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18/04/2016

Evangelho, comentário, L. espiritual


Páscoa

Evangelho: Jo 10, 1-10

«Em verdade, em verdade vos digo que quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. 2 Aquele que entra pela porta é pastor das ovelhas. 3 A este o porteiro abre e as ovelhas ouvem a sua voz, ele as chama pelo seu nome e as tira para fora. 4 Quando as tirou para fora, vai à frente delas e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. 5 Mas não seguem o estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». 6 Jesus disse-lhes esta alegoria, mas eles não compreenderam o que lhes dizia. 7 Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo que Eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos os que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. 9 Eu sou a porta; se alguém entrar por Mim, será salvo, entrará e sairá e encontrará pastagens. 10 O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que elas tenham vida e a tenham abundantemente.

Comentário:

Apenas um é o Salvador da humanidade! O Redentor! O que nos mereceu a Vida Eterna!

Este é Jesus Cristo Nosso Senhor!

Atenção porém: muitos falam em Seu Nome sem para isso estarem preparados ou mesmo autorizados.

Só a Santa Igreja Católica pode falar em nome de Cristo e conduzir o Seu povo por caminhos seguros de salvação.



(ama, comentário sobre Jo 10, 1-10, 2015.04.27)


Leitura espiritual



SANTO AGOSTINHO – CONFISSÕES

LIVRO DÉCIMO

CAPÍTULO XLI

Deus e a mentira

Examinei as minhas fraquezas de pecador nas três formas de concupiscência, e invoquei a tua destra para me salvar. Apesar de ter o coração ferido, vi o teu esplendor, e forçado a recuar, disse: “Quem pode chegar lá? Fui lançado para longe dos teus olhos”. – Tu és a verdade que preside a todas as coisas. E eu, na minha avareza, não queria perder-te, mas queria possuir ao mesmo tempo a ti e à mentira, como os que não querem mentir a ponto de perderem a noção de verdade. Assim te perdi, porque não admites, a nenhum coração, conviver com a mentira.

CAPÍTULO XLII

Os neoplatónicos e o caminho para Deus

Poderia eu encontrar alguém que me reconciliasse contigo? Deveria eu recorrer aos anjos? E com que orações, com que ritos? Ouvi dizer que muitos dos que se esforçam para voltar a ti, e que não conseguiam por si mesmos, tentaram este caminho e caíram na curiosidade de visões estranhas, recebendo por isso o justo castigo das ilusões.

Soberbos, procuravam-te com o coração inchado da sua ciência arrogante, e sem humildade. E atraíram para si, pela semelhança de sentimentos, os demónios do ar, que se fizeram cúmplices e aliados da sua soberba, e se tornaram iludidos dos seus poderes mágicos.

Procuravam um mediador para purifica-los, mas não o encontraram, senão ao demónio transfigurado em anjo de luz, que justamente por não possuir corpo de carne, lhes seduziu fortemente a carne orgulhosa. Eram mortais e pecadores, e tu, Senhor, com quem eles procuravam com soberba reconciliar-se, és imortal e sem pecado.

Era necessário que o mediador entre Deus e o homem tivesse alguma semelhança tanto com Deus como com os homens; pois se assemelhasse apenas aos homens, estaria muito longe de Deus; e se assemelhando-se só a Deus, estaria muito longe dos homens; em ambos os casos não poderia ser mediador.

E aquele falso mediador que é o demónio, a quem os teus ocultos juízos permitem que iluda a soberba, tem de comum com os homens apenas uma coisa, isto é, o pecado. Finge contudo, ter algum traço em comum com Deus, e como não está revestido de carne mortal, pretende ser imortal. Mas, como a morte é o salário do pecado, ele tem isso em comum com os homens: como eles, ele é condenado à morte.

