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04/12/2015

Temas para meditar - 589

Castidade


A castidade é a açucena das virtudes: ela torna os homens quase iguais aos anjos; nada é formoso sem a pureza e a pureza dos homens chama-se castidade.

Dá-se à castidade o nome de honestidade, e à sua profissão e prática o de honra; também se chama inteireza e o seu contrário corrupção; em suma, tem uma glória toda à parte por ser bela e franca virtude da alma e do corpo.


(são francisco de sales, Introdução à Vida Devota, Cap. XII)

Temas para meditar - 588

Controlo da natalidade

A razão mais íntima e mais fundamental da doutrina da Igreja (no que respeita ao controlo da natalidade) assenta, não na areia movediça das opiniões dos homens, mas sim na revelação cristã e, designadamente, na revelação da paternidade divina, Deus é Criador e é Pai, porque é Amor. [i] 

E o homem que foi criado à imagem e semelhança de Deus, tem a missão, na terra, de defender e avivar, em si mesmo, esta imagem e esta semelhança do Amor incriado - Deus.

Ora, amor verdadeiro e fecundo é o amor que expande e multiplica a vida, quer natural (vida física e espiritual), quer sobrenatural (a graça santificante).

De outro modo, o amor seria estéril, o que, se a esterilidade é voluntária, equivale a dizer que seria contrário do amor. 

Situa-se nesse falso amor, voluntariamente estéril, a conjura contra o direito de nascer.

(A. Veloso, BROTÉRIA, Vol. LXXIV, Fasc. 6, 1962, pag. 655)




[i] Jo, 4, 8 e 16, Deus charitas est

Índice de publicações em 04 DEZ

nunc coepi – Índice de publicações em Dez 04

São Josemaria – Textos

Hom - (São João Paulo II), Temas para meditar - Fidelidade, Virtudes

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 9 27-31, Leit. Espiritual (Resumos da Fé cristã - Tema 36)

AT - Salmos – 34

JMA (Perante o ódio só amor vencerá)

Inquisição


Agenda Sexta-Feira

Perante o ódio apenas o amor vencerá!

Ao vermos e ouvirmos as notícias sobre os atentados em Paris, na Nigéria, no Quénia, pelo mundo fora, baseados, segundo os seus autores, numa qualquer missão dada por um deus que não existe, os nossos sentimentos humanos, cristãos, católicos, são colocados à prova, ou seja, se cedemos ao mais fácil que é a raiva, o rancor, que leva rapidamente ao ódio e à vingança, não ficaremos muito diferentes do que aqueles que os perpetraram
Afirmo que é uma “missão dada por um deus que não existe”, porque o Deus Criador que dá tal total liberdade à criatura, só pode ser um Deus de infinito amor e como tal, um Deus que apenas ama, que é vida e não pode odiar, pelo que, nunca pedirá àqueles que O seguem missões de ódio e de morte.

Mas perante o horror, perante a barbárie, os nossos sentimentos “baralham-se” e damos connosco a desejar que tal gente sofra na pele aquilo que fez sofrer aos outros, desejamos secreta ou mais abertamente uma forte retaliação, que os coloque perante o sofrimento, e também e assim, julgamos nós, os faça mudar de vida.

Mas este mudar de vida, para quem vive no ódio e para o ódio, só pode acontecer se encontrarem o Amor, amor com maiúscula, sim, ou seja o próprio Deus, e não um qualquer ser demoníaco que eles seguem como se fosse Deus.

E como se levam as pessoas ao amor?
Só se pode levar alguém ao amor, com amor! Não há outra forma!

E sim, é verdade, o amor exige muitas vezes ou sempre, o ensinar, o corrigir, até o castigar para ensinar e corrigir, mas tudo na proporção certa, ou seja, que não transforme a “correcção fraterna”, numa atitude que possa ser confundida com raiva, com ressentimento e até com vingança.

Obviamente, e infelizmente, julgo que neste caso específico dos terroristas ditos islâmicos, (por favor não lhes chamemos estado islâmico porque é dar-lhes o que eles não têm), terão que acontecer intervenções armadas com o fim de os conter, sobretudo para proteger os inocentes, sejam eles quais forem, cristãos, muçulmanos, ateus, enfim pessoas como nós.

