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28/07/2014

Evangelho e comentário, Leit. Espiritual (Cong para a Doutrina da Fé - Sobre a oração)


Tempo comum XVII Semana


Evangelho: Mt 13, 31-35

31 Propôs-lhes outra parábola, dizendo: «O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. 32 É a mais pequena de todas as sementes, mas, depois de ter crescido, é maior que todas as hortaliças e chega a tornar-se uma árvore, de modo que as aves do céu vêm aninhar nos seus ramos». 33 Disse-lhes outra parábola: «O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha até que tudo esteja fermentado». 34 Todas estas coisas disse Jesus ao povo em parábolas; e não lhes falava sem parábolas, 35 a fim de que se cumprisse o que estava anunciado pelo profeta, que diz: “Abrirei em parábolas a Minha boca, publicarei as coisas escondidas desde a criação do mundo”»

Comentário:

Podemos perguntar-nos por vezes, porque é que Jesus, ao povo, só falava por meio de palavras e aos discípulos explicava com clareza o que queria transmitir.
Entre outras, podem considerar-se estas razões:
Primeira: porque respeitando a liberdade de cada um, se lhes falasse com clareza, não poderiam senão acreditar nele, de contrário, condenar-se-iam;
Segunda: os discípulos conhecem e acreditam em Jesus, as explicações, portanto, são para enriquecer o que já sabem;
Terceira: no modo de falar, no Oriente de então eram usadas, frequentemente as imagens para que as populações ignaras e incultas melhor assimilassem o que ouviam;
Quarta: Cristo, o Profeta por excelência, usa a linguagem dos profetas o que, de certo modo, 'reforça' a Sua autoridade.
Assim é que, por exemplo, os dois de Emaús, a Ele se referem como:
«um profeta, poderoso em obras e em palavras diante de Deus e de todo o povo». (Cf. Lc 24, 19)

(ama, comentário sobre Mt 13, 31-35, 2012.07.30)

Leitura espiritual


Documentos do Magistério

CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

CARTA AOS BISPOS DA IGREJA CATÓLICA ACERCA DE ALGUNS ASPECTOS DA MEDITAÇÃO CRISTÃ (*)


I. INTRODUÇÃO

1. Em muitos cristãos do nosso tempo manifesta-se vivo o desejo de aprender a orar de modo autêntico e profundo, não obstante as não poucas dificuldades que a cultura moderna opõe à exigência advertida de silêncio, de recolhimento e de meditação. O interesse que algumas formas de meditação conexas com certas religiões orientais e com os seus modos peculiares de oração têm suscitado nestes anos, também entre os cristãos, constitui um sinal notável desta necessidade de recolhimento espiritual e dum profundo contacto com o mistério divino. Perante este fenómeno, adverte-se, todavia, de diversas partes, a necessidade de dispor de critérios seguros, de carácter doutrinal e pastoral, que permitam educar à oração nas suas variegadas manifestações, permanecendo sempre na luz da verdade revelada em Jesus, segundo a genuína tradição da Igreja. A tal urgência procura responder a presente Carta, a fim de que, nas várias Igrejas particulares, a pluralidade de formas, mesmo novas, de oração, não lhes faça nunca perder de vista a exacta natureza pessoal e comunitária desta. As presentes indicações dirigem-se, em primeiro lugar, aos Bispos, para que as façam objecto de solicitude pastoral em favor das Igrejas que lhes foram confiadas, de modo que todo o povo de Deus — sacerdotes, religiosos e leigos — seja incitado a rezar, com renovado vigor, ao Pai, mediante o Espírito de Cristo Nosso Senhor.

2. O contacto cada vez mais frequente com outras religiões e com os seus diversos estilos e métodos de oração, tem induzido, nos últimos decénios, muitos fiéis a interrogar-se sobre o valor que podem representar, para os cristãos, formas não cristãs de meditação. O interrogativo refere-se sobretudo aos métodos orientais. “1) Há quem procure hoje tais métodos por motivos terapêuticos: a inquietude espiritual duma vida submetida ao ritmo agitado da sociedade tecnologicamente avançada, impele também um certo número de cristãos a procurar em tais métodos um caminho de distensão interior e de equilíbrio psíquico. Este aspecto psicológico não será tomado em consideração na presente Carta, a qual deseja mais propriamente pôr em evidência as implicações teológicas e espirituais da questão. Outros cristãos, na esteira do movimento de abertura e de diálogo com religiões e culturas diversas, são do parecer que a própria oração tem muito a ganhar mediante o recurso a tais métodos. Chamando a atenção para o facto de que, em tempos recentes, não poucos métodos tradicionais de meditação próprios do cristianismo foram caindo em desuso, alguns cristãos perguntam: não seria possível, mediante uma nova educação à oração, enriquecer a nossa herança tradicional, incorporando nela elementos que lhe têm sido até aqui alheios?

