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07/10/2014

Evangelho diário e coment. Leit. Espiritual (Enc Principes pastorum (S. João XXIII)

Tempo comum XXVII Semana

Nossa Senhora do Rosário

Evangelho: Lc 1, 26-38

26 Estando Isabel no sexto mês, foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27 a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de David; o nome da virgem era Maria. 28 Entrando o anjo onde ela estava, disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça; o Senhor é contigo». 29 Ela, ao ouvir estas palavras, perturbou-se e discorria pensativa que saudação seria esta. 30 O anjo disse-lhe: «Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus; 31 eis que conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, a Quem porás o nome de Jesus. 32 Será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono de Seu pai David; 33 reinará sobre a casa de Jacob eternamente e o Seu reino não terá fim». 34 Maria disse ao anjo: «Como se fará isso, pois eu não conheço homem?». 35 O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso mesmo o Santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de Deus. 36 Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice; e este é o sexto mês da que se dizia estéril; 37 porque a Deus nada é impossível». 38 Então Maria disse: «Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra». E o anjo afastou-se dela.

Comentário:

A alegria que Maria espalha à sua volta é irreprimível. Até as crianças por nascer a sentem e não podem mais que manifestar essa mesma alegria.
Quando nos encontramos com a nossa mãe  bastando ouvir a sua voz, acontece-nos o mesmo. 

(ama, comentário sobre Lc 1. 29-35 Carvide, 2013.12.21)


Leitura espiritual



Documentos do Magistério
CARTA ENCÍCLICA
PRINCEPS PASTORUM
DO SUMO PONTÍFICE PAPA JOÃO XXIII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS,
PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS
E AOS OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE AS MISSÕES CATÓLICAS

INTRODUÇÃO

Algumas recordações pessoais

Desde quando, respondendo com consciente humildade ao convite do "Príncipe dos Pastores" (1 Pd 5, 4), mas confiante no seu poderosíssimo auxílio, assumimos o governo e a guarda dos "cordeiros" e das "ovelhas" do rebanho de Deus (cf. Jo 21,15-17) espalhado por toda a terra, sempre esteve presente na nossa alma "o problema missionário em toda a sua vastidão, beleza e importância". [1]
Por isto, nunca cessamos de volver para ele as nossas mais vivas solicitudes. E, na homília do primeiro aniversário da nossa coroação, quisemos inscrever entre os dias mais felizes do nosso Pontificado o dia onze de Outubro passado, quando mais de quatrocentos missionários vieram à sacrossanta Basílica Vaticana para receberem das nossas mãos o crucifixo, antes de se espalharem pelo mundo todo, a serviço do Evangelho.

2. Neste campo, a Divina Providência, nos seus adoráveis e amorosos desígnios, bem cedo quis orientar o nosso ministério sacerdotal.
Com efeito, terminada a primeira guerra mundial, o nosso predecessor Bento XV, de feliz memória, quis chamar-nos da nossa diocese nativa a Roma para nos dedicarmos à "Obra da propagação da fé", à qual atendemos durante quatro felicíssimos anos da nossa vida sacerdotal.
E ainda está viva na nossa mente a lembrança daquele memorável Pentecostes do ano de 1922, quando, com profunda alegria, nos foi dado participar, aqui em Roma, da celebração do terceiro centenário da fundação da S. Congregação "de Propaganda Fide", à qual justamente está confiada a tarefa de fazer refulgir a verdade e a graça do Evangelho até aos extremos confins da terra.

