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07/02/2014

Leitura espiritual para Fev 07

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.
Evangelho: Mc 8, 27-38; 9, 1-8

27 Saiu Jesus com os Seus discípulos pelas aldeias de Cesareia de Filipe. Pelo caminho, interrogou os discípulos: «Quem dizem os homens que Eu sou?». 28 Eles responderam-Lhe: «Uns dizem que João Baptista, outros que Elias, e outros que algum dos profetas». 29 Então perguntou-lhes: «E vós quem dizeis que Eu sou?». Pedro respondeu: «Tu és o Cristo». 30 Então Jesus ordenou-lhes severamente que não dissessem isto d'Ele a ninguém. 31 E começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do Homem padecesse muito, que fosse rejeitado pelos anciãos, pelos príncipes dos sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que ressuscitasse depois de três dias. 32 E falava destas coisas claramente. Pedro, tomando-O à parte, começou a repreendê-l'O. 33 Mas Jesus, voltando-Se e olhando para os Seus discípulos, repreendeu Pedro, dizendo: «Retira-te daqui, Satanás, que não aprecias as coisas de Deus, mas sim as dos homens». 34 Depois, chamando a Si o povo com os Seus discípulos, disse-lhes: «Se alguém quer seguir-Me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. 35 Porque quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a vida por amor de Mim e do Evangelho, salvá-la-á. 36 Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro se perder a sua alma? 37 Ou que dará o homem em troco da sua alma? 38 No meio desta geração adúltera e pecadora, quem se envergonhar de Mim e das Minhas palavras, também o Filho do Homem Se envergonhará dele, quando vier na glória de Seu Pai, com os santos anjos».



JESUS CRISTO NOSSO SALVADOR

Iniciação à Cristologia

7. Cristo é o centro da história humana

a) As genealogias de Cristo e a história humana

O Evangelho segundo São Mateus começa, conforme o costume hebreu, com a genealogia de José e faz uma lista partindo de Abraão (cf. Mt 1,2-17). A Mateus, interessa-lhe pôr em relevo, mediante a paternidade legal de José, que Jesus descende de Abraão e de David; mais em concreto, que era o Messias anunciado pelos profetas, a esperança de Israel e o que dá sentido a toda a história do povo de Deