Páginas

Evangelho do dia e comentário

Tempo de Quaresma Semana II

São José

Evangelho: Lc 2, 41-52


41 Seus pais iam todos os anos a Jerusalém pela festa da Páscoa. 42 Quando chegou aos doze anos, indo eles a Jerusalém segundo o costume daquela festa, 43 acabados os dias que ela durava, quando voltaram, o Menino ficou em Jerusalém, sem que os Seus pais o advertissem. 44 Julgando que Ele fosse na comitiva, caminharam uma jornada, e depois procuraram-no entre os parentes e conhecidos. 45 Não O encontrando, voltaram a Jerusalém à procura d'Ele. 46 Aconteceu que, três dias depois, encontraram-no no templo sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. 47 E todos os que O ouviam estavam maravilhados da Sua sabedoria e das Suas respostas. 48 Quando O viram, admiraram-se. E Sua mãe disse-lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Eis que Teu pai e eu Te procurávamos cheios de aflição». 49 Ele disse-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me nas coisas de Meu Pai?». 50 Eles, porém, não entenderam o que lhes disse. 51 Depois desceu com eles e foi para Nazaré; e era-lhes submisso. A Sua mãe conservava todas estas coisas no seu coração. 52 Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.

Comentário:

 A Liturgia propõe dois trechos do Evangelho, este de São Lucas e outro se São Mateus, para o dia de hoje em que a Igreja, a Cristandade celebram o dia do Santo Patriarca São José.

De facto, não tem muito por onde escolher já que ele é mencionado antes e durante a infância do seu Filho Adoptivo.

                                                                                               Clarissimamente se vê que o Insigne Varão, não intervém na história da Salvação senão para proteger e guiar aqueles dois Seres – Santa Maria e Jesus Cristo – durante as fases mais duras e perigosas da sua existência em que, desprotegido O Senhor por ser criança e necessitada de auxílio a Sua Santa Mãe, terá de haver alguém que assegure essa protecção e guarda e a subsistência familiar. E, Ele, foi o escolhido por Deus Pai para tais tarefas.   

Ou seja, Senhor de todas as coisas, escolhe São José para chefe da Sua Família na terra.

A sua morte, que não sabemos quando ocorreu, terá sido a morte mais santa que alguma vez um ser humano pode ter experimentado: Assistido pela sua Esposa, Senhora da Boa Morte, abençoado pelo seu Filho Adoptivo, Senhor da Vida.
                                                                                               (ama, comentário sobre Lc 2, 41-52, 2014.01.22)

Leitura espiritual para Mar 19

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)

Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Evangelho: Lc 10, 1-20

1 Depois disto, o Senhor escolheu outros setenta e dois, e mandou-os dois a dois à Sua frente por todas as cidades e lugares onde havia de ir. 2 Disse-lhes: «Grande é na verdade a messe, mas os operários poucos. Rogai, pois, ao dono da messe que mande operários para a Sua messe. 3 Ide; eis que Eu vos envio como cordeiros entre lobos. 4 Não leveis bolsa, nem alforge, nem calçado, e não saudeis ninguém pelo caminho. 5 Na casa em que entrardes, dizei primeiro: A paz seja nesta casa. 6 Se ali houver algum filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; senão, tornará para vós. 7 Permanecei na mesma casa, comendo e bebendo do que tiverem, porque o operário é digno da sua recompensa. Não andeis de casa em casa. 8 Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei o que vos puserem diante; 9 curai os enfermos que nela houver, e dizei-lhes: Está próximo de vós o reino de Deus. 10 Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saindo para as praças, dizei:11 Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós; não obstante isto, sabei que o reino de Deus está próximo. 12 Digo-vos que, naquele dia, haverá menos rigor para Sodoma que para essa cidade. 13 «Ai de ti, Corazin! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e em Sidónia se tivessem realizado as maravilhas que se têm operado em vós, há muito tempo que teriam feito penitência vestidas de cilício e jazendo sobre a cinza. 14 Por isso haverá, no dia de juízo, menos rigor para Tiro e Sidónia que para vós. 15 E tu, Cafarnaum, “que te elevas até ao céu, serás abatida até ao inferno”.16 Quem vos ouve, a Mim ouve, quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou». 17 Os setenta e dois voltaram alegres, dizendo: «Senhor, até os demónios se nos submetem em virtude do Teu nome». 18 Ele disse-lhes: «Eu via Satanás cair do céu como um raio. 19 Eis que vos dei poder de caminhar sobre serpentes e escorpiões, e de vencer toda a força do inimigo, e nada vos fará dano. 20 Contudo não vos alegreis porque os espíritos maus vos estão sujeitos, mas alegrai-vos porque os vossos nomes estão escritos nos céus».