Mas tenho para mim que essas acções militares de nada valerão, se não houver da nossa parte uma entrega profunda e intensa à oração, intercedendo continuamente por esta gente que anda perdida no ódio e na morte.
Só Deus no e com o seu amor, pode mudar estes corações, e a nós compete-nos como missão, interceder por eles em oração, dar testemunho do Amor, não odiando, e sendo “mansos e humildes de coração” como é Nosso Senhor.

«Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste.» Mt  5, 48

E, claro, a mesma intercessão de oração e testemunho de amor, pelas vitimas, para que Deus as console na sua dor e para que retire do seu coração sentimentos de rancor e ressentimento, ou desejos de vingança, que apenas lhes provocarão ainda mais dor.

Difícil, muito difícil, mas não impossível pela graça de Deus!


Marinha Grande, 16 de Novembro de 2015
Joaquim Mexia Alves
:::
O meu comentário a este escrito do Joaquim:
Caro Joaquim:

Puseste em palavras o que qualquer cristão - qualquer homem - deve ter no coração.
Afinal, na Cruz, Cristo deu a Sua vida por todos até pelos e O crucificavam.

Apetece-me repetir o que Ele mesmo disse:

«Perdoa-lhes porque não sabem o que fazem

Na verdade quem está disposto a dar a própria vida pelo que julga ser a verdade, não pode saber o que faz, exactamente porque o que lhe dizem que é a verdade não o é.

Não me compete pensar nem devo atrever-me a tentar imaginar como será o 'encontro' destes desgraçados que se fazem explodir depois de terem ferido ou morto umas quantas pessoas, dizia, o 'encontro' com o Senhor!
Mas sinto-me tentado a considerar que talvez se oiça uma voz - do Anjo da Guarda de cada um?; da Nossa Mãe do Céu? – ‘Olha que eles não sabiam o que faziam...’

E, depois de assim considerar, não conseguindo ainda amar verdadeiramente esses desgraçados, desvanece-se qualquer resquício de ódio ou rancor que possa ter sentido.

E, já agora, que me expliquem qual é  diferença marcante e concreta que existe entre um sujeito destes e uma fulana qualquer que atira para o contentor do lixo com o filho acabado de sair do seu ventre?

Com um abraço do teu irmão António



Pequena agenda do cristão


Sexta-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:

Contenção; alguma privação; ser humilde.


Senhor: Ajuda-me a ser contido, a privar-me de algo por pouco que seja, a ser humilde. Sou formado por este barro duro e seco que é o meu carácter, mas não Te importes, Senhor, não Te importes com este barro que não vale nada. Parte-o, esfrangalha-o nas Tuas mãos amorosas e, estou certo, daí sairá algo que se possa - que Tu possas - aproveitar. Não dês importância à minha prosápia, à minha vaidade, ao meu desejo incontido de protagonismo e evidência. Não sei nada, não posso nada, não tenho nada, não valho nada, não sou absolutamente nada.

Lembrar-me:
Filiação divina.

Ser Teu filho Senhor! De tal modo desejo que esta realidade tome posse de mim, que me entrego totalmente nas Tuas mãos amorosas de Pai misericordioso, e embora não saiba bem para que me queres, para que queres como filho a alguém como eu, entrego-me confiante que me conheces profundamente, com todos os meus defeitos e pequenas virtudes e é assim, e não de outro modo, que me queres ao pé de Ti. Não me afastes, Senhor. Eu sei que Tu não me afastarás nunca. Peço-Te que não permitas que alguma vez, nem por breves instantes, seja eu a afastar-me de Ti.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?



