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02/10/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual


Tempo comum XXVI Semana

Santo Anjos da Guarda

Evangelho: Mt 18, 1-5

1 Naquela mesma ocasião aproximaram-se de Jesus os discípulos, dizendo: «Quem é o maior no Reino dos Céus?». 2 Jesus, chamando uma criança, pô-la no meio deles 3 e disse: «Na verdade vos digo que, se não vos converterdes e vos tornardes como crianças, não entrareis no Reino dos Céus. 4 Aquele, pois, que se fizer pequeno como esta criança, esse será o maior no Reino dos Céus. 5

Comentário:

É interessante verificar que, nos noticiários sobre as tragédias, acidentes e desastres que vão acontecendo pelo mundo, os jornalistas se refiram sempre com especial ênfase às crianças envolvidas.
De facto, atinge-nos sempre de forma especial, a notícia de crianças que sofrem ou morrem em acontecimentos ou actos violentos. O que, penso é normal, porque, uma criança, é um ser humano em formação que deve poder viver saudável e alegre para que chegue concretizar a esperança que nela, muitos, colocam.
Por isso não se compreende e não se pode aceitar que vão surgindo leis que tornam “oficial” crimes contra as crianças, como o aborto, ou a violação aberrante das suas mais íntimas características de ser humano débil e indefeso.

(ama, comentário sobre Mt 18, 1-5, 2010.07.30


Leitura espiritual

São Josemaria Escrivá




Amar a Igreja

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Amor filial à Igreja

É indispensável repetir hoje, em voz bem alta, aquelas palavras de S. Pedro perante as pessoas importantes de Jerusalém:
Este Jesus é aquela pedra que vós rejeitastes ao edificar e que veio para ser a pedra principal do ângulo; fora d'Ele, não se pode procurar a salvação em mais ninguém, porque não foi dado aos homens outro nome sob o céu, pelo qual possamos salvar-nos.

Assim falava o primeiro Papa, a rocha sobre a qual Cristo edificou a Sua Igreja, levado pela sua filial devoção a Nosso Senhor e pela sua solicitude para com o pequeno rebanho que lhe tinha sido confiado. Com Pedro e com os outros Apóstolos, os primeiros cristãos aprenderam a amar profundamente a Igreja.

Viram já, em contrapartida, com que pouca piedade se fala agora, todos os dias, da nossa Santa Madre Igreja?
Como é consolador ler, nos Padres antigos, aqueles elogios abrasados de amor à Igreja de Cristo!
Amemos o Senhor, Nosso Deus; amemos a Sua Igreja, escreve Santo Agostinho.
A Ele como um pai; a Ela como uma mãe.
Que ninguém diga: "sim, ainda vou aos ídolos, consulto os possessos e os bruxos, mas não deixo a Igreja de Deus, porque sou católico". Estais unidos à Mãe, mas ofendeis o Pai.
Outro diz, pouco mais ou menos assim: "Deus não o permita; não consulto os bruxos, nem interrogo os possessos, não pratico adivinhações sacrílegas, não vou adorar os demónios, não sirvo os deuses de pedra, mas sou do partido de Donato".
De que serve não ofender o Pai se Ele vingará a Mãe a quem ofendeis?
E S. Cipriano escrevia brevemente:
Não pode ter Deus como Pai, quem não tiver a Igreja como Mãe.

Nestes momentos, muitos negam-se a ouvir a verdadeira doutrina sobre a Santa Madre Igreja.
Alguns desejam reinventar a instituição, com a ideia louca de implantar no Corpo Místico de Cristo uma democracia ao estilo daquela que se concebe na sociedade civil, ou melhor dito, ao estilo da que se pretende promover: todos iguais em tudo.
E não se convencem de que a Igreja está constituída, por instituição divina, pelo Papa, com os bispos, os presbíteros, os diáconos e os leigos. Foi assim que Jesus a quis.

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A Igreja é, por vontade divina, uma instituição hierárquica.
Sociedade hierarquicamente organizada, assim lhe chama o Concílio Vaticano II, na qual os ministros têm um poder sagrado.
A hierarquia não só é compatível com a liberdade, mas está também ao serviço da liberdade dos filhos de Deus.

