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25/08/2015

NUNC COEPI o que pode ver em 26 Ago

O que pode ver em NUNC COEPI em Ago 26

São Josemaria – Textos

Criação, I. Celaya, Unidad de vida y plenitud cristiana (I. Celaya)

AMA - Comentários ao Evangelho Mt 23 27-32, São Josemaria - Leitura espiritual (Cristo que passa)

JMA (A vida cristão não é um cofre)


Agenda Quarta-Feira

Que bonito ser jogral de Deus!

Em certa altura, alguém me disse: – Padre, mas se eu me encontro cansado e frio; se, quando rezo ou cumpro outra norma de piedade, me parece que estou a fazer teatro... A esse amigo e a ti, se te encontrares na mesma situação, respondo: – Teatro? Grande coisa, meu filho! Faz teatro! O Senhor é o teu espectador!: o Pai, o Filho, o Espírito Santo; a Santíssima Trindade estará a contemplar-nos, naqueles momentos em que "fazemos teatro". Actuar assim diante de Deus, por amor, para lhe agradar, quando se vive a contragosto, que bonito! Ser jogral de Deus! Que maravilhoso é esse recital realizado por Amor, com sacrifício, sem nenhuma satisfação pessoal, para dar gosto a Nosso Senhor! Isso sim que é viver de Amor. (Forja, 485)

Lê-se na Escritura: Iudens in orbe terrarum, que Ele brinca em toda a superfície da terra. Mas Deus não nos abandona, porque imediatamente acrescenta: deliciæ meæ esse cum filiis hominum, a minha delícia é estar com os filhos dos homens. O Senhor brinca connosco. E quando nos parecer que estamos a representar uma comédia, por nos sentirmos gelados e apáticos, quando estivermos aborrecidos e sem vontade de fazer nada, quando nos custar cumprir o nosso dever e alcançar as metas espirituais que nos tínhamos proposto, é altura de pensar que Deus brinca connosco e espera então que saibamos representar a nossa comédia com galhardia.

Não me importo de vos contar que, em algumas ocasiões, o Senhor me concedeu muitas graças, mas que geralmente vou a contrapelo. Prossigo o meu plano de vida, não porque me agrade, mas porque devo fazê-lo por Amor. Mas, Padre, pode-se representar uma comédia diante de Deus? Não será uma hipocrisia? Não te inquietes, pois chegou para ti o momento de entrares numa comédia humana que tem um espectador divino. Persevera, pois o Pai, o Filho e o Espírito Santo assistem a essa tua comédia. Faz tudo por amor de Deus, para lhe agradar, mesmo que te custe.


Que bonito é ser jogral de Deus! Como é belo representar essa comédia por Amor, com sacrifício, sem nenhuma satisfação pessoal, para agradar ao nosso Pai Deus, que brinca connosco! Põe-te diante do Senhor e diz-lhe confiadamente: não me apetece nada fazer isto, mas oferecê-lo-ei por Ti. E ocupa-te a sério desse trabalho, ainda que penses que é uma comédia. Abençoada comédia! (Amigos de Deus, 152)

Evangelho, comentário, L. Espiritual

Tempo comum XXI Semana


Evangelho: Mt 23, 23-26

23 «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã e do endro e do cominho, e descuidais as coisas mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade! São estas coisas que era preciso praticar, sem omitir as outras. 24 Condutores cegos, que filtrais um mosquito e engolis um camelo! 25 «Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpais o que está por fora do copo e do prato, e por dentro estais cheios de rapina e de imundície! 26 Fariseu cego, purifica primeiro o que está dentro do copo e do prato, para que também o que está fora fique limpo.

Comentário:

Jesus Cristo não deixa de denunciar a duplicidade e a hipocrisia como defeitos a ter muito em conta sobretudo quando se trata de seguir os conselhos ou orientações de outrem.
A escolha da direcção espiritual, sobretudo, tem de obedecer a um cuidado e critério rigorosos. Há absoluta necessidade de nos informarmos a respeito da pessoa, da credibilidade que oferece e das garantias de possuir sã doutrina.
De facto, não devemos esquecer que há 'lobos com pele de cordeiro', e a prudência e a contenção são inimigas da ingenuidade ou da precipitação

(AMA, Comentário sobre Mt 23, 23-26, 2012.08.28)


Leitura espiritual




CRISTO QUE PASSA


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A fé, o amor e a esperança de José

A justiça não consiste na mera submissão a uma regra; a rectidão deve nascer de dentro, deve ser profunda, vital, porque o justo vive da fé.
Viver da fé: estas palavras que foram, mais tarde, tema frequente de meditação para o apóstolo S. Paulo, vêem-se realizadas superabundantemente em S. José.
O seu cumprimento da vontade de Deus não é rotineiro nem formalista, mas espontâneo e profundo.
A lei que todo o judeu praticante vivia não foi para ele um simples código nem uma fria recompilação de preceitos, mas expressão da vontade de Deus vivo.
Por isso, soube reconhecer a voz do Senhor quando esta se lhe manifestou inesperada e surpreendente.