Antigo testamento / Salmos

Salmo 34



1 Bendirei o Senhor o tempo todo! Os meus lábios sempre o louvarão.
2 A minha alma se gloriará no Senhor; ouçam os oprimidos e se alegrem.
3 Proclamem a grandeza do Senhor comigo; juntos exaltemos o seu nome.
4 Busquei o Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores.
5 Os que olham para ele estão radiantes de alegria; o seu rosto jamais mostrará decepção.
6 Este pobre homem clamou, e o Senhor o ouviu; e o libertou de todas as suas tribulações.
7 O anjo do Senhor é sentinela ao redor daqueles que o temem, e os livra.
8 Provem e vejam como o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia!
9 Temam o Senhor, os que são os seus santos, pois nada falta aos que o temem.
10 Os leões podem passar necessidade e fome, mas os que buscam o Senhor de nada têm falta.
11 Venham, meus filhos, ouçam-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor.
12 Quem de vós quer amar a vida e deseja ver dias felizes?
13 Guarde a sua língua do mal e os seus lábios da falsidade.
14 Afaste-se do mal e faça o bem; busque a paz com perseverança.
15 Os olhos do Senhor voltam-se para os justos e os seus ouvidos estão atentos ao seu grito de socorro; o rosto do Senhor volta-se contra os que praticam o mal, para apagar da terra a memória deles.
16 Os justos clamam, o Senhor os ouve e os livra de todas as suas tribulações.
17 O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.
18 O justo passa por muitas adversidades, mas o Senhor o livra de todas; protege todos os seus ossos; nenhum deles será quebrado.
19 A desgraça matará os ímpios; os que odeiam o justo serão condenados.

20 O Senhor redime a vida dos seus servos; ninguém que nele se refugia será condenado.

A castidade não é um peso incómodo

Contra a vida limpa, a pureza santa, levanta-se uma grande dificuldade à qual todos estamos expostos: o perigo do aburguesamento, na vida espiritual ou na vida profissional. O perigo – também para os chamados por Deus ao matrimónio – de nos sentirmos solteirões, egoístas, pessoas sem amor. Luta radicalmente contra esse risco, sem nenhumas concessões. (Forja, 89)

Com o espírito de Deus, a castidade, longe de ser um peso incómodo e humilhante, torna-se uma afirmação gozosa, porque o querer, o domínio e a vitória não são dados pela carne nem vêm do instinto, mas procedem da vontade, sobretudo se está unida à do Senhor. Para ser castos e não simplesmente continentes ou honestos, temos de submeter as paixões à razão, por uma causa elevada, por um impulso de Amor.

Comparo esta virtude a umas asas que nos permitem levar os mandamentos, a doutrina de Deus por todos os ambientes da terra, sem receio de ficar enlameados. Essas asas, tal como as das aves majestosas que sobem mais alto que as nuvens, pesam e pesam muito, mas, se faltassem, não seria possível voar. Gravai isto na vossa mente, decididos a não ceder quando sentirdes a garra da tentação, que se insinua apresentando a pureza como uma carga insuportável. Ânimo! Subi até ao sol, em busca do Amor!


Tenho de vos dizer que para esse efeito me ajuda considerar a Humanidade Santíssima de Nosso Senhor, a maravilha inefável de Deus que se humilha, até fazer-se homem. E que não se sente aviltado por ter tomado carne igual à nossa, com todas as suas limitações e fraquezas, menos o pecado, porque nos ama com loucura! Ele não se rebaixa com o seu aniquilamento e, em troca, levanta-nos, deificando-nos o corpo e a alma. Responder afirmativamente ao seu Amor com um carinho claro, ardente e ordenado, isso é a virtude da castidade. (Amigos de Deus, nn. 177–178)

Temas para meditar - 544

Fidelidade


A aceitação (Segunda dimensão da Fidelidade) é o momento em que o homem se abandona ao mistério, não com a resignação de alguém que capitula em face de um enigma, de um absurdo, mas com a disponibilidade de quem se abre para ser habitado por alguma coisa – por Alguém – maior que o seu próprio coração.
Esta aceitação cumpre-se em última análise por meio da fé, que é a adesão de todo o ser ao mistério que se revela. 


(são joão Paulo IIHomília na Catedral do México, 1979.01.26)

Evangelho, comentário, L. espiritual




Tempo de Advento

São João Damasceno – Doutor da Igreja

Evangelho: Mt 9, 27-31

27 Partindo dali Jesus, seguiram-n'O dois cegos, gritando e dizendo: «Tem piedade de nós, Filho de David!». 28 Tendo chegado a casa, aproximaram-se d'Ele os cegos. E Jesus disse-lhes: «Credes que posso fazer isto?». Eles responderam: «Sim, Senhor». 29 Então tocou-lhes os olhos, dizendo: «Seja-vos feito segundo a vossa fé». 30 E abriram-se os seus olhos. Jesus deu-lhes ordens terminantes, dizendo: «Cuidado, que ninguém o saiba». 31 Mas eles, retirando-se, divulgaram por toda aquela terra a Sua fama.

