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07/05/2015

Evangelho, comentário L Espiritual (A beleza de ser cristão)



Semana V da Páscoa

Evangelho: Jo 15 9-11

9 Como o Pai Me amou, assim Eu vos amei. Permanecei no Meu amor. 10 Se observardes os Meus preceitos, permanecereis no Meu amor, como Eu observei os preceitos de Meu Pai e permaneço no Seu amor. 11 Disse-vos estas coisas, para que a Minha alegria esteja em vós e para que a vossa alegria seja completa.

Comentário:

São João é o Evangelista do Amor.

Sim, Amor com maiúscula porque nos fala do Supremo e Total Amor que é Jesus Cristo Nosso Senhor.

Foi exclusivamente por amor que veio ao mundo fazendo-se igual a nós em tudo menos no pecado.

De facto, o pecado é incompatível com o amor  e, este, só é verdadeiro quando é igual ao de Cristo.
As relações entre Deus e os homens podem resumir-se numa palavra: amor!

(ama, comentário sobre Jo 15, 9-11, 2014.05.22)


Leitura espiritual

a beleza de ser cristão

PRIMEIRA PARTE



XI. OS DONS DO ESPÍRITO SANTO

…/23

«Os Sete Dons do Espírito Santo são: sabedoria, inteligência ou entendimento, ciência, conselho, fortaleza, piedade e temor de Deus. Pertencem em plenitude a Cristo, Filho de David “[i].[ii]
Que virtudes aperfeiçoam e completa cada dom?

As opiniões são variadas e, na realidade, não afectam o fundo da questão; porque de facto poder-se-ia afirmar, simplesmente, que todos os Dons influem na Fé, na Esperança e na Caridade.

E esse influxo somar-se-ia à corrente de influência que já se dá entre as três virtudes.
Para facilitar, todavia, a compreensão do processo de gestação e de desenvolvimento da pessoa cristã, expomos a nossa própria opinião sobre a inter-relação dos Dons do Espírito Santo e das Virtudes teologais.
Podemos dizer que dos sete Dons os primeiros são quatro: Sabedoria, Entendimento, Ciência e Conselho fazem referência directa à inteligência e preparam-na para se ir abrindo mais e mais, mais e mais à Verdade, à comunicação da sabedoria de Deus.
De certo modo, estes dons tornam possível e dirigem o desenvolvimento da Fé e, sob a luz da Fé, a inteligência humana vai penetrando no mistério do ser de Deus e do actuar de Deus.
O dom de Fortaleza faz referência à memória e, abrindo a memória, já iluminada pela luza da Fé, a vida eterna e a possibilidade de alcançá-la, sustenta e fortifica o homem na Esperança.
Os dons de Piedade e de temor de Deus relacionam-se directamente com a vontade humana, também enriquecida com as verdades que a inteligência crente introduz na pessoa e modelam a caridade, segundo o coração de Deus, segundo o coração de Cristo, para que o cristão alcance amar a Deus e os homens com e no próprio coração de Cristo.
As palavras da Escritura, referidas directamente a Cristo, também se podem aplicar a cada «nova criatura em Cristo”; porque o Espírito Santo deseja fazer morada em todos e em cada um dos crentes: «E brotará uma vara do tronco de Jessé e rebentará das suas raízes um varão. Sobre ele repousará o espírito de Yahvé, espírito de sabedoria e de entendimento, espírito de conselho e de fortaleza, espírito de ciência e de piedade, e estará cheio de espírito de temor do Senhor”.[iii]
Que transformações se originam no homem sob a influência dos Dons?
Respondemos a esta pergunta mudando a ordem tradicional em que é costume enumera-los e referimo-nos a eles segundo a distribuição a que acabamos de aludir: sabedoria, entendimento, ciência e conselho; fortaleza; piedade e temor de Deus.
Deixaremos para o capítulo sobre os Frutos do Espírito Santo a análise mais detalhada dos efeitos da acção dos Dons no processo de conversão do cristão na «nova criatura”.
O Dom de Sabedoria é uma participação especial da inteligência humana no conhecimento misterioso e sumo, que é próprio de Deus, e que a Deus e refere.

