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15/02/2014

Leitura espiritual para Fev 15

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 12, 13-34

13 Enviaram-Lhe alguns dos fariseus e dos herodianos, para que O apanhassem em alguma palavra. 14 Chegando eles, disseram-Lhe: «Mestre, sabemos que és verdadeiro, que não atendes a respeitos humanos; porque não consideras o exterior dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade: É lícito pagar o tributo a César, ou não? Devemos pagar ou não?». 15 Jesus, reconhecendo a sua hipocrisia, disse-lhes: «Porque Me tentais? Trazei-Me um denário para Eu ver». 16 Eles o trouxeram. Então disse-lhes: «De quem é esta imagem e esta inscrição?». Responderam-Lhe: «De César». 17 Então Jesus disse-lhes: «Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus». E admiravam-n'O. 18 Foram ter com Ele os saduceus, que negam a ressurreição, e interrogaram-n'O, dizendo: 19 «Mestre, Moisés deixou-nos escrito que, se morrer o irmão de alguém e deixar a mulher sem filhos, seu irmão tome a mulher dele e dê descendência a seu irmão. 20 Ora havia sete irmãos. O primeiro casou e morreu sem deixar filhos. 21 O segundo casou com a viúva e morreu também sem deixar filhos. Do mesmo modo o terceiro. 22 Nenhum dos sete deixou filhos. Depois deles todos, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição, pois, quando tornarem a viver, de qual deles será ela mulher? Porque os sete a tiveram por mulher». 24 Jesus respondeu-lhes: «Não andareis vós em erro, porque não compreendeis as Escrituras, nem o poder de Deus? 25 Quando ressuscitarem de entre os mortos, nem os homens tomarão mulheres, nem as mulheres maridos, mas todos serão como anjos do céu. 26 Relativamente à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés, como Deus lhe falou sobre a sarça, dizendo: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob”? 27 Ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos. Logo vós estais num grande erro». 28 Então aproximou-se um dos escribas, que os tinha ouvido discutir. Vendo que Jesus lhes tinha respondido bem, perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?». 29 Jesus respondeu-lhe: «O primeiro de todos os mandamentos é este: “Ouve, Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30 Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças”. 31 O segundo é este: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Não há outro mandamento maior do que estes». 32 Então o escriba disse-Lhe: «Mestre, disseste bem e com verdade que Deus é um só, e que não há outro fora d'Ele; 33 e que amá-l'O com todo o coração, com todo o entendimento, com toda a alma, e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios». 34 Vendo Jesus que tinha respondido sabiamente, disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». Desde então ninguém mais ousava interrogá-l'O.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

4. A afectividade humana de Cristo

    A afectividade humana, ponto de união entre o sensível e o intelectual no homem, compreende os sentimentos, afectos, emoções e paixões. Ainda que cada um desses termos tenha conotações diferentes, aqui falaremos dos sentimentos e das paixões de uma forma genérica para ganhar em clareza e simplicidade.

a) Os sentimentos e as paixões de Jesus Cristo

    Os sentimentos ou paixões são os actos ou movimentos reactivos naturais da nossa sensibilidade produzidos pelos objectos percebidos pelos sentidos.
    E Cristo teve aqueles sentimentos e paixões próprios da natureza humana compatíveis com a sua plenitude de graça e que serviam para a nossa redenção. Assim os Evangelhos testemunham que Cristo teve alegria pelas obras de seu Pai (cf. Lc 10,21) e de saber-se amado pelo pai (cf. Jo 15,10-11); ou que teve desejos ardentes da nossa redenção (cf. Lc 12,50) e de ficar-se na Eucaristia (cf. Lc 22,15), etc.
    A Escritura mostra-nos igualmente que em Cristo houve tristeza ao contemplar os sofrimentos da sua Paixão e o pecado dos seus (cf. Mt 26,38); ou que teve dor de alma até chorar pela morte de Lázaro ou pela ruína do seu povo (cf. Jo 11,33-35; Lc 19,41); ou que teve a ira ante a hipocrisia de alguns (cf. Mc 3,5), etc.

    Mas n’Ele esses sentimentos e paixões, que em si mesmos são parte da natureza humana e são bons, deram-se de modo diferente que em nós, pois em nós normalmente antecedem o juízo da razão, frequentemente tendem para o ilícito, e por vezes arrastam a razão. Em Cristo, ao invés, a razão regia e controlava perfeitamente toda a sua afectividade ainda que deixasse que cada uma das tendências sensíveis regesse com o seu próprio movimento para o bem e do modo mais conveniente: esses sentimentos jamais antecederam o juízo da razão, nem se dirigiram ao que não fosse conveniente mas antes estavam ordenados ao bem, nem lhe impediram a serenidade dos seus juízos, nem o arrastaram na sua actuação[1].

b) O amor de Cristo. O sagrado Coração de Jesus

    Em Jesus não faltou o sentimento principal, do qual derivam todos os outros, que é o amor e que é sobre naturalizado pela caridade. Mais, este foi o motor da sua vida, e a chave da harmonia e unidade de todo o seu ser: o seu amor e entrega ao pai e a nós.