Documentos do Concílio Vaticano II

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA
DEI VERBUM
SOBRE A REVELAÇÃO DIVINA


PROÉMIO


Intenção do Concílio

1. O sagrado Concílio, ouvindo religiosamente a Palavra de Deus proclamando-a com confiança, faz suas as palavras de S. João: «anunciamo-vos a vida eterna, que estava junto do Pai e nos apareceu: anunciamo-vos o que vimos e ouvimos, para que também vós vivais em comunhão connosco, e a nossa comunhão seja com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo" (1 Jo. 1, 2-3). Por isso, segundo os Concílios Tridentino e Vaticano I, entende propor a genuína doutrina sobre a Revelação divina e a sua transmissão, para que o mundo inteiro, ouvindo, acredite na mensagem da salvação, acreditando espere, e esperando ame [1].

CAPÍTULO I

A REVELAÇÃO EM SI MESMA

Natureza e objecto da revelação

2. Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cfr. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cfr. Ef. 2,18, 2 Ped. 1,4). Em virtude desta revelação, Deus invisível (cfr. Col. 1,15, 1 Tim. 1,17), na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos (cfr. Ex. 33, 11, Jo. 15,1415) e convive com eles (cfr. Bar. 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele. Esta «economia» da revelação realiza-se por meio de acções e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal maneira que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras, e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério contido nelas. Porém, a verdade profunda tanto a respeito de Deus como a respeito da salvação dos homens, manifesta-se-nos, por esta revelação, em Cristo, que é, simultaneamente, o mediador e a plenitude de toda a revelação [2].

Preparação da revelação evangélica

3. Deus, criando e conservando todas as coisas pelo Verbo (cfr. Jo. 1,3), oferece aos homens um testemunho perene de Si mesmo na criação (cfr. Rom. 1, 1-20) e, além disso, decidindo abrir o caminho da salvação sobrenatural, manifestou-se a Si mesmo, desde o princípio, aos nossos primeiros pais. Depois da sua queda, com a promessa de redenção, deu-lhes a esperança da salvação (cfr. Gén. 3,15), e cuidou continuamente do género humano, para dar a vida eterna a todos aqueles que, perseverando na prática das boas obras, procuram a salvação (cfr. Rom. 2, 6-7). No devido tempo chamou Abraão, para fazer dele pai dum grande povo (cfr. Gén. 12,2), povo que, depois dos patriarcas, ele instruiu, por meio de Moisés e dos profetas, para que o reconhecessem como único Deus vivo e verdadeiro, pai providente e juiz justo, e para que esperassem o Salvador prometido, assim preparou Deus, através dos tempos, o caminho ao Evangelho.

Consumação e plenitude da revelação em Cristo

4. Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de Seu Filho (Heb. 1, 1-2). Com efeito, enviou o Seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus (cfr. Jo. 1, 1-18). Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado «como homem para os homens» [3], «fala, portanto, as palavras de Deus» (Jo. 3,34) e consuma a obra de salvação que o Pai lhe mandou realizar (cfr. Jo. 5,36, 17,4). Por isso, Ele, vê-lo a Ele é ver o Pai (cfr. Jo. 14,9), com toda a sua presença e manifestação da sua pessoa, com palavras e obras, sinais e milagres, e sobretudo com a sua morte e gloriosa ressurreição, enfim, com o envio do Espírito de verdade, completa totalmente e confirma com o testemunho divino a revelação, a saber, que Deus está connosco para nos libertar das trevas do pecado e da morte e para nos ressuscitar para a vida eterna.

Portanto, a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se há-de esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (cfr. 1 Tim. 6,14, Tit. 2,13).

