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06/04/2015

Reflectindo - 69

Memórias e realidades


Sou um homem extremamente feliz, esta é uma realidade.

Tenho memórias da vida já um pouco longa tão agradáveis que não deixam espaço á tristeza. Claro, há saudades enormes, avassaladoras que criam mim, na entrada do coração como que embolias prolongadas, não poucas vezes em soluços e rios de lágrimas.
Mas que longe de me "abaterem" ou atirarem para os braços da tristeza ou da consideração do inevitável, me elevam e conduzem a um estado de espírito de indizível esperança no futuro.

Sim... o futuro breve ou não - pouco me importa - que são os meus nove netos que enchem a minha vida diária.

Hoje, dia 19 de Dezembro, a minhas netas Beatriz e Matilde têm estado comigo, atentas, cheias de "mimos" e pequenas atenções, dedicaram-se a montar a árvore de Natal, a decorar a casa. A servir-me um simpático e agradável lanche... enfim, tratando-me com um carinho e ternura tão naturais e espontâneas que me "derretem" o coração e me lavam a alma.

E o que é isto senão poderoso motivo de felicidade?

As realidades da minha vida são estes pequenos "rebuçados" que me adoçam as agruras dessas tais recordações e essas saudades que inevitavelmente querem condicionar o meu viver.

Por isso posso afirmar que sou feliz e sinto uma tranquila certeza de que tudo, absolutamente, é para bem e que o Senhor se permite um mal aparente dá logo incomparavelmente bens muito maiores.

Que são coisas pequenas quase irrelevantes... talvez mas, e eu? Não sou pequeno e sem relevo algum?

Assim a minha felicidade é feita de pequenas coisinhas que se vão sucedendo nos dias, umas vezes desgarradas outras em ritmo apressado, mas sempre deixando marca, rasto, sulco.
Admiro-me com esta minha vida que nunca imaginei. De facto, jamais pensei nem por um breve momento que a Fernandinha estaria ausente - digo fisicamente - no meu dia-a-dia como desde Agosto tem estado. Compreendo que o Senhor me poupou a essa visão, talvez não tivesse aguentado...

A vida e a morte entrelaçam-se no meu caminho tal como o sofrimento e a dor com o bem-estar e a alegria.
Sou feliz, repito, porque me sinto e me sei muito mais rico e sábio, e incomparavelmente mais humano.


(ama, reflexões, Dez 19 2014

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