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12/08/2014

Temas para meditar 203


Vida humana


Ainda que a vida do homem se pareça, em muitos aspectos, com a vida animal, é evidente que apresenta diferenças profundíssimas. A sua conduta não obedece sempre a um estímulo externo, como afirmam, por exemplo, alguns psicólogos conductistas. Isto sucede nos animais, mas não no homem que pode pensar e querer livremente: quer dizer, que tem uma actividade interior que transcende o ambiente que o rodeia e com a qual adquire consciência do seu próprio eu.
Esta actividade interior, deve-se a que o homem não é só matéria dotada de vida - como pretende o materialismo mas a possuir uma alma espiritual que, certamente, não se pode ver, porque é invisível, mas que existe realmente e informa todo o corpo. Nela residem a inteligência e a vontade.
Por ser espiritual, a alma humana, não pode dividir-se nem corromper-se: é imortal. Pelo contrário, o corpo, por ser material, pode corromper-se e deixar de ser um corpo humano. Quando isto sucede, sobrevém a morte, que é a separação da alma do corpo, mas não morre todo o homem, pois a alma continua vivendo, separada temporalmente do corpo. Esta verdade fundamental sobre o homem - a imortalidade da sua alma - é-nos revelada pela fé, e, de alguma maneira, é intuída por muitos homens, que experimentam no mais fundo do seu ser, a aspiração de viver sempre, de uma vida eterna.
De qualquer modo, o corpo é também parte essencial do homem, contrariamente ao que afirmarão certos espiritualismos.
Na vida presente, a alma entende e quer sempre em união com o corpo, porque ambos, enquanto estão unidos, formam uma única substância, concretamente, para exercitar o entendimento espiritual, a alma utiliza os sentidos, o cérebro, etc.
Não obstante, esta união íntima não deve levar a confundir o que é próprio da alma espiritual com os órgãos corporais que utiliza (por ex. não é o mesmo, evidentemente, a inteligência e o cérebro)
A alma de cada homem é criada directamente por Deus, que a une ao corpo engendrado pelos pais. Não procede das almas destes, as quais, por serem espirituais, não podem dividir-se. Tão pouco procede de matéria por evolução pois é espírito.
Da espiritualidade da alma deriva a liberdade do homem, que faz com que a Vida Humana, a partir do uso da razão, não esteja regido só por leis físicas ou biológicas, mas também pela lei moral que assinala o modo pelo qual o homem deve comportar-se para proceder bem e alcançar a sua própria perfeição e felicidade.
Também pela espiritualidade da alma, o homem é a «imagem de Deus» (Gen. 1, 26) pois «Deus é espírito» (Job. 4, 24) Nisto radica a dignidade humana, por isto o homem não é algo mas alguém, não é uma simples coisa, mas uma pessoa sujeito a direitos fundamentais. (a vida, liberdade, etc.)
Quando não se reconhece a liberdade espiritual do homem - como sucede onde existe o materialismo teórico ou prático - é explicável que, com frequência, tão pouco se reconheçam os direitos humanos, ou que se aceitem como uma simples declaração convencional, como se não fundamentassem na mesma natureza humana, ou então se respeitem só quando e se for conveniente.

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