Comentário:

Estes dois cegos fazem uma declaração importante:

«Filho de David», é como chamam, com toda a propriedade, chamam a Jesus.

Fechados os olhos do corpo, tinham abertos os olhos da alma.

Tudo quanto já teriam ouvido acerca de Jesus dera-lhes a convicção que estavam na presença do Cristo e, é isso mesmo que afirmam quando Jesus lhes pergunta se acreditam que os pode curar.

E, Jesus, confirma-o:

«Faça-se segundo a vossa fé».

Ou seja, não é necessário ver Jesus, o que é imprescindível é ouvir as Suas palavras e acreditar nele.

(ama, comentário sobre Mt 9, 27-31, 2007.11.207)


Leitura espiritual


Resumos da Fé cristã

TEMA 36

O sétimo mandamento do Decálogo

…/2

3) Os ensinamentos acerca do bem comum e da função do Estado.

A missão da hierarquia da Igreja é de ordem diferente da missão da autoridade política.
O fim da Igreja é sobrenatural e a sua missão é conduzir os homens à salvação.
Por isso, quando o Magistério se refere a aspectos temporais do bem comum, fá-lo enquanto se devem ordenar ao Bem supremo, nosso fim último.
A Igreja expressa um juízo moral, em matéria económica e social, quando o exigirem «os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas» [i].

É importante sublinhar que «não compete aos pastores da Igreja intervir directamente na construção política e na organização da vida social.
Este papel faz parte da vocação dos fiéis leigos, agindo por sua própria iniciativa juntamente com os seus concidadãos» [ii], [iii].

5. Actividade económica e justiça social

«O trabalho humano procede imediatamente das pessoas criadas à imagem de Deus e chamadas a prolongar, umas com as outras, a obra da criação, dominando a terra [iv].
Portanto, o trabalho é um dever: «Se algum de vós não quer trabalhar, também não coma» [v].
O trabalho honra os dons do Criador e os talentos recebidos. Também pode ser redentor» [vi].
Realizado o trabalho em união com Cristo, o homem torna-se colaborador do Filho de Deus na sua obra redentora.
O trabalho é meio de santificação das pessoas e das realidades terrenas, informando-as com o Espírito de Cristo [vii], [viii].

No exercício do seu trabalho «cada um tem o direito de iniciativa económica e usará legitimamente os seus talentos, a fim de contribuir para uma abundância proveitosa a todos e recolher os justos frutos dos seus esforços.
Mas terá o cuidado de se conformar com as regulamentações impostas pelas legítimas autoridades em vista do bem comum [ix]» [x],[xi].

A responsabilidade de Estado:

«A actividade económica, particularmente a da economia de mercado, não pode desenrolar-se num vazio institucional, jurídico e político.
Pressupõe asseguradas as garantias das liberdades individuais e da propriedade, sem falar duma moeda estável e de serviços públicos eficientes.
Mas o dever essencial do Estado é assegurar estas garantias, de modo que, quem trabalha, possa usufruir do fruto do seu trabalho e, portanto, se sinta estimulado a realizá-lo com eficiência e honestidade» [xii].

Os empresários «estão obrigados a ter em consideração o bem das pessoas, e não somente o aumento dos lucros.
Estes são necessários, pois permitem realizar investimentos que assegurem o futuro das empresas e garantam o emprego» [xiii].
«Os responsáveis de empresas têm, perante a sociedade, a responsabilidade económica e ecológica das suas operações» [xiv].

«O acesso ao trabalho e ao exercício da profissão deve ser aberto a todos sem descriminação injusta: homens e mulheres, sãos e deficientes, naturais e imigrados [xv]
Por sua vez, a sociedade deve, nas diversas circunstâncias, ajudar os cidadãos a conseguir um trabalho e um emprego [xvi]» [xvii].
«O salário justo é o fruto legítimo do trabalho. Recusá-lo ou retê-lo, pode constituir grave injustiça» [xviii], [xix].