3. Para responder a esta questão, é preciso esclarecer, em primeiro lugar, mesmo que seja só nas suas grandes linhas, em que consiste a natureza íntima da oração cristã, examinando em seguida, se e como possa ser melhorada por métodos desenvolvidos no contexto de religiões e culturas diversas. Para tal fim, é necessário formular uma premissa decisiva. A oração cristã é sempre determinada pela estrutura da fé cristã, na qual resplandece a verdade mesma de Deus e da criatura. Por isso mesmo, falando com propriedade, a oração assume a forma dum diálogo pessoal, íntimo e profundo, entre o homem e Deus. A oração exprime, por conseguinte, a comunhão das criaturas redimidas com a Vida íntima das Pessoas Trinitárias. Nesta comunhão que se funda sobre o baptismo e sobre a eucaristia, fonte e cume da vida da Igreja, encontra-se implícita uma atitude de conversão, um êxodo do eu para o Tu de Deus. A oração cristã, portanto, é sempre ao mesmo tempo autenticamente pessoal e comunitária. Por esta razão, recusa técnicas impessoais ou centradas sobre o eu, as quais tendem a produzir automatismos nos quais o orante cai prisioneiro dum espiritualismo intimista, incapaz duma livre abertura para o Deus transcendente. Na Igreja, a legítima busca de novos métodos de meditação deverá ter sempre em conta que, numa oração autenticamente cristã, é essencial o encontro de duas liberdades: a infinita, de Deus, e a finita, do homem.

II. A ORAÇÃO CRISTÃ À LUZ DA REVELAÇÃO

4. É a Bíblia mesma que ensina como deve rezar o homem que acolhe a revelação. No Antigo Testamento, existe uma maravilhosa colecção de orações, a qual se conservou viva através dos séculos também na Igreja de Jesus Cristo, em que se tornou a base de oração oficial: o Livro dos Salmos. “2) Orações do género dos Salmos encontram-se já em textos mais antigos ou ecoam de algum modo em passos mais recentes do Antigo Testamento. “3) As orações do Livro dos Salmos narram sobretudo as grandes obras de Deus em favor do povo eleito. Israel medita, contempla e torna presentes as maravilhas de Deus, relembrando-as por meio da oração. Na revelação bíblica, Israel reconhece e louva a Deus presente em toda a criação e no destino de cada homem. Assim invoca-O, por exemplo, como quem socorre no perigo, na doença, na perseguição, na tribulação. Por último, sempre à luz das suas obras de salvação, Deus é celebrado na sua divina potência e bondade, na sua justiça e misericórdia, na sua real majestade.

5. Em virtude das palavras, das obras, da Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo, no Novo Testamento a fé reconhece n’Ele a definitiva auto-revelação de Deus, a Palavra encarnada que manifesta as profundidades mais íntimas do seu amor. É o Espírito Santo que faz penetrar nestas profundidades de Deus, pois é Ele quem, enviado ao coração dos crentes, «sonda todas as coisas, até mesmo as profundidades de Deus» (1 Cor. 2, 10). O Espírito, segundo a promessa de Jesus aos discípulos, explicará tudo o que o mesmo Jesus não podia ainda dizer-lhes. O Espírito, porém, «não falará de si mesmo … Ele me glorificará porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará» (Jo. 16, 13 seg.). O que Jesus chama aqui «seu» é, como explica a seguir, também de Deus Pai, porque «Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse: Ele receberá do que é meu e vo-lo anunciará» (Jo. 16, 15).

Com plena consciência, os autores do Novo Testamento falam sempre da revelação de Deus em Cristo no âmbito duma visão iluminada pelo Espírito Santo. Os Evangelhos Sinópticos narram as obras e as palavras de Jesus Cristo, baseando-se na compreensão mais profunda, adquirida depois da Páscoa, daquilo que os discípulos tinham visto e ouvido; todo o Evangelho de S. João se inspira na contemplação d’Aquele que desde o princípio é o Verbo de Deus feito carne; Paulo, a quem Jesus apareceu na sua majestade divina no caminho de Damasco, procura educar os fiéis para que « tenham condições para compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade (do Mistério de Cristo) e conhecer o amor de Cristo que excede todo o conhecimento, para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus» (Ef. 3,18 seg.). Para Paulo, o “Mistério de Deus é Cristo no qual se acham escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Col. 2, 3) e — continua o Apóstolo —: “Digo isto para que ninguém vos engane com argumentos capciosos» (ibidem, v. 4).

