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17/07/2014

Reflectindo - 29

Oportunidade perdida

Ontem, Domingo, depois da Missa das 18.15, fui pôr gasolina no automóvel.
No balcão onde servem café e outras coisas ligeiras, estava um homem, novo, em grande conversa com o único empregado.
Dei-me conta que não era bem uma conversa mas, antes, um monólogo já que o tal funcionário, não dava qualquer sinal que lhe interessasse o que o outro dizia.

Pedi um descafeinado e um queque.

Logo o sujeito se largou a rir. Explicou: ‘esta do “queque” fez-me lembrar uma anedota, aliás eu tenho anedotas sobre qualquer assunto, sabe?’

O empregado só lhe respondeu: ‘o senhor é muito bem-disposto!’

O outro que se dirigia para a saída - reparei que usava uma muleta e se movia com dificuldade - voltou-se e disse:
‘Mas eu tenho motivos mais que suficientes para ser bem-disposto e alegre, ainda há três meses estava no hospital com uma paralisia total e os médicos diziam-me que, caso saísse dali, seria para uma carreira de rodas até ao fim dos meus dias.
No entanto, repare... E mesmo esta muleta irá para o lixo um dia destes.
Não acha que tenho motivos para estar contente?’

Sem resposta nenhuma, voltou-nos as costas e foi-se embora.

Não tenho pensado noutra coisa: a minha indiferença, falta de solidariedade, não ter dito uma palavra de coragem, feito um gesto de admiração.
Não fiz NADA, aquele homem, para mim, naquele lugar, no Domingo à tarde, foi como se não existisse.
A minha “importância” e “dignidade” classificaram-no logo como “um daqueles fulanos chatos que só querem meter conversa”.

Estou arrependidíssimo mas, de pouco vale.

Provavelmente nunca mais encontrarei aquele sujeito.

Perdi, definitivamente, uma oportunidade que me foi oferecida de ser solidário para com o meu próximo!

(ama, reflexões, 2010)


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