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31/05/2015

Evangelho, comentário, L. Espiritual (A beleza de ser cristão)



Tempo comum IX Semana

Visitação de Nossa Senhora

Evangelho: Mt 28 16-20

16 Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. 17 Quando O viram, adoraram-n'O; alguns, porém, duvidaram. 18 Jesus, aproximando-Se, falou-lhes assim: «Foi-Me dado todo o poder no céu e na terra. 19 Ide, pois, ensinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo, 20 ensinando-as a cumprir todas as coisas que vos mandei. Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo».

Comentário:

Na religião católica os sinais são importantes para ajudar os crentes.

Por isso vemos nos Evangelhos tantos a pedirem a Jesus que lhes dê sinais que os conduzam a acreditarem nele.

A Ascensão é um sinal que marca o fim da vida terrena do Senhor e nós compreendemos que "subir aos céus ou descer aos infernos" são meras imagens já que a nossa fé assegurando  que ambos existem, nos confirma, ao mesmo tempo, que Jesus Cristo não "parte nem chega" porque ESTÁ!

(ama, comentário sobre Mt 28, 16-20 2014.06.01)


Leitura espiritual



a beleza de ser cristão

SEGUNDA PARTE

COMO SER CRISTÃOS

II A ORAÇÃO




características gerais da oração

…/7
       


implantação da oração na alma


        Nestas linhas estão resumidos os obstáculos mais frequentes para que o anseio de comunicar com Deus encontre caminho expedito na alma: um desejo de um certo sensualismo na oração, o desalento ante a aparente carência de resultados claros: por exemplo não viver a mudança radical que se procurava, etc.
A sensação da inutilidade do tempo dedicado à oração porque em vez de nos concentrar-mos no Senhor nos assaltam uma grande variedade de imagens, recordações, etc., que nos distraem continuamente do objectivo que nos propusemos.
A isto acrescenta-se por vezes uma profunda sensação de secura como se o elevar o coração a Deus naõ só não nos dissesse nada e de até estar vivendo uma certa hipocrisia da nossa parte.

        Não devemos esquecer que o único obstáculo real da oração é abandoná-la, é deixar de procurar esse trato pessoal com Deus.
Entende-se portanto que tenhamos prestado esta atenção à oração filial do cristão: é o sinal claro de querer viver com Cristo, em Cristo, por Cristo, de querer participar nos planos da criação, da redenção, da santificação, é o caminho pelo qual podem sempre transcorrer as três expressões definitivas do viver cristão: a Fé, a Esperança, a Caridade.
Sem oração a vida pessoal cristão é impossível.


***
       
        De tudo o que assinalámos a propósito da oração podemos reafirmar em dizer que ao orar elevamos o coração a Deus Pai, movidos pelo Espírito Santo que clama no nosso espírito «Abba Pater!» e sempre em união com Cristo, Deus Filho.

        Em suma não parece demasiado ousado afirmar que ao viver em oração o cristão introduz-se na Trindade e vive a oração no seio da Santíssima Trindade.

        A oração do homem a Deus forma parte da conversação divina entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

        Se bem entendemos essa realidade da conversação do homem com Deus, de Deus com o homem, também compreenderemos a força transformadora da oração que torna possíveis as sucessivas conversações que têm lugar na vida do cristão até chegar a ser consciente da realidade que São Paulo assinala e que já recordámos: «Vivo, mas já não sou eu que vivo mas Cristo que vive em mim» [1].

        «Seguir Cristo não significa que o homem imite Jesus.
Esse intento como anacronismo que é, fracassaria necessariamente.
O seguimento de Cristo tem uma meta mais elevada: identificar-se com Cristo, quer dizer, chegar à união com Deus» [2].

        Por outras palavras:
Viver a Humanidade Santíssima de Jesus Cristo é o caminho do cristão para chegar ao Pai, movido e impulsionado pelo Espírito Santo.
Viver a Humanidade de Cristo é, definitivamente, desenvolver a vida de Cristo em nós, ser filhos de Deus em Cristo e chegar à união com Deus Pai, vivendo toda a nossa vida «com Cristo, em Cristo e por Cristo».


III a eucaristia


        Esta é a meta da vida do cristão: chegar a alcançar a «maturidade» em Cristo que também o Apóstolo nos recorda: «até que cheguemos todos à unidade da Fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, à maturidade da plenitude de Cristo» [3].

        Esta conversação a Cristo e em Cristo para ser «o próprio Cristo» e poder viver sempre com Ele eleva-se ao cume de forma muito particular e plena no encontro do cristão com Cristo na celebração da Santa Missa, da Eucaristia.

        Porquê?, como é isto possível?

        Com a oração abrimos o nosso espírito às luzes que Deus nos dá que o Espírito Santo torna eficazes facilitando o germinar da Graça recebida nos sacramentos.

        A Eucaristia enquanto é participação activa do cristão na vida, morte e ressurreição de Cristo é o caminho para uma «identificação com Cristo em espírito e em verdade», que fica referendada com a recepção da Comunhão: um encontro pessoal com Jesus Cristo ressuscitado que vem a nós para fazer morada em nós, porque, com as nossas disposições e talvez também com as nossas palavras, lhe tenhamos pedido: «fica connosco».

        «De per si o sacrifício eucarístico orienta-se à união íntima de nós, os fiéis, com Cristo mediante a comunhão» [4].

        Esse «encontro» mantido vivo com a nossa resposta livre ao amor de Deus, torna possível que um dia a alma cristã possa dizer em humildade e em agradecimento que vive «em Cristo, por Cristo, com Cristo».


****


            Feitas estas afirmações sobre a Eucaristia é necessário esclarecer que não vamos fazer um estudo teológico sobre a sua realidade de ser sacrifício de Cristo nem do seu ser sacramento, alimento de Graça e tampouco os efeitos especiais que a Comunhão gera na alma.

        Com o olhar colocado no desenvolvimento do viver cristão, um viver sempre como filhos de Deus com Cristo e em Cristo, centrar-nos-emos no aspecto da união com Cristo que a Eucaristia comporta que torna possível que o cristão chegue a viver todas as suas acções em união, em comunhão com Cristo.
E que, alimentando-se do Corpo e do Sangue de Cristo na Comunhão possa um dia dizer com o Senhor: «o meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a sua obra» [5].

        O Catecismo recorda:

«A Missa é ao mesmo tempo e inseparavelmente o memorial sacrificial em que se perpétua o sacrifício da cruz e o banquete sagrado da comunhão no Corpo e no Sangue do Senhor. Mas a celebração do sacrifício eucarístico está totalmente orientada para a união íntima dos fiéis com Cristo por meio da comunhão. Comungar é receber o próprio Cristo que se oferece por nós» [6].

(cont)

ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)






[1] Cfr. Ga 2, 20
[2] Joseph Ratzinger, Conferencia al Jubileu de los Catequistas, 10-XII-2000
[3] Ef 4, 13
[4] João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia, n. 16
[5] Lc 4, 34
[6] Catecismo, n. 1382

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