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23/07/2015

Reflectindo - 96

Saudades


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Disse-se antes que tal pode levar a um excessivo ensimesmamento que naturalmente conduzirá à solidão, ao sofrimento íntimo, que tenderá também a tornar-se um hábito e, pior, converter-se em desculpa para fugir ao comportamento normal, convívio com os outros, afectando virtudes importantes como a paciência, o bom humor, a alegria, a disponibilidade para servir, ser útil, a atenção aos outros, a diligência no trabalho.

Uma pessoa dominada pela saudade torna-se de trato difícil, maçadora, exigente, centralizadora das atenções dos outros.

De alguma forma tem sempre uma "desculpa" para não fazer o que deve quando deve.
Adia para um futuro qualquer em que "se sinta melhor" o que deveria fazer no momento e, quase sempre, parece-lhe que esta é uma justificação que todos devem aceitar e compreender.

Combater a saudade não é fácil nem existem fórmulas ou "remédios" infalíveis.

Diz-se que o tempo ajuda e que a saudade se vai esbatendo ou, pelo menos, perdendo intensidade.

Não me parece que seja assim porque como a saudade tem a ver com o amor seria o mesmo que admitir que este também é mais ou menos passageiro o que é absolutamente contrário ao correcto conceito do que é o amor.

Mas se assim é, se de facto saudade e amor vão juntos, então há uma esperança porque se o amor ao consolidar-se produz paz e tranquilidade então teremos que a saudade também pode alcançar esse estado de espírito.

E esta é, sem dúvida, uma boa notícia para quem a sente.


(ama, Reflexões, 2015.06.16)

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