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07/12/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual



Tempo de Advento

Santo Ambrósio – Doutor da Igreja

Evangelho: Lc 5, 17-26

17 Um dia, enquanto ensinava, estavam ali sentados fariseus e doutores da lei vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e o poder do Senhor levava-O a fazer curas. 18 E eis que uns homens, levando sobre um leito um homem que estava paralítico, procuravam introduzi-lo dentro da casa e pô-lo diante d'Ele. 19 Porém, não encontrando por onde o introduzir por causa da multidão, subiram ao telhado e, levantando as telhas, desceram-no com o leito no meio de todos, diante de Jesus. 20 Vendo a fé deles, Jesus disse: «Homem, são-te perdoados os teus pecados». 21 Então os escribas e os fariseus começaram a pensar e a dizer: «Quem é este que diz blasfémias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?». 22 Jesus, conhecendo os seus pensamentos, respondeu-lhes: «Que estais a pensar nos vossos corações? 23 Que coisa é mais fácil dizer: “São-te perdoados os pecados”, ou dizer: “Levanta-te e caminha”? 24 Pois, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar pecados, Eu te ordeno - disse Ele ao paralítico - levanta-te, toma o teu leito e vai para a tua casa». 25 Levantando-se logo em presença deles, tomou o leito em que jazia e foi para a sua casa, glorificando a Deus. 26 Ficaram todos estupefactos e glorificavam a Deus. Possuídos de temor, diziam: «Hoje vimos coisas maravilhosas».

Comentário:

Jesus Cristo é, de facto o médico divino: cura o homem total, completo, no corpo e na alma.

E, com o poder que tem, a única coisa que pede “em pagamento” é que quem quer ser curado tenha Fé, autêntica, completa, sem condições ou restrições.

Ele, de facto, pode tudo porque, «a Deus nada é impossível».

(ama, comentário sobre Lc 5, 17-26, 2013.12.09)



Leitura espiritual


Catequeses sobre a família 6


Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

No nosso caminho de catequeses sobre a família, depois de ter meditado sobre o papel da mãe, do pai e dos filhos, agora é a vez dos irmãos.

«Irmão» e «irmã» são palavras que o cristianismo aprecia muito.
E, graças à experiência familiar, são palavras que todas as culturas e épocas compreendem.
O laço fraternal ocupa um lugar especial na história do povo de Deus, que recebe a sua revelação no vivo da experiência humana.

O salmista canta a beleza do vínculo fraterno:

«Como é bom, como é agradável os irmãos viverem em unidade!» [i].

E é verdade, a irmandade é bonita!

Jesus Cristo levou à sua plenitude também esta experiência humana do ser irmãos e irmãs, assumindo-a no amor trinitário e fortalecendo-a para que vá muito além dos vínculos de parentela e possa superar todos os muros de alienação.

Sabemos que quando a relação fraternal se corrompe, quando se desvirtua o relacionamento entre os irmãos, abre-se o caminho para dolorosas experiências de conflito, traição e ódio.
A narração bíblica de Caim e Abel constitui o exemplo deste resultado negativo.

Após o assassínio de Abel, Deus pergunta a Caim:

«Onde está o teu irmão Abel?» [ii].

É uma interrogação que o Senhor continua a repetir a cada geração. E infelizmente, em cada geração, não cessa de se repetir também a dramática resposta de Caim:

«Não sei. Sou porventura eu o guarda do meu irmão?» [iii].

A ruptura do vínculo entre irmãos é algo desagradável e negativo para a humanidade.

Também em família, quantos irmãos discutem por causa de coisas insignificantes, ou de uma herança, e depois deixam de se comunicar, de se saudar uns aos outros.

Isto é feio!
A fraternidade é algo grandioso, quando se pensa que todos os irmãos habitaram no ventre da mesma mãe, durante nove meses, e vêm da carne da mesma mãe!

E não se pode interromper a fraternidade.

Pensemos um pouco: todos nós conhecemos famílias com irmãos divididos, que discutiram; peçamos ao Senhor por estas famílias — talvez na nossa família haja alguns casos — que as ajude a reunir os irmãos, a reconstruir a família.