A história do Santo Patriarca foi uma vida simples, mas não uma vida fácil.
Depois de momentos angustiosos, sabe que o Filho de Maria foi concebido por obra do Espírito Santo.
E esse Menino, Filho de Deus, descendente de David segundo a carne, nasce numa gruta.
Os anjos celebram o seu nascimento e personalidades de terras longínquas vêm adorá-Lo, mas o rei da Judeia deseja a sua morte e é necessário fugir.
O Filho de Deus é um menino aparentemente indefeso que terá de viver no Egipto.

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S. Mateus, ao narrar estas cenas no seu Evangelho, põe constantemente em destaque a fidelidade de José, que cumpre sem vacilações os mandatos de Deus, embora por vezes o sentido desses mandatos lhe possa parecer obscuro ou se lhe oculte a sua conexão com o resto dos planos divinos.

Em muitas ocasiões os Padres da Igreja e os autores espirituais fazem ressaltar a firmeza da fé de José.
Referindo-se às palavras do Anjo que lhe ordena que fuja de Herodes e se refugie no Egipto, Crisóstomo comenta: Ao ouvir isto, S. José não se escandalizou nem disse: isto parece um enigma.
Ainda há pouco Tu me davas a conhecer que Ele salvaria o seu povo e agora não é sequer capaz de salvar-se a si próprio e somos nós que temos necessidade de fugir, de empreender uma viagem e fazer uma grande deslocação; isto é contrário à tua promessa.
José não discorre deste modo, porque é um varão fiel.
Também não pergunta pela data de regresso, apesar do Anjo a ter deixado indeterminada, posto que lhe tinha dito: fica lá - no Egipto - até que eu te avise.
Nem por isso levanta dificuldades, mas obedece e crê e suporta todas as provas alegremente.

A fé de José não vacila, a sua obediência é sempre estrita e rápida. Para compreender melhor esta lição que aqui nos dá o Santo Patriarca, é bom que consideremos que a sua fé é activa e que a sua obediência não se parece com a obediência de quem se deixa arrastar pelos acontecimentos.
Porque a fé cristã é o que há de mais oposto ao conformismo ou à falta de actividade e de energia interiores.

José abandonou-se sem reservas nas mãos de Deus, mas nunca deixou de reflectir sobre os acontecimentos, e assim recebeu do Senhor a inteligência das obras de Deus, que é a verdadeira sabedoria.

Deste modo, aprendeu a pouco e pouco que os planos sobrenaturais têm uma coerência divina, que às vezes está em contradição com os planos humanos.

Nas diversas circunstâncias da sua vida, o Patriarca não renuncia a pensar, nem se alheia da sua responsabilidade.
Pelo contrário: põe toda a sua experiência humana ao serviço da fé. Quando volta do Egipto, ouvindo que Arquelau reinava na Judeia em vez de seu pai Herodes, temeu ir para lá.
Aprendeu a mover-se dentro dos planos divinos e, como confirmação de que Deus quer o que ele pressentia, recebe a indicação de se retirar para a Galileia.

Assim foi a fé de S. José: plena, confiante, íntegra, manifestando-se numa entrega real à vontade de Deus, numa obediência inteligente. E, com a Fé, a Caridade, o Amor.
A sua fé funde-se com o amor: com o amor de Deus, que estava a cumprir as promessas feitas a Abraão, a Jacob, a Moisés; com o carinho de esposo para com Maria e com o carinho de pai para com Jesus. Fé e amor da esperança da grande missão que Deus, servindo-se também dele - um carpinteiro da Galileia - estava a começar no mundo: a redenção dos homens.

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Fé, amor, esperança: estes são os eixos em torno dos quais gira a vida de S. José e toda a vida cristã.

A entrega de S. José aparece-nos tecida pelo entrecruzamento de um Amor fiel, de uma Fé amorosa e de uma Esperança confiante.
A sua festa é, por isso, uma boa altura para renovarmos a entrega à vocação de cristãos, concedida pelo Senhor a cada um de nós.

