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15/01/2016

SOBRE O PERDÃO – 3

1 – O que é o perdão?

…/2

Depois desta frase, “perdoar é esquecer”, vem ao nosso pensamento inevitavelmente uma outra, que é: “perdoar, perdoo, mas não esqueço!”
Se esta frase fosse aplicada segundo o contexto anteriormente abordado, até teria todo o sentido, mas a verdade é que esta frase tem implícita a “falta de perdão”, ou seja, a tentativa de perdoar a ofensa, mas não perdoar o ofensor.
Porque ela quase poderia ser acrescentada por uma outra frase carregada de ironia mordaz, do tipo, “se eu lhe puder ser bom”, ou seja, se eu tiver oportunidade de fazer o ofensor pagar pela ofensa, não hesitarei em fazê-lo, o que no fundo significa que se exerce uma espécie de desejo de vingança e como tal, não houve perdão.

Depois temos também outra forma de ver o perdão, o perdoar, e que significa uma reconciliação com o ofensor, mas uma reconciliação do tipo de voltar tudo a ser exactamente igual ao que era antes.
Ora o perdão pode existir, o acto de perdoar pode ser verdadeiro, mas não haver uma reconciliação e muito menos uma reconciliação ao nível do que era antes.
Claro que este perdão e este ser perdoado, “recuperando”, digamos assim, a anterior condição da relação entre ofendido e ofensor, é sempre possível com Deus, como mais uma vez veremos adiante.

(cont)


(joaquim mexia alves, Conferência sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)

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