6. Existe, portanto, uma relação estreita entre a revelação e a oração. A Constituição dogmática Dei Verbum ensina-nos que, mediante a sua revelação, o Deus invisível «na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos (cfr. Ex. 33, 11; Jo. 15, 14-15) e convive com eles (cfr. Bar. 3, 38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele». “4)

Esta revelação actuou-se mediante palavras e obras que sempre mutuamente se implicam; desde o princípio e sem descontinuidade, tudo converge para Cristo, plenitude da revelação e da graça, e para o dom do Espírito Santo. Este Espírito torna o homem capaz de acolher e de contemplar as palavras e as obras de Deus, de dar-Lhe graças e de O adorar na assembleia dos fiéis e na intimidade do próprio coração iluminado pela graça. Por esta razão, a Igreja recomenda sempre a leitura de palavra de Deus como fonte da oração cristã e, ao mesmo tempo, exorta a descobrir o sentido profundo da Sagrada Escritura através da oração «para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem»; porque «a Ele falamos, quando rezamos; a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos». “5)

7. De quanto foi recordado, derivam imediatamente algumas consequências. Se a oração do cristão se deve inserir no movimento trinitário de Deus, também o seu conteúdo essencial deverá ser determinado necessariamente pela dupla direcção de tal movimento: no Espírito Santo o Filho vem ao mundo para reconciliá-lo com o Pai, mediante as suas obras e os seus sofrimentos; por outro lado, no mesmo movimento e no mesmo Espírito, o Filho encarnado regressa ao Pai, cumprindo a sua vontade através da Paixão e da Ressurreição. O «Pai-nosso», a oração de Jesus, indica claramente a unidade deste movimento: a vontade do Pai deve realizar-se assim na terra como no céu; os pedidos do pão, do perdão, da protecção explicitam as dimensões fundamentais da vontade de Deus a nosso respeito, para quem uma nova terra viva na Jerusalém celeste.

É à Igreja que a oração de Jesus “6) é entregue «assim vós deveis rezar», (Mt. 6, 9), e por isso a oração cristã, mesmo quando se realiza em solidão, possui na realidade o seu ser no interior daquela «comunhão dos santos», na qual e com a qual se reza, tanto em forma pública e litúrgica como em forma privada. Portanto, a oração cristã deve realizar-se sempre no espírito autêntico da Igreja em prece e, por isso, sob a sua orientação, que pode concretizar-se às vezes numa direcção espiritual experimentada. O cristão, mesmo quando se encontra só e reza em segredo, tem consciência de orar sempre em união com Cristo, no Espírito Santo, juntamente com todos os santos, para o bem da Igreja. “7)

III. MODOS ERRÓNEOS DE ORAR

8. Já nos primeiros séculos se insinuaram na Igreja modos erróneos de rezar. Alguns textos do Novo Testamento (cfr. 1 Jo. 4, 3; 1 Tim. 1, 3-7 e 4, 3-4) permitem reconhecer vestígios de tais modos. Em seguida, podem-se relevar dois extravios fundamentais: a pseudo-gnose e o messalianismo, de que tiveram de se ocupar os Padres da Igreja. Dessa experiência cristã primitiva e da atitude assumida pelos Padres, pode-se aprender muito sobre o modo de enfrentar a problemática contemporânea.

Contra o extravio da pseudo-gnose, “8) os Padres afirmam que a matéria foi criada por Deus e por isso não é má. Além disso, asseveram que a graça, cujo manancial é sempre o Espírito Santo, não é um bem próprio da alma, mas deve ser obtida de Deus como dom. Por isso, a iluminação ou conhecimento superior do Espírito «gnose» não torna supérflua a fé cristã. Por último, para os Santos Padres, o sinal autêntico dum conhecimento superior, fruto da oração, é sempre a caridade cristã.

