio de alegria pela Tua bondade, prometo solenemente tudo fazer, com a Tua ajuda, para não tornar mais pesada a Tua Santa Cruz.

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