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22/02/2016

O valor do estudo

Cultivar a interioridade na era digital - 3

O valor do estudo

O hábito do estudo, que ordena o desejo de chegar a metas nobres, costuma relacionar-se com a temperança. Santo Tomás caracteriza a virtude da studiositas como um «certo entusiasmante interesse por adquirir o conhecimento das coisas» [i], que implica a superação da comodidade e da preguiça. Quanto mais intensamente a mente se aplicar em algo pelo facto de o ter conhecido, tanto mais se desenvolve regularmente o seu desejo de aprender e de saber.

O desejo de saber é enriquecedor quando se põe ao serviço dos outros e contribui para fomentar um reto amor ao mundo, que nos impulsiona a seguir a evolução das realidades culturais e sociais em que nos movemos e que queremos levar para Deus. Mas isto é diferente de viver para o exterior, dominado por uma curiosidade que se manifestaria, por exemplo, na ânsia de estar informados de tudo ou de não querer perder nada. Essa atitude desordenada acabaria por conduzir à superficialidade, à dispersão intelectual, à dificuldade para cultivar o convívio com Deus, à perda do interesse apostólico.

As novas tecnologias, ao ampliarem as fontes de informação disponíveis, são uma ajuda valiosa no estudo de assuntos tão variados como um projeto académico de investigação, a escolha de um local para as férias familiares, etc. No entanto, existem também várias formas de desordem do apetite ou desejo de conhecimento: uma pessoa pode abandonar um determinado estudo que constitui para ela uma obrigação e começar «outra investigação menos proveitosa» [ii]. Por exemplo, quando a atenção se centra na resposta a uma mensagem ou à última actualização, em vez de se concentrar no estudo ou no trabalho.

A curiosidade desmedida, que São Tomás caracterizava como uma «inquietação errante do espírito» [iii], pode conduzir à acídia: uma tristeza do coração, um peso da alma que não consegue responder à sua vocação que exige pôr atenção e esforço no convívio com o próximo e com Deus. A acídia é compatível com uma certa agitação da mente e do corpo, mas que só reflecte a instabilidade interior. Por outro lado, o hábito do estudo mantém o vigor à hora de trabalhar e de se relacionar com os outros, dá eficácia ao tempo que gasto e, ainda, ajuda a poder apreciar as actividades que exigem um esforço mental.

j.c. vásconez ‒ r. valdés





[i] São Tomás, S. Th.II-II, q. 166, a. 2 ad 3.
[ii] São Tomás, S. Th.II-II, q. 167, a. 1 resp.
[iii] São Tomás, De Malo, q. 11, a. 4.

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