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30/10/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXX Semana


Evangelho: Lc 14, 1-6

1 Entrando Jesus, um sábado, em casa de um dos principais fariseus, para comer, eles estavam a observá-l'O. 2 Encontrava-se diante d'Ele um homem hidrópico. 3 Jesus, dirigindo a palavra aos doutores da lei e aos fariseus, disse-lhes: «É lícito ou não fazer curas ao sábado?». 4 Eles ficaram calados. Então Jesus, pegando no homem pela mão, curou-o e mandou-o embora. 5 Dirigindo-se depois a eles, disse: «Qual de vós, se o seu filho ou seu boi cair num poço, não o tirará imediatamente ainda que seja em dia de sábado?». 6 Eles não sabiam que replicar a isto.

Comentário:

O Evangelista sublinha que, Jesus estava em casa de um dos principais fariseus para comer uma refeição.
Nada, no Evangelho, é escrito por acaso, tem uma finalidade; aqui parece claro que S. Lucas quis sublinhar que não eram só os pobres e desamparados que andavam com o Senhor, Jesus não recusava o convívio com os ricos e importantes e, por outro lado, como este fariseu, todos procuravam a Sua companhia.
Por curiosidade?
Talvez… mas no coração dos homens – todos – há um secreto desejo de estar próximo do Senhor, de O ouvir directamente pronunciar as Suas palavras de vida eterna, de olhar os Seus olhos límpidos e puros, de observar o Seu comportamento atencioso e amável para com todos.
O facto é, que, Jesus, atrai TODOS a Si como íman poderoso e irresistível.

(ama, comentário sobre Lc 14, 1-6, Junho de 2009)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá




Temas actuais do cristianismo

87             

pergunta:

Monsenhor, é cada vez maior a presença da mulher na vida social, para além do âmbito familiar, em que se tinha movido quase exclusivamente até agora. Que lhe parece esta evolução?
E quais são, em seu entender, as características gerais que a mulher tem de alcançar para cumprir a missão que lhe está confiada?

resposta:

Em primeiro lugar, parece-me oportuno não contrapor esses dois âmbitos que acaba de mencionar.
Como na vida do homem, mas com matizes muito peculiares, o lar e a família ocuparão sempre um lugar central na vida da mulher.
É evidente que a dedicação às tarefas familiares representa uma grande função humana e cristã.
Contudo, isto não exclui a possibilidade de se ocupar em outros trabalhos profissionais - o do lar também o é -, em qualquer dos ofícios e EMPREGOS honestos que há na sociedade em que se vive.
Compreende-se bem o que se quer dizer ao pôr assim o problema, mas penso que insistir na contraposição sistemática - mudando só o tom - levaria facilmente, do ponto de vista social, a um erro maior do que aquele que se pretende corrigir, porque seria mais grave que a mulher abandonasse o TRABALHO com os seus.

Também no plano pessoal se não pode afirmar unilateralmente que a mulher deva alcançar a perfeição apenas fora do lar, como se o tempo dedicado à família fosse um tempo roubado ao desenvolvimento e à maturidade da sua personalidade.
O lar - qualquer que seja, porque também a mulher solteira deve ter um lar - é um âmbito particularmente propício para o desenvolvimento da personalidade.
A atenção prestada à família constituirá sempre para a mulher a sua maior dignidade; no cuidado com o marido e com os filhos, ou, para falar em termos mais gerais, no trabalho para criar à sua volta um ambiente acolhedor e formativo, a mulher realiza o mais insubstituível da sua missão e, consequentemente, pode atingir aí a sua perfeição pessoal.

Como acabo de dizer, isso não se opõe à participação em outros aspectos da vida social e até da política.
Também nesses sectores a mulher pode dar uma valiosa contribuição, como pessoa, e sempre com as peculiaridades da sua condição feminina.
Fá-lo-á na medida em que estiver humana e profissionalmente preparada. Não há dúvida que tanto a família como a sociedade necessitam dessa contribuição especial, que não é de modo algum secundária.

Desenvolvimento, maturidade, emancipação da mulher, não devem significar uma pretensão de igualdade - de uniformidade - com o homem, uma imitação do modo de agir varonil.
Isso não seria uma aquisição, seria uma perda para a mulher, não porque ela seja mais ou menos que o homem, mas porque é diferente.
Num plano essencial - que deve ser objecto de reconhecimento jurídico, tanto no direito civil como no eclesiástico - pode-se falar de igualdade de direitos, porque a mulher tem, exactamente como o homem, a dignidade de pessoa e de filha de Deus.
Mas, a partir desta igualdade fundamental, cada um deve alcançar o que lhe é próprio, e, neste plano, emancipação é o mesmo que possibilidade real de desenvolver plenamente as próprias virtualidades: as que tem na sua singularidade e as que tem como mulher.
A igualdade em face do direito, a igualdade de oportunidades perante a lei, não suprime, antes pressupõe e promove essa diversidade, que é riqueza para todos.