9. Se a perfeição da oração cristã não pode ser avaliada tomando como medida a sublimidade do conhecimento gnóstico, também não pode ser julgada em referência à experiência do divino, como pretende o messianismo. “9) Estes falsos carismáticos do século IV identificavam a graça do Espírito Santo com a experiência psicológica da sua presença na alma. Contra eles, os Padres insistiam no ponto firme que a união da alma orante com Deus se realiza no «mistério», de modo particular através dos sacramentos da Igreja. Tal união pode realizar-se também por meio de experiências de aflição e de desolação. Contrariamente à opinião dos Messialianos, a aflição e a desolação não constituem um sinal de que o Espírito tenha abandonado a alma. Como os mestres espirituais sempre reconheceram claramente, podem até, pelo contrário, ser uma participação autêntica no estado de abandono de Nosso Senhor sobre a cruz, o qual Senhor é sempre o modelo e o mediador da oração. “10)

10. Ambas estas formas de erros continuam a constituir uma tentação para o homem pecador. Instigam-no, de facto, a procurar ultrapassar a distância que separa a criatura do Criador, como coisa que não deveria existir; levam-no a considerar o caminho de Cristo na terra, mediante o qual Ele quer conduzir-nos ao Pai, como realidade « superada »; induzem também a rebaixar o que é concedido como pura graça, ao nível de psicologia natural, como «conhecimento superior» ou como «experiência». Reaparecidas de vez em quando na história à margem da oração da Igreja, tais formas erróneas parecem impressionar hoje novamente muitos cristãos, apresentando-se-lhes como remédio quer psicológico quer espiritual, e como processo rápido para encontrar a Deus. “11)

11. Estas formas erróneas, porém, onde quer que se apresentem, podem ser diagnosticadas de modo muito simples. A meditação cristã orante procura encontrar nas obras salvadoras de Deus em Cristo Verbo encarnado, e no dom do seu Espírito, a profundidade divina que nessas obras se revela sempre mediante a dimensão humano-terrena. Naqueles métodos de meditação, pelo contrário, mesmo quando o ponto de partida é constituído por palavras e obras de Jesus, procura-se prescindir, o mais que se pode, de tudo o que é terreno, sensível e conceptualmente limitado, para subir ou « imergir-se » na esfera do divino que, em quanto tal, não é nem terrestre, nem sensível, nem conceptualizável. “12) Esta tendência, presente já na religiosidade grega tardia (especialmente no «Neoplatonismo»), aparece geralmente na inspiração religiosa de muitos povos, quando estes cheguem a reconhecer a precariedade das próprias representações do divino e das suas tentativas de aproximar-se dele.

12. Com a actual difusão dos métodos orientais de oração no mundo cristão e nas comunidades eclesiais, encontramo-nos de frente a um acentuado renovar-se da tentativa, não isenta de riscos e erros, de fundir a meditação cristã com a não cristã. As propostas nesta direcção são numerosas e mais ou menos radicais: algumas utilizam os métodos orientais somente com a finalidade duma preparação psico-física em vista duma contemplação realmente cristã; outras vão mais além e procuram produzir, com técnicas diversas, experiências espirituais análogas àquelas de que se fala nos escritos de certos místicos católicos; “13) outras ainda não receiam colocar o absoluto sem imagens e conceitos, próprio da teoria budista, “14) no mesmo plano da majestade de Deus revelada em Cristo, a qual transcende toda a realidade finita. Nesse sentido servem-se duma espécie de «teologia negativa» que supera qualquer afirmação dotada de conteúdo a propósito de Deus, negando que as coisas do mundo possam ser vistas como um vestígio que reenvia para a sua Infinidade. Por esta razão, propõem que se abandone não somente a meditação das obras salvadoras realizadas na história pelo Deus da Antiga e da Nova Aliança, mas também a ideia mesma de Deus Uno e Trino, que é amor, em favor duma imersão «no abismo indeterminado da divindade». “15)