Aceitação da revelação pela fé

5. A Deus que revela é devida a «obediência da fé» (Rom. 16,26, cfr. Rom. 1,5, 2 Cor. 10, 5-6), pela fé, o homem entrega-se total e livremente a Deus oferecendo «a Deus revelador o obséquio pleno da inteligência e da vontade» [4] e prestando voluntário assentimento à Sua revelação. Para prestar esta adesão da fé, são necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os auxílios interiores do Espírito Santo, o qual move e converte a Deus o coração, abre os olhos do entendimento, e dá «a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade» [5]. Para que a compreensão da revelação seja sempre mais profunda, o mesmo Espírito Santo aperfeiçoa sem cessar a fé mediante os seus dons

Necessidade da revelação

6. Pela revelação divina quis Deus manifestar e comunicar-se a Si mesmo e os decretos eternos da Sua vontade a respeito da salvação dos homens, «para os fazer participar dos bens divinos, que superam absolutamente a capacidade da inteligência humana» [6].

O sagrado Concílio professa que Deus, princípio e fim de todas as coisas, se pode conhecer com certeza pela luz natural da razão a partir das criaturas» (cfr. Rom. 1,20), mas ensina também que deve atribuir-se à Sua revelação «poderem todos os homens conhecer com facilidade, firme certeza e sem mistura de erro aquilo que nas coisas divinas não é inacessível à razão humana, mesmo na presente condição do género humano».

CAPÍTULO II

A TRANSMISSÃO DA REVELAÇÃO DIVINA


Os apóstolos e seus sucessores, transmissores do Evangelho

7. Deus dispôs amorosamente que permanecesse íntegro e fosse transmitido a todas as gerações tudo quanto tinha revelado para salvação de todos os povos. Por isso, Cristo Senhor, em quem toda a revelação do Deus altíssimo se consuma (cfr. 2 Cor. 1,20, 3,16-4,6), mandou aos Apóstolos que pregassem a todos, como fonte de toda a verdade salutar e de toda a disciplina de costumes, o Evangelho prometido antes pelos profetas e por Ele cumprido e promulgado pessoalmente [7], comunicando-lhes assim os dons divinos. Isto foi realizado com fidelidade, tanto pelos Apóstolos que, na sua pregação oral, exemplos e instituições, transmitiram aquilo que tinham recebido dos lábios, trato e obras de Cristo, e o que tinham aprendido por inspiração do Espírito Santo, como por aqueles Apóstolos e varões apostólicos que, sob a inspiração do mesmo Espírito Santo, escreveram a mensagem da salvação [8].

Porém, para que o Evangelho fosse perenemente conservado íntegro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram os Bispos como seus sucessores, «entregando lhes o seu próprio ofício de magistério». Portanto, esta sagrada Tradição e a Sagrada Escritura dos dois Testamentos são como um espelho no qual a Igreja peregrina na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até ser conduzida a vê-lo face a face tal qual Ele é (cfr. 1 Jo. 3,2).

A sagrada Tradição

8. E assim, a pregação apostólica, que se exprime de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se, por uma sucessão contínua, até à consumação dos tempos. Por isso, os Apóstolos, transmitindo o que eles mesmos receberam, advertem os fiéis a que observem as tradições que tinham aprendido quer por palavras quer por escrito (cfr. 2 Tess. 2,15), e a que lutem pela fé recebida dama vez para sempre (cfr. Jud. 3) [9]. Ora, o que foi transmitido pelos Apóstolos, abrange tudo quanto contribui para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento da sua fé, e assim a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita.
Esta tradição apostólica progride na Igreja sob a assistência do Espírito Santo [10]. Com efeito, progride a percepção tanto das coisas como das palavras transmitidas, quer mercê da contemplação e estudo dos crentes, que as meditam no seu coração (cfr. Lc. 2, 19. 51), quer mercê da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, quer mercê da pregação daqueles que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade. Isto é, a Igreja, no decurso dos séculos, tende continuamente para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras de Deus.

Afirmações dos santos Padres testemunham a presença vivificadora desta Tradição, cujas riquezas entram na prática e na vida da Igreja crente e orante. Mediante a mesma Tradição, conhece a Igreja o cânon inteiro dos livros sagrados, e a própria Sagrada Escritura entende-se nela mais profundamente e torna-se incessantemente operante, e assim, Deus, que outrora falou, dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho, e o Espírito Santo - por quem ressoa a voz do Evangelho na Igreja e, pela Igreja, no mundo - introduz os crentes na verdade plena e faz com que a palavra de Cristo neles habite em toda a sua riqueza (cfr. Col. 3,16).

Relação entre a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura

9. A sagrada Tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo, a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos Apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação, donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência [11].

