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27/01/2016

SOBRE O PERDÃO – 15

3 – O perdão e os outros

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Outro aspecto do perdão aos outros é também o facto de muitas vezes a ofensa não nos ser dirigida a nós especificamente, mas a um grupo de pessoas em que nos incluímos ou não, mas que de qualquer modo nos ofende na nossa humanidade, na nossa condição de filhos de Deus.

Temos visto recentemente os cruéis atentados e execuções públicas por parte dos auto-proclamados islâmicos e outros grupos que infelizmente por este mundo fora existem.
Aliás, podemos juntar a estes, as atitudes extremistas de racismo, de ofensas às mulheres e crianças, etc., etc., e até, nestes últimos dias, um qualquer dito artista espanhol que profanou hóstias consagradas, expondo-as no chão com a palavra pedofilia, numa atitude que nos causa a nós católicos uma indignação e revolta profundas.

Em todos estes casos e de uma forma geral, também nós somos ofendidos na nossa sensibilidade, na nossa humanidade, na nossa relação com os inocentes e desprotegidos, mesmo que não seja ao pé da nossa porta, como se costuma dizer.
E como tal, e perante esses factos, também nós desenvolvemos sentimentos de raiva impotente, até mesmo desejos de vingança, ou que algo de mal aconteça àqueles que tais actos praticam, esperando quase que Deus os castigue de forma inabalável.
E para que seja possível essa nossa indignação, essa nossa revolta, (que não deixa de ser legitima), desumanizamos esses ofensores, tornamo-los para nós como animais irracionais que, portanto, não merecem o nosso perdão, nem a nossa compaixão.
E assim torna-se difícil, muito difícil o perdoar, até mesmo essas ofensas que não nos foram dirigidas pessoalmente, e os ofensores, mas que afectam o nosso viver comum, o nosso viver moral, e até, o nosso viver a fé.

(cont)

(joaquim mexia alves, Conferência sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)

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