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26/01/2015

Ev. diário L. Esp. (Temas actuais do cristianismo)

Tempo Comum III Semana

Evangelho: Lc 10 1-9

1 Depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois, e mandou-os dois a dois à Sua frente por todas as cidades e lugares onde havia de ir. 2 Disse-lhes: «Grande é na verdade a messe, mas os operários poucos. Rogai, pois, ao dono da messe que mande operários para a Sua messe. 3 Ide; eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos. 4 Não leveis bolsa, nem alforge, nem calçado, e não saudeis ninguém pelo caminho. 5 Na casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz seja nesta casa. 6 Se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; senão, tornará para vós. 7 Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que tiverem, porque o operário é digno da sua recompensa. Não andeis de casa em casa. 8 Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que vos puserem diante; 9 curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: Está próximo de vós o reino de Deus.

Comentário

A nossa missão – a de todo o cristão – é muito clara:
Ir à frente de Jesus Cristo a preparar o Seu encontro com as almas.

Como?

Falando dele e do Seu Reino, da Sua Palavra e da Sua Vida, enfim, da salvação que nos mereceu com a Sua Morte e Ressurreição.

(ama, comentário sobre Lc 10, 1-12, 2013.10.03)


Leitura espiritual


São Josemaria Escrivá

Temas actuais do cristianismo [i]

54             
Em sua opinião, porque estão em más relações com o Opus Dei numerosas Ordens religiosas, tais como a Companhia de Jesus?

Conheço muitíssimos religiosos que sabem que nós não somos religiosos, mas que nos retribuem o afecto que lhes temos e oferecem orações e sacrifícios a Deus pelos apostolados do Opus Dei. Quanto à Companhia de Jesus, conheço e mantenho relações com o seu Geral, o Padre Arrupe. Posso assegurar-lhe que as nossas relações são de estima e afecto mútuo.

Talvez Você tenha encontrado algum religioso que não compreenda a nossa Obra; se assim é, o facto dever-se-á a um equívoco ou a uma falta de conhecimento da realidade do nosso trabalho, que é especialmente laical e secular e em nada interfere com o terreno próprio dos religiosos. Por todos os religiosos não temos senão veneração e carinho e pedimos ao Senhor que cada dia torne mais eficaz o seu serviço à Igreja e à humanidade inteira. Não haverá nunca luta entre o Opus Dei e um religioso, porque para lutar são precisos dois e nós não queremos lutar com ninguém.

55             
A que atribui a crescente importância que se dá ao Opus Dei? É devida só ao atractivo da sua doutrina ou é também um reflexo das ansiedades da idade moderna?

O Senhor suscitou o Opus Dei em 1928 para ajudar a recordar aos cristãos que, como conta o livro do Génesis, Deus criou o homem para trabalhar. Viemos chamar de novo a atenção para o exemplo de Jesus, que durante trinta anos permaneceu em Nazaré trabalhando, desempenhando um ofício. Nas mãos de Jesus, o trabalho - e um trabalho profissional, semelhante ao que milhões de homens realizam, em todo o mundo - converte-se em tarefa divina, em actividade redentora, em caminho de salvação.

O espírito do Opus Dei recolhe a formosíssima verdade, esquecida durante séculos por muitos cristãos, de que qualquer trabalho, humanamente digno e nobre, se pode converter numa tarefa divina. No serviço de Deus não há ofícios de menos categoria: todos são de muita importância.

Para amar a Deus e servi-Lo, não é preciso fazer coisas extravagantes. A todos os homens, sem excepção, Cristo pede que sejam perfeitos como o seu Pai celeste é perfeito (Mat. 5, 48). Na sua grande maioria, os homens, para serem santos, devem santificar o seu trabalho, santificar-se no seu trabalho e santificar os outros com o seu trabalho, encontrando assim Deus no caminho das suas vidas.

