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09/03/2016

Sonhar

AMOR HUMANO

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Sonhar

Esta capacidade de sonhar tem a ver com a “ilusão” – no sentido castelhano do termo – que pomos nos nossos horizontes e esperanças, sobretudo na relação com as pessoas, ou seja, os bens ou êxitos que lhes desejamos, as esperanças que temos a seu respeito.
A capacidade de sonhar equivale à capacidade de projectar o sentido da nossa vida naqueles que amamos.
Por isso é, efectivamente, algo representativo de cada família.

Desde muito cedo, São Josemaria contribuiu para recordar, no quadro dos ensinamentos da Igreja, que o matrimónio – gérmen da família – é, no pleno sentido da palavra, uma chamada específica à santidade dentro da comum vocação cristã: um caminho vocacional, diferente mas complementar ao do celibato – seja sacerdotal ou laical – ou para a vida religiosa.

“O amor, que conduz ao matrimónio e à família, pode também ser um caminho divino, vocacional, maravilhoso, via para uma completa dedicação ao nosso Deus” [i].

Por outro lado, esta chamada de Deus no matrimónio não significa de modo algum diminuir os requisitos que supõe seguir Jesus.
Pois, se “tudo contribui para o bem dos que amam a Deus” [ii], os esposos cristãos encontram na vida matrimonial e familiar a matéria da sua santificação pessoal, quer dizer, da sua pessoal identificação com Jesus Cristo: sacrifícios e alegrias, gozos e renúncias, o trabalho no lar e fora dele, são os elementos com que, à luz da fé, constroem o edifício da Igreja.

Sonhar, para um cristão, com a esposa ou com o esposo, é olhá-lo com os olhos de Deus.
É contemplar, prolongado no tempo, a realização do projecto que o Senhor tem pensado e quer, para cada um, e para os dois na sua concreta relação matrimonial.
É desejar que esses planos divinos se façam realidade na família, nos filhos – se Deus os manda – nos avós e nos amigos que a providência vá colocando para os acompanhar na viajem da vida.
É, afinal, ver cada um o outro como o seu particular caminho para o Céu.



r. pellitero

(Revisão da versão portuguesa por ama)




[i] Cfr. S. Josemaria, Homilia “Amar o mundo apaixonadamente”, em Temas actuais do cristianismo, n. 121; cfr. “O matrimónio, vocação cristã”, em Amigos de Deus
[ii] Ro 8, 28.

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