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02/02/2016

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo Comum
Semana IV

Apresentação do Senhor

Evangelho: Lc 2, 22-32 ou 40

22 Depois que se completaram os dias da purificação de Maria, segundo a Lei de Moisés, levaram-n'O a Jerusalém para O apresentar ao Senhor 23 segundo o que está escrito na Lei do Senhor: “Todo o varão primogénito será consagrado ao Senhor”, 24 e para oferecerem em sacrifício, conforme o que também está escrito na Lei do Senhor: “Um par de rolas ou dois pombinhos”. 25 Havia então em Jerusalém um homem chamado Simeão. Este homem era justo e piedoso; esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. 26 Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que não veria a morte sem ver primeiro o Cristo do Senhor. 27 Foi ao templo conduzido pelo Espírito. E, levando os pais o Menino Jesus, para cumprirem as prescrições usuais da Lei a Seu respeito, 28 ele tomou-O nos braços e louvou a Deus, dizendo: 29 «Agora, Senhor, podes deixar o teu servo partir em paz segundo a Tua palavra; 30 porque os meus olhos viram a Tua salvação, 31 que preparaste em favor de todos os povos; 32 luz para iluminar as nações, e glória de Israel, Teu povo». 33 O Seu pai e a Sua mãe estavam admirados das coisas que d'Ele se diziam. 34 Simeão abençoou-os e disse a Maria, Sua mãe: «Eis que este Menino está posto para ruína e ressurreição de muitos em Israel e para ser sinal de contradição. 35 E uma espada trespassará a tua alma. Assim se descobrirão os pensamentos escondidos nos corações de muitos». 36 Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada. Tinha vivido sete anos com o seu marido, após o seu tempo de donzela, 37 e tinha permanecido viúva até aos oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia com jejuns e orações. 38 Ela também, vindo nesta mesma ocasião, louvava a Deus e falava de Jesus a todos os de Jerusalém que esperavam a redenção. 39 Depois que cumpriram tudo, segundo o que mandava a Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para a sua cidade de Nazaré. 40 O Menino crescia e fortificava-Se, cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com Ele.

Comentário:

Não podemos sequer ter uma pálida ideia do que se passaria no coração de Maria ao ouvir as palavras de Simeão.

Um coração de Mãe não se confrange nem angustia por ela própria mas pelo filho que trouxe ao mundo.
Sabe que a «espada que trespassará a sua alma» será a dor provocada pelo mal que farão ao seu amado Filho.

Estas angústia e dor são no entanto como que submetidas à superior decisão já tomada: «Fiat mihi secundum verbum tuum

(ama, comentário sobre Lc 2, 22-40, Malta, 2015.02.02)


Leitura espiritual


Eucaristia

A Presença Real de Cristo na Eucaristia - Parte V

- "[Jesus] estava realmente ensinando que devemos comer a Sua carne (fibras, músculos, pele) e beber o Seu sangue (plaquetas, plasma, glóbulos)?" [i].

- "A tua opinião é que pelo consumo espiritual exclui-se o corporal. Os judeus (realmente) imaginaram que tinham que comer Cristo, do mesmo modo que o pão e a carne são colocados no prato, ou como um leitãozinho assado" [ii].

 FIRMILIANO DE CESAREIA


Era também discípulo de Orígenes. Bispo de Cesareia, na Capadócia. Grande amigo de São Cipriano. Morreu por volta de 268.
Numa carta a São Cipriano, tratando da reiteração do baptismo nos hereges, escreveu também:

- "Grande delito é o mesmo daqueles que são admitidos e o daqueles que permitem que o corpo e o sangue do Senhor sejam tocados, temerariamente usurpando a comunhão sem terem sido lavadas suas manchas pelo baptismo da Igreja, nem terem sido expostos os seus pecados, uma vez que está escrito:
“Quem come do pão ou bebe do cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e do sangue do Senhor" [iii], [iv].

CIPRIANO DE CARTAGO

Figura de grande importância na Igreja africana da primeira metade do século III. Nasceu entre os anos 200 e 210. Converteu-se à fé cristã por volta de 246. Foi sacerdote e, a seguir, Bispo de Cartago. Escreveu abundantemente, em particular aos seus sacerdotes. Foi martirizado no ano 258.
O P. d'Ales [v] extraiu das obras de São Cipriano as seguintes expressões acerca do pão e do vinho eucarísticos:

- O corpo do Senhor
- O santo corpo do Senhor
- O corpo de Cristo
- A carne de Cristo
- O santo do Senhor
- O alimento de Cristo
- O alimento celeste
- O pão do Senhor
- A graça saudável
- A comida celeste
 - O sangue do Senhor
- O sangue de Cristo
- O mistério do cálice
- O cálice do Senhor
- A bebida do Senhor
- A bebida saudável

Comentando a Oração do Senhor (o Pai Nosso), ensina:

 - "Porque Cristo é o pão daqueles que tocam o seu corpo; e esse pão é aquele que pedimos que nos seja dado todos os dias, a não ser que nós, os que estamos em Cristo e recebemos todos os dias a Sua Eucaristia como alimento de salvação, nos abstenhamos - por apresentarmos algum pecado mais grave - e não comunguemos, de modo que deixamos de receber o pão celeste e nos separamos do corpo de Cristo, segundo a Sua palavra: 'Eu sou o pão da vida' (...) Quando Ele diz que aquele que come o Seu pão vive eternamente, do mesmo modo que é claro que vivem os que tocam o Seu corpo e recebem a Eucaristia por direito de comunhão, ao contrário, devem temer e pedir para que, separando-se do corpo de Cristo e não comungando, não sejam separados da salvação (...). É por isso que pedimos que todos os dias nos dê Ele o pão nosso, isto é, Cristo, para que permaneçamos e vivamos em Cristo, e não nos afastemos da Sua santificação e do Seu corpo" [vi].

