Páginas

06/12/2015

Inquisição: uma breve história - 7

Inquisição: uma breve história


…/7

Naturalmente, todas essas "branduras" também soam estranhas na actualidade, já que não só as atribuições das leis e punições mudaram, como ainda as ideias acerca das proporções entre penas e delitos.
Numa época em que a falsificação de moeda era punida com a morte, não era de estranhar que a heresia, vista como falsificação das verdades sobre Deus, fosse punida de maneira semelhante.
Actualmente, torna-se cada vez mais aceite a ideia das penas físicas como último recurso, de forma que é impossível entendermos o contexto medieval e pré-iluminista com as noções do Direito moderno.


O olhar da Igreja católica

Numa das celebrações litúrgicas do Jubileu do Ano Santo de 2000, no dia 12 de Março, o papa João Paulo II realizou um acto histórico que marcou o seu pontificado:
O Sumo Pontífice, em nome de toda a Igreja, pediu perdão pelos pecados cometidos pelos filhos da Igreja no anúncio do Evangelho. Esse discurso foi, já na época, bastante distorcido e poucos conhecem a profundidade daquelas palavras e o contexto em que ele está inserido.

Um dos objectivos do simpósio organizado no Vaticano para estudar a Inquisição, na óptica do papa, era o de amadurecer a consciência das autoridades da Igreja para o pedido de perdão feito no ano 2000.
A questão era a busca de um juízo fundamentado na objectividade histórica: admitindo as falhas dos membros da Igreja, mas separando os factos das propagandas ideológicas.

No mesmo ano de 2000, a Comissão Teológica Internacional elaborou um documento chamado “Memória e Reconciliação: a Igreja e as culpas do passado”, que apresenta um estudo teológico da relação entre os pecados cometidos pelos católicos e a Igreja ao longo da História. No documento, a Igreja reconhece que muitos de seus membros ao longo da História recorreram a métodos e posturas contrários aos princípios cristãos, embora ressalte que o pecado sempre acarreta uma responsabilidade pessoal daquele que o cometeu e que a Igreja pede perdão em nome de seus filhos por essas imposturas, exortando os seus fiéis à contínua penitência e purificação de suas faltas.


rafael de mesquita diehl, professor e historiador formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e mestrando pela mesma universidade. Publicado pelo site Revista Vila Nova.


(revisão da versão portuguesa por ama)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.