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25/09/2014

Reflectindo - 39

DE PROFUNDIS


Por cima do meu mar revolto levantou-se um nevoeiro espesso que me envolvia como num manto ou, talvez, uma mortalha bem à minha medida já que não conseguia mexer-me. Queria muito tocar o nevoeiro, a sua textura, de que era feito. Parecia-me como que uma espuma das ondas do mar bravio mas, ao mesmo tempo, também se apresentava como uma nuvem etérea de uma tarde de Inverno, mas, as minhas mãos não me obedeciam. Estavam onde deviam estar, nas extremidade dos braços, aparentemente prontas e disponíveis para o que fosse preciso, mas... não, não conseguia movê-las, ou melhor, moviam-se como se tivessem vontade própria, para coçar uma comichão no nariz, a mão direita ia "viajar" até à nuca, depois ao pescoço e, quando lhe parecia, lá tocava no nariz. Entretanto, a esquerda, para carregar no botão do telemóvel para atender uma chamada, encarava o serviço como algo tão difícil e custoso que, normalmente, quem me chamava, desistia.

Nevoeiro e mar... que mais, Senhor, que mais mandas? Olha que eu... não posso, sou fraco, débil, tenho medo!

Ne timeas!

Ouvi-Te e... deixei-me “ir” murmurando como podia: 'Gratias tibi, Gratibi'



(ama, reflexões, no hospital, 2007)

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