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27/06/2014

Jesus Cristo e a Igreja 21

O que dizem os evangelhos apócrifos?

Entre os Evangelhos Apócrifos que proliferaram na Igreja no século II e depois, há fundamentalmente três classes: aqueles dos quais só restaram alguns fragmentos escritos em papiro e que se assemelham bastante aos canónicos; aqueles que se conservaram completos e que narram, com sentido piedoso, coisas acerca de Jesus e da Santíssima Virgem; e aqueles que, sob o nome de um Apóstolo, ensinam doutrinas estranhas, diferentes das que a Igreja acreditava por meio da verdadeira tradição apostólica.
Os primeiros são escassos e não dizem nada de novo, quiçá porque se conhece pouco sobre o seu conteúdo. A estes pertencem os fragmentos do “evangelho de Pedro” que narram a Paixão.

Entre os segundos, o mais antigo é o chamado “ Protoevangelho de Tiago” que narra a permanência da Santíssima Virgem no templo desde os três anos e o modo como São José, que era viúvo, foi designado para cuidar de Nossa Senhora quando ela fez doze anos. Os sacerdotes do Templo reuniram todos os viúvos e um prodígio na vara que José trazia fez com que uma pomba aparecesse e assim ele fosse escolhido. Outros apócrifos mais tardios referem a mesma história – como é o caso do “Pseudo Mateus” – contando como a vara floresceu milagrosamente. O Protoevangelho também se detém a contar o nascimento de Jesus, quando São José ia com Maria até Belém. Conta que o Santo Patriarca procurou uma parteira, que pôde constatar a virgindade de Maria durante o parto. Numa linha parecida, outros apócrifos como “A Natividade de Maria” narram coisas como o nascimento da Virgem e a vida de Joaquim e Ana quando estes eram já anciãos. A infância de Jesus e os milagres que fazia quando era menino podem ler-se no “Pseudo Tomé”, e a morte de S. José é o tema principal da “História de José, o Carpinteiro”. Nos apócrifos árabes da infância, que são mais tardios, centra-se a atenção nos Reis Magos cujos nomes, que depois se tornaram populares, chegam a aparecer num apócrifo etíope. Um motivo muito caro a outros apócrifos, como o chamado “Livro do Repouso” ou o “Pseudo Melitão” foi a morte e a Assunção da Santíssima Virgem, narrando que morreu rodeada pelos Apóstolos e que o Senhor transportou o seu corpo num carro celeste. Todas estas lendas piedosas circularam com profusão na Idade Média e serviram de inspiração a muitos artistas.

Outro tipo de apócrifos são os que propunham doutrinas heréticas. Os Santos Padres citam-nos para os rebater e, com frequência, designam-nos pelos nomes daqueles que os conceberam, Marcião, Basílides ou Valentim, ou pelos destinatários aos quais iam dirigidos, como o dos Hebreus ou o dos Egípcios. Outras vezes, os mesmos Santos Padres acusam estes autores de exporem as suas próprias doutrinas sob o nome de um Apóstolo, de preferência Tiago ou Tomé. As informações dos Santos Padres confirmaram-se com a aparição de cerca de quarenta obras gnósticas em Nag Hammadi (Egipto) em 1945.
Normalmente apresentam supostas revelações secretas de Jesus que carecem de qualquer fundamento.
Habitualmente, imaginam o Deus criador como um deus inferior e perverso (o Demiurgo), e a aquisição da salvação por parte do homem a partir do conhecimento da sua procedência divina.

© www.opusdei.org - Textos elaborados por uma equipa de professores de Teologia da Universidade de Navarra, dirigida por Francisco Varo.


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