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16/10/2014

Evangelho diário, coment., leit. espiritual (Enc Iucunda semper expectatione)

Tempo comum XXIII Semana

Evangelho: Lc 11, 47-54

47 Ai de vós, que edificais sepulcros aos profetas, e foram vossos pais que lhes deram a morte! 48 Assim dais a conhecer que aprovais as obras de vossos pais; porque eles os mataram, e vós edificais os seus sepulcros. 49 Por isso disse a sabedoria de Deus: Mandar-lhes-ei profetas e apóstolos, e eles darão a morte a uns e perseguirão outros, 50 para que a esta geração se peça conta do sangue de todos os profetas, derramado desde o princípio do mundo, 51 desde o sangue de Abel até ao sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o templo. Sim, Eu vos digo que será pedida conta disto a esta geração. 52 Ai de vós, doutores da lei, que usurpastes a chave da ciência, e nem entrastes vós, nem deixastes entrar os que queriam entrar!». 53 Dizendo-lhes estas coisas, os fariseus e doutores da lei começaram a insistir fortemente e a importuná-Lo com muitas perguntas, 54 armando-Lhe ciladas, e buscando ocasião de Lhe apanharem alguma palavra da boca para O acusarem.

Comentários:

As perguntas capciosas e mal-intencionadas não têm direito a resposta. Igualmente quando, quem pergunta, o faz não com a intenção – que em princípio poderia ser legítima – de saber, ser informado, esclarecer dúvidas, também não tem direito a obter qualquer resposta.

Ninguém poderá considerar-se insatisfeito ou, até, ofendido se a resposta que procura obter não lhe interessa para outra coisa que encontrar argumentos para contrariar quem responde.

(ama, comentário sobre Lc 11, 47-54, 2013.10.17)

Leitura espiritual


Documentos do Magistério
CARTA ENCÍCLICA
IUCUNDA SEMPER EXPECTATIONE
DE SUA SANTIDADE
PAPA LEÃO XIII
A TODOS OS NOSSOS VENERÁVEIS
IRMÃOS, OS PATRIARCAS,
PRIMAZES, ARCEBISPOS
E BISPOS DO ORBE CATÓLICO,
EM GRAÇA E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA

SOBRE O ROSÁRIO DE NOSSA SENHORA



Veneráveis Irmãos,
Saúde e Bênção Apostólica.

Viva confiança no Rosário

1. Com alegre expectativa e com renovada confiança olhamos sempre a volta do mês de Outubro, porque, desde quando começamos a exortar os fiéis a consagrarem este mês à beatíssima Virgem, ele tem acarretado em toda parte uma poderosa floração do Rosário entre os católicos. Qual tenha sido o motivo das Nossas exortações, já mais de uma vez o expusemos. Visto que os tempos, prenunciadores de desgraças para a Igreja e para a sociedade, exigiam o auxílio poderoso de Deus, Nós achamos dever implorá-lo justamente mediante a intercessão de sua Mãe, e sobretudo com essa fórmula de oração cuja salutar eficácia o povo cristão pôde sempre experimentar.

Experimentou-a, com efeito, desde as origens do Rosário mariano, quer na defesa da santa fé contra os nefastos ataques dos hereges, quer no repor em honra aquelas virtudes que haviam sido sufocadas pela corrupção do mundo. Experimentou-a por uma série ininterrupta de benefícios, privados e públicos, cuja lembrança por toda parte foi imortalizada até mesmo com insignes instituições e monumentos. E também nos nossos tempos, trabalhados por múltiplas crises, folgamos reconhecer que justamente do Rosário têm provindo frutos salutares. Todavia, olhando em volta, Veneráveis Irmãos, vós mesmos vedes que ainda permanecem, e em parte agravados, os motivos para convidarmos, ainda este ano, os vossos fiéis a reavivarem o fervor das suas súplicas para com a Rainha do Céu.

2. Além disto, quanto mais fixamos o pensamento na íntima natureza do Rosário, tanto mais claramente se nos manifesta a sua excelência e utilidade. E por isto cresce em Nós o desejo e a esperança de que a Nossa recomendação seja tão eficaz que dê o mais amplo desenvolvimento a esta santíssima oração, difundindo-lhe sempre mais o conhecimento e a prática.

Confiança em Maria como mediadora

3. Para tal fim não evocaremos aqui os argumentos que, sob vários aspectos, expusemos sobre este mesmo assunto nos anos precedentes, mas, antes, apraz-nos considerar e expor como, de acordo com os divinos desígnios da Providência, o Rosário desperta no ânimo de quem reza uma suave confiança de ser atendido, e move a maternal piedade da Virgem bendita a corresponder a tal confiança com a ternura dos seus socorros.