A fraternidade não se deve interromper, porque quando se interrompe, verifica-se o que aconteceu com Caim e Abel.
Quando o Senhor pergunta a Caim onde estava o seu irmão, ele responde:

«Não sei, não me interesso pelo meu irmão!».

Isto é desagradável, é algo muito doloroso de ouvir.

Nas nossas preces oremos sempre pelos irmãos que se dividiram.

O laço de fraternidade que se forma em família, entre os filhos, quando se verifica num clima de educação para a abertura ao próximo, é uma grande escola de liberdade e paz.

Em família, entre irmãos, aprendemos a convivência humana, como devemos conviver na sociedade.

Talvez nem sempre estejamos conscientes disto, mas é precisamente a família que introduz a fraternidade no mundo!

A partir desta primeira experiência de fraternidade, alimentada pelos afectos e pela educação familiar, o estilo da fraternidade irradia-se como uma promessa sobre a sociedade inteira e sobre as relações entre os povos.

A bênção que Deus, em Jesus Cristo, derrama sobre este vínculo de fraternidade dilata-o de modo inimaginável, tornando-o capaz de ultrapassar todas as diferenças de nação, língua, cultura e até de religião.

Pensai no que se torna o vínculo entre os homens, mesmo que sejam muito diversos entre si, quando podem dizer uns aos outros:

«Para mim, ele é como um irmão, ela é como uma irmã!».

Isto é bonito!

De resto, a história demonstrou suficientemente que, sem a fraternidade, até a liberdade e a igualdade podem encher-se de individualismo e conformismo, também de interesse pessoal.

A fraternidade em família resplandece de modo especial quando vemos o esmero, a paciência e o carinho com os quais são circundados o irmãozinho ou a irmãzinha mais frágeis, doentes ou deficientes.
Os irmãos e as irmãs que agem assim são muitíssimos, no mundo inteiro, e talvez não apreciemos de modo suficiente a sua generosidade.
E quando numa família os irmãos são numerosos — hoje saudei uma família com nove filhos: o mais velho ou a mais velha ajuda o pai, a mãe, a cuidar dos mais pequeninos.

Como é bonito este trabalho de ajuda entre os irmãos!

Ter um irmão, uma irmã que nos ama é uma experiência forte, inestimável, insubstituível.

Acontece o mesmo com a fraternidade cristã.

Os mais pequeninos, frágeis e pobres devem enternecer-nos: eles têm o «direito» de arrebatar a nossa alma, o nosso coração.
Sim, eles são nossos irmãos, e como tais devemos amá-los e tratá-los.

Quando isto acontece, quando os pobres vivem como em casa, a nossa fraternidade cristã retoma vida.

Com efeito, os cristãos vão ao encontro dos mais pobres e frágeis não para seguir um programa ideológico, mas porque a palavra e o exemplo do Senhor nos dizem que somos todos irmãos.

Este é o princípio do amor de Deus e de toda a justiça entre os homens.

Sugiro-vos algo: antes de concluir, só me faltam poucas linhas, cada um de nós pense nos próprios irmãos e irmãs e, no silêncio do coração, reze por eles.

Um momento de silêncio!

Eis que com esta prece os trouxemos todos, irmãos e irmãs, com o pensamento, com o coração, aqui à praça para receber a bênção.

Hoje é mais necessário do que nunca repor a fraternidade no centro da nossa sociedade tecnocrática e burocrática: assim, também a liberdade e a igualdade tomarão a sua correcta modulação.

Por isso, não privemos com leviandade as nossas famílias, por sujeição ou medo, da beleza de uma ampla experiência fraternal de filhos e filhas.

E não percamos a nossa confiança na vastidão de horizonte que a fé é capaz de obter desta experiência, iluminada pela Bênção de Deus.


papa francisco, Audiência Geral 18 de Fevereiro de 2015






[i] Sl 133 [132], 1
[ii] Gn 4, 9a
[iii] Gn 4, 9b

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