De certo modo, ao fazer-nos partícipes da «natureza divina”, Deus predispõe-nos para que participemos também, e sempre segundo as nossas limitações pelo facto de ser criaturas que nunca nos abandonam, dos mistérios insondáveis do seun próprio Ser. Da riqueza da sua Verdade.
O conhecimento do Ser-Existir de Deus, fruto do dom da Sabedoria, é um saber impregnado pela caridade, graças ao qual, a alma adquire familiaridade, uma certa co-naturalidade, com as coisas divinas e deleita-se nelas. Saboreia-as. Deleita-se na sua contemplação.
O verdadeiro sábio, além de conhecer o viver e o actuar de Deus, tem deles uma certa experiência e vive-os.
«Provai e vede como o Senhor é bom; venturoso o varão que a Ele se acolhe”.[iv]
Este dom também outorga à inteligência humana uma capacidade especial para julgar os acontecimentos da natureza, os factos da história desde uma perspectiva que o aproxima do modo como Deus os contempla.
O Dom de Entendimento ou de Inteligência impulsiona a inteligência humana, e fortalece a Fé, para conhecer mais detalhadamente, com maior profundidade e maior plenitude, a verdade revelada.
Mediante este dom, o Espírito Santo, que «perscruta as profundidades de Deus”,[v] comunica ao crente uma centelha dessa capacidade de penetração nas realidades que o cercam, que lhe abre o coração à percepção gozosa do destino amoroso de Deus, a revelar o verdadeiro rosto de Cristo, muito especialmente ajudando a compreender as sua actuações e a s suas palavras recolhidas nos Evangelhos.
O Senhor já tinha adiantado a actuação deste Dom, ao anunciar a vinda do Espírito Santo sobre os Apóstolos: «Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não podeis entende-las agora.
Quando vier Aquele, o Espírito da verdade vos guiará até à verdade completa”.[vi]
E as suas palavras soam como o cumprimento daquela promessa de Yahvé a David: «Dar-te-ei inteligência e mostrar-te-ei o caminho que hás-de seguir; fixos em ti os olhos serei o teu conselheiro”.[vii]
Se os dons de Sabedoria e Inteligência enformam a actuação da Fé-Inteligência do homem para descobrir e gozar da vida de Deus em Si própria, e da compreensão do Amor de Deus encerrado na vida terrena de Jesus Cristo, o Dom de Ciência dá-nos a conhecer a mente de Deus ao criar o mundo e ao criar o homem; e, ao mesmo tempo, permite que o homem descubra o verdadeiro valor das criaturas em relação com o Criador.
Com este dom, o homem entende directamente a dependência essencial que tudo o criado tem com o seu Criador e descobre o sentido teológico do criado, ao apreciar a ordem, as leis e a liberdade com que Deus corou a criação do universo, dos animais e das plantas e do homem.
O Dom de Ciência permite que o homem contemple a criação como o que realmente é: manifestação da verdadeira e real, e ao mesmo tempo limitada, da verdade, da beleza, do amor infinito que é Deus, e, como consequência dessa contemplação, sente-se compelido a a traduzir a descoberta em louvores, em oração, em acções de graças ao Criador.
«Se, vãos por natureza, todos os homens que ignoraram Deus e não foram capazes de conhecer pelos bens visíveis Aquele que è nem atendendo às obras, reconheceram o Artífice… pois pelas grandeza e pela beleza das criaturas pode chegar-se claramente ao conhecimento do seu Criador”.[viii]
Dentro e no conjunto da criação, o homem tem outorgado um lugar privilegiado de cooperador do próprio Deus.
E já lhe foi concedido no paraíso, quando recebeu o encargo de cuidar do jardim e de trabalhar nele, além do convite a multiplicar-se e a encher a terra.

Com o Dom de Ciência, o ser humano pode desenvolver essa cooperação nas obras de Deus, segundo a mente e o querer de Deus.

O Dom de Conselho torna possível que o homem se situe nesse lugar proeminente e coopere com Deus em relação aos encargos recebidos.
O Espírito Santo, através do Dom de Conselho, ilumina a consciência do homem nas opções da vida diária, e guia a alma para a luz da verdade de Deus sobre ele próprio.
A consciência converte-se assim em reflexo claro da verdadeira luz de Deus e torna possível ao homem ver melhor o que há-de fazer em qualquer circunstância do seu viver, por muito difícil e intrincada que a decisão se apresente.
«O conselho no coração do homem é água profunda, o homem inteligente saberá obtê-la”.[ix]
O Dom de Conselho ilumina a inteligência do homem de Fé para descobrir os planos de Deus sobre ele.
Ajuda-o a discernir a sua própria vocação e a entender a Vontade de Deus no meio das circunstâncias do seu viver, ao mesmo tempo que o orienta na escolha dos caminhos mais adequados para prosseguir na sua conversão a Deus e chegar a amá-lo «com todo o coração, com toda a mente”.
Uma vez assente a verdade de Deus na mente, o cristão pode descobrir-se deslumbrado pela riqueza divina que encontrou em si mesmo.
Deu-se nele a conversão de que São Paulo fala na sua primeira Carta aos Coríntios: «O homem natural não capta as coisas do espírito de Deus; são para ele, desperdício.
E não as pode entender, poi só o Espírito as pode julgar.
Ao invés, o homem espiritual julga tudo; e a ele ninguém o pode julgar.
Porque quem conheceu o pensamento do Senhor para o instruir?
Mas nós possuímos os pensamentos de Cristo”.[x]
Ante esta luz de Deus, e na contemplação da grandeza do Criador e da própria limitação da criatura, a conversão do homem em cristão só é possível na Esperança.

(cont)

ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)





[i] cfr. Is 11, 1-2
[ii] Catecismo, n. 1831
[iii] Is 11, 1-3
[iv] Sal 33, 9
[v] 1 Co 2, 10
[vi] Jo 16, 12-13
[vii] Sal 32, 8
[viii] Sb 13, 1 e 5
[ix] Pr 20, 5
[x] 1 Cor 2, 14,-16

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