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11/02/2014

Leitura espiritual para Fev 11

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 10, 17-31

17 Tendo saido para Se pôr a caminho, veio um homem a correr e, ajoelhando-se diante d'Ele, perguntou-Lhe: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?». 18 Jesus disse-lhe: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. 19 Tu conheces os mandamentos: “Não mates, não cometas adultério, não roubes, não digas falso testemunho, não cometas fraudes, honra teu pai e tua mãe”». 20 Ele respondeu: «Mestre, todas estas coisas tenho observado desde a minha mocidade». 21 Jesus olhou para ele com afecto, e disse-lhe: «Uma coisa te falta: vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-Me». 22 Mas ele, entristecido por estas palavras, retirou-se desgostoso, porque tinha muitos bens. 23 Jesus, olhando em volta, disse aos discípulos: «Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!». 24 Os discípulos ficaram atónitos com estas palavras. Mas, Jesus de novo lhes disse: «Meus filhos, como é difícil entrarem no reino de Deus os que confiam nas riquezas! 25 Mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus». 26 Eles, cada vez mais admirados, diziam uns para os outros: «Então quem pode salvar-se?». 27 Jesus, olhando para eles, disse: «Para os homens isto é impossível, mas não para Deus, porque a Deus tudo é possível». 28 Pedro começou a dizer-Lhe: «Eis que deixámos tudo e Te seguimos». 29 Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Ninguém há que tenha deixado a casa, os irmãos, as irmãs, o pai, a mãe, os filhos, ou as terras, por causa de Mim e do Evangelho, 30 que não receba o cêntuplo, mesmo nesta vida, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos, e terras, juntamente com as perseguições, e no tempo futuro a vida eterna. 31 Porém, muitos dos primeiros serão os últimos, e os últimos serão os primeiros».




JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia


    4. Modos de expressar a realidade do mistério da união hipostática

   Sabemos que o Filho de Deus fez suas as propriedades da natureza humana e fez participe a humanidade assumida da dignidade da sua pessoa; de modo que ao expressar o mistério da Encarnação dá-se uma espécie de comunicação de propriedades entre o humano e o divino, o que se denominou com uma locução de origem grega, communicatio idiomatum.
Por exemplo, quando São Pedro diz aos judeus: «Matastes o autor da vida» (Act 3,15); ou quando São Paulo diz: «Se tivessem conhecido (a Sabedoria de Deus), nunca teriam crucificado o senhor da glória» (1 Cor 2,8). Em ambos os casos atribuem-se a Deus propriedades humanas (como morrer ou ser crucificado).

    Neste campo, há uns modos de falar sobre Cristo que são adequados, mas outros podem ser ambíguos ou erróneos. Portanto, devemos cuidar a precisão da linguagem para nos expressar convenientemente; para isto vejamos algumas regras elementares que devemos observar nas nossas expressões sobre o mistério de Jesus Cristo.

a) Unicamente à pessoa de Cristo há que atribuir todas as propriedades e acções tanto da sua natureza divina como as da sua natureza humana.

    Como a pessoa de Cristo é o sujeito que subsiste nas duas naturezas, podem e devem-se atribuir a essa pessoa todas as propriedades e acções da natureza divina e da natureza humana, que realmente são suas e lhe pertencem.

    Tenhamos em conta que, normalmente, nomeamos a pessoa subsistente por meio de nomes concretos: o Verbo, Deus, o Filho de Deus, Jesus de Nazaré, Cristo, o Filho do homem, este homem, etc.
    Assim podemos dizer que Deus nasceu de Maria Virgem, ou que o Filho de Deus morreu por nós. E também podemos dizer que Jesus é Deus, é a Verdade e ávida, que por Ele se criaram todas as coisas, ou que existe antes de Abraão.
E assim o confessa o símbolo Niceno-Constatinopolitano: «Creio num só Senhor, Jesus Cristo, Filho único de Deus, nascido do pai antes de todos os séculos (…) por quem tudo foi feito; que por nós, os homens (…) encarnou em Maria, a Virgem, e se fez homem; e por nossa causa foi crucificado em tempos de Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu ao céu».

