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20/02/2014

Leitura espiritual para Fev 20

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 14, 32-52

17 Chegada a tarde, foi Jesus com os doze. 18 Quando estavam à mesa e comiam, disse Jesus: «Em verdade vos digo que um de vós, que come comigo, Me há-de entregar». 19 Então começaram a entristecer-se, e a dizer-Lhe um por um: «Porventura sou eu?». 20 Ele disse-lhes: «É um dos doze que se serve comigo do mesmo prato. 21 O Filho do Homem vai, segundo está escrito d'Ele, mas, ai daquele homem por quem for entregue o Filho do Homem! Melhor fora a esse homem não ter nascido». 22 Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, depois de pronunciada a bênção, partiu-o, deu-lho e disse: «Tomai, isto é o Meu corpo». 23 Em seguida, tendo tomado o cálice, dando graças, deu-lho, e todos beberam dele. 24 E disse-lhes: «Isto é o Meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por todos. 25 Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até àquele dia em que o beberei novo no reino de Deus». 26 Cantados os salmos, foram para o monte das Oliveiras. 27 Então Jesus, disse-lhes: «Todos vós vos escandalizareis, pois está escrito: “Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão”. 28 Mas, depois de Eu ressuscitar, preceder-vos-ei na Galileia». 29 Pedro, porém, disse-Lhe: «Ainda que todos se escandalizem a Teu respeito, eu não». 30 Jesus disse-lhe: «Em verdade te digo que hoje, nesta mesma noite, antes que o galo cante a segunda vez, Me negarás três vezes». 31 Porém, ele insistia ainda mais: «Ainda que seja preciso morrer contigo, não Te negarei». E todos diziam o mesmo.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia


b) Jesus Cristo representa vicariamente todos os homens ante Deus

    Deus destinou Cristo a ser o salvador de todos. Portanto a graça e as acções de Cristo não terminam n’Ele, mas sim estão ordenadas no desígnio divino da salvação do género humano: ante Deus a obra de Cristo termina em nós.
Assim pois, Cristo, em virtude do desígnio divino da nossa salvação, representa os homens ante Deus e oferece-se por todos, para merecer e reparar o pecado dos homens.
Nesta obra actua como Cabeça da humanidade, representando todos e conseguindo «para nós» o que não podíamos conseguir. Isto é o que expressa a fórmula habitual de representação «vigário» de Cristo: do «justo pelos injustos, para levá-los a Deus» (1 Pe 3,18), de um por todos, «em favor de» todos.

    Há que assinalar que Jesus nos representa, mas propriamente não nos substitui, ou só em algum aspecto, pois, por exemplo, não decide por nós, uma vez que nós devemos arrepender-nos dos pecados e incorporar-nos voluntariamente n’Ele como seus membros; e tão pouco nesta vida nos poupa as penas do pecado, a morte incluída[1].

c) Cristo tem o poder de salvar os homens: Ele é o autor da salvação

    Deus dispôs que Jesus seja o novo Adão, a Cabeça e o princípio da vida sobrenatural da linhagem humana.

Por isso a sua humanidade, como instrumento do Verbo, tem o poder de salvar todos.

De modo que Ele é o autor e o princípio da salvação:

é «o autor da vida» (Act 3,15; cf. Jo 11,25); é como uma fonte inexaurível de vida divina no próprio seio da linhagem humana: «Ele, segundo a sua humanidade, é de alguma forma o princípio de toda a graça de modo semelhante a como Deus é princípio de todo o ser, (…) e por isto tem razão de cabeça»[2].

***

    Agora passaremos a estudar os actos concretos pelos quais Jesus Cristo nos redime, tendo presente que actua sempre como nosso Mediador e Cabeça, por isso as suas obras servem para a nossa salvação.


Capítulo IX

OS MISTÉRIOS DA VIDA TERRENA DE CRISTO E O SEU VALOR REDENTOR

    Na primeira parte vimos o mistério da Encarnação do Filho de Deus, e agora, neste capítulo e nos seguintes, consideraremos outros mistérios da vida de Jesus, ainda que, pela reduzida extensão deste livro, só examinaremos brevemente alguns.