Estas propostas ou outras análogas de harmonização entre a meditação cristã e as técnicas orientais, deverão ser continuamente examinadas mediante um cuidadoso discernimento de conteúdos e de método, para evitar a queda num pernicioso sincretismo.
(cont.)
__________________________
Notas:
* AAS 82 (1990) 362-379.
1. Com a expressão «métodos orientais» entendem-se os métodos inspirados no Induísmo e no Budismo, como o « Zen » ou a « Meditação transcendental », ou o « Yoga ». Trata-se, portanto, de métodos de meditação do Extremo Oriente não cristão, que hoje são usados frequentemente também por parte de alguns cristãos na meditação. As orientações de princípio e de método contidas no presente documento querem ser um ponto de referência válido não só em relação a este problema, mas também, mais em geral, para as diversas formas de oração hoje praticadas nas realidades eclesiais, particularmente nas Associações, Movimentos e Grupos.
2. Sobre o Livro dos Salmos na oração da Igreja, cfr. Institutio generalis de Liturgia Horarum, nn. 100-109.
3. Cfr., por ex., Ex. 15, Dt. 32, 1 Sam. 2, 2 Sam. 22, certos textos proféticos, 1 Cr. 16.
4. Const. dogm. Dei Verbum, n. 2. Este documento oferece outras indicações substanciosas para uma compreensão teológica e espiritual da oração cristã; vejam-se, por. ex., os nn. 3, 5, 8, 21.
5. Const. dogm. Dei Verbum, n. 25.
6. Sobre a oração de Jesus, veja-se a Institutio generalis de Liturgia Horarum, nn. 3-4.
7. Cfr. Institutio generalis de Liturgia Horarum, n. 9.
8. A pseudo-gnose considerava a matéria como algo de impuro, de degradado, que envolvia a alma numa ignorância, de que a oração devia livrá-la, para a elevar ao conhecimento superior e portanto à pureza. Certamente, não todos eram capazes de tal elevação, mas só os homens verdadeiramente espirituais; para os simples fiéis bastavam a fé e a observância dos mandamentos de Cristo.
9. Os messalianos foram já denunciados por Santo Efrém Sírio (Hymni contra Haereses 22, 4, ed. Beck, CSCO 169, 1957, p. 79) e, em seguida, entre outros, por Epifânio de Salamina (Panarion, chamado também Adversus Haereses: PG 41, 156-1200; PG 42, 9-832) e por Anfilóquio, Bispo de Icónio (Contra haereticos: G. Ficker, Amphilochiana, 1. Leipzig 1906, 21-77).
10. Cfr., por ex., S. João da Cruz: Subida del Monte Carmelo, II, cap. 7, 11.
11. Na idade Média existiam correntes extremistas à margem da Igreja, as quais são descritas, não sem ironia, por um dos grandes contemplativos cristãos, o flamengo Jan van Ruysbroek. Este Autor distingue na vida mística três tipos de descaminhos (Die gheestelike Brulocht 228, 12-230, 17; 230, 8-232, 22; 232, 23-236, 6) e aduz uma crítica geral a respeito destas formas de espiritualidade (236, 7-237, 29). Técnicas semelhantes foram sucessivamente individuadas e criticadas por Santa Teresa de Jesus, a qual observa, com perspicácia, que « o próprio cuidado que se tem em não pensar em nada, despertará o intelecto para pensar muito » e que deixar de parte o mistério de Cristo na meditação cristã é sempre uma espécie de « traição » (veja-se Santa Teresa de Jesus: Vida 12, 5 e 22, 1-5).
12. Recomendando a toda a Igreja o exemplo e a doutrina de Santa Teresa de Jesus, a qual, no seu tempo, teve de enfrentar a tentação de certos métodos que incitavam a prescindir da humanidade de Cristo, em favor duma vaga imersão no abismo da Divinidade, o Papa João Paulo II dizia numa homilia do dia 1 de Novembro de 1982, que o apelo de Teresa de Jesus em favor duma oração toda centrada em Cristo « é válido também nos nossos dias, contra certos métodos de oração que não se inspiram no Evangelho e que, praticamente, tendem a prescindir de Cristo, em favor dum vazio mental que no cristianismo não tem sentido. Qualquer método de oração é válido na medida em que se inspira em Cristo e conduz a Cristo, Via, Verdade e Vida (cfr. Jo. 14, 6)». Veja-se: Homilia Abulae habita in honorem Sanctae Teresiae: AAS 75 (1983), 256-257.
13. Veja-se, por exemplo, « A nuvem do não-conhecimento », obra espiritual dum anónimo escritor inglês do século XIV.
14. O conceito de «nirvana » significa, nos textos religiosos do Budismo, um estado de repouso que consiste na extinção de qualquer realidade concreta, enquanto transitória e, por isso, causa de ilusão e de dor.
15. Mestre Eckhart fala duma imersão « no abismo indeterminado da divindade », que é uma « treva na qual a luz da Trindade nunca refulgiu ». Cfr. Sermo “Ave gratia plena”, no fim (J. QUINT, Deutsche Predigten und Traktate, Hanser 1955, 261).



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