4. O nosso suplicante recurso ao patrocínio de Maria funda-se no seu ofício de Mediadora da graça divina, ofício que ela - agradabilíssima a Deus pela sua dignidade e pelos seus méritos, e de longe superior em poder a todos os Santos - continuamente exerce por nós junto ao trono do Altíssimo. Ora, este seu ofício talvez por nenhum outro género de oração seja tão vivamente expresso como pelo Rosário, onde a parte tida pela Virgem na Redenção dos homens é posta tão em evidência que parece desenrolar-se agora ante o nosso olhar, e isto traz um singular proveito à piedade, seja na sucessiva contemplação dos sagrados mistérios, seja na recitação repetida das preces.

Nos mistérios gozosos

5. Primeiramente apresentam-se-nos os mistérios gozosos. O Filho eterno de Deus abaixa-se até aos homens, feito Ele próprio homem mas com o assentimento de Maria, "que o concebe do Espírito Santo". Daí ser João, por uma graça especial, "santificado" no seio materno e enriquecido de escolhidos dons "para preparar os caminhos do Senhor". Mas isto sucede em seguida à saudação de Maria, que, por divina inspiração, vai visitar sua parenta. Finalmente vem à luz o Cristo, "o esperado das nações", e vem à luz do seio da Virgem. Os pastores e os Magos, primícias da fé, dirigem-se com ânsia pressurosa ao seu berço, e "acham o Menino com Maria sua Mãe". Depois Ele quer ser levado em pessoa ao templo para se oferecer publicamente em holocausto a Deus Pai. Mas é por obra da Mãe que ali "é apresentado ao Senhor". É sempre ela que, na misteriosa perda do Filho, o procura com ansiosa solicitude e o reencontra com alegria imensa.

Nos mistérios dolorosos

6. No mesmo sentido falam os mistérios dolorosos. É verdade que Maria não está presente no horto de Getsémani, onde Jesus treme e está triste até à morte, e no pretório, onde é flagelado, coroado de espinhos, condenado à morte. Mas já desde tempo ela conhecera e vira claramente todas estas coisas. Com efeito, quando ela se ofereceu a Deus como escrava, para depois se tornar sua mãe, e quando no templo se consagrou inteiramente a Ele, juntamente com o Filho, já desde então, em virtude destes dois factos, ela se tornou participante da dolorosa expiação de Cristo, para vantagem do género humano. Não há, pois, dúvida alguma de que, mesmo por tal razão, durante as cruéis angústias e torturas do Filho ela experimentou no seu coração as mais agudas dores.

Aliás, na sua própria presença e sob seus olhos devia consumar-se aquele divino sacrifício para o qual, com o próprio leite, ela generosamente criara a vítima. Isto se contempla no último e mais comovente destes mistérios. "Estava junto à Cruz de Jesus Maria sua Mãe", a qual, movida por um imenso amor a nós, para nos ter como seus filhos ofereceu, ela mesma, seu Filho à justiça divina, e com Ele morreu no seu coração, traspassada pela espada da dor.

Nos mistérios gloriosos

7. Finalmente, nos mistérios gloriosos, que seguem os dolorosos, é mais copiosamente confirmado este mesmo misericordioso ofício da Virgem excelsa. Com tácita alegria ela saboreia a glória do Filho triunfante sobre a morte, segue-o depois com maternal afecto na sua volta à sede celeste. Mas, conquanto digna do Céu, ela é mantida na terra, como suprema consoladora e mestra da Igreja nascente, "ela penetrou, além de tudo o que se possa crer, nos profundos arcanos da sabedoria divina" (S. Bernardo, De Praerogativis B. M. V., n. 3).

E, pois que a obra santa da redenção dos homens não podia dizer-se completa antes da descida do Espírito Santo, prometido por Cristo, eis que a vemos lá naquele Cenáculo cheio de recordações, a orar-lhe, juntamente com os Apóstolos e em vantagem dos Apóstolos, com gemidos inenarráveis, a apressar para a Igreja a sabedoria do Espírito consolador, supremo dom de Cristo, tesouro que nunca lhe faltará. Porém em medida ainda mais cheia e perene ela poderá advogar a nossa causa quando tiver passado à vida imortal.