    O amor a seu Pai nasce de saber-se o Filho muito amado (cf. Mt 3,17). O seu amor filial ressoa em todas as suas palavras e resplandece em todos os seus actos. Vivia do amor e da entrega à vontade de seu Pai: «Faço sempre o que lhe agrada» (Jo 8,29).

    O amor por nós foi o prolongamento desse amor a seu Pai. Assim nos dizem os Evangelhos, que quis aos seus (cf. Lc12,4; Jo 11,11); e que «Jesus amava Marta, a sua irmã e a Lázaro» (Jo 11,5); ou que mostrou afecto e compaixão para com muitos. Esse amor manifestava-se exteriormente com facilidade, de modo que era patente e notório para todos (cf. Jo 11,3-35).

    E esse amor de Jesus não se estendia só aos mais próximos, mas também abarcava a todos e cada um.
O Novo Testamento certifica-o: «amou-nos e entregou-se por nós» (Ef 5,2; cf. Rom 8,37); com um amor até ao extremo: «ninguém tem maior amor que o que dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15,13). «Jesus, durante a sua vida, a sua agonia e a sua Paixão conheceu-nos e amou-nos a todos e a cada um de nós e entregou-se por cada um de nós: ‘O Filho de Deus amou-me e entregou-se a si mesmo por mim’ (Gal 2,20).[2]

    O Sagrado Coração de Jesus.

Jesus Cristo amou-nos e ama-nos com o seu infinito amor divino, que tem em comum com o Pai e o Espírito Santo, e também com o seu amor humano que o levou a entregar-se por nós: ama-nos com o seu coração humano cheio da imensa caridade infundida na sua alma e o seu afecto carinhoso[3].

    «Amou-nos a todos com um coração humano.
Por esta razão, o Sagrado Coração de Jesus, trespassado pelos nossos pecados e para nossa salvação (cf. Jo 19,34), ‘é considerado como o principal indicador e símbolo (…) o amor com que o divino Redentor ama continuamente o eterno Pai e todos os homens’ (Pio XII, Auretis aquas, DES, 3924)»[4].

5. Fisionomia de Jesus

    No que respeita ao rosto e ao aspecto físico de Jesus, os Evangelhos não nos transmitiram nenhuma descrição directa sobre a sua estatura, os seus traços físicos, sobre a cor dos seus olhos ou do cabelo, etc.
Ainda que neste ponto indubitavelmente os Apóstolos devem ter satisfeito a legítima curiosidade dos primeiros cristãos, logo se perdeu a memória daquelas notícias.
Por isso ao longo da história têm-se dado múltiplas opiniões sobre a fisionomia de Jesus e a arte representou-o inúmeras vezes, mas trata-se de imagens muito diferentes que procedem só da imaginação dos, cristãos.

    Todavia, de modo indirecto a Sagrada Escritura sugere-nos alguns dados que nos servem para fazermos uma ideia, ainda que vaga e geral, do aspecto físico do Senhor.

Assim, podemos dizer devia ter uma presença agradável, amável e atraente, para que muitos acudissem a Ele com facilidade, ou para que o chamassem «bom mestre» (Mc 10,17), ou lhe levassem crianças para que lhes impusesse as mãos, etc.

    Devia ter um porte e uns modos dignos que inspiravam o respeito e o afecto de pessoas de todas as condições, tanto da gente simples das aldeias, como pessoas de categoria social ou intelectual elevada, tais como José de Arimateia, Nicodemos, etc.
    Tinha no seu interior transparecia no seu rosto uma profunda paz e alegria, das quais desejava que participassem os seus (cf. Jo 14,27; 15,11).

Com efeito vemo-lo sempre sereno, dono das suas palavras e dos seus actos.
E habitualmente ao seu rosto devia assomar um sorriso sincero, inclusive vemo-lo manifestamente feliz, em ocasiões, com o bem espiritual das almas (cf. Lc 10,21), e compara a sua vida com umas bodas nas quais ninguém pode estar triste (cf. Mt 9,15).

    O olhar de Jesus normalmente era alegre, carinhoso e profundo, de modo que chegava ao fundo das almas.

Esse olhar manifesta-se afectuoso com o jovem rico (cf. Mc 10,21), compassivo coma viúva de Naim (cf. Lc 7,13), com pena para com Pedro depois das negações (cf. Lc 22,61). Que teria o seu olhar, que removeu e arrastou Pedro, Mateus, e tantos outros a que o seguissem, deixando todas as coisas!

