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19/11/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual



Tempo comum XXXIII Semana


Evangelho: Lc 19, 41-44

41 Quando chegou perto, ao ver a cidade, chorou sobre ela, dizendo: 42 «Se ao menos neste dia que te é dado, tu também conhecesses o que te pode trazer a paz!... Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. 43 Porque virão para ti dias em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te sitiarão, te apertarão por todos os lados, 44 te deitarão por terra a ti e aos teus filhos que estão dentro de ti, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada».

Comentário:

A humanidade do Senhor mais uma vez fica bem patente aos olhos de todos.
Como qualquer ser humano é sensível às tragédias – o que chamamos tragédias – que afectam a humanidade.

Mas Jesus chora principalmente porque esse mal é fruto do comportamento dos homens e, Ele, que respeita a liberdade de cada um nada poderá fazer para o evitar.

(ama, Comentário sobre Lc 19, 41-44, 201510.22)

Leitura espiritual



RESUMOS DA FÉ CRISTÃ

TEMA 10. A Paixão e Morte na Cruz

Jesus morreu pelos nossos pecados [i] para nos libertar deles e nos resgatar para a vida divina.
1. O sentido geral da Cruz de Cristo.
1.1. Algumas premissas:

O mistério da Cruz enquadra-se na linha geral do projecto de Deus e da vinda de Jesus ao mundo.
O sentido da criação é dado pela sua finalidade sobrenatural, que consiste na união com Deus.
No entanto, o pecado alterou profundamente a ordem da criação: o homem deixou de ver o mundo como uma obra cheia de bondade e converteu-o numa realidade equívoca.
Pôs a sua esperança nas criaturas e fixou como meta falsos fins terrenos.

A vinda de Jesus Cristo ao mundo tem como finalidade reimplantar no mundo o projecto de Deus e conduzi-lo eficazmente ao seu destino de união com Ele.
Para isso, Jesus, verdadeira Cabeça do género humano [ii], assumiu toda a realidade humana degradada pelo pecado, fê-la sua, e ofereceu-a filialmente ao Pai.
Deste modo, Jesus restituiu a cada relação e situação humana o seu verdadeiro sentido na dependência de Deus Pai.

Este sentido ou fim, da vinda de Jesus realiza-se com a sua vida inteira, com cada um dos seus mistérios nos quais Jesus glorifica plenamente o Pai.
Cada acontecimento e cada etapa da vida de Cristo têm uma finalidade específica em ordem a este objectivo salvador [iii].

1.2. Aplicação ao mistério da Cruz:

A finalidade própria do mistério da Cruz é tirar o pecado do mundo [iv], algo completamente necessário para que se possa realizar a união filial com Deus.
Esta união é, como dissemos, o objectivo último do plano de Deus[v].

Jesus retira o pecado do mundo carregando-o sobre os seus ombros e anulando-o na justiça do seu coração santo [vi].
Nisto consiste essencialmente o mistério da Cruz:

a)   Carregou com os nossos pecados.
Indica-o, em primeiro lugar, a história da sua paixão e morte relatada nos Evangelhos.
Estes factos, sendo a história do Filho de Deus encarnado e não de um homem qualquer, mais ou menos santo, têm um valor e uma eficácia universais que abarcam toda a raça humana.
Neles vemos que Jesus foi entregue pelo Pai nas mãos dos pecadores [vii] e que Ele próprio permitiu voluntariamente que a sua maldade (deles) determinasse em tudo a Sua sorte.

Como diz Isaías ao apresentar a impressionante figura de Jesus [viii]: «era maltratado e ele sofria e não abria a boca; era como um cordeiro levado ao matadouro, e como ovelha muda nas mãos do tosquiador e não abriu a boca» [ix].

Cordeiro sem mancha, aceitou livremente os sofrimentos físicos e morais impostos pela injustiça dos pecadores, e nela, assumiu todos os pecados dos homens, toda a ofensa a Deus.
Cada agravo humano é, de algum modo, causa da morte de Cristo.
Dizemos, neste sentido, que Jesus “carregou” com os nossos pecados no Gólgota  [x].

b) Eliminou o pecado com a sua entrega.
Mas Cristo não se limitou a carregar os nossos pecados, mas também os “destruiu”, eliminou-os.
Pois levou os sofrimentos na justiça filial, na união obediente e amorosa para com o seu Pai Deus e na justiça inocente, de quem ama o pecador, embora este não o mereça: de quem procura perdoar as ofensas por amor [xi].
Ofereceu ao Pai os seus sofrimentos e a sua morte em nosso favor, para nosso perdão: «nas suas chagas fomos curados»[xii].

Fruto da Cruz é, portanto, a eliminação do pecado.
Desse fruto se apropria o homem através dos sacramentos (sobretudo da Confissão sacramental) e se apropriará definitivamente depois desta vida, se foi fiel a Deus.
Da Cruz procede a possibilidade para todos os homens de viverem afastados do pecado e de integrarem os sofrimentos e a morte no próprio caminho para a santidade.

Deus quis salvar o mundo pelo caminho da Cruz, mas não porque ame a dor ou o sofrimento, pois Deus só ama o bem e fazer o bem. Não quis a Cruz com uma vontade incondicional, como quer, por exemplo, que existam as criaturas, mas qui-la praeviso peccato, no pressuposto do pecado.
Há cruz porque existe o pecado, mas também porque existe o Amor. A Cruz é fruto do amor de Deus face ao pecado dos homens.

Deus quis enviar o seu Filho ao mundo para que realizasse a salvação dos homens com o sacrifício da sua própria vida, e isto diz, em primeiro lugar, muito do próprio Deus.

(cont)





[i] cf. Rm 4, 25
[ii] É nossa Cabeça, porque é o Filho de Deus e porque se fez solidário connosco em tudo excepto no pecado (cf. Heb 4,15)
[iii] A infância de Jesus, a sua vida de trabalho, o seu baptismo no Jordão, a sua pregação…, tudo contribui para a Redenção dos homens. Referindo-se à vida de Cristo em Nazaré, dizia São Josemaria: «Esses anos ocultos do Senhor não são coisa sem significado, nem uma simples preparação dos anos que viriam depois, os da sua vida pública. Desde 1928 compreendi claramente que Deus deseja que os cristãos tomem exemplo de toda a vida do Senhor. Entendi especialmente a sua vida escondida, a sua vida de trabalho corrente no meio dos homens: o Senhor quer que muitas almas encontrem o seu caminho nos anos de vida calada e sem brilho», Cristo que Passa, 20.
[iv] cf. Jo 1,29
[v] cf. Rm 8,28-30
[vi] Cf. Cl 1,19-22; 2, 13-15; Rm 8, 1-4; Ef 2, 14-18; Heb 9, 26.
[vii] cf. Mt 26,45
[viii] Os quatro poemas dedicados ao misterioso “Servo de Yahvé” constituem uma esplêndida profecia no Antigo Testamento da Paixão de Cristo ( Is 42,1-9; 49,1-9; 50,4-9; 52,13-53,12).
[ix] Is , 53,7
[x] cf. 1 Pe 2,24
[xi] cf. Lc 22,42; 23,34
[xii] Is 53,5

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