CAPÍTULO XLIII

Cristo, o único mediador

O verdadeiro mediador que a tua insondável misericórdia enviou e revelou aos homens, para que aprendessem a humildade pelo seu exemplo, é esse mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo. Apareceu como intermediário entre os pecadores mortais e o Justo imortal, mortal como os homens e justo como Deus. E, como a vida e a paz são a recompensa da justiça, pela justiça que o une a Deus suprimiu a morte entre os ímpios justificados, e quis compartilhá-la com eles. Foi revelado aos santos dos antigos tempos, para que eles se salvassem pela fé na sua paixão futura, como nós nos salvamos pela fé na sua paixão passada. De facto, só é mediador enquanto homem; enquanto Verbo não é intermediário, por ser igual a Deus: Deus em Deus e, ao mesmo tempo, Deus único.

Como nos amaste, Pai bondoso! Não poupando o teu Filho único, entregaste-o por nós pecadores! Oh! Como nos amaste! Foi por amor a nós que o teu Filho, que não considerava rapina o ser igual a ti, se submeteu até a morte de cruz. Ele era o único livre entre os mortos, tendo o poder de dar a sua vida e de novamente retomá-la. Por nós fez-se diante de ti vencedor e vítima; por nós, diante de ti, fez-se sacerdote e sacrifício, e sacerdote porque ele era o sacrifício; de escravos, fez de nós teus filhos; nascidos de ti, fez-se nosso escravo. Com razão ponho nele a firme esperança que curarás todas as minhas enfermidades por intermédio dele, que está sentado à tua direita e intercede por nós junto de ti. De outro modo desesperaria, pois são muitos e grandes os meus males; porém mais poderoso é o poder do teu remédio. Poderíamos pensar que o teu Verbo estava muito longe para se unir ao homem, e desesperar de nós, se ele não se tivesse feito carne, habitando entre nós.

Atemorizado pelos meus pecados e pelo peso das minhas misérias, meditei o projecto de fugir para o ermo; mas tu te opuseste e me fortaleceste dizendo: Cristo morreu por todos, para que os viventes já não vivam para si, mas por aquele que morreu por eles.

Eis, Senhor, que lanço em ti os cuidados da minha vida, e contemplarei as maravilhas da tua lei. Conheces a minha ignorância e a minha fraqueza: ensina-me, cura-me. O Teu Filho único, em que estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência, remiu-me com sangue. Não me caluniem os soberbos, porque eu conheço bem o preço da minha redenção. Como o corpo e bebo o sangue da vítima redentora, distribuo-a aos outros; pobre, desejo saciar-me dela em companhia daqueles que a comem e são saciados. E louvarão ao Senhor os que o buscam!

LIVRO DÉCIMO- PRIMEIRO

CAPÍTULO I

Finalidade das confissões

Porventura, Senhor, tu que és eterno, ignoras o que te digo, ou não vês no tempo o que se passa no tempo? Por que motivo, então, narrar-te essas coisas todas? Certamente não é para que as conheças; é para despertar em mim e nos que me leem o nosso amor por ti; para que todos exclamemos: Grande é o Senhor, e infinitamente digno de louvores! Já disse e torno a dizer: É pelo desejo do teu amor que narro isto.

Também nós oramos e, não obstante, a Verdade diz-nos: O Pai sabe do que haveis mister, antes mesmo de lho pedires. – Por isso manifestamos o nosso amor por ti, confessando-te as nossas misérias e as tuas misericórdias para connosco, para que termines a nossa libertação que começaste, e para que deixemos de ser infelizes em nós para sermos felizes em ti. Pois chamaste-nos para que fôssemos pobres de espírito, mansos, penitentes, famintos e sedentos de justiça, misericordiosos, puros de coração e pacíficos.

Muitas coisas te narrei, conforme pude e conforme o desejo da minha alma, porque o exigiste primeiro, para que te confessasse, Senhor, meu Deus, porque és bom, e porque a tua misericórdia é eterna.

CAPÍTULO II

A inteligência das Escrituras

Quando poderei eu descrever, com o poder da minha pena, todas as exortações, todos os terrores, as consolações, as inspirações de que lançaste mão para me levar a pregar a tua palavra e dispensar ao povo o teu sacramento?