1. Toda a vida de Cristo forma parte do mistério redentor

a) Mistérios da vida de Cristo aos quais se deve a redenção do homem

    O Credo menciona os mistérios da vida de Cristo – desde a Encarnação até à sua Ascensão aos céus e a sua segunda vinda – sob o enunciado:

«por nós homens e por nossa salvação».

Com isto significa-se que a redenção do homem se deve a cada um desses mistérios e, ao mesmo tempo, que toda a vida de Cristo constitui no seu conjunto uma unidade redentora a que se deve a nossa redenção como a uma única causa.

Mas podemos distinguir mais e assinalar que Cristo – segundo o desígnio de Deus Pai - «realizou a obra da redenção humana (…) principalmente pelo mistério pascal da sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dentre os mortos e gloriosa Ascensão.

Por este mistério, com a sua Morte destruiu a nossa morte e com a sua Ressurreição restaurou a nossa vida»[3].

Com efeito, o mistério pascal é o que dá sentido redentor e unidade a toda a vida de Jesus: todos os actos do seu caminhar terreno, desde a sua Encarnação (cf. Heb 10,5-7), ordenam-se à sua Morte e Ressurreição, donde se consuma a redenção dos homens.

    E concretizando ainda mais, podemos dizer que Cristo nos redime «especialmente» com a sua sagrada Paixão e Morte.

Com efeito, a escritura resume muitas vezes toda a obra redentora no Mistério da Morte de Cristo, ou no seu sangue derramado na cruz: por ele somos redimidos, lavados dos pecados, justificados, santificados e restabelecidos em comunhão com Deus[4].

Também a liturgia nos move a orar assim:

«Te adoramos, Cristo, e te bendizemos porque com a tua Cruz redimiste o mundo». E o Catecismo da Igreja Católica diz que «a redenção nos vem antes de tudo pelo sangue da cruz»[5].

    Mas não devemos entender que a salvação seja fruto da Paixão de Cristo separada da sua Ressurreição, mas sim em união indissolúvel com ela e com todos os mistérios da sua vida.

b) Traços comuns acerca do valor salvífico de todos os mistérios de Cristo

    Toda a vida de Cristo é mistério de redenção.

Jesus viveu em todo o momento a sua condição de Sacerdote, e ofereceu a seu Pai em sacrifício por nós todas as circunstâncias da sua vida; de modo que em todo o momento exerceu a sua função mediadora para nos livrar do pecado e levar-nos à união com Deus.

Todos os actos de Cristo, ainda os que parecem menos importantes e pequenos, são redentores e possuem um valor transcendente de salvação (v g.: as carências materiais que experimentou, o seu trabalho, o seu cansaço, as dificuldades da vida, etc.)[6]:

todos eles são meritórios e foram oferecidos como sacrifício ao Pai por nós com uma entrega completa de si e com um amor imenso.

    Todos os actos de Cristo nos revelam Deus e o seu desígnio salvífico.

Jesus viveu em todo o momento a sua condição de Mestre que nos revela Deus.

Por Ele conhecemos Deus visivelmente[7], pois o Verbo eterno manifestava-se aos homens em todos os seus actos humanos, em cada uma das suas palavras, gestos e atitudes.

E igualmente todos os seus actos revelam o Pai que o enviou e com ele é uma só coisa:

«Toda a vida de Cristo é revelação do Pai (…) Jesus pode dizer: ‘Quem me vê a mim, vê o Pai’ (Jo 14,9) (…) Nosso Senhor, ao ter-se feito homem para cumprir a vontade do Pai, manifestou-nos o amor que Deus nos tem’ (1 Jo 4,9)»[8]

    E assim, Jesus, em todas as suas obras «manifesta plenamente o homem ao próprio homem»[9]:

revela-nos a dignidade e a vocação do homem, criado à sua imagem, chamado a ser filho de Deus e a participar de uma comunhão de vida com a Trindade.

    Todos os actos de Jesus são um exemplo e ensinamento de vida para nós.

