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14/05/2014

As sete palavras de Cristo na Cruz 14

Capítulo 3: O segundo fruto que se há-de colher da consideração da primeira Palavra dita por Cristo na Cruz 3

Quanto ao argumento de que um animal é levado por sua própria natureza a atacar o animal inimigo de sua espécie, respondo que isto é o resultado de serem animais irracionais, que não podem distinguir entre a natureza e o que é vicioso na natureza. Mas os homens, que são dotados de razão, hão-de traçar uma linha entre a natureza ou a pessoa, que, criadas por Deus, são boas, e o vício ou o pecado que é mau e não procede de Deus. Da mesma maneira, quando um homem for insultado, deve amar a pessoa de seu inimigo e odiar o insulto, e deve antes se compadecer dele que se perturbar com ele, assim como um médico que ama seus pacientes e lhes prescreve com o devido cuidado, mas que odeia a enfermidade e luta com todos os recursos a sua disposição para afugentá-la, destruí-la, torná-la inofensiva. E isto é o que o Mestre e Doutor de nossas almas, Cristo Nosso Senhor, ensina quando diz: "Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos perseguem e caluniam" 2. Cristo, nosso Mestre, não é como os Escribas e Fariseus que se sentavam na cátedra de Moisés e ensinavam, mas não praticavam o que ensinavam. Quando subiu ao púlpito da Cruz, Ele praticou o que ensinou ao rezar por seus inimigos, que amava: "Pai, Perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". Porém, a razão pela qual a visão de um inimigo faz que em algumas pessoas o sangue ferva em suas veias, é esta: são animais que não aprenderam a trazer as moções da parte inferior da alma, comum tanto à raça humana como à criação selvagem, sob o domínio da razão, ao passo que os homens espirituais não estão sujeitos a estes movimentos da carne, pois sabem como mantê-los controlados, e não se turbam com aqueles que os injuriaram, senão que, ao contrário, se compadecem, e, estendendo a eles atos de bondade, se esforçam por levar-lhes a paz e a unidade.

são roberto belarmino

(Tradução: Permanência, revisão ama).

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Notas:
2. Mt 5,44.


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