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01/05/2015

Evangelho, comentário, L. espiritual (A beleza de ser cristão)


Semana IV da Páscoa


São José – Operário

Evangelho: Mt 13 54-58

54 E, indo para a Sua terra, ensinava nas sinagogas, de modo que se admiravam e diziam: «Donde Lhe vem esta sabedoria e estes milagres? 55 Porventura não é este o filho do carpinteiro? Não se chama Sua mãe Maria, e Seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? 56 Suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde, pois, Lhe vêm todas estas coisas?». 57 E estavam perplexos a Seu respeito. Mas Jesus disse-lhes: «Não há profeta sem prestígio a não ser na sua terra e na sua casa». 58 E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.

Comentário:

Em tempos antigos, quando se procurava identificar alguém era costume dizer: é filho de fulano.

A referência ao progenitor era quase sempre como que um “aval” da pessoa em causa, por exemplo na atribuição de um emprego.

Se os conterrâneos de Jesus soubesse ser os “sinais” abundantes que a Sua vida mostrava identificariam a Sua Filiação Divina.


(ama, comentário sobre Mt 13, 54-58, 2015.04.20) 


Leitura espiritual



a beleza de ser cristão

PRIMEIRA PARTE

O QUE É SER CRISTÃO?

IX – Os Sacramentos.

…/17

A UNÇÃO DOS DOENTES

«Com a sagrada unção dos doentes e com a oração dos presbíteros, a Igreja inteira encomenda os doentes ao Senhor sofredor e glorificado para que nos alivie e os salve. Inclusive anima-os a unir-se livremente à paixão e morte de Cristo e contribuir, assim, para o bem do Povo de Deus”.[i]
Já recordamos que os sacramentos, mais que serem «marcas” da passagem de Cristo sobre a terra, são a realidade da presença de Cristo na terra, hoje e agora. De Cristo «sofredor e glorificado”.
No seu viver na terra, Jesus Cristo quis aliviar a dor e curara a doença de muitos paralíticos, coxos, surdos, mudos, leprosos, cegos. Doentes físicos nos quais todos os homens se descobrem a si próprios como doentes espirituais.
Cristo prolonga e continua neste sacramento, o seu desejo de partilhar a fragilidade dos seres humanos que viveu na sua vida terrena e fortifica o homem para que também na dor e no sofrimento alcance viver como «nova criatura”.
Cristo relaciona-se sempre pessoalmente com a totalidade do ser humano.
Não existe na vida do homem nenhuma circunstância que possa afastá-lo necessariamente da graça de Deus, do amor de Deus.
São Paulo, expressa-o com muita clareza: «Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A Angústia? A perseguição? A Fome?..., nem a morte nem a vida nem os anjos nem os principados (…) poderão separar-nos do amor de Deus manifestado em Cristo Nossa Senhor”.[ii]
O cristão está chamado a ser «outro Cristo”, o «próprio Cristo”, em qualquer idade e tempo, na saúde e na doença. Cristo nele e com Ele.
Na unção dos doentes, Cristo torna-se presente e acompanha o homem na doença, na dor, na morte.
E, ao acompanhá-lo, transmite-lhe já um adiantamento da glória da Ressurreição. São Tiago anuncia esta realidade eficaz do sacramento, ao falar-nos da sua prática nos tempos apostólicos: «Alguém entre vós adoece? Faça chamar os presbíteros da Igreja para que orem por ele, depois de tê-lo ungido com óleo em nome do Senhor. E a oração feita com fé salvará o doente e o Senhor o reanimará. E, se cometeu pecados, ser-lhe-ão perdoados”.[iii]

Os cinco sacramentos que até agora consideramos incidem em cada cristão pessoalmente, no processo da sua conversão em «nova criatura”.
O homem, o cristão, todavia, nunca está sozinho.
Pode chegar a viver uma certa solidão física, cultural e até espiritual; que o levem a sentir-se e saber-se separado dos outros seres humanos.
Em caso algum, todavia, a presença na terra «deste” homem se explica por si mesma.
O seu existir exige a existência de outros seres humanos que lhe tenham transmitido a vida ou aos quais ele próprio a transmitiu, e com quem partilha o seu viver.
No primeiro relato da criação fica sublinhada esta unidade do género humano a partir do primeiro instante da sua origem e não somente com Deus, o Criador, mas também entre o homem e a mulher: «Façamos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança… Deus criou, pois, o homem à sua imagem, conforme a imagem de Deus o criou; varão e fêmea os criou”.[iv]
Esta unidade do ser humano – homem e mulher; varão e fêmea – e a sua cooperação com Deus na criação, na redenção, na santificação, fica definitivamente estabelecida e manifestada por Cristo no sacramento do Matrimónio.

