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09/12/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual



Tempo de Advento


Evangelho: Mt 11, 28-30

28 «Vinde a Mim todos os que estais fatigados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. 30 Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo leve».

Comentário:

Este texto de São Mateus bem poderia chamar-se: “a prudência de Deus!”

Com efeito o critério que termos de usar para com os outros sobretudo em tarefas de apostolado mas também quando o assunto da conversa verse de alguma forma questões de fé ou religião terá de ser enformado pela prudência.


Não se pode nem deve falar das mesmas coisas do mesmo modo a todos. Cada um tem a sua própria cultura e  entendimento.

Por isso mesmo e como a maioria de nós não somos nem doutores nem mestres é aconselhável recorrer à direcção espiritual para nos conduzir com segurança.

(ama, comentário sobre Mt 11 25-30 2015.04.29)


Leitura espiritual


Catequeses sobre a família 8

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Depois de ter passado em revista as diversas figuras da vida familiar —mãe, pai, filhos, irmãos e avós — gostaria de concluir esta primeira série de catequeses sobre a família, falando das crianças.
Fá-lo-ei em dois momentos: hoje, meditarei sobre a grande dádiva que elas são para a humanidade — é verdade, são um dom grandioso para a humanidade, mas são também as grandes excluídas, porque nem sequer as deixam nascer — e proximamente falarei sobre algumas feridas que infelizmente prejudicam a infância.

Vêm-me ao pensamento as numerosas crianças que encontrei durante a minha última viagem à Ásia (N.E.: Sri Lanka e Filipinas): cheias de vida e entusiasmo e, por outro lado, vejo que no mundo muitas vivem em condições indignas...
Com efeito, pode-se julgar a sociedade pelo modo como as crianças são tratadas, e não só moral mas também sociologicamente, se é uma sociedade livre ou escrava de interesses internacionais.

Em primeiro lugar, as crianças recordam-nos que todos, nos primeiros anos de vida, somos totalmente dependentes dos cuidados e da benevolência dos outros.
E o Filho de Deus não evitou esta passagem.

É o mistério que contemplamos todos os anos, no Natal.
O Presépio é o ícone que nos comunica tal realidade do modo mais simples e directo.
Mas é curioso: Deus não tem dificuldade de se fazer entender pelas crianças, e as crianças não têm problemas em compreender Deus. Não é por acaso que no Evangelho Jesus profere palavras muito bonitas e fortes sobre os «pequeninos».
Este termo, «pequeninos», indica todas as pessoas que dependem da ajuda dos outros e, de modo especial, as crianças.

Por exemplo, Jesus diz:

«Bendigo-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, revelando-as aos pequeninos» [i]. E acrescenta:

«Guardai-vos de menosprezar um só destes pequeninos, porque Eu vos digo que os seus anjos no céu contemplam sem cessar a face do meu Pai que está nos céus» [ii].

Assim, as crianças são em si uma riqueza para a humanidade e também para a Igreja, porque nos chamam constantemente à condição necessária para entrar no Reino de Deus: a de não nos considerarmos auto-suficientes, mas necessitados de ajuda, de amor, de perdão.

E todos nós precisamos de ajuda, de amor, de perdão!

As crianças recordam-nos mais uma bonita realidade; recordam-nos que somos sempre filhos: até quando nos tornamos adultos, ou mesmo quando somos pais ou desempenhamos funções de responsabilidade, por detrás de tudo isto permanece a identidade de filhos.

Todos nós somos filhos.

E isto recorda-nos sempre que a vida não no-la damos sozinhos, mas recebemo-la.
O grande dom da vida é o primeiro presente que recebemos.

Às vezes corremos o risco de viver esquecidos disto, como se nós fôssemos os senhores da nossa existência mas, ao contrário, somos radicalmente dependentes.
Na realidade, é motivo de profunda alegria sentir que em todas as fases da vida, em cada situação e condição social, somos e permanecemos filhos.
Esta é a mensagem principal que as crianças nos transmitem com a sua própria presença, só com a sua presença já nos recordam que cada um e todos somos filhos.
Mas há muitos dons e riquezas que as crianças oferecem à humanidade.

Recordo apenas alguns deles.

Dão-lhe o seu modo de ver a realidade, com um olhar confiante e puro.
A criança tem uma confiança espontânea no seu pai e na sua mãe; uma confiança espontânea em Deus, em Jesus, em Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, o seu olhar interior é puro, ainda não poluído pela malícia, pelas ambiguidades, pelas «incrustações» da vida que endurecem o coração.
Sabemos que até as crianças têm em si o pecado original, com os seus egoísmos, mas conservam uma pureza e uma simplicidade interior.
E as crianças não são diplomáticas: dizem o que sentem, o que vêem, directamente.
E muitas vezes põem os pais em dificuldade, dizendo diante de outras pessoas: «Não gosto disto, isto é feio!».
Mas as crianças dizem o que vêem, não são pessoas ambíguas, ainda não aprenderam a ciência da duplicidade que nós adultos, infelizmente, aprendemos.

Além disso, as crianças — na sua simplicidade interior — têm em si a capacidade de receber e dar ternura.

Ternura significa ter um coração «de carne» e não «de pedra», como diz a Bíblia [iii].

A ternura é também poesia: é «sentir» as situações e os eventos, sem os tratar como meros objectos, só para os usar, porque servem...

As crianças têm a capacidade de sorrir e de chorar.

Algumas, quando pego nelas ao colo para as abraçar, sorriem; outras, quando me vêem vestido de branco, pensam que sou o médico que vim para lhes dar a vacina, e choram... mas espontaneamente!

As crianças são assim: sorriem e choram, duas situações que em nós, adultos, com frequência se bloqueiam»; já não somos capazes...
Muitas vezes o nosso sorriso torna-se de papelão, sem vida, um sorriso que não é vivaz, um sorriso artificial, de palhaço.

As crianças sorriem e choram espontaneamente.

Depende sempre do coração, e muitas vezes é o nosso coração que se bloqueia e perde a capacidade de sorrir e de chorar.
E então, as crianças podem ensinar-nos novamente a sorrir e a chorar.
Mas nós devemos perguntar: sorrio espontaneamente, com vivacidade, com amor, ou o meu sorriso é artificial? Ainda choro, ou perdi a capacidade de chorar?

Duas perguntas muito humanas, que as crianças nos ensinam.

Por todos estes motivos, Jesus convida os seus discípulos a «tornar-se como as crianças», pois é «a quantos são como elas que pertence o Reino de Deus» [iv].

Caros irmãos e irmãs, as crianças trazem vida, alegria, esperança e também problemas.

Mas a vida é assim!

Sem dúvida, trazem inclusive preocupações e por vezes muitas problemáticas; mas é melhor uma sociedade com estas preocupações e estes problemas, do que uma sociedade triste e cinzenta, porque permaneceu sem filhos!

Quando vemos que o nível demográfico de uma sociedade só alcança um por cento, podemos dizer que esta sociedade é triste e cinzenta, pois permanecem sem crianças!

papa francisco, Audiência Geral 18 de Março de 2015





[i] Mt 11, 25
[ii] Mt 18, 10
[iii] cf. Ez 36, 26
[iv] cf. Mt 18, 3; Mc 10, 14

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