A justiça social.

Esta expressão começou-se a utilizar no século XX, para referir a dimensão universal que os problemas da justiça adquiriram.
«A sociedade garante a justiça social, quando realiza as condições que permitem às associações e aos indivíduos obterem o que lhes é devido, segundo a sua natureza e vocação.
A justiça social está ligada ao bem comum e ao exercício da autoridade» [xx].

Justiça e solidariedade entre as nações.

«As nações ricas têm uma grave responsabilidade moral em relação àquelas que não podem, por si mesmas, assegurar os meios do seu desenvolvimento ou disso foram impedidas por trágicos acontecimentos históricos.
É um dever de solidariedade e caridade; é também uma obrigação de justiça, se o bem-estar das nações ricas provier de recursos que não foram equitativamente pagos» [xxi].

«A ajuda directa constitui uma resposta apropriada a necessidades imediatas, extraordinárias, causadas, por exemplo, por catástrofes naturais, epidemias, etc.
Mas não basta para reparar os graves prejuízos resultantes de situações de indigência nem para prover, de modo durável, às necessidades» [xxii].

É também necessário reformular as instituições económicas e financeiras internacionais para que promovam e potenciem relações equitativas com os países menos desenvolvidos [xxiii].

6. Justiça e caridade

A caridade – “forma virtutum”, forma de todas as virtudes –, que está num nível superior à justiça, não se manifesta só ou principalmente em dar mais do que se deve em estrito direito.
Consiste sobretudo em dar-se a si mesmo – pois isto é amor –, deve acompanhar sempre a justiça, vivificando-a por dentro.
Esta união entre justiça e caridade manifesta-se, por exemplo, em dar o que se deve com alegria, em preocupar-se não só com os direitos da outra pessoa, mas também com as suas necessidades e, em geral, praticar a justiça com suavidade e compreensão [xxiv].

A justiça deve ser envolvida pela caridade.
Não se podem resolver os problemas da convivência humana apenas com um sistema de justiça anónimo a gerir adequadamente as estruturas sociais.
«Ao resolver os assuntos, procura nunca exagerar a justiça até ao ponto de te esqueceres da caridade» [xxv].

A justiça e a caridade deverão estar sempre presentes na atenção às pessoas necessitadas (pobres, doentes, etc.).
Nunca será possível alcançar uma situação social em que seja supérflua a atenção pessoal ante as necessidades materiais e espirituais do próximo.
Sempre será necessário o exercício das obras de misericórdia corporais e espirituais [xxvi].

«O amor – caritas – será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa.
Não há qualquer ordenamento estatal justo que possa tornar supérfluo o serviço do amor.
Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem. Sempre haverá sofrimento que necessita de consolação e ajuda. Haverá sempre solidão.
Existirão sempre também situações de necessidade material, para as quais é indispensável uma ajuda na linha de um amor concreto ao próximo.
Um Estado, que queira prover a tudo e tudo açambarque, torna-se no fim de contas uma instância burocrática, que não pode assegurar o essencial de que o homem sofredor – todo o homem – tem necessidade: a amorosa dedicação pessoal» [xxvii].

A miséria humana atrai a compaixão de Cristo salvador, que a quis carregar sobre Si e identificar-se com os «meus irmãos mais pequeninos» [xxviii].
Por isso mesmo, os que sofrem a miséria são objecto de amor de preferência por parte da Igreja.
Que, desde sempre nunca cessou de trabalhar para os aliviar e defender [xxix].

pau agulles

Bibliografia básica Catecismo da Igreja Católica, 2401-2463.
Leituras recomendadas
S. Josemaria, homilia «Viver face a Deus e face aos homens», em Amigos de Deus, 154-174.