O MATRIMÓNIO

Para abrir a nossa inteligência a uma adequada compreensão da riqueza sacramental do matrimónio, é necessário superar uma concepção muito difundida estre os fiéis cristãos, que reduz muito o verdadeiro significado do matrimónio.
Essa ideia generalizada leva a considerar que o ser «sacramento” apenas acrescenta uma simples bênção sobrenatural à «instituição natural” do matrimónio.
Como se a importância fundamental do matrimónio estivesse no «contrato natural” de um homem com uma mulher, no qual se trocam promessas de fidelidade e de vida.
O ser «sacramento” limitar-se-ia à realização de umas cerimónias, para «legalizar” essa união diante de Deus.
Podemos tranquilamente afirmar que esta visão do matrimónio é falsa: esquece o facto fundamental da acção da Graça: enxertar o cristão em Cristo; e também desconhece a própria noção de sacramento, e o seu efeito de «originar a Graça”.
Ou seja, de tornar efectiva, no momento de o receber, a «participação na natureza divina” necessária para quem a recebem em cada sacramento possam chegar a converter-se em «nova criatura” e a desenvolver essa vida que se lhes concede segundo o pensar e o querer de Deus.
Limitamo-nos, simplesmente, a assinalar a nova realidade sobrenatural da aliança matrimonial, ao ter sido elevada por Cristo a sacramento, permanecendo idêntica a realidade natural original.
Esta conversão comporta curar as feridas causadas pelo pecado na ordem da criação e converte o matrimónio-sacramento em princípio de redenção e de santificação.
E torna possível que o amor exista sempre no mundo.
A importância do matrimónio nos planos da criação não será nunca suficientemente sublinhada, não obstante as palavras claras do Génesis, que manifestam a confiança e a alegria de Deus no matrimónio: «Deus abençoou-os dizendo-lhes: Crescei e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a; dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre todos os animais que serpenteiam sobre a terra (…). E viu Deus tudo quanto tinha feito, e heis que estava muito bem”.[v]
Para alcançar a perspectiva da «nova criatura em Cristo”, que é todo o cristão, é muito oportuno ter presente a grandeza do sacramento do matrimónio e a importante acção redentora e santificadora da Graça, que nele tem lugar, dois aspectos que ficaram reflectidos nestes dois textos do Catecismo:
«A Sagrada Escritura principia com o relato da criação do homem e da mulher á imagem e semelhança de Deus [vi] e acaba com a visão das “bodas do cordeiro”.[vii]
De um extremo ao outro, a Escritura fala do matrimónio e do seu «mistério”, da sua instituição e do sentido que Deus lhe deu, da sua origem e do seu fim, das suas diversas realizações ao olongo da história da salvação, das suas dificuldades nascidas do pecado e da sua renovação «no Senhor”,[viii] tudo na perspectiva da Nova Aliança de Cristo e da Igreja”[ix].[x]
E mais à frente: «A ordem da Criação subsiste, ainda que gravemente perturbada.
Para curar as feridas do pecado, o homem e a mulher necessitam da ajuda da graça que Deus, na sua misericórdia infinita, jamais lhes negou.[xi]
Sem esta ajuda, o homem e a mulher não podem chegara realizar a união das suas vidas em ordem da qual Deus os criou «no princípio).[xii]
No sacramento do matrimónio, Cristo dá uma graça própria que «está destinada a aperfeiçoar o amor dos cônjuges, a fortalecer a sua unidade indissolúvel.
Por meio desta graça ajudam-se mutuamente a santificar-se com a vida matrimonial conjugal e no acolhimento e na educação dos filhos”.[xiii]
Com este pressupostos, podemos dizer que, no matrimónio, na família que se origina, a criação primigénia fica entroncada com a nova criação, e torna possível que os filhos dos homens da primeira criação se convertam em filhos de Deus em Cristo, da segunda criação.
Não sem um sentido cheio de «mistério”, a vinda de Cristo à terra tem lugar no seio de uma família; e o primeiro milagre da sua vida pública na terra acontece na celebração de umas bodas.
O cristão descobre que o matrimónio e a família e no matrimónio se origina e fundamenta, não pode ser tratado simplesmente como uma cédula da sociedade, como uma parte que o homem estrutura e organiza de acordo com uma série de necessidades naturais. Ou seja, qualquer visão meramente sociológica da família não descobre a verdadeira, variada e rica realidade humana e sobrenatural que a família é.
A família é o âmbito pessoal do desenvolvimento humano e espiritual do homem, O sacramento do Matrimónio confere aos cônjuges a graça de acompanhar os seus filhos também no seu desenvolvimento como «filhos de Deus em Cristo”.
(cont)

ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)





[i] Catecismo n. 1499
[ii] Rm 8, 35-39
[iii] St 5, 14-15
[iv] Gn 1, 26-27
[v] Gn 1, 28-31
[vi] Gn 1, 26-27
[vii] Ap 19, 7-9
[viii] 1 Co 7, 39
[ix] cfr. Ef 5, 31-32
[x] Catecismo n. 1602
[xi] cfr. Gn 3, 21
[xii] Catecismo n. 1608
[xiii] Catecismo, n. 1641

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