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09/02/2015

Estamos todos ao serviço do único e mesmo Evangelho

O papa Francisco pediu a representantes de Igrejas e Comunidades Eclesiais cristãs presentes em Roma para que evitem «fechar-se em particularismos e exclusivismos», abstendo-se igualmente de «impor uniformidade segundo planos meramente humanos».

«O compromisso comum de anunciar o Evangelho permite superar qualquer forma de proselitismo e a tentação da competição. Estamos todos ao serviço do único e mesmo Evangelho», afirmou o papa este domingo, em Roma, na celebração litúrgica que encerrou a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

O tema da iniciativa, «Dá-me de beber», foi extraído das palavras que Jesus, à beira de um poço, dirigiu a uma mulher samaritana que para lá se dirigia para tirar água.

O episódio, narrado no Evangelho segundo S. João, ganha especial significado no âmbito ecuménico porque judeus, como era o caso de Jesus, e samaritanos não se davam bem.

«Jesus, cansado da viagem, não hesita em pedir de beber à mulher samaritana. Mas a sua sede estende-se muito para além da água física: é também sede de encontro, desejo de abrir diálogo com aquela mulher, oferecendo-lhe assim a possibilidade de um caminho de conversão interior», apontou.

Francisco realçou que «as pessoas, para se compreenderem e crescerem na caridade e na verdade, precisam de se deter, acolher e escutar», sendo desta forma que se começa «já a experimentar a unidade»

«Hoje, há uma multidão de homens e mulheres, cansados e sedentos, que nos pedem, a nós cristãos, para lhes dar de beber. É um pedido a que não nos podemos subtrair», vincou Francisco na basílica de S. Paulo Fora dos Muros.

Na intervenção que proferiu na oração litúrgica de Vésperas, no dia em que se evocou a conversão do apóstolo S. Paulo, o papa salientou que Jesus elimina o acessório e privilegia o que é mais importante.

«A mulher de Sicar interpela Jesus sobre o verdadeiro lugar da adoração a Deus. Jesus não toma partido em favor do monte nem do templo, mas vai ao essencial derrubando todo o muro de separação. Remete para a verdade da adoração: “Deus é espírito; por isso, os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”», apontou.

Este episódio, prosseguiu Francisco, é um apelo à convergência: «É possível superar muitas controvérsias entre cristãos, herdadas do passado, pondo de lado qualquer atitude polémica ou apologética e procurando, juntos, individuar em profundidade aquilo que nos une».

«A unidade dos cristãos não será o fruto de sofisticadas discussões teóricas, onde cada um tenta convencer o outro da justeza das suas opiniões. Temos de reconhecer que, para se chegar à profundeza do mistério de Deus, precisamos uns dos outros, encontrando-nos e confrontando-nos sob a guia do Espírito Santo, que harmoniza as diversidades e supera os conflitos», assinalou.

O «amor» divino, declarou Francisco, «é a razão mais profunda da unidade que liga todos os cristãos e que é muito maior do que as divisões ocorridas no decurso da história.

Para o papa, «a busca da unidade dos cristãos não pode ser prerrogativa apenas de qualquer indivíduo ou comunidade religiosa particularmente sensível a tal problemática».

Fonte: Pastoral da cultura
Rui Jorge Martins

Publicado em 25.01.2015

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