Relação de uma e outra com a Igreja e com o Magistério eclesiástico

10. A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só depósito sagrado da palavra de Deus, confiado à Igreja, aderindo a este, todo o Povo santo persevera unido aos seus pastores na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fracção do pão e na oração (cfr. Act. 2,42 gr.), de tal modo que, na conservação, actuação e profissão da fé transmitida, haja uma especial concordância dos pastores e dos fiéis [12].

Porém, o encargo de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou contida na Tradição [13], foi confiado só ao magistério vivo da Igreja [14], cuja autoridade é exercida em nome de Jesus Cristo. Este magistério não está acima da palavra de Deus, mas sim ao seu serviço, ensinando apenas o que foi transmitido, enquanto, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, a ouve piamente, a guarda religiosamente e a expõe fielmente, haurindo deste depósito único da fé tudo quanto propõe à fé como divinamente revelado.

É claro, portanto, que a sagrada Tradição, a sagrada Escritura e o magistério da Igreja, segundo o sapientíssimo desígnio de Deus, de tal maneira se unem e se associam que um sem os outros não se mantém, e todos juntos, cada um a seu modo, sob a acção do mesmo Espírito Santo, contribuem eficazmente para a salvação das almas.

Nota: Revisão da versão portuguesa por ama




Notas:
[1] Cfr. S. Agostinho, De catechizandis rudibus, c. IV, 8: PL 40, 316.
[2] Cfr. Mt. 11,27; Jo. 1,14 e 17; 14,6; 17, 1-3; 2 Cor. 3,16 e 4,6; Ef. 1, 3-14.
[3] Epist. ad Diognetum, c. VII, 4: Funk, Patres Apostolici, I, p. 403.
[4] Conc. Vat. I, Const. dogmatica De fide catholica, Dei Filius, cap. 3: Denz. 1789 (3008).
[5] Conc. Araus. II, can. 7: Denz, 180 (377); Conc. Vat. I, 1. c.: Denz. 1791 (3010).
[6] Conc. Vat. I, Const. dogmatica De fide catholica, Dei Filius, cap. 2 Denz. 1786 (3005).
[7] Cfr. Mt. 28, 19-20 e Mc. 16,15; Concílio Tridentino deer. De canonicis Scripturis: Denz. 783 (1501).
[8] Cfr. Concílio Tridentino, I. c.; Concílio Vat I, sess. III, Const. dogmatica De fide catholica, Dei Filius, cap. 2. Denz. 1787 (3006).
[9] Denz. 1800 (3020).
[10] Cfr. Concílio Vat. I, Const. dogm. De fide catholica, Dei Filius, cap. 4:
[11] Cfr. Concílio Tridentino, Decr. De canonicis scripturis: Denz. 783 (1501).
[12] Cfr. Pio XII, Const. apost. Munificentissimus Deus, 1 nov. 1950: AAS 42 (1950) 756, eft. as palavras de S. Cipriano, Epist. 66,8: CSEL, 3,2, 733: «A Igreja e o povo unido ao sacerdote e o rebanho unido ao seu pastor».
[13] Cfr. Concílio Vat. I, Const. dogmatica De fide catholica, Dei Filius, cap. 3: Denz. 1792 (3011).
[14] Cfr. Pio XII, Enciclica Humani generis, 12 ago. 1950: AAS 42 (1950) 568-569: Denz. 2314 (3886).

Vocação

Vinte e Sete Anos!

Mais um ano... e não acabo de me maravilhar com a graça que me foi dada. 

Mais que a graça oferecida foi a graça de a ter recebido e atendido, correspondendo ao chamamento que, na Tua Infinita Misericórdia, entendeste fazer-me. 

Que eu mantenha viva a chama de amor que me levou a responder: SIM, QUERO! 

Que, todos os dias que me concedas viver, seja agradecido e fiel.

Tratado dos vícios e pecados 33

Questão 77: Da causa do pecado por parte do apetite sensitivo: se a paixão da alma é causa do pecado.

Em seguida devemos tratar da causa do pecado por parte do apetite sensitivo, se a paixão da alma é causa do pecado.

E nesta questão, discutem-se oito artigos:

Art. 1 ― Se a vontade é movida pela paixão do apetite sensitivo.
Art. 2 – Se a razão pode ser travada pela paixão contrária à sua ciência.
Art. 3 ― Se o pecado causado pela paixão, deve ser tido como causado pela fraqueza.
Art. 4 ― Se o amor-próprio é o princípio de todo o pecado.
Art. 5 ― Se se consideram convenientemente como causas dos pecados a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida.
Art. 6 ― Se o pecado fica atenuado pela paixão.
Art. 7 ― Se a paixão isenta totalmente do pecado.
Art. 8 ― Se o pecado provocado pela paixão pode ser mortal.