3. Naqueles anos, também o nosso predecessor, de feliz memória, Pio XI, nos confortou com a sua palavra e com o seu exemplo, no apostolado missionário, e dos seus lábios aprendemos, na iminência do conclave em que o Espírito Santo o designaria para sucessor de Pedro, que "nada mais grandioso podia esperar-se de um vigário de Cristo, qualquer que fosse o eleito, do que o que está contido neste duplo ideal: irradiação extraordinária da doutrina evangélica no mundo, e espírito de pacificação". [2]

Paternais solicitudes de Sumos Pontífices pelas missões

4. Com a mente cheia destas e de outras suaves recordações, e cônscio dos graves deveres que incumbem ao pastor supremo do rebanho de Deus, desejamos, veneráveis irmãos, aproveitar o 40° aniversário da memorável Carta Apostólica Maximum illud, [3] com a qual o nosso venerado predecessor Bento XV dava novo e decisivo impulso à acção missionária na Igreja para vos falar sobre as necessidades e as esperanças da dilatação do Reino de Deus naquela considerável parte do mundo onde se desenvolve o precioso e fatigante trabalho dos missionários, a fim de que surjam novas comunidades cristãs e produzam frutos salutares.

5. Sobre este assunto, também os nossos predecessores Pio XI e XII, de feliz memória, emitiram oportunas normas e exortações por meio de encíclicas, [4] que nós mesmos quisemos "confirmar com a nossa autoridade e com igual caridade" na nossa primeira encíclica. [5]
Certamente, porém, nunca se fará o bastante para levar a cabo o desejo do divino Redentor, de que todas as ovelhas façam parte de um só rebanho sob a guia de um único pastor (cf. Jo 10, 16).

A nova encíclica

6. Ao volvermos a nossa particular atenção para os interesses sobrenaturais da Igreja nas terras de missão, aos nossos olhos se oferecem regiões fecundas de messes, regiões em que o trabalho dos operários da vinha de Deus é particularmente árduo, e regiões, ainda, onde a violência da perseguição e regimes hostis ao nome de Deus e de Cristo tentam sufocar a semente da palavra do Senhor (cf. Mt 13, 19).
Mas em toda parte é grande a necessidade das almas, e de toda parte nos chega a invocação: "Ajuda-nos" (At 16, 9).
Em todas essas zonas portanto, que foram fecundadas pelo sangue e pelo suor apostólico de heróicos arautos do Evangelho provenientes "de todas as nações que estão sob o céu" (At 2, 5), e onde agora germinam, como floração e frutificação de graça, apóstolos nativos, desejamos fazer chegar a nossa palavra afetuosa de louvor e de incentivo, e, ao mesmo tempo também de ensinamento, alimentada por uma grande esperança que não teme ser confundida, por fundar-se na infalível promessa do divino Mestre: "Eis que eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos" (Mt 28,20), "Tende confiança: eu venci o mundo" (Jo 16,33).

I. A HIERARQUIA E O CLERO LOCAL

Apelo da epístola "Maximum illud" em favor do clero indígena

7. Passado o primeiro conflito mundial, que proporcionara lutos, devastações e desconfortos a grande parte da humanidade, a Carta Apostólica Maximum illud de Bento XV [6] ressoou como um grito de levante espiritual em favor das novas e pacíficas conquistas do Reino de Deus: o único que pode assegurar a todos os homens filhos do Pai celeste uma paz duradoura e uma prosperidade verdadeira. Desde então, num ativíssimo e fecundíssimo quarenténio de actividade missionária, um facto da maior importância veio enriquecer os já felizes progressos das missões: o desenvolvimento da hierarquia e do clero local.

8. Conformemente ao "fim último" do trabalho missionário, "que é o de constituir de modo estável a Igreja no seio dos outros povos, e de confiá-la a uma hierarquia própria, escolhida entre os cristãos do lugar", [7] esta Sé Apostólica sempre providenciou oportuna e maduramente, e nestes últimos tempos com significativa largueza, para estabelecer ou restabelecer a hierarquia eclesiástica naquelas regiões em que as circunstâncias permitiam e aconselhavam chegar à constituição de sedes episcopais, confiando-as, quando possível, a prelados nativos do lugar.
Aliás, ninguém ignora que este tem sido constantemente o programa de ação da S. Congregação "de Propaganda Fide".
Todavia, foi a Carta apostólica Maximum illud que pôs em plena evidência, como nunca antes, toda a importância e urgência do problema, relembrando uma vez mais, com acentos lancinantes e prementes, o empenho urgente, por parte de quem presidia às missões, de cuidar das vocações e da educação daquele que então se chamava clero indígena, sem que este apelativo jamais haja revestido qualquer significado de discriminação ou de diminuição, que se deve sempre excluir da linguagem dos romanos pontífices e dos documentos eclesiásticos.