Não podíamos imitar e seguir Deus a quem não víamos, mas quando o Filho de Deus se faz homem constitui-se para nós no modelo que podemos contemplar, seguir e imitar.

Jesus, em todo o momento deu-nos exemplo para que vivamos como filhos de Deus.

2. Mistério da infância de Jesus

a) O mistério da Natividade

    São Lucas narra-nos com emoção o nascimento do Filho de Deus em Belém num estábulo pois não houve outro alojamento para a Sagrada Família (cf. 2,1-20).
E os anjos explicam este grande mistério que constitui uma grande alegria para todos:

«nasceu-vos na cidade de David o salvador, que é o Cristo Senhor» (Lc 2, 10-11).

    Com efeito, Deus apareceu neste mundo.
Manifestou-se a luz verdadeira que ilumina todo o homem, a luz que brilha nas trevas (cf. Jo 1,4-5.9).
Manifestou-se a bondade de Deus e o seu amor misericordioso aos homens (cf. Tit 3,4).
Começou a redenção, o «admirável intercâmbio» pelo qual o Criador do género humano, fazendo-se homem e nascendo duma virgem, nos faz partícipes da sua divindade.

    E, além do mais, desde a cátedra de Belém, Jesus Menino distribui tantos ensinamentos que nunca acabaremos de os considerar.

Talvez o principal é que o Filho de Deus vem libertar-nos do mal e vencer o inimigo, não com as armas do poder e força humanas, mas sim com as do amor e a humildade, com o seu kénosis (cf. Flp 2,5-7):

aqui está a verdadeira sabedoria e força de Deus, que são mais fortes que os homens (cf. 1 Cor 1,24-25).

    E, fazendo-se um Menino, ensina-nos que «fazer-se criança em relação a Deus é a condição para entrar no reino (cf. Mt 18,3-4); para isso é necessário abaixar-se (cf. Mt. 23,12), fazer-se pequeno (…) para ‘fazer-se filhos de Deus’ (Jo 1,12)»[10].

b) A Epifania

    «Epifania» significa «manifestação».

A epifania de Jesus é a sua manifestação como Messias de Israel e Salvador do mundo.
Se na Natividade Jesus foi manifestado pelos anjos aos pastores, gente de Israel, neste mistério – na adoração dos magos – manifesta-se aos gentios por meio de uma estrela (cf. Mt 2,1-12).

    O Evangelho vê nos «magos» ou sábios os representantes de povos vizinhos do Oriente, as primícias das nações que acolhem o Salvador e a Boa Nova da salvação.

São Mateus quer mostrar-nos desde o princípio que a salvação é universal: todos os homens estão chamados a ser «co-herdeiros, membros do mesmo corpo e partícipes da promessa de Jesus Cristo» (Ef 3,6).

    Deus chama todos a ir a Cristo, e todos devemos responder como os magos.
Que viram a estrela no oriente, deixaram-se guiar por ela, procuraram o Senhor, e chegaram cheios de alegria até ao Menino com Maria, sua mãe.

(continua)






[1] Como podemos ver, a acção vicária de Cristo como nossa Cabeça não tem o sentido que lhe outorga a «substituição penal», que rejeitámos.
[2] S. TOMÁS DE AQUINO, De Veritate, q 29, a 5.
[3] CONC. VATICANO II, Sacrosanctum concilium, 5.
[4] Cf. Rom 5,9; Ef 1,7; Col 1,20; Heb 9,14; 13,12; 1 Pd 1,19; 1Jo 1,7; Ap 1,5; 5,9-10; etc.
[5] CCE, 517. A razão é – como veremos depois – que a Paixão de Cristo nos liberta do pecado por mais títulos. Além de ser a causa eficiente da nossa salvação (como o é a Ressurreição), mereceu-a, e também constitui uma satisfação pelo pecado: só ele é o preço da nossa redenção. E a própria exaltação gloriosa de Cristo se deve ao mérito da sua Paixão (cf. Flp 2,8-9; Heb 2,9).
[6] Cf. CCE, 517.
[7] Cf. Prefácio I de natal
[8] CCE, 516.
[9] GS, 22.
[10] CCE, 526.

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