Art. 1 ― Se a vontade é movida pela paixão do apetite sensitivo.

(Supra, q. 9, a. 2 ; q. 10, a. 3 ; De Verit., q. 22, a. 9, ad 6).

O primeiro discute-se assim. ― Parece que a vontade não é movida pela paixão do apetite sensitivo.

1. ― Pois, nenhuma potência passiva é movida senão pelo seu objecto. Ora, a vontade é uma potência, passiva e activa ao mesmo tempo, enquanto motora e movida, como diz o Filósofo, em universal, a respeito da potência apetitiva 1. E como o objecto da vontade não é a paixão do apetite sensitivo, mas antes, o bem da razão, resulta que a paixão desse apetite não move a vontade.

2. ― Demais. ― O motor superior não é movido pelo inferior, assim como a alma não é movida pelo corpo. Ora, a vontade, apetite racional, está para o apetite sensitivo, como o motor superior para o inferior. Pois, segundo o Filósofo, o apetite racional move o sensitivo, assim como, nos corpos celestes, uma esfera move outra 2. Logo, a vontade não pode ser movida pela paixão do apetite sensitivo.

3. ― Demais. ― Nada de imaterial, pode ser movido pelo material. Ora, a vontade é uma potência imaterial, pois, sendo racional, não se serve de nenhum órgão material, como diz Aristóteles 3. Ao passo que o apetite sensitivo é uma potência material, dependente, como é, de um órgão corpóreo. Logo, a paixão do apetite sensitivo não pode mover o apetite intelectivo.

Mas, em contrário, diz a Escritura (Dn 13, 56): a concupiscência te perverteu o coração.

A paixão do apetite sensitivo não pode arrastar ou mover directamente a vontade senão só indirectamente. E isto de dois modos, dos quais o primeiro é por abstração. Pois, estando todas as potências da alma radicadas na essência da mesma, necessariamente, quando uma exerce com veemência o seu acto, as outras sofram remissão no seu, ou mesmo, são totalmente impedidas dele. E isto, porque toda potência, capaz de muitos actos, torna-se remissa; donde e ao contrário, quando tende com veemência para um só objecto torna-se-lhe menos possível produzir outros. Ou porque, operações da alma exigem uma certa intensidade, e esta, aplicada veementemente a um objecto, não pode atender a outro com a mesma veemência. E deste modo, por uma como distracção, quando o movimento do apetite sensitivo se fortifica, por uma determinada paixão, é necessário que sofra remissão ou fique totalmente impedido o movimento próprio à vontade, apetite racional.

De outro modo, por parte do objecto da vontade, que é o bem apreendido pela razão. Pois, o juízo e a apreensão da razão ficam impedidos pela veemente e desordenada apreensão da imaginação e pelo juízo da faculdade estimativa, como se vê claramente nos dementes. Ora, é manifesto, a apreensão da imaginação e o juízo da estimativa dependem da paixão do apetite sensitivo, assim como a apreciação do gosto depende da disposição da língua. Por isso notamos que os lesados por uma paixão não desviam facilmente a imaginação do objecto do seu afecto. Portanto e consequentemente, o juízo da razão quase sempre é consecutivo à paixão do apetite sensitivo, e, por conseguinte, também o movimento da vontade, ao qual é natural obtemperar sempre ao juízo da razão.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. ― A paixão do apetite sensitivo causa imutação no juízo relativo ao objecto da vontade, como já se disse, embora a paixão própria do apetite sensitivo não seja directamente objecto da vontade.

RESPOSTA À SEGUNDA. ― O superior não é movido pelo inferior, directamente, mas, indirectamente, pode, de certo modo, ser movido, como já se disse.

E, o mesmo, devemos responder à TERCEIRA OBJEÇÃO.

Revisão da tradução portuguesa por ama

­­­­­­_______________________________________
Notas:
1. III De anima (lect. XV).
2. III De anima (lect. XVI).
3. III De anima, XIV.




