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30/05/2014

As sete palavras de Cristo na Cruz 30

Capítulo 5: O primeiro fruto que se há-de colher da consideração da segunda Palavra dita por Cristo na Cruz. 2

O ladrão não é o único que experimentara a liberalidade do Cristo. Os apóstolos, que tudo abandonaram — seja um barco, um ofício de coletor de impostos ou um lar — para servir ao Cristo, foram feitos por Ele “príncipes de toda a terra" 2, submetendo-lhes demônios, serpes e toda casta de enfermidades. Se algum homem deu por esmola alimento ou vestimenta aos pobres em nome de Cristo, escutará estas palavras consoladoras no Dia do Juízo: “Tive fome, e me deste de comer... estava desnudo, e me vestiste" 3, receba tua recompensa, e entra na posse do meu Reino Eterno. Enfim, para não nos demorarmos em muitas outras promessas de recompensa, poderia o homem crer na quase inacreditável liberalidade do Cristo, se não fosse o mesmo Deus quem prometesse que “todo o que deixar a casa, ou os irmãos ou irmãs, ou o pai ou a mãe, ou os filhos, ou os campos, por causa do meu nome, receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna"? 4

São Jerónimo e os outros santos doutores interpretam o texto acima citado desta maneira: se um homem, pelo amor do Cristo, abandona tudo nesta vida presente, receberá uma dupla recompensa em adição à vida de valor incomparavelmente maior que a pequenez da que se deixara. Em primeiro lugar, receberá um gozo ou dom espiritual nessa vida, cem vezes mais precioso que o objeto temporal que pelo Cristo desprezara; um homem espiritual escolheria antes conservar esse dom à substituí-lo por cem casas ou campos, ou outras coisas semelhantes. Em segundo lugar — como se Deus Todo-poderoso considerasse tal recompensa como de pequeno ou nenhum valor — o feliz comerciante que troca bens terrenos por celestiais receberá no outro mundo a vida eterna, palavra esta que contém um oceano de todo o bem.

são roberto belarmino

(Tradução: Permanência, revisão ama).

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Notas:
2. Sal 45,17.
3. Mt 25,35.36.
4. Mt 19, 29.1. Lc 6,38.


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