O termo democracia não tem sentido na Igreja que - insisto - é hierárquica por vontade divina.
No entanto, hierarquia significa governo santo e ordem sagrada, e de modo algum arbitrariedade humana ou despotismo infra-humano. Nosso Senhor dispôs que existisse na Igreja uma ordem hierárquica, que não há-de transformar-se em tirania, porque a própria autoridade, bem como a obediência, é um serviço.

Na Igreja há igualdade: uma vez baptizados, somos todos iguais, porque somos filhos do mesmo Deus, Nosso Pai.
Como cristãos, não há qualquer diferença entre o Papa e a última pessoa a incorporar-se na Igreja.
Mas esta igualdade radical não implica a possibilidade de mudar a constituição da Igreja, naquilo que foi estabelecido por Cristo.
Por expressa vontade divina temos uma diversidade de funções, que comporta também uma capacidade diversa, um carácter indelével conferido pelo Sacramento da Ordem para os ministros sagrados.
No vértice dessa ordenação está o sucessor de Pedro e, com ele, e sob ele, todos os bispos: com a sua tríplice missão de santificar, de governar e de ensinar.

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Permitam-me que insista repetidamente: as verdades de fé e de moral não se determinam por maioria de votos, porque compõem o depósito - depositum fidei - entregue por Cristo a todos os fiéis e confiado, na sua exposição e ensino autorizado, ao Magistério da Igreja.

Seria um erro pensar que, pelo facto de os homens já terem talvez adquirido mais consciência dos laços de solidariedade que mutuamente os unem, se deva modificar a constituição da Igreja, para a pôr de acordo com os tempos.
Os tempos não são dos homens, quer sejam ou não eclesiásticos; os tempos são de Deus, que é o Senhor da história.
E a Igreja só poderá proporcionar a salvação às almas, se permanecer fiel a Cristo na sua constituição, nos seus dogmas, na sua moral.

Rejeitemos, portanto, o pensamento de que a Igreja - esquecendo-se do sermão da montanha - procura a felicidade humana na terra, pois sabemos que a sua única tarefa consiste em levar as almas à glória eterna do paraíso; rejeitemos qualquer solução naturalista, que não valorize o papel primordial da graça divina; rejeitemos as opiniões materialistas, que procuram tirar importância aos valores espirituais na vida do homem; rejeitemos de igual modo as teorias secularizantes, que pretendem identificar os fins da Igreja de Deus com os dos estados terrenos: confundindo a essência, as instituições, a actividade, com características similares às da sociedade temporal.

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O abismo da sabedoria de Deus

Recordem as considerações de São Paulo que acabamos de ler na Epístola:
Ó profundidade das riquezas da sabedoria e da ciência de Deus; quão incompreensíveis são os Seus juízos, e inesgotáveis os Seus caminhos! Porque, quem conheceu o pensamento do Senhor?
Ou quem foi o Seu conselheiro?
Ou quem Lhe deu alguma coisa primeiro, para que tenha de receber em troca?
Todas as coisas são d'Ele e todas são por Ele, e todas existem n'Ele; a Ele seja dada glória por todos os séculos dos séculos.
Amen.
À luz da palavra de Deus, como se tornam tacanhos os desígnios humanos ao procurarem alterar o que Nosso Senhor estabeleceu!

Não devo, porém, ocultar-vos que agora se observa, por todo o lado, uma estranha capacidade do homem: nada conseguindo contra Deus, enfurece-se contra os outros sendo tremendo instrumento do mal, ocasião e indutor de pecado, semeador dum tipo de confusão que conduz a que se cometam acções intrinsecamente más, apresentando-as como boas.

