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12/02/2014

Leitura espiritual para Fev 12

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 10, 32-52

32 Iam em viagem para subir a Jerusalém; Jesus ia diante deles. E iam perturbados e seguiam-n'O com medo. Tomando novamente à parte os doze, começou a dizer-lhes o que tinha de Lhe acontecer: 33 «Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas; eles O condenarão à morte e O entregarão aos gentios;34 e O escarnecerão, Lhe cuspirão, O açoitarão, e Lhe tirarão a vida. Mas ao terceiro dia ressuscitará».35 Então aproximaram-se d'Ele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo: «Mestre, queremos que nos concedas o que Te vamos pedir». 36 Ele disse-lhes: «Que quereis que vos conceda?». 37 Eles responderam: «Concede-nos que, na Tua glória, um de nós se sente à Tua direita e outro à Tua esquerda». 38 Mas Jesus disse-lhes: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber, ou ser baptizados no baptismo com que Eu vou ser baptizado?». 39 Eles disseram-Lhe: «Podemos». Jesus disse-lhes: «Efectivamente haveis de beber o cálice que Eu vou beber e haveis de ser baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado; 40 mas, quanto a estardes sentados à Minha direita ou à Minha esquerda, não pertence a Mim concedê-lo, mas é para aqueles para quem está preparado». 41 Ouvindo isto, os dez começaram a indignar-se com Tiago e João. 42 Mas Jesus, chamando-os, disse-lhes: «Vós sabeis que aqueles que são reconhecidos como chefes das nações as dominam e que os seus príncipes têm poder sobre elas. 43 Porém, entre vós não deve ser assim, mas o que quiser ser o maior, será o vosso servo, 44 e o que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. 45 Porque também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida para redenção de todos». 46 Chegaram a Jericó. Ao sair Jesus de Jericó, com os Seus discípulos e grande multidão, Bartimeu, mendigo cego, filho de Timeu, estava sentado junto ao caminho. 47 Quando ouviu dizer que era Jesus Nazareno, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim!». 48 Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele cada vez gritava mais forte: «Filho de David, tem piedade de mim!». 49 Jesus, parando, disse: «Chamai-o». Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Tem confiança, levanta-te, Ele chama-te». 50 Ele, lançando fora a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. 51 Tomando Jesus a palavra, disse-lhe: «Que queres que te faça?». O cego respondeu: «Rabboni, que eu veja!». 52 Então Jesus disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou». No mesmo instante recuperou a vista, e seguia-O no caminho.



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

c) Cristo enquanto homem também é santo por graça habitual

    A graça habitual é o dom sobrenatural que Deus outorga ao homem pelo qual o une a si e o torna semelhante a si próprio, fazendo-o participe da natureza divina (cf. Pd 1,4) que é santa. Por isso a graça chama-se também «santificante» porque é uma qualidade que transforma a natureza do homem divinizando-o, tornando-o justo e santo.
    Os Evangelhos falam-nos explicitamente da existência desta graça em Jesus Cristo: estava «cheio de graça» (Jo 1,14), ou «crescia em graça» (Lc 2,52).
É fácil de entender a conveniência de que Cristo tivesse a graça habitual, já que a sua humanidade não é santa por si mesma, nem se transformou em divina pela união hipostática, uma vez que permanece sempre a distinção das duas naturezas. Por isso, é necessário que a humanidade de Cristo chegue a ser divina e santa por participação, que é o efeito próprio da graça habitual ou santificante[1].

d) A plenitude de graça habitual em Cristo

    A revelação não só nos diz que Jesus tem a graça habitual ou santificante, como também que estava «cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14), e nos fala da sua «plenitude de graça» (Jo 1,16; cf. Ef 4,13).

    Com efeito, a graça é causada no homem pela presença de Deus nele, tal como a luz do ar é consequência da presença do Sol. A razão da plenitude de graça em Cristo é que a sua humanidade está unida a Deus na humanidade mais estreita imaginável, em unidade de pessoa, pelo que recebe a máxima e mais plena comunicação possível da vida divina.

    Em que consiste esta plenitude de graça?

Considerando-a como uma realidade criada que tem o seu sujeito na alma, é evidente que a graça habitual não pode ser infinita em si mesma, mas limitada. Mas Cristo recebeu na sua humanidade a graça no mais alto grau que pode dar-se. Por isso se pode dizer que a graça em Cristo é de certo modo ilimitada ou infinita «sem medida» (Jo 3,34); enquanto a nós se nos dá segundo medida (cf. Ef 4,7).

Quer dizer, Jesus possuía a graça com toda a perfeição possível: com todos os efeitos, virtudes, dons e operações que esta pode ter e alcançar.
   
