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06/05/2014

As sete palavras de Cristo na Cruz 6

Capítulo 1: Explicação literal da Primeira Palavra: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.» 5

Pois não sabem o que fazem. Para que sua oração seja razoável, Cristo diminui-se, ou, mais ainda, dá a desculpa que possa pelos pecados de seus inimigos. Ele certamente não podia desculpar a injustiça de Pilatos, ou a crueldade dos soldados, ou a ingratidão da gente, ou o falso testemunho daqueles que perjuraram. Então, não restou a Ele mais que desculpar-lhes a falta alegando ignorância. Pois com verdade o Apóstolo observa: “porque, se a tivessem conhecido, nunca teriam crucificado o Senhor da glória” 12. Nem Pilatos, nem os sumos sacerdotes, nem o povo sabiam que Cristo era o Senhor da Glória. Ainda assim, Pilatos o sabia um homem justo e santo, que fora entregue pela inveja dos sumos sacerdotes, e os sumos sacerdotes sabiam que Ele era o Cristo prometido, como ensina Santo Tomás, porque não podiam — nem o fizeram — negar que tinha operado muitos dos milagres que os profetas tinham predito que o Messias operaria. Enfim, a gente sabia que Cristo tinha sido condenado injustamente, pois Pilatos publicamente lhe dissera: “não encontrei nele culpa alguma” 13, e “Eu sou inocente do sangue deste justo” 14.

Mas, conquanto os judeus, tanto o povo como os sacerdotes, não soubessem o fato de que Cristo era Senhor da Glória, ainda assim não teriam permanecido neste estado de ignorância se sua malícia não os tivesse cegado. De acordo com as palavras de São João: “E, tendo ele feito tantos milagres em sua presença, não criam nele, para se cumprir a palavra do profeta Isaías, quando disse: [...] Obcecou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração para que não vejam com os olhos e não entendam com o coração, e não se convertam, e eu não os sare” 15.

são roberto belarmino

(Tradução: Permanência, revisão ama).
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Notas:
12. 1Cor 2,8.
13. Lc 23,14.
14. Mt 27,24.
15. Jo 12,37-40.
As sete palavras de Cristo na Cruz 7


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