Oportunos desenvolvimentos durante os Pontificados de Pio XI e Pio XII

9. Esse apelo de Bento XV, renovado pelos seus sucessores Pio XI e Pio XII, de feliz memória, já teve os seus frutos providenciais e visíveis, e por isto vos convidamos a agradecerdes connosco ao Senhor, que suscitou nas terras de missão uma falange numerosa e escolhida de Bispos e de sacerdotes, irmãos e filhos nossos caríssimos, abrindo assim o nosso coração às mais alegres esperanças.
Um rápido olhar, com efeito, às simples estatísticas dos territórios confiados à S. Congregação "de Propaganda Fide", não incluídos aqueles actualmente sujeitos a perseguições, mostra-nos que o primeiro Bispo de raça asiática foi sagrado em 1923, e os primeiros Vigários Apostólicos de raça africana foram nomeados em 1939.
Até 1959, contam-se 68 Bispos de raça asiática e 25 de raça africana. O clero nativo passou, de 919 membros, em 1918, a 5.553 em 1957 para a Ásia, e de 90 membros a 1.811, no mesmo espaço de tempo, para a África.
Desse modo quis o Senhor das messes (cf. Mt 9, 58) premiar as fadigas e os méritos de quantos, com sua acção directa e com sua multíplice colaboração, se dedicaram ao trabalho das missões segundo os repetidos ensinamentos desta Sé Apostólica.
Com razão, portanto, o nosso predecessor Pio XII, de feliz memória, podia, com legítima satisfação, afirmar: "Outrora, a vida eclesiástica, no que é visível, se desenvolvia operosamente de preferência nos países da velha Europa, de onde se difundia, qual rio majestoso, para aquela que podia dizer-se a periferia do mundo: hoje, ao invés, aparece como que uma troca de vida e de energias entre todos os membros do corpo místico de Cristo na terra.
Não poucas regiões, em outros continentes, de há muito ultrapassaram o período da forma missionária da sua organização eclesiástica, são dirigidas por hierarquia própria, e dão a toda a Igreja bens espirituais e materiais, quando antes somente recebiam". [8]
Ao Episcopado e ao clero das novas Igrejas desejamos dirigir a nossa paternal exortação para que orem e ajam, de modo todo particular a fim de que o seu sacerdócio se torne fecundo, com o empenho de falar frequentissimamente, nas instruções catequéticas e na pregação, da dignidade, da beleza, da necessidade e do alto mérito do estado sacerdotal, de modo a inclinar todos aqueles que Deus quisesse chamar a tão excelsa honra a corresponderem, sem delongas e com ânimo grande, à vocação divina.
Façam rezar, outrossim, às almas a si comadas, enquanto a Igreja toda, segundo a exortação do divino Redentor, não cessa de elevar súplicas ao céu pelas mesmas intenções, a fim de que o Senhor "envie operários à sua messe" (Lc 10, 2), especialmente nestes tempos em que "a messe é muita e poucos são os operários" (Lc 10, 12).