    Todavia, o atractivo de Jesus provinha sobretudo do seu interior: da sua bondade, das suas palavras, e dos seus milagres.
Talvez Deus tenha permitido que não nos ficasse um retrato de Jesus, e que a sua presença física entre nós finalizasse com a Ascensão, para que não fossemos atraídos a Ele por motivos meramente humanos mas para que nos fixássemos principalmente na sua alma, e o procurássemos como nosso salvador e nosso Deus.

    Ao terminar estas páginas que pretendiam dar a conhecer um pouco mais a figura de Jesus, fica-nos a pena de não ter reflectido em absoluto «a insondável riqueza de Cristo» (Ef 3,38), de não ter mostrado apenas como era.
Seria preciso percorrer uma a uma todas as virtudes e citar a maior parte dos Evangelhos se quiséssemos contemplar todas as qualidades do Salvador; e sempre ficaríamos muito longe da plenitude e perfeição que n’Ele existem e do conjunto maravilhosamente harmonioso e completo que todas elas constituem em Jesus.

    Só no céu nos será dado ver e conhecer a amável figura de Jesus face a face. Na terra resta-nos a tarefa pessoal de ir descobrindo mais e mais como era e como é, mediante a leitura meditada dos Evangelhos e do trato pessoal e imediato de cada um com Jesus na oração e na santíssima Eucaristia.

SEGUNDA PARTE

 A OBRA REDENTORA DE JESUS CRISTO

    A cristologia estuda o mistério de Cristo: o mistério da sua pessoa e da sua obra redentora numa unidade indissolúvel.

Jesus é o Filho de Deus feito homem e, ao mesmo tempo, Salvador esperado.

    Já dissemos que não se podem separar esses dois aspectos, em primeiro lugar, porque a finalidade da sua vinda ao mundo, a razão de ser de toda a sua vida, é precisamente a salvação dos homens. Assim o ensina a Escritura: «o Pai enviou o seu Filho para ser Salvador do mundo» (Jo 4,10); assim o confessamos no símbolo da fé: o Filho de Deus «por nós, os homens, e por nossa salvação baixou do céu».

    E, em segundo lugar, porque a função e a obra de Cristo como Salvador dos homens não se pode separar do seu ser de Verbo encarnado mas sim, pelo contrário, está em dependência da sua pessoa.
Unicamente o Filho de Deus pode realizar uma autêntica redenção do pecado no mundo: «Quem pode perdoar os pecados, senão só Deus?» (Mc 2,7). Somente o Filho de Deus pode livrar o género humano da morte eterna e pode dar-nos a vida eterna porque Ele é a Vida (cf. Jo 14,6).

    Assim pois, depois de, na primeira parte, ter estudado o mistério de Jesus Cristo em si mesmo, vamos abordar nesta segunda parte a sua acção redentora, tendo presente o que vimos anteriormente acerca da sua pessoa.

    Como a obra da Salvação realizada por Cristo se designa comummente por redenção, nós empregaremos indistintamente esses termos, assim como os de Salvador e Redentor, ainda que teoricamente se possam distinguir.

Capítulo VII

O MISTÉRIO DA REDENÇÃO

1, A condição humana e a libertação do mal

    Todos os seres humanos experimentam a rotura entre os desejos de vida e de felicidade, e a experiência e insatisfação do sofrimento.

Por isso a humanidade procura superar esses elementos negativos e alberga uma esperança profunda em libertar-se do mal, assim como também um anelo de conseguir a plenitude da felicidade.

    Daí que em todas as épocas os homens tenham tentado diversas soluções para se libertar do mal que os aflige Entre esses intentos humanos de salvação encontram-se as diversas religiões mundiais (p. Ex. O hinduísmo, o budismo, etc.) que pretenderam dar uma explicação do mal que existe no homem e propuseram vários caminhos para se livrar dele.
Pensaram que a origem do mal estava na ignorância espiritual, ou nos desejos humanos que não se podem satisfazer, etc.
E propuseram fórmulas para o superar através de boas obras, da contemplação espiritual, do domínio de si, do intento de apagar todo o desejo e libertar-se deste mundo, etc.

    De modo semelhante o pensamento racionalista dominante nestes últimos séculos, e que afirma a independência do homem em relação a Deus, imagina que o ser humano pode conseguir por si mesmo a sua plenitude, e põe a esperança de libertação de todo o mal na cultura, na ciência, na técnica ou no progresso social.

(cont.)





[1] Cf. DS, 299; S. TOMÁS DE AQUINO, S. Th. III, 15,4-9; Compendium theologiae, cp. 232.
[2] CCE, 478.
[3] Cf. S. JOSEMARÍA ESCRIVÁ, Cristo que passa, 164.
[4] CCE, 478.

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