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28/01/2016

SOBRE O PERDÃO – 16

3 – O perdão e os outros

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Mais uma vez temos que sair de nós próprios, temos que nos deixar tocar pelo amor, pelo amor de Deus, pois só Ele nos pode levar a perdoar tais actos e sobretudo a rezar intercedendo, não só pelas vítimas, mas também pelos que praticaram tais actos.
É que a nossa vontade, para além de querermos perdoar como sabemos ser nosso dever de amor, deve ser também o desejo que tais actos tenham um fim e isso só acontecerá se os corações daqueles que os praticam, mudar, for transformado.
Ora o ódio não se combate com o ódio, porque apenas pode gerar mais ódio.
O ódio combate-se com o amor, e amar é perdoar, e este amar é também sem dúvida pedir insistentemente a Deus que toque os corações daqueles que andam dominados pelo mal, para que encontrem o bem e sobretudo para que vejam nos outros, pessoas como eles.
Quer isto dizer que, para perdoarmos a este tido de ofensores, não os podemos desumanizar, mas sim vê-los como pessoas como nós, mas que andam erradas, que andam tocadas pelo mal e por isso mesmo precisam das nossas orações para a transformação das suas vidas.

Quando os outros que nos ofendem ou nós ofendemos são a nossa família, então ainda mais premente se torna a capacidade de perdoar e pedir perdão, porque o testemunho dado em família sobretudo aos mais novos, vai ser a referência que irão ter para as suas vidas.
E tantas vezes que as ofensas em família são por causa das coisas mais fúteis, como heranças, bens materiais, ou até uma vontade de ser mais que os outros, ou seja, de mandar sem ouvir ninguém.

Se o amor é os alicerces e o cimento que unem uma casa, uma família, o perdão será, sem dúvida, o reboco das paredes, que deve ser constantemente tratado e limpo, para que as mesmas se mantenham sempre isentas de sujidades e bolores, ou seja, de coisas que incomodam, dividem e dão mal-estar.
Se nas nossas casas, nas nossas famílias, não vivemos o amor, não vivemos o perdão, como podemos nós vivê-lo fora das nossas casas no nosso dia-a-dia.

(cont)


(joaquim mexia alves, Conferência sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)

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