b) Não se podem atribuir a uma natureza de Cristo as propriedades e acções de outra

    Como depois da união hipostática as duas naturezas de Cristo permanecem distintas e sem confusão, não se podem pregar ou atribuir a uma natureza as propriedades ou acções da outra.
    Tenhamos em conta que normalmente designamos as naturezas em si mesmas, e não a pessoa dessa natureza, com os nomes abstractos que qualificam o seu modo de ser: p. ex. a divindade, a humanidade.
    Assim, não se pode dizer de modo algum que a divindade nasceu no tempo, ou que era passível, ou que morreu por nós. Como tampouco se pode dizer que a humanidade de Cristo é incriada, eterna, omnipotente, ou que era impassível.

    Mas também temos de ter em conta outro modo de significar as naturezas: a reduplicação.
Os nomes que significam a natureza em concreto (p. ex. Deus, homem), que em princípio significariam a pessoa, se usarmos a reduplicação (p. ex. Jesus Cristo, enquanto Deus; ou o Filho de Deus, enquanto é homem), neste caso designam propriamente a natureza (a divina ou a humana), e não a pessoa.

    Desta forma podemos dizer que o Filho de Deus, enquanto homem, é inferior ao Pai, é criatura, o que morreu na cruz. E também podemos dizer que Jesus, enquanto Deus, é eterno, igual ao Pai, não foi feito.

    Em alternativa, não se pode dizer que Jesus, enquanto Deus, nasceu em Belém; ou que Cristo, enquanto homem, é o Criador, ou é uma pessoa.

    Em resumo, ainda que todas as propriedades e acções das duas naturezas se injustamente à única pessoa de Cristo, para evitar equívocos e locuções confusas, muitas vezes convém distinguir a razão dessa atribuição: umas atribuem-se-lhe segundo a sua natureza divina (p. ex. Jesus Cristo é o Criador de todas as coisas enquanto Deus), e outras segundo a sua natureza humana (p. ex. é filho de Maria enquanto homem).

Capítulo V

CRISTO ENQUANTO HOMEM CHEIO DE GRAÇA E DE VERDADE

    Como é Cristo enquanto homem?

Já dissemos que é perfeito homem e tem uma natureza humana íntegra à qual não falta nada do que é propriamente humano, já que na Encarnação «a natureza humana foi assumida, não absorvida»[1].

    Agora estudaremos as diferentes faculdades e qualidades humanas de Jesus Cristo.
Não examinaremos as propriedades da sua natureza divina que se estudam noutro tratado.
Concretamente, consideraremos neste capítulo a graça e santidade de Cristo assim também o seu conhecimento humano, e no capítulo seguinte veremos outros traços que completam a sua humanidade perfeita: a sua vontade livre, a sua afectividade, etc.

1. Qualidades da humanidade de Cristo para ser o instrumento do Verbo na obra da nossa salvação

    Já sabemos que o Filho de Deus se encarnou para ser, como homem, a causa da nossa salvação; por isso a sua humanidade deve ser o instrumento, indissoluvelmente unido ao Verbo, adequado para a obra salvífica.
    E trata-se de um instrumento vivo e racional, não inerte ou passivo, que simplesmente fosse movido pelo agente principal, mas que tem a sua acção própria.
Por isso Cristo na sua humanidade tem aquelas qualidades que são convenientes para a finalidade da Encarnação: p. Ex. para comunicar-nos a verdade e a graça divinas pelas quais nos salvamos, está dotado de todas essas qualidades, está «cheio de graça e de verdade» (Jo 1,14), já que «da sua plenitude todos recebemos» (Jo 1,16).

    Além do mais, temos de considerar que essas propriedades da sua natureza humana procedem da sua união coma divindade, pois Deus é a fonte de todo o bem e a perfeição duma criatura depende da sua união com Deus.
E quanto mais unido se está com deus, mais se participa da sua bondade e mais abundantes bens se recebem, assim como quanto mais alguém se aproxima do fogo mais se aquece. Pois bem, não há uma união mais íntima da criatura com Deus que a união na própria pessoa divina, daí que Cristo na sua humanidade esteja cheio dos dons divinos: é um homem natural e sobrenaturalmente perfeito.

