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22/05/2014

As sete palavras de Cristo na Cruz 22

Capítulo 4: Explicação textual da segunda palavra: “Amém, Eu te digo: Hoje estarás comigo no paraíso. 4

Mas, pode-se objectar, não era Cristo Nosso Senhor Rei antes de sua morte? Sem dúvida o era, e por isso os Reis Magos inquiriam insistentemente: “Onde está o Rei dos Judeus, que nasceu?” 10 E o mesmo Cristo disse a Pilatos: “Sim, tu o dizes, sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo: para dar testemunho da verdade” 11. Mas Ele era Rei neste mundo tal como um viajante entre estranhos, daí não ser reconhecido como tal senão por uns tantos, sendo humilhado e mal recebido pela maioria. Assim, na parábola que vimos de citar, diz-se que iria “a um país distante, a fim de ser investido da realeza”. Não digo que Ele a adquiriria da parte de outro, mas que a receberia como sua própria, e retornaria. E o ladrão observou sabiamente: “quando retornardes com vosso reino”. Nessa passagem, o reino do Cristo não é sinônimo de poder ou soberania régia, porque o exercera desde o princípio, conforme estes versículos dos Salmos: “Em Sião, já tenho eu consagrado a meu rei meu monte santo” 12. “Dominará de mar a mar, desde o Rio até aos confins da terra” 13. E conforme Isaías: “Porque uma criatura nos nasceu, um filho nos foi dado. O senhorio habitará por sobre seu ombro” 14. E conforme Jeremias: “Suscitarei a Davi um Rebento justo: reinará um rei prudente, praticará o direito e a justiça, na terra” 15. E conforme Zacarias: “Exulta à larga, filha de Sião; grita de júbilo, filha de Jerusalém! Eis que aqui vem a ti teu rei: justo ele e vitorioso, humilde e montado em um asno, um burrico, cria de jumenta” 16. Por isso, na parábola do advento do Reino, Cristo não se referia a um poder soberano, e tampouco, em sua petição, o bom ladrão: “lembrai-vos de mim quando retornardes com vosso reino”, mas ambos falavam dessa perfeita dita, que liberta o homem da servidão e da angústia dos assuntos temporais, submetendo-os tão-somente a Deus, para quem servir é reinar, e pelo qual fora posto acima de todas as suas obras. Deste reino, de inefável dita à alma, Cristo gozou desde o momento de sua concepção, mas a dita do corpo — que era sua por direito — não a gozou efectivamente até sua Ressurreição. Uma vez que fora um forasteiro neste vale de lágrimas, estava submetido a fadigas, fome e sede; as lesões, feridas, e à morte.

são roberto belarmino

(Tradução: Permanência, revisão ama).

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Notas:
10. Mt 2,2.
11. Jo 18,37.
12. Sl 2,6.
13. Sl 72,8.
14. Is 9,5.
15. Jr 23,5.
16. Zc 9,9.


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