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05/12/2015

Tratado da vida de Cristo 56 5

Questão 37: Da circuncisão de Cristo
Art. 4 — Se à Mãe de Deus era conveniente que se apresentasse no Templo para purificar-se.

O quarto discute-se assim. — Parece que a Mãe de Deus não devia apresentar-se no Templo para purificar-se.

1. — Pois, só o que é impuro precisa de purificação. Ora, a Santa Virgem não tinha nenhuma Impureza, como do sobredito se colhe, Logo, não devia ir ao Templo purificar-se.

2. Demais. — A Escritura diz: Se uma mulher, tendo concebido de varão, parir macho, será imunda sete dias. E por isso lhe ordena que não entrará no santuário até se acabarem os dias da sua purificação. Ora, a Santa Virgem deu à luz um filho, conservando íntegra a sua virgindade. Logo, não devia ir ao Templo purificar-se.

3. Demais. — A purificação de uma impureza só é possível pela graça. Ora, os sacramentos da lei antiga não conferiam a graça; antes, Maria é que trazia em si o autor da graça. Logo, não era necessário que a Santa Virgem fosse ao Templo purificar-se.

Mas, em contrário, a autoridade da Escritura, quando diz que foram concluídos os dias da purificação de Maria, segundo a lei de Moisés.

Assim como a plenitude da graça derivou de Cristo para a sua mãe, assim convinha que a mãe se assemelhasse ao seu filho humilhado, pois, Deus dá a sua graça aos humildes, como diz a Escritura. Donde, assim como Cristo, embora não estivesse sujeito à lei, quis contudo sofrer a circuncisão e as outras exigências legais, para nos dar um exemplo de humildade e de obediência, dar a sua aprovação à lei e tirar aos Judeus a ocasião de caluniá-lo, por essas mesmas razões quis que sua mãe se submetesse às observâncias da lei, à qual contudo não estava sujeita.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Embora a Santa Virgem não tivesse nenhuma impureza, quis contudo observar o preceito da purificação; não porque o precisasse, mas por ser uma disposição legal. Por isso, o Evangelho diz assinaladamente, que foram concluídos os dias da sua purificação, segundo a lei; pois, em si mesma, não precisava purificar-se.

RESPOSTA À SEGUNDA. — Moisés referiu-se assinaladamente à Mãe de Deus, como isenta de qualquer impureza; pois, ela não deu à luz, tendo concebido de varão. Donde é claro, que não estava obrigada a observar o referido preceito, mas cumpriu voluntariamente a disposição legal sobre a purificação, como dissemos.

RESPOSTA À TERCEIRA. — Os sacramentos da lei não purificavam; impureza da culpa, purificação que é obra da graça, mas prefiguravam essa purificação. Pois, só purificavam, por uma purificação puramente corpórea, da impureza de uma certa irregularidade, como se disse na Segunda Parte. Ora, a Santa Virgem não contraiu nem uma nem outra impureza. Logo, não precisava de purificar-se.


Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.



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