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23/02/2016

Jesus Cristo e a Igreja – 103

Celibato eclesiástico: História e fundamentos teológicos [i]

III. Desenvolvimento do tema da continência na Igreja latina

O testemunho dos Padres e dos escritores eclesiásticos

Os Padres e os escritores eclesiásticos pertencem à categoria das mais importantes testemunhas da fé e da tradição nos primórdios da Igreja.

Sobre a questão da continência do clero é conveniente escutar primeiro Santo Ambrósio. Na sua sede em Milão, na qualidade de “Consularis Aemiliae et Liguriae”, Ambrósio, eleito bispo, tornou-se rapidamente um dos mais importantes homens da Igreja do Ocidente. No que diz respeito ao nosso assunto, esse Pastor, especialmente sensível às obrigações jurídicas, devido à sua anterior actividade civil, tinha ideias muito claras. Ensina que os ministros do altar que estavam casados antes da sua Ordenação, não deveriam continuar usando do matrimónio depois da Ordenação – ainda que essa obrigação não tivesse sido sempre observada do modo devido, nas regiões mais remotas. Confrontado com a permissão vetero-testamentária, deve-se ver um novo mandato do Novo Testamento, pois os sacerdotes deste, estão obrigados a uma oração e a um ministério santo constante e contínuo.

São Jerónimo, que conhecia bem por experiência própria tanto a tradição do Ocidente como a do Oriente, disse na sua refutação do ano 393 a Joviniano, sem insinuar nenhuma distinção entre Ocidente e Oriente, que o Apóstolo Paulo, na famosa passagem da sua Carta a Tito, ensinou que um candidato casado à Ordem sagrada deveria ter casado uma só vez, deveria ter educado bem aos filhos que tivesse, mas não podia procriar outros filhos. Devia, portanto, dedicar-se à oração e ao serviço divino e não só por um tempo limitado, como no Antigo Testamento, como consequência, “si semper orandum et ergo semper et semper carendum matrimonio”.

(cont)

(revisão da tradução portuguesa por ama)



[i] Card. alfons m. stickler, Cardeal Diácono de São Giorgio in Velabro

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