Esta plenitude de graça é própria e exclusiva de Cristo, pois foi-lhe conferida para que Ele fosse o princípio universal da justificação de todo o género humano. Todas as graças que os homens tiveram d’Ele provêm, como da sua fonte; e por isso Ele as possui todas, no mais alto grau: «Da sua plenitude todos temos recebido graça por graça» (Jo 1,16).
Esta mesma plenitude de graça habitual em Cristo, enquanto é a Cabeça e o princípio da santificação de todos, conhece-se com o nome de «graça capital».

e) As virtudes sobrenaturais, os dons e carismas de Cristo

    Juntamente com a graça, Cristo tem todas as virtudes, dons e carismas do Espírito Santo na forma conveniente à sua perfeição de Filho de Deus e à sua missão de Redentor.

    As virtudes sobrenaturais.

Como a Sagrada Escritura testemunha, Cristo teve muitas virtudes, e em grau admirável: a humildade, a obediência, a misericórdia, a pureza, a paciência, etc. Especialmente brilha n’Ele um amor sem mácula a seu pai e a nós, os homens, até ao ponto de oferecer a sua vida por cada um.

    Sabemos que a graça diviniza a alma na sua essência, mas a sua acção civilizadora estende-se também às potências da alma mediante as virtudes sobrenaturais para que o homem possa realizar obras sobrenaturais.
E a humanidade de Cristo estava plenamente enriquecida  e divinizada pelo Espírito Santo, portanto não podiam faltar-lhe as virtudes infusas, e estas em grau máximo e perfeito.

    Todavia, Jesus não teve aquelas virtudes que supõem em si mesmas alguma carência ou imperfeição: p. ex. não teve a fé (pois já possuía a visão de Deus), nem propriamente teve a esperança (pois já tinha a união com Deus), nem a penitência (pois não teve pecado).

    Os dons do Espírito Santo.

A revelação diz-nos que Jesus, «cheio do Espírito Santo (…) era conduzido pelo espírito» (Lc 4,1); e também possuía os dons do Espírito Santo em grau excelentíssimo e eminente (cf. Is 11,2).

Sabemos que os dons do Espírito Santo levam à sua perfeição última as virtudes para que o homem actue totalmente segundo o querer de Deus. Daí que Cristo possuísse esses dons para que a perfeição de todas as virtudes fosse plena.

    Os carismas.

Juntamente com a plenitude de graça, Cristo possui em plenitude os carismas do Espírito Santo, isto é, os dons divinos convenientes para desempenhar uma missão salvífica.

Jesus tem de modo perfeito todos os carismas que os homens tiveram para levar a cabo alguma missão para a edificação dos outros (os dons próprios dos apóstolos, profetas, pregadores, doutores, pastores, etc.), pois d’Ele provêm (cf. Jo 1,16), e a Ele correspondem como salvador de todos e supremo Mestre da nossa fé.

f) A santidade de vida e a ausência de pecado em Jesus Cristo

    Jesus é santo também no sentido operativo e moral, enquanto viveu livremente em todo o momento a união sobrenatural com seu Pai pelo amor.
A perfeição de graça e de caridade que possuía, levavam-no a identificar completamente a sua vontade humana com a vontade santa de Deus, no grande e no pequeno. Ele próprio confessa: «Eu faço sempre o que agrada a meu pai» (Jo 8,29; cf. 4,34).
    E está livre de todo o pecado: «vem o príncipe deste mundo (Satanás), mas não tem nada em mim» (Jo 14,30; cf. Pd 2,22).

Por isso o Magistério da Igreja, unindo-se à Sagrada Escritura, ensinou em muitas ocasiões esta realidade: Cristo é «semelhante a nós em tudo, excepto no pecado» (Heb 4,15; cf. 7,26-27)[2].

    O Magistério da Igreja também assinalou que Jesus esteve livre do pecado original e que não sofreu a desordem da concupiscência, consequência desse pecado; de modo que n’Ele a sensibilidade estava sempre perfeitamente subordinada à razão[3].

    Mas há mais: os teólogos sustentam que Cristo não só não teve nenhum pecado de facto, mas que, além disso, era impecável. A razão é óbvia: as acções são da pessoa; e se Cristo pudesse pecar, seria Deus quem pecaria, e teria que negar-se a si mesmo.
Além do mais, Jesus Cristo enquanto homem, como veremos, gozava da visão intuitiva de Deus, que supõe também a impossibilidade de rejeitar o Bem infinito.

3. O conhecimento humano de Jesus Cristo

    Como Cristo tem duas naturezas perfeitas tem dois modos de conhecer, um infinito e divino – comum a toda a Trindade -, e outro humano. Agora vamos estudar só este último.

a) A existência de um conhecimento humano em Cristo

    A afirmação de um conhecimento humano em Cristo é patente em todo o Novo Testamento. E a Igreja, seguindo a revelação divina, defendeu sempre a integridade da natureza humana de Cristo, que tem uma alma racional e uma inteligência humana.
Esta inteligência humana não pode estar privada da actividade que lhe é própria: o conhecer por si mesma; sendo o contrário seria vã e imperfeita. Por exemplo, o Concílio Vaticano II diz que o Filho de Deus «trabalhou com mãos de homem, pensou com inteligência de homem, obrou com vontade de homem, amou com coração de homem»[4].