As condições da sociedade contemporânea, que valoriza cada vez mais o trabalho, facilitam evidentemente que os homens do nosso tempo possam compreender este aspecto da mensagem cristã que o espírito do Opus Dei veio sublinhar. Mas mais importante ainda é o influxo do Espírito Santo, que na sua acção vivificadora quis que o nosso tempo fosse testemunha de um grande movimento de renovação em todo o Cristianismo. Lendo os documentos do Concílio Vaticano II vê-se claramente que parte importante dessa renovação foi precisamente a revalorização do trabalho quotidiano e da dignidade da vocação do cristão que vive e trabalha no mundo.

56             
Como se vai desenvolvendo o Opus Dei noutros países, fora de Espanha? Qual é a sua influência nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, etc.?

Pertencem actualmente ao Opus Dei pessoas de sessenta e oito nacionalidades, que trabalham em todos os países da América e da Europa Ocidental e em alguns da África, Ásia e Oceania.

A influência do Opus Dei em todos esses países é uma influência espiritual. Consiste essencialmente em ajudar as pessoas que se aproximam do nosso trabalho a viver mais plenamente o espírito evangélico na sua vida corrente. Estas pessoas trabalham nos sítios mais variados, desde camponeses, que cultivam a terra em longínquas aldeias da serra andina, até banqueiros de Wall Street. A todos o Opus Dei ensina que o seu trabalho quotidiano, seja humanamente humilde ou brilhante, é de grande valor e pode ser um meio eficacíssimo para amar e servir a Deus e aos outros homens. Ensina-lhes a amar todos os homens, a respeitar a sua liberdade, a trabalhar - com plena autonomia, do modo que lhes parecer melhor - para apagar as incompreensões e as intolerâncias entre os homens e para que a sociedade seja mais justa. Esta é a única influência do Opus Dei em qualquer dos lugares onde trabalha.

Referindo-me às actividades sociais e educativas que a Obra como tal costuma promover, dir-lhe-ei que correspondem, em cada lugar, às condições concretas e às necessidades da sociedade. Não disponho de dados pormenorizados sobre todas essas actividades, porque, como comentava antes, a nossa organização está muito descentralizada. Poderia mencionar, como um exemplo entre muitos outros possíveis, o Midtown Sports and Cultural Center, no Near West Side de Chicago, que proporciona programas educativos e desportivos aos habitantes do bairro. Parte importante do seu trabalho consiste em promover a convivência e a amizade entre os diversos grupos étnicos que o compõem. Outro trabalho interessante, nos Estados Unidos, é o que se realiza em The Heights, em Washington, onde funcionam cursos de orientação profissional, programas especiais para estudantes particularmente dotados, etc.

Na Inglaterra, poder-se-ia destacar o trabalho de residências universitárias, que oferecem aos estudantes alojamento e diversos programas para completar a sua formação cultural, humana e espiritual. Netherhall House, em Londres, é talvez especialmente interessante pelo seu carácter internacional. Têm convivido nessa residência universitários de mais de cinquenta países. Muitos deles não são cristãos, porque as casas do Opus Dei estão abertas a todas as pessoas, sem discriminação de raça ou religião.

Para não me alongar demasiado, apenas mencionarei ainda o Centro Internazionale della Gioventú Lavoratríce, em Roma. Este centro, destinado à formação profissional de operários jovens, foi confiado ao Opus Dei pelo Papa João XXIII e inaugurado por Paulo VI há menos de um ano.

57             
Como vê V. Rev.ª o futuro do Opus Dei nos anos que se seguirão?

O Opus Dei é ainda muito novo. Trinta e nove anos para uma instituição é apenas o começo. A nossa tarefa é colaborar com todos os outros cristãos na grande missão de ser testemunha do Evangelho de Cristo; é recordar que essa boa nova pode vivificar qualquer situação humana. A tarefa que nos espera é ingente. É um mar sem limites, porque, enquanto houver homens na Terra, por muito que se alterem as formas técnicas da produção, terão um TRABALHO que podem oferecer a Deus, que podem santificar. Com a graça de Deus, a Obra quer ensinar-lhes a fazer desse trabalho um serviço a todos os homens de qualquer condição, raça ou religião. E servindo assim os homens, servirão a Deus.

(cont)








[i] Entrevista realizada por Tad Szulc, correspondente do New York Times, em 7 de Outubro de 1966.



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