    Assim como o Filho de Deus feito homem tem aquelas qualidades naturais e sobrenaturais que são convenientes para a nossa salvação, por essa mesma razão não assumiu com a natureza humana aqueles mesmos defeitos ou limitações que dificultariam a obra salvífica, tais como o pecado ou a ignorância.
Ainda que tenha assumido aquelas limitações da nossa natureza que servem a finalidade da Encarnação e que não são defeito moral e não desdizem da sua condição, tais como a passibilidade e a dor.

2. A graça e a santidade de Cristo

a) Aspectos que compreende a santidade de Cristo

    A santidade.

A santidade é um atributo próprio de Deus, o só Santo, «três vezes santo» (Is 6,3). O conceito de santidade refere-se ao ser divino em si mesmo que é transcendente sobre tudo o criado; e, como consequência, encerra a ideia de pureza, de ausência de pecado e de tudo o que é contrário à vida divina.

    A noção de santidade também se aplica às criaturas que se dizem «santas» enquanto estão unidas a Deus e participam da vida divina. Nesta união com Deus podem distinguir-se dois aspectos. O ontológico e o operativo.

    Na Bíblia diz-se que algo ou alguém é santo em sentido ontológico na medida em que está unido a Deus., na medida em que foi assumido por Ele e lhe pertence, y, por conseguinte, está destinado ou consagrado ao seu serviço exclusivo: p. ex. no Antigo Testamento chamam-se santos o Templo, o Sábado, o povo de Deus, etc. A noção de santidade no Novo Testamento, além de conservar a ideia de consagração ou dedicação a Deus, enriquece-se com uma participação na vida divina por acção do Espírito Santo que transforma o homem interiormente, que o diviniza, o faz justo e o purifica do pecado: p. ex. os baptizados em Cristo (cf. Act 9,13; Rom 15,25).

    No sentido operativo e moral diz-se que é santo quem vive estavelmente a união sobrenatural com Deus pela fé e o amor e, portanto, move-se em tudo guiado pela vontade santa de Deus e serve-o de coração («o justo vive da fé» Rom 1,17). E a consequência dessa união e desse amor a Deus é a limpeza de todo o pecado, que o homem se conduza longe de todo o pecado e de tudo o que o afaste de Deus.

    A santidade de Cristo.

Na Sagrada Escritura, Cristo é chamado Santo (cf. Lc 1,35; Act 3,14) o santo de Deus (cf. Jo 6,69). Evidentemente é santo enquanto Deus. Mas também é santo enquanto homem, e isto em três sentidos: em primeiro lugar, porque a sua humanidade está unida ao único Santo em unidade de pessoa, é de Deus e pertence inteiramente ao Verbo; em segundo lugar, porque mediante a graça a sua humanidade está divinizada na sua essência e nas suas potências; e em terceiro lugar, é santo no aspecto moral porque vive sempre unido à vontade de seu Pai e n’Ele não há pecado algum.

    Vejamos estes aspectos da santidade de Cristo enquanto homem.

b) Cristo enquanto homem é santo porque a sua humanidade está unida ao Verbo e lhe pertence. A graça de união

    Pela união hipostática, a humanidade de Cristo é santa enquanto foi assumida pelo Filho de Deus, é inteiramente de Deus, pertence ao Verbo, está destinada e consagrada ao seu serviço, e é em si mesma instrumento da divindade. Pela união hipostática a humanidade de Cristo tem a santidade infinita do Verbo.

    Esta mesma união hipostática, considerada como um dom outorgado à natureza humana assumida, chama-se «graça de união». Com efeito, para a humanidade de Cristo é uma graça o facto de ter sido elevada à maior união com a divindade a que um ser pode ser elevado.
E este dom gratuito é a própria pessoa do Verbo que foi dada á natureza humana como termo da assunção: é um dom infinito[2].

(cont.)





[1] GS, 22,2; Cf. CCE, 470.
[2] Cf. S. Th. III,2,10; III,6,6; III,7,13; etc.

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