    Além disso, os teólogos colocaram-se a pergunta se Jesus, durante o seu caminhar terreno, teve os diversos modos de conhecer a que a inteligência humana está aberta e são possíveis para ela (a ciência adquirida, a visão beatífica e a ciência infusa). Como é lógico os Evangelhos não distinguem teologicamente os diversos modos de conhecimento, ainda que sugiram algumas coisas. E o Magistério da Igreja, ainda que tenha defendido a existência de um conhecimento humano em Cristo, não determinou a natureza e o alcance de todos os diversos modos de conhecer. Vejamos, pois, o que ensina a teologia mais segura.

b) O conhecimento experimental ou ciência adquirida de Jesus Cristo

    Por ciência adquirida designam-se aqueles conhecimentos que o homem alcança com as suas próprias forças partindo dos sentidos e da experiência. O intelecto humano, apoiando-se nos dados da experiência sensível, tem a capacidade de conhecer o que são as coisas, não só as suas aparências, e conhecer as suas causas, as suas relações com outras, etc.

    Sem dúvida que este é o modo de conhecimento de que fala São Lucas mostrando um Jesus criança que «crescia em sabedoria, idade e graça» (Lc 5,52). Jesus adquiria aqueles conhecimentos de forma semelhante aos outros homens: com as suas experiências e com a aplicação da mente, contando também com o conhecimento dos outros (cf. Mc 6,38; Jo 11,34), começando pelos ensinamentos que receberia de Maria e de José.

    «Tal ciência é proporcional (…) e co-natural á natureza humana»[5].

    Aceitar a existência deste conhecimento adquirido em Cristo – e, portanto, progressivo -, é consequência do realismo com que se aceita a Encarnação do Verbo.

    Parece claro que este conhecimento adquirido teria um alcance limitado, pois a sua inteligência humana desenvolvia-se nas condições históricas concretas da sua existência, que eram limitadas no espesso e no tempo. Ainda que a clareza e a força da sua inteligência o fizessem entender a realidade das coisas que ia experimentando com muito mais profundidade e sabedoria que no caso dos outros homens.

c) A visão beatífica da alma de Cristo

    Chama-se ciência de visão ou visão beatífica ao conhecimento íntimo e imediato de Deus que é próprio dos bem-aventurados do céu, e que os faz semelhantes a Ele porque o vêem «tal qual é» (1 Jo 3,2), «face a face» (1 Cor 13,12).

    A afirmação da existência da ciência de visão em Cristo durante a sua vida terrena fundamenta-se naqueles textos do Novo Testamento nos quais se diz que Ele vê a Deus a quem ninguém pode ver: «Ninguém viu o Pai, senão aquele que procede de Deus, esse viu o Pai» (Jo 6,46). Por isso, Jesus se apresenta como testemunha do que vê em Deus; por exemplo quando diz: «Aquele que me enviou é veraz e eu ensino ao mundo o que lhe ouvi (…) Eu digo o que vejo no Pai; (Jo 8,26.38).
    Ainda que historicamente houvesse algumas dúvidas acerca de se esses textos se referiam à sua ciência humana de visão ou antes à ciência divina, a Tradição da Igreja, desde Santo Agostinho, tem sido concorde em afirmar a ciência beata em Cristo. E o Magistério da Igreja em algumas ocasiões referiu-se à existência deste conhecimento em Cristo, ainda que não tenha definido esta doutrina como de fé[6].

    A existência desta ciência em Cristo funda-se na união da natureza humana ao Verbo: como consequência dessa união, o intelecto humano de Cristo gozava de um pleno e imediato conhecimento do Verbo.

    Segundo o comum parecer dos teólogos, Cristo com a ciência de visão via não só a divindade mas também todas as coisas, já que todas têm relação com a sua missão na terra, pois Ele foi constituído Redentor de todos. E alguma vez o Magistério da Igreja disse que é certa «a sentença que estabelece (…) que desde o princípio conheceu tudo no Verbo, o passado, o presente e o futuro»[7]


(cont.)





[1] Cf. S.Th. III,7,1,ad 1; III,7,9 ad 2.
[2] CF. S. LEÃO MAGNO, DS, 293-294; CONC. CALCEDÓNIA,DS, 301.
[3] Cf. CONC II DE CONSTANTINOPLA, DS, 434; CONC. DE FLORENÇA, DS, 1347.
[4] GS, 22.
[5] S. Th. III,9,4.
[6] Cf. DS, 3645; PIO XII, Enc. Mystici corporis (DS, 3812) e Enc. Haurietis aquas (DS, 3924).
[7] DS, 3646.

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