Quando se deseja sinceramente viver da Fé, do Amor e da Esperança, a renovação da entrega não consiste em retomar uma coisa que tinha entrado em desuso.
Quando há Fé, Amor e Esperança, renovar-se - apesar dos nossos erros pessoais, das quedas, das debilidades - é manter-se nas mãos de Deus: confirmar um caminho de fidelidade.
Renovar a entrega é renovar, repito, a fidelidade àquilo que o Senhor quer de nós: amar com obras.

0 amor tem necessariamente as suas manifestações características. Às vezes fala-se do amor como se fosse uma procura de satisfação pessoal ou um mero recurso para completarmos egoisticamente a nossa personalidade.
E não é assim; amor verdadeiro é sair de si mesmo, entregar-se.
O amor traz consigo a alegria, mas é uma alegria que tem as suas raízes em forma de cruz.
Enquanto estivermos na terra e não tivermos chegado à plenitude da vida futura, não pode haver amor verdadeiro sem a experiência do sacrifício, da dor.
Uma dor de que se gosta, amável, fonte de íntimo gozo, mas dor real, porque significa vencer o nosso egoísmo e tomar o amor como regra de todas e cada uma das nossas acções.

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As obras do Amor são sempre grandes, ainda que se trate, aparentemente, de coisas pequenas.
Deus aproximou-se dos homens, pobres criaturas, e disse-nos que nos ama: Deliciae mea esse cum filiis hominum, a minha delícia é estar entre os filhos dos homens.
O Senhor mostra-nos que tudo tem importância: as acções que, com olhos humanos, consideramos grandes; aquelas outras que, pelo contrário, qualificamos de pouca categoria...
Nada se perde.
Nenhum homem é desprezado por Deus.
Todos, seguindo cada um a sua vocação - no seu lar, na sua profissão ou no seu ofício, no cumprimento das obrigações que correspondem ao seu estado, nos seus deveres de cidadão, no exercício dos seus direitos - todos estão chamados a participar no Reino dos Céus.

É isto o que nos ensina a vida de José, simples, normal e vulgar, feita de anos de trabalho sempre igual, de dias humanamente monótonos, que se sucedem uns aos outros.
Muitas vezes o tenho pensado ao meditar sobre a figura de S. José, e esta é uma das razões que faz com que sinta por ele uma devoção especial.

Quando no seu discurso de encerramento da primeira sessão do Concílio Vaticano II, no passado dia 8 de Dezembro, o Santo Padre João XXIII anunciou que no cânon da Missa se mencionaria o nome de S. José, uma altíssima personalidade eclesiástica telefonou-me imediatamente para me dizer: Rallegramenti! Felicidades!
Ao ouvir a notícia pensei logo em si, na alegria que lhe tinha dado. E assim era, porque na assembleia conciliar, que representa a Igreja inteira reunida no Espírito Santo, se proclamava o valor divino da vida de S. José, o valor de uma vida simples de trabalho face a Deus e em total cumprimento da vontade divina.

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Santificar o trabalho, santificar-se no trabalho, santificar com o trabalho

Descrevendo o espírito da associação a que dediquei a minha vida, o Opus Dei, tenho dito que se apoia, como em seu gonzo, no trabalho ordinário, no trabalho profissional exercido no meio do mundo.
A vocação divina dá-nos uma missão, convida-nos a participar na tarefa única da Igreja, para sermos assim testemunho de Cristo perante os nossos iguais, os homens, e para levarmos todas as coisas a Deus.

A vocação acende uma luz que nos faz reconhecer o sentido da nossa existência.
É convencermo-nos, com o resplendor da fé, do porquê da nossa realidade terrena.
Toda a nossa vida, a presente, a passada e a que há-de vir, cobra um novo relevo, uma profundidade de que antes não suspeitávamos. Todos os factos e acontecimentos passam a ocupar o seu posto: entendemos aonde nos quer levar o Senhor e sentimo-nos entusiasmados e envolvidos por esse encargo que se nos confia.

Deus tira-nos das trevas da nossa ignorância, do nosso caminho incerto entre os acontecimentos da história e chama-nos com voz forte, como um dia o fez com Pedro e André: Venite post me, et faciam vos fieri piscatores hominum. - Segui-me e eu vos farei pescadores de homens - qualquer que seja o lugar que ocupemos no mundo.

Quem vive da fé pode encontrar a dificuldade e a luta, a dor e até a amargura, mas nunca o desânimo nem a angústia, porque sabe que a sua vida serve, sabe para que veio a esta terra.
Ego sum lux mundi - exclamou Cristo - qui sequitur me non ambulate in tenebris, sed habebit lumen vitae.
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha às escuras, mas possuirá a luz da vida.