Sempre houve ignorância: mas, hoje em dia, a ignorância mais brutal em matérias de fé e de moral disfarça-se, por vezes, com nomes pomposos aparentemente teológicos.
Por isso, o mandato de Cristo aos Apóstolos - acabamos de ouvi-lo no Evangelho - alcança uma premente actualidade: ide, pois, ensinai todas as gentes.
Não podemos desinteressar-nos, não podemos cruzar os braços, não podemos fechar-nos sobre nós mesmos.
Acorramos a travar, por Deus, uma grande batalha de paz, de serenidade, de doutrina.

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Temos de ser compreensivos, cobrir tudo com o manto afectuoso da caridade.
Uma caridade que nos confirme na fé, aumente a nossa esperança e nos faça fortes, para dizer bem alto que a Igreja não é essa imagem que alguns propõem.
A Igreja é de Deus, e pretende um único fim: a salvação das almas. Aproximemo-nos de Nosso Senhor, falemos com Ele na oração face a face, peçamos-Lhe perdão pelas nossas misérias pessoais e reparemos pelos nossos pecados e pelos dos outros homens que - neste clima de confusão - talvez não consigam descobrir a gravidade com que estão a ofender a Deus.

Na Santa Missa, neste Domingo, na renovação incruenta do sacrifício cruento do Calvário, Jesus imolar-Se-á - Sacerdote e Vítima - pelos pecados dos homens.
Não O deixemos só, que surja no nosso peito um desejo ardente de estar com Ele, ao pé da Cruz; que aumente o nosso clamor ao Pai, Deus misericordioso, para que volte a dar a paz ao mundo, a paz à Igreja, a paz às consciências!

Se nos comportarmos assim, encontraremos - ao pé da Cruz - Maria Santíssima, Mãe de Deus e nossa Mãe. Pela sua mão bendita, chegaremos a Jesus e, por Ele, ao Pai, no Espírito Santo.

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Há dias, ao celebrar a Santa Missa, detive-me um breve momento para considerar as palavras de um salmo que a liturgia punha na antífona da Comunhão:
O Senhor é o meu pastor, nada me poderá faltar.
Esta invocação trouxe-me à memória os versículos de outro salmo, que se recitava na cerimónia da Primeira Tonsura:
O Senhor é a parte da minha herança.
O próprio Cristo põe-se nas mãos dos sacerdotes, que se fazem assim dispensadores dos mistérios - das maravilhas - do Senhor.
No próximo Verão receberá as Sagradas Ordens meia centena de membros do Opus Dei.
Desde 1944 sucedem-se, como uma realidade de graça e de serviço à Igreja, estas ordenações sacerdotais de alguns membros da Obra. Apesar disso, todos os anos há gente que se espanta.
Como é possível, interrogam-se, que trinta, quarenta, cinquenta homens, com uma vida cheia de afirmações e de promessas, estejam dispostos a ser sacerdotes?
Queria expor hoje algumas considerações, mesmo correndo o risco de aumentar nessas pessoas os motivos de perplexidade.

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Porquê ser Sacerdote?

O santo sacramento da Ordem Sacerdotal será ministrado a este grupo de membros da Obra, que contam com uma valiosa experiência - talvez de muito tempo - como médicos, advogados, engenheiros, arquitectos ou de outras diversíssimas actividades profissionais.
São homens que, como fruto do seu trabalho, estariam capacitados para aspirar Ia postos mais ou menos relevantes na sua esfera social.

Vão ordenar-se para servir.
Não para mandar, não para brilhar, mas para se entregarem, num silêncio incessante e divino ao serviço de todas as almas.
Quando forem sacerdotes não se deixarão arrastar pela tentação de imitar as ocupações e o trabalho, dos leigos, mesmo que se trate de tarefas que conheçam bem por as terem realizado até agora, o que lhes conferiu uma mentalidade laical que não perderão nunca.

A sua competência nos diversos ramos do saber humano - da história, das ciências naturais, da psicologia, do direito, da sociologia -, embora faça parte necessariamente dessa mentalidade laical, não os levará a quererem apresentar-se como sacerdotes-psicólogos, sacerdotes-biólogos ou sacerdotes-sociólogos.
Receberam o sacramento da Ordem para serem, nem mais nem menos, sacerdotes-sacerdotes, sacerdotes cem por cento.

(cont)





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