Fraternal colaboração entre o clero local e missionários de outros países

10. As Igrejas locais dos territórios de missão, mesmo fundadas e estabelecidas com sua própria hierarquia, seja pela vastidão de território, seja pelo número crescente dos fiéis e pela ingente multidão dos que esperam a luz do evangelho, ainda continuam a ter necessidade da obra dos missionários vindos de outros países.
Deles, por outro lado, bem se pode dizer: "Absolutamente não são estrangeiros, visto que todo sacerdote católico no desenvolvimento das suas atribuições acha-se como que na sua pátria, onde quer que o reino de Deus floresce ou está nos seus inícios". [9]
Trabalhem, pois, todos juntos, na harmonia de uma fraternal, sincera e delicada caridade, seguro reflexo do amor que eles têm ao Senhor e à sua Igreja, em perfeita, alegre e filial obediência aos bispos "que o Espírito Santo pôs para regerem a Igreja de Deus" (At 20, 28), cada um grato ao outro pela colaboração oferecida, "um só coração e uma só alma" (At 4, 32), a fim de que pelo modo como eles se amam refulja aos olhos de todos que eles são verdadeiramente discípulos daquele que aos homens deu como primeiro e maior preceito, como mandamento "novo" e seu, o do mútuo amor (cf. Jo 13, 34, 15, 12).

II. A FORMAÇÃO DO CLERO LOCAL

Primado da formação espiritual na educação do clero jovem

11. O nosso predecessor Bento XV, na carta apostólica Maximum illud, teve a peito inculcar aos dirigentes de missão que as suas solicitudes mais assíduas deviam ser dirigidas à "completa e perfeita" [10] formação do clero local, como aquele que, "tendo comuns com os seus compatriotas a origem, a índole, a mentalidade e as aspirações, é maravilhosamente apto para lhes instilar nos corações a fé, porque mais do que qualquer outro conhece as vias da persuasão". [11]

12. É apenas necessário lembrar que uma educação sacerdotal perfeita deve ser antes de tudo dirigida à aquisição das virtudes próprias do santo estado, sendo este o primeiro dever do sacerdote, isto é, "o dever de atender à própria santificação". [12]
O novo clero nativo deve entrar numa santa porfia com o clero das dioceses mais antigas, que deu ao mundo sacerdotes que, pela heroicidade das suas virtudes exemplares e pela eloquência viva do seu exemplo, mereceram ser propostos como modelo do clero de toda a Igreja.
Efectivamente, é especialmente pela santidade que o clero pode demonstrar que é luz e sal da terra (cf. Mt 5,13-14), isto é, da sua própria nação e de todo o mundo, pode convencer da beleza e poder do Evangelho, pode eficazmente ensinar aos fiéis que a perfeição da vida cristã é uma meta à qual podem e devem tender com todo esforço e com perseverança todos os filhos de Deus, seja qual for a sua origem, o seu ambiente, a sua cultura e a sua civilização.

13. No nosso ânimo paterno contemplamos o dia em que o clero local poderá em toda parte dar indivíduos capazes de educarem na santidade os próprios alunos do santuário, como seus guias espirituais.
Aos Bispos e aos dirigentes de missões lançamos, antes, o convite de não hesitarem em escolher desde já, entre o clero local, sacerdotes que pela sua virtude e pela sua prudência inspirem confiança de serem, para os seminaristas seus compatrícios, mestres seguros na formação espiritual.

(cont)

(revisão da versão portuguesa por ama)

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Notas:
[1] Cf. Homilia in die Coronationis habita, AAS 50(1958), 886.
[2] Cf. La propagazione della fede. Escritos de A.G. Roncalli, Roma,1958, p. 103ss.
[3] Cf. AAS 11(1919), p. 440ss.
[4] Cf. Pio XI, Carta enc. Rerum Ecclesiae, AAS 18(1926), p. 65ss. Pio XII, Carta enc. Evangelii praecones: AAS 43(1951), p. 497ss, Fidei donum: AAS 49(1957), p. 225ss.
[5] Carta enc. Ad Petri Cathedram, cf. AAS 51(1959), p. 497ss.
[6] 6Cf. AAS 11(1919), p. 440ss.
[7] Carta enc. Evangelii praecones, AAS 43(1951), p. 507.
[8] Cf. Pio XII, Mensagem radiofônica no dia de Natal, AAS 38(1946), p. 20.
[9] Carta de Pio XII ao Em. Card. Adeodato Piazza, AAS 47(1955), p. 542.
[10] AAS 11(1919), p. 445.
[11] Ibid.
[12] Pio XII, Exort. Apost. Menti Nostrae, AAS 42 (1950), p. 677.





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