Temas para meditar 47


Virgindade

Se não podes imitar a virgindade da humilde, imita a humildade da virgem. Louvável é a virgindade, mas mais necessária é a humildade. Àquela nos aconselham, a esta nos obrigam; àquela nos convidam, a esta nos forçam (...) De maneira que aquela é galardoada como sacrifício voluntário, esta pedida como sacrifício obrigatório. Finalmente, podes salvar-te sem virgindade, mas não sem humildade.

(frei luís de granada, Suma da vida cristã, Livro 3, parte 2, Cap. 10)

Pequena agenda do cristão


Quarta-Feira

(Coisas muito simples, curtas, objectivas)

Propósito: Simplicidade e modéstia.

Senhor, ajuda-me a ser simples, a despir-me da minha “importância”, a ser contido no meu comportamento e nos meus desejos, deixando-me de quimeras e sonhos de grandeza e proeminência.

Lembrar-me: Do meu Anjo da Guarda.

Senhor, ajuda-me a lembrar-me do meu Anjo da Guarda, que eu não despreze companhia tão excelente. Ele está sempre a meu lado, vela por mim, alegra-se com as minhas alegrias e entristece-se com as minhas faltas.

Anjo da minha Guarda, perdoa-me a falta de correspondência ao teu
interesse e protecção, a tua disponibilidade permanente.
Perdoa-me ser tão mesquinho na retribuição de tantos favores recebidos.

Pequeno exame: Cumpri o propósito que me propus ontem?

Vidas de Santos

São José 

Nota Histórica   

Nos desígnios de Deus, José foi o homem escolhido para ser o pai adoptivo de Jesus. É no seio da sua família modestíssima que se realiza, com efeito, o Ministério da Incarnação do Verbo. Intimamente unido à Virgem-Mãe e ao Salvador, José situa-se num plano muito superior ao dos mais profundos místicos: amando Jesus, amava o Seu Deus; toda a ternura respeitosa, com que envolvia Maria, dirigia-se à Imaculada Mãe de Deus.
Figura perfeita do «justo» do Antigo Testamento, homem de uma fé a toda a prova, no cumprimento da sua missão, mostrará sempre uma disponibilidade total, mesmo nos acontecimentos mais desconcertantes.
Protector providencial de Cristo, continua a sê-lo do Seu Corpo Místico. O exemplo da sua vida é sempre actual para todos quantos querem situar a sua vida no âmbito dos desígnios de salvação do Senhor.

(SNL)

Guarda fiel e providente

É esta a regra geral de todas as graças singulares concedidas a qualquer criatura racional: quando a divina providência escolhe alguém para uma graça singular ou para um estado elevado, concede à pessoa assim eleita todos os carismas que são necessários ao seu ministério.
Isto verificou-se de forma eminente em São José, pai putativo do Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da Rainha do mundo e Senhora dos Anjos, que foi escolhido pelo Eterno Pai para guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria. E fidelissimamente desempenhou este ofício; por isso lhe disse o Senhor: Servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor.
Consideremos São José diante de toda a Igreja de Cristo: não é acaso ele o homem eleito e singular, por meio do qual e sob o qual, de modo ordenado e honesto, se realizou a entrada de Cristo no mundo? Se portanto toda a Santa Igreja é devedora à Virgem Mãe, porque por meio dela recebeu Cristo, assim também, logo a seguir a ela, deve a São José uma singular gratidão e reverência,
Ele é na verdade o termo da Antiga Aliança, nele a dignidade dos Patriarcas e dos Profetas alcança o fruto prometido. Ele é o único que realmente alcançou aquilo que a divina condescendência lhes tinha prometido.
E não devemos duvidar que a intimidade, a reverência e a sublime dignidade que Cristo lhe tributou, enquanto procedeu na terra como filho para com seu pai, decerto também lha não negou no Céu, mas antes a completou e consumou.
Por isso não é sem motivo que o Senhor lhe diz: Entra na alegria do teu Senhor. De facto, apesar de ser a alegria da bem-aventurança eterna que entra no coração do homem, o Senhor prefere dizer-lhe: Entra na alegria, para insinuar misteriosamente que a alegria não está só dentro dele, mas o circunda de todos os lados e o absorve e submerge como abismo sem fim.
Lembrai-vos de nós, São José, e intercedei com as vossas orações junto do vosso Filho; tornai-nos também propícia a Virgem vossa Esposa, que é a Mãe d’Aquele que vive e reina com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos sem fim, Ámen.

(são bernardino de sena, Serm. 2, de S. Ioseph: Opera 7, 16.27-30) (Sec. XV)