E, assim, deste vale de lágrimas vemo-la assunta à cidade santa de Jerusalém, por entre as festas dos coros angélicos, veneramo-la elevada acima da glória de todos os Santos, coroada de estrelas por seu divino Filho, sentada junto d'Ele, rainha e senhora do universo. Em todos estes mistérios, ó Veneráveis Irmãos, se tão bem se manifesta "o desígnio de Deus, desígnio de sabedoria e desígnio de misericórdia" (S. Bernardo, Sermo in Nativitate B. M. V., n. 6), não menos claramente brilhai ao mesmo tempo os grandíssimos benefícios da Virgem Mãe para connosco: benefícios que não podem deixar de nos encher de alegria, porque nos infundem a firme esperança de obtermos, pela mediação de Maria, a clemência e a misericórdia de Deus.

Nas orações vocais

8. Para este mesmo fim, em perfeita harmonia com os mistérios, tende a oração vocal. Procede, como é justo, a oração dominical dirigida ao Pai celeste. Em seguida, após haver invocado o mesmo Pai com a mais Pobre das orações, do trono da sua majestade a nossa suplicante volve-se para Maria, em obséquio à lembrada lei da sua, mediação e da sua intercessão, expressa por S. Bernardino de Sena com as seguintes palavras: "Toda graça que é comunicada a esta terra passa por três ordens sucessivas. De Deus é comunicada a Cristo, de Cristo à Virgem, e da Virgem a nós" (S. Bernardino de Sena, Sermo VI in Festis B. M. V., De Annunciatione, a. 1, c. 2).

E nós, na recitação do Rosário, passamos por todos os três graus desta escala, em diversa relação entre eles, porém mais longamente, e de certo modo com mais gosto, detemo-nos no último, repetindo por dez vezes a saudação angélica, como que para nos elevarmos com maior confiança aos outros graus, isto é, por meio de Cristo a Deus Padre.

Porquanto, se tornamos a repetir tantas vezes a mesma saudação a Maria, é para que a nossa oração, fraca e defeituosa, seja reforçada pela necessária confiança, confiança que surge em nós se pensarmos que Maria, mais do que rogar por nós, roga em nosso nome. Decerto as nossas vozes serão mais agradáveis e eficazes na presença de Deus se forem apoiadas pelos rogos da Virgem, à qual Ele mesmo dirige o amoroso convite: "Ressoe a tua voz ao meu ouvido, porque suave é a tua voz" (Cânt. 2, 14).

Por esta mesma razão, no Rosário nós tornamos tantas vezes a celebrar os seus gloriosos títulos de Mediadora. Em Maria saudamos aquela que "achou favor junto a Deus", aquela que foi por Ele, de modo singularíssimo, "cumulada de graça", para que tal superabundância se entornasse sobre todos os homens, aquela a quem o Senhor está unido pelo vínculo mais estreito que existir possa, aquela que, "bendita entre as mulheres", "só ela dissolveu a maldição e trouxe a bênção" (S. Tom., op. VIII, Sobre a Saudação Angélica, n. 8), ou seja o fruto bendito do seu seio, no qual "todas as nações são benditas", aquela, enfim, que invocamos como "Mãe de Deus".

Pois bem, em virtude de uma dignidade tão sublime, que coisa haverá que ela não possa pedir com segurança "para nós pecadores", e, por outro lado, que coisa haverá que não possamos esperar nós, em toda a vida e nas nossas extremas agonias?

9. Quem com toda diligência houver recitado estas orações e meditado com fé estes mistérios, não poderá deixar de admirar os desígnios divinos que uniram a Virgem Santíssima à salvação dos homens, e, com comovida confiança, desejará refugiar-se sob a sua protecção e no seu seio, repetindo a súplica de S. Bernardo: "Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que alguém que tenha recorrido à vossa protecção, implorado o vosso auxílio, invocado a vossa intercessão, tenha sido por vós desamparado".

O Rosário comove Maria em nosso favor

10. Porém a virtude que o Rosário tem de inspirar a confiança em quem o reza, possui-a também em mover à piedade para connosco o coração da Virgem. Quanto deve ser suave para ela ver-nos e escutar-nos, enquanto entrelaçamos em coroa pedidos para nós justíssimos e louvores para ela belíssimo! Assim rezando, nós desejamos e tributamos a Deus a glória que lhe é devida, procuramos unicamente o cumprimento dos seus acenos e da sua vontade, exaltamos a sua bondade e a sua munificência, chamando-lhe Pai e pedindo-lhe, embora indignos deles, os dons mais preciosos.

Com tudo isto Maria exulta imensamente, e, pela nossa piedade, de coração "magnifica o Senhor". Porque, quando nos dirigimos a Deus pela oração dominical, nós o suplicamos mediante uma oração digna d'Ele.

(cont.)

Revisão da versão portuguesa por ama




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