[i] Concílio Vaticano II, Const. Gaudium et Spes, 76; cf. Catecismo, 2420.
[ii] Catecismo, 2442
[iii] A acção social pode implicar uma pluralidade de caminhos concretos; mas deverá ter sempre em vista o bem comum e conformar-se a mensagem evangélica e o ensinamento da Igreja. Compete aos fiéis leigos “animar as realidades temporais com o seu compromisso cristão, comportando-se nelas como artífices da paz e da justiça (João Paulo II, Enc. Sollicitudo rei socialis, 47)» ( Catecismo , 2442). Cf. também João Paulo II, Enc. Sollicitudo rei socialis, 42.
[iv] cf. Gn 1, 28; Concilio Vaticano II, Const. Gaudium et Spes, 34; João Paulo II, Enc. Centesimus Annus, 31
[v] 2 Ts 3, 10
[vi] Catecismo, 2427
[vii] cfr. Catecismo, 2427
[viii] «As tarefas profissionais - também o trabalho do lar é uma profissão de primeira ordem - são testemunho da dignidade da criatura humana; ocasião de desenvolvimento da própria personalidade; vínculo de união com os outros; fonte de recursos; meio de contribuir para a melhoria da sociedade em que vivemos, e de fomentar o progresso da humanidade inteira...
Para um cristão estas perspectivas alongam-se e ampliam-se ainda mais, porque o trabalho - assumido por Cristo como realidade redimida e redentora - se converte em meio e em caminho de santidade, em tarefa concreta santificável e santificadora» (S. Josemaria, Forja, 702. Cf. S. Josemaria, Cristo que Passa, 53).
[ix] Cf. João Paulo II, Enc. Centessimus Annus,1-V-1991, 32; 34
[x] Catecismo, 2429
[xi] «Observa todos os teus deveres cívicos, sem te quereres subtrair ao cumprimento de nenhuma obrigação; e exerce todos os teus direitos, em bem da colectividade, sem exceptuares imprudentemente nenhum. Também aí deves dar testemunho cristão» (S. Josemaria, Forja, 697).
[xii] João Paulo II, Enc. Centessimus Annus, 48. Cf. Catecismo, 2431.
«O Estado tem o dever de zelar e orientar a aplicação dos direitos humanos no sector económico. Todavia, neste domínio, a primeira responsabilidade não cabe ao Estado, mas sim às instituições e diferentes grupos e associações que compõem a sociedade» 
[xiii] Catecismo, 2432
[xiv] cf. João Paulo II, Enc. Centessimus Annus, 37
[xv] cf. João Paulo II, Enc. Laborem Exercens, 14-IX-1981, 19; 22-23).
[xvi] cf. João Paulo II, Enc. Centessimus Annus, 48
[xvii] Catecismo, 2433
[xviii] Catecismo, 2434
[xix] «Tendo em conta as funções e a produtividade de cada um, bem como a situação da empresa e o bem comum, o trabalho deve ser remunerado de maneira a assegurar ao homem e aos seus os recursos necessários para uma vida digna no plano material, social, cultural e espiritual» Concílio Vaticano II, Const. Gaudium et Spes, 67, 2)» ( Catecismo, 2434).
[xx] Catecismo, 1928
[xxi] Catecismo, 2439
[xxii] Catecismo, 2440
[xxiii] cf. i bidem; João Paulo II, Enc. Sollicitudo Rei Socialis, 16
[xxiv] «Para se passar da estrita justiça à abundância da caridade há todo um trajecto a percorrer e não são muitos os que perseveram até ao fim: alguns conformam-se com chegar apenas aos umbrais: prescindem da justiça e limitam-se a um pouco de beneficência, a que chamam caridade, sem cuidarem de que o que fazem representa uma pequena parte do que estão obrigados a fazer. E mostram-se tão satisfeitos consigo mesmos como o fariseu que julgava ter enchido a medida da lei só por jejuar dois dias por semana e pagar o dízimo de tudo o que possuía» (cf. Lc 18, 12)» (S. Josemaria, Amigos de Deus, 172). Cf. Ibidem, 83; S. Josemaria, Forja, 502.
[xxv] S. Josemaria, Sulco, 973
[xxvi] cf. Catecismo, 2447
[xxvii] Bento XVI, Enc. Deus Caritas Est, 25-XII-2005, 28.
[xxviii] Mt 25, 40
[xxix] cf. Catecismo, 2448