Mesmo que eu fosse capaz de enumerar na ordem tais coisas, as gotas do meu tempo são-me preciosas. De há muito que anseio ardentemente meditar sobre a tua lei, e confessar-te nela a minha ciência e a minha ignorância, os albores das tuas luzes na minha alma e o que ainda resta em mim de trevas, até que a minha fraqueza seja absorvida pela tua força. Não quero gastar em outros cuidados as horas de liberdade que me restam além dos cuidados indispensáveis do corpo, do trabalho intelectual, dos serviços que devemos aos homens, e dos que prestamos sem lhos devamos.

Senhor meu Deus, ouve a minha prece; que a tua misericórdia atenda ao meu desejo, pois não arde só por mim, mas também para servir o amor fraternal, e bem vês no meu coração que é assim.

Permitas que te sacrifique o meu pensamento e a minha língua, mas concede-me o que te devo oferecer, porque sou pobre e indigente, enquanto és rico para todos os que te invocam e, sem cuidados contigo, cuidas da nossa existência. Livra-me, Senhor, de toda temeridade e de toda mentira que os meus lábios e o meu coração possam proferir. Que as tuas Escrituras sejam as minhas castas delícias, que não me engane nelas, nem com elas engane a ninguém. Senhor, ouve-me, e tem compaixão, Senhor meu Deus, luz dos cegos e vigor dos fracos, mas também luz dos que veem e força dos fortes; presta atenção à minha alma e ouve-a clamar do fundo do abismo. E se os teus ouvidos estão ausentes do abismo, para onde iremos, por quem clamaremos?

Teu é o dia e tua é a noite; a um aceno do teu querer, os minutos voam. Concede-me o tempo para meditar nos mistérios da tua lei, e não a feche para os que lhe batem à porta; não foi em vão que quiseste que fossem escritas tantas páginas de obscuros segredos. Porventura, estes bosques não terão seus cervos, que ali se abrigam, se alimentam, que aí passeiam, descansam e ruminam? Ó Senhor, aperfeiçoa-me e revela-me o sentido desses mistérios. A tua palavra é a minha alegria, a tua voz está acima de todos os prazeres. Concede-me o que amo, porque ando enamorado, e amar é um dom que me concedeste. Não abandone os teus dons, nem deixe de regar a tua erva sedenta. Te exaltarei por tudo o que descobrir nos teus livros; que eu ouça a voz dos teus louvores. Faz que eu me inebrie de ti, e que eu contemple as maravilhas da tua lei, desde o começo dos tempos, quando fizeste o céu, a terra, até que partilharemos do reino do perpétuo da tua cidade santa.

Senhor, tem piedade de mim, ouve o meu desejo. Julgo que não desejo nada da terra, nem ouro, nem prata, nem pedras preciosas, nem belas roupas. Nem honrarias, nem prazeres carnais, nem de coisas necessárias ao corpo da nossa peregrinação desta vida. Tudo, aliás, nos é dado por acréscimo quando procuramos o teu reino e a tua justiça.

Vê, meu Deus, de onde nasce o meu desejo. Os ímpios contaram-me as suas alegrias, mas esses prazeres não são como os proporcionados pela tua lei. É ela que inspira o meu desejo. Olha, ó Pai, olha, e vê, e aprova. Queira a tua misericórdia que eu encontre graça diante de ti, e que os arcanos secretos das tuas palavras se abram ao meu espírito que bate às suas portas!

Isso eu te suplico por nosso Senhor, Jesus Cristo, teu filho, aquele que está sentado à tua direita, o Filho do homem, a quem estabeleceste como mediador entre nós e ti. Por ele nos procuraste quanto não te procurávamos, e nos procuraste para que te buscássemos! Em nome do teu Verbo, por quem criaste todas as coisas, e a mim entre outras; do teu Filho unigénito, por quem chamaste à adopção o povo dos crentes, no qual também estou.

Eu te conjuro por aquele que está sentado à tua direita, e que intercede por nós, no qual estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento que procuro nos teus livros.

Moisés escreveu a respeito: “Isto diz ele, isto diz a Verdade”.

(Revisão de versão portuguesa por ama)


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