Diante das práticas de alguns, que usavam água na Eucaristia ao invés de vinho, contesta:

- "Que no cálice que se oferece em Sua memória seja oferecida uma mistura de vinho (com um pouco de água), porque tendo dito Cristo: “Eu sou a verdadeira vinha”, o sangue de Cristo não é, indubitavelmente, água, mas vinho. Também não pode parecer que no cálice se encontra o Seu sangue - com o qual fomos redimidos e vivificados - se nesse cálice não há vinho, o qual é o sangue de Cristo, predito pelo mistério e testemunhado por todas as Escrituras" [vii].

Nos tempos de perseguição - ensina Cipriano - deve-se dar a Eucaristia para os cristãos não irem desarmados para o combate, mas...
- "...armados com a proteção do sangue e do corpo de Cristo"...
...já que a Eucaristia é feita para isto: para ser defesa dos que a recebem:
- "Se negamos o sangue de Cristo aos que partem para a luta, como podemos ensinar-lhes ou incitar-lhes a derramar seu sangue para confessar o nome [de Cristo]?" [viii], [ix].

E no mesmo sentido:

 - "Aproxima-se agora uma luta mais difícil e feroz, para a qual os soldados de Cristo devem preparar-se com uma fé incorrupta e uma robusta virtude, considerando que por isso bebem diariamente do cálice do Senhor, para que possam também eles derramar seu sangue por Cristo" [x].

Falando acerca daqueles cristãos que tinham apostatado, pelo menos materialmente, da sua fé e que agora tornavam a se aproximar para receber a Eucaristia sem antes fazer penitência e sem haver se reconciliado, diz:
- "Violenta-se assim o corpo e o sangue [do Senhor] e agora com suas mãos e sua boca pecam ainda mais contra o Senhor do que antes, quando O negaram" [xi].

AFRAATES

Testemunha a fé eucarística da Igreja da Síria. Nascido por volta de 280, morreu pouco depois de 345.

Estes dois textos servem-nos:

- "Quando alguém, abstendo-se de todo pecado, recebe o corpo e o sangue de Cristo, deve cuidar da sua boca com cuidado, eis que por ela entra o Filho do Rei" [xii].

- "O Senhor, por suas próprias mãos, deu o Seu corpo para ser comido; e antes da sua crucificação, deu o Seu sangue para que fosse bebido" [xiii].

EFRÉM

Eminente membro da Igreja da Síria. Nasceu em Nísibis por volta do ano 306. Foi ordenado diácono e assim permaneceu por toda a sua vida. Discípulo do Bispo de Nísibis, Tiago. Grande poeta, compôs um grande número de obras espirituais e artísticas, todas de conteúdo cristão. Conservam-se poemas e homilias.

Alguns textos:

- "Os sacerdotes dos tempos antigos desejaram ver a tua beleza e não a viram. / Os sacerdotes dos tempos médios odiaram a tua beleza e a rejeitaram / Os sacerdotes da Igreja Te tomaram em suas mãos, / Pão da Vida que desceu [à terra] e se uniu aos nossos sentidos" [xiv].

- "Que nos santifiquemos pelo Teu corpo e pelo Teu sangue; e estejam entre os redimidos, nós, que comemos o Teu corpo e bebemos o Teu precioso sangue" [xv].

- "O corpo que Ele tomara de Maria esta tornou a tomá-lo no pão e na oferenda" [xvi].

- "De um modo novo o Seu corpo se uniu ao nosso e o Seu sangue puro foi derramado em nossas veias; Sua voz no ouvido, Sua luz nos olhos. Por sua piedade, uniu-Se totalmente a nós" [xvii].

 juan carlos sack

(Revisão da versão portuguesa por ama)




[i] Daniel Sapia, evangélico
[ii] Martinho Lutero
[iii] Firmiliano cita as severas palavras do Apóstolo em 1Coríntios 11,27. Alguém poderia ser considerado "réu do corpo e do sangue do Senhor" se o pão que é consumido nas celebrações fosse um simples simbolismo?
[iv] Epistolário de São Cipriano, Epístola 75,21
[v] "La Théologie de Saint Cyprien" (Paris 1922), pp. 263-264. Aí se encontram as referências para cada expressão.
[vi] Da Oração do Senhor 18
[vii] Epístola 63,2
[viii] Epístola 57,2
[ix] Observe-se a força da expressão: a Eucaristia como presença real do sangue de Cristo é o fundamento para a fortaleza daqueles que irão derramar seu próprio sangue em testemunho da sua Fé.
[x] Epístola 58,1
[xi] Dos Lapsos 16
[xii] Demonstração 3,2
[xiii] Demonstração 12,6
[xiv] Da Virgindade 35,12
[xv] Sermão 1,655-657
[xvi] Da Epifania 8,23
[xvii] Da Virgindade 37,2

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