A mulher é chamada a levar à família, à sociedade civil, à Igreja, alguma coisa de característico, que lhe é próprio e que só ela pode dar: a sua delicada ternura, a sua generosidade incansável, o seu amor ao concreto, a sua agudeza de engenho, a sua capacidade de intuição, a sua piedade profunda e simples, a sua tenacidade...
A feminilidade não é autêntica se não reconhece a formosura dessa contribuição insubstituível e não a incorpora na própria vida.

Para cumprir essa missão, a mulher tem de desenvolver a sua própria personalidade, sem se deixar levar por um ingénuo espírito de imitação, que - em geral - a colocaria facilmente num plano de inferioridade e deixaria irrealizadas as suas possibilidades mais originais.
Se se formar bem, com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para que se sente chamada, seja ela qual for.
A sua vida e o seu trabalho serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, tanto se passa o dia dedicada ao marido e aos filhos, como se, tendo renunciado ao matrimónio por alguma razão nobre, se entregou plenamente a outras tarefas.
Cada uma no seu próprio caminho, sendo fiel à sua vocação humana e divina, pode realizar e realiza de facto a plenitude da personalidade feminina.
Não esqueçamos que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não só modelo, mas também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aparentemente sem relevo.

88             

pergunta:

Em algumas ocasiões, porém, a mulher não está segura de se encontrar realmente no lugar que lhe corresponde e a que é chamada. Muitas vezes, quando realiza um trabalho fora de casa, pesam sobre ela as solicitações do lar, e, quando permanece completamente dedicada à família, sente as suas possibilidades limitadas. Que diria às mulheres que sentem essas contradições?

resposta:

Esse sentimento, que é muito real, procede com frequência, mais do que das limitações efectivas - que todos temos, porque somos humanos -, da falta de ideias bem determinadas, capazes de orientar a vida inteira, ou também de uma soberba inconsciente.
Às vezes, desejaríamos ser os melhores em qualquer aspecto e em qualquer nível.
Como isso não é possível, origina-se um estado de desorientação e de ansiedade, ou, inclusivamente, de desânimo e de tédio.
Não se pode estar em toda a parte ao mesmo tempo, não se sabe a que se há-de atender e não se atende eficazmente a coisa nenhuma. Nesta situação, a alma fica exposta à inveja e é natural que a imaginação se solte e procure um refúgio na fantasia, que afastando-nos da realidade, acaba por adormecer a vontade.
É a isso que tenho chamado repetidas vezes mística ojalatera - mística do oxalá - feita de sonhos vãos e de idealismos falsos: oxalá não me tivesse casado, oxalá não tivesse esta profissão, oxalá tivesse mais saúde, ou menos anos ou mais tempo!

O remédio - custoso, como é tudo o que tem valor - está em procurar o verdadeiro centro da vida humana, o que pode dar uma hierarquia, uma ordem e um sentido a tudo: a intimidade com Deus, mediante uma vida interior autêntica.
Se, vivendo em Cristo, tivermos n'Ele o nosso centro, descobriremos o sentido da missão que se nos confiou, teremos um ideal humano que se torna divino, novos horizontes de esperança se abrirão à nossa vida e chegaremos a sacrificar com gosto, já não este ou aquele aspecto da nossa actividade, mas a vida inteira, dando-lhe assim, paradoxalmente, a sua mais profunda realização.

O problema que levanta acerca da mulher não é extraordinário. Com outras particularidades, muitos homens experimentam algumas vezes algo de semelhante.
A raiz costuma ser a mesma: falta de um ideal profundo, que só à luz de Deus se descobre.

Em todo o caso, é necessário também pôr em prática pequenos remédios, que parecem banais, mas que não o são: quando há muitas coisas a fazer, é preciso estabelecer uma ardem, é necessário organizar-se.
Muitas dificuldades provêm da falta de ordem, da carência deste hábito.
Há mulheres que fazem mil e uma coisas e todas bem, porque se organizam, porque, com fortaleza de ânimo, submetem a uma ordem as suas múltiplas tarefas.
Souberam estar em cada momento no que deviam fazer, sem se perturbarem pensando no que viria depois ou no que talvez pudessem ter feito antes.
A outras, pelo contrário, domina-as o muito que têm a fazer, e, assim dominadas, não fazem nada.

Sem dúvida que haverá sempre muitas mulheres que não tenham outra ocupação além de dirigir o seu lar.
Digo-vos que esta é uma grande ocupação, que vale a pena. Através desta profissão - porque o é, verdadeira e nobre - influem positivamente, não só na família, como também em muitos amigos e conhecidos, em pessoas com as quais de um modo ou de outro se relacionam, realizando uma tarefa às vezes muito mais extensa que a de outros profissionais.
E, se põem essa experiência e essa ciência ao serviço de centenas de pessoas, em centros destinados à formação da mulher, como os que dirigem em todos os países do Mundo as minhas filhas do Opus Dei, então convertem-se em professoras do lar, com mais eficácia educativa, diria eu, que muitos catedráticos da Universidade.

Entrevista realizada por Pilar Salcedo, publicada em Telva (Madrid), em 1 de Fevereiro de 1968 e reproduzida em Mundo Cristiano (Madrid) em 1 de Março do mesmo ano.

(cont)



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