Para merecer essa luz de Deus é preciso amar, ter a humildade de reconhecer a necessidade de sermos salvos e dizer com Pedro: Senhor a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna. E nós acreditamos e sabemos, que Tu és Cristo, Filho de Deus.
Se realmente procedermos assim, se deixarmos entrar no nosso coração o chamamento de Deus, também poderemos repetir com verdade que não caminhamos nas trevas, pois, por cima das nossas misérias e dos nossos defeitos pessoais, brilha a luz de Deus, como o Sol brilha por cima da tempestade.

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A fé e a vocação de cristãos afectam toda a nossa existência e não só uma parte dela.
As relações com Deus são necessariamente relações de entrega e assumem um sentido de totalidade.
A atitude de um homem de fé é olhar para a vida, em todas as suas dimensões, com uma perspectiva nova: a que nos é dada por Deus.

Vós, que hoje celebrais comigo esta festa de S. José, sois todos homens dedicados ao trabalho em diversas profissões humanas, formais diversos lares, pertenceis a diferentes nações, raças e línguas. Adquiristes formação em centros de ensino, em oficinas ou escritórios, tendes exercido durante anos a vossa profissão, estabelecestes relações profissionais e pessoais com os vossos companheiros, participastes na solução dos problemas colectivos das vossas empresas e da sociedade.

Pois bem: recordo-vos, mais uma vez, que nada disso é alheio aos planos divinos.
A vossa vocação humana é uma parte, e parte importante, da vossa vocação divina.

Esta é a razão pela qual vos haveis de santificar, contribuindo ao mesmo tempo para a santificação dos outros, vossos iguais, precisamente santificando o vosso trabalho e o vosso ambiente: a profissão ou ofício que enche os vossos dias, que dá fisionomia peculiar à vossa personalidade humana, que é a vossa maneira de estar no mundo: o vosso lar, a vossa família; e a nação em que nascestes e que amais.

(cont)



Tratado da vida de Cristo 29

Questão 33: Do modo e da ordem da concepção de Cristo

Em seguida devemos tratar do modo e da ordem da concepção de Cristo.

E nesta questão discutem-se quatro artigos:

Art. 1 — Se o corpo de Cristo foi formado desde o primeiro instante da sua concepção.
Art. 2 — Se o corpo de Cristo foi animado no primeiro instante da sua concepção.
Art. 3 — Se a carne de Cristo foi primeiro concebida e depois assumida.
Art. 4 — Se a concepção de Cristo foi natural.

Art. 1 — Se o corpo de Cristo foi formado desde o primeiro instante da sua concepção.

 O primeiro discute-se assim. — Parece que o corpo de Cristo não foi formado desde o primeiro instante da sua concepção.

1. — Pois, diz o Evangelho: Em se edificar este templo gastaram-se quarenta e seis anos. Expondo o que diz Agostinho: Este número manifestamente convém à perfeição do corpo do Senhor. E em outro lugar: Não sem razão se diz que o Templo foi fabricado em quarenta e seis anos, o qual lhe significava o corpo; de modo que quantos anos se gastaram na fabricação do templo, outros tantos se empregaram na perfeição do corpo do Senhor. Logo, o corpo de Cristo não foi perfeitamente formado desde o primeiro instante da sua concepção.

2. Demais. — A formação do corpo de Cristo exigia o movimento local, que levasse o mais puro sangue do corpo da Virgem para o órgão próprio da geração. Ora, nenhum corpo pode mover-se local e instantaneamente, porque o tempo do movimento divide-se pelas divisões do móvel, como Aristóteles o prova. Logo, o corpo de Cristo não foi formado num instante.

3. Demais. — O corpo de Cristo foi formado do sangue mais puro da Virgem, como se estabeleceu. Ora, essa matéria não podia ser no mesmo instante sangue e carne, porque teria tido então duas formas ao mesmo tempo. Logo, houve um instante em que foi ultimamente sangue, e outro em que primeiro a carne começou a ser formada. Mas, entre dois instantes há um tempo intermédio. Logo, o corpo de Cristo não foi formado num instante, mas num determinado tempo.

4. Demais. — Assim como a potência aumentativa exige para o seu acto um tempo determinado, assim também a virtude geratriz; pois, ambas são potências naturais pertencentes à alma vegetativa. Ora, o corpo de Cristo cresceu num tempo determinado, como os corpos dos outros homens; assim, diz o Evangelho, que progredia em sabedoria e em idade. Logo, parece que pela mesma razão, a formação do seu corpo, que pertence à potência geratriz, não se realizou num instante, mas no tempo determinado em que se formam os corpos dos outros homens.

Mas, em contrário, Gregório diz: Depois da anunciação do Anjo e da descida do Espírito Santo, desde o momento em que o Verbo existiu no ventre da Virgem, tornou-se carne.

Devemos considerar três fases na concepção do corpo de Cristo. Primeira, o movimento local do sangue para o órgão da geração; segunda, a formação do corpo, de tal matéria; e terceira, o crescimento pelo qual chegou ao seu perfeito desenvolvimento. E dessas, é a segunda que constitui a essência própria da concepção, da qual a primeira é o preâmbulo e a terceira, a consequência. - Ora, a primeira não pode dar-se instantaneamente, porque iria contra a natureza própria do movimento local de qualquer corpo, cujas partes ocupam sucessivamente um lugar determinado. Semelhantemente, também a terceira deve ser sucessiva, quer por não haver aumento sem movimento local, quer por proceder da virtude da alma, que obra num corpo já formado, o qual para agir supõe o tempo.

Mas, a formação do corpo, que constitui a essência própria da concepção, foi instantânea, por duas razões. - Primeiro, pela virtude infinita do agente, isto é, do Espírito Santo, pelo qual foi formado o corpo de Cristo, como dissemos. Pois, tanto mais prontamente pode um agente dispor a matéria, quanto maior for a virtude dele. Donde, um agente de virtude infinita pode dispor num instante a matéria, para receber a forma devida. - Segundo, quanto à pessoa do Filho, cujo era formado o corpo. Pois, não lhe fora conveniente assumir um corpo humano senão formado. Se, pois, à formação perfeita tivesse precedido algum tempo, da concepção, esta não poderia ser totalmente atribuída ao Filho de Deus, pois não se lhe atribui senão em razão da assunção. Por isso, no primeiro instante em que a matéria preparada chegou ao órgão da geração, nesse mesmo momento foi perfeitamente formado e assumido o corpo de Cristo. E por isso dizemos, que o concebido foi o Filho de Deus mesmo, o que, de outro modo, não poderia dizer-se.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — As palavras citadas de Agostinho não se referem a só formação do corpo de Cristo; mas simultaneamente à formação e ao crescimento correspondente até ao tempo do parto. E por isso, diz ele que o referido número representa o tempo completo de nove meses, durante o qual Cristo esteve no ventre da Virgem.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Esse movimento local não está incluído na concepção mesmo, mas é um preâmbulo dela.

"RESPOSTA À TERCEIRA. — Não é possível determinar o último instante em que a matéria referida se tornou sangue, mas podemos determinar o tempo último, continuado, sem nenhum intervalo, até o primeiro instante em que foi formada a carne de Cristo. E esse instante foi o termo do tempo do movimento local da matéria, para o órgão da geração.

RESPOSTA À QUARTA. — O crescimento faz-se pela potência aumentativa do próprio ser que cresce; ao passo que a formação do corpo é obra da potência geratriz, não do ser gerado, mas do pai gerador, pelo sémen, por obra da virtude formativa, derivada da alma do pai. O corpo de Cristo, porém, não foi formado do sémen masculino, como se disse, mas por obra do Espírito Santo. Donde, a formação devia ser tal, que conviesse ao Espírito Santo. Mas, o crescimento do corpo de Cristo realizou-se pela potência aumentativa da sua alma; que, sendo especificamente da mesma forma que a nossa, o seu corpo devia crescer do mesmo modo como crescem os corpos dos outros homens, para ficar assim demonstrada que a sua natureza era verdadeiramente humana.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



Pequena agenda do cristão


TeRÇa-Feira


(Coisas muito simples, curtas, objectivas)


Propósito:
Aplicação no trabalho.

Senhor, ajuda-me a fazer o que devo, quando devo, empenhando-me em fazê-lo bem feito para to poder oferecer.

Lembrar-me:
Os que estão sem trabalho.

Senhor, lembra-te de tantos e tantas que procuram trabalho e não o encontram, provê às suas necessidades, dá-lhes esperança e confiança.

Pequeno exame:

Cumpri o propósito que me propus ontem?




Temas para meditar - 491

Humildade



A primeira condição para a fé é a humildade.

A convicção da nossa indigência leva-nos a experimentar a necessidade de Deus e a procurá-Lo sinceramente.




(javier abad goméz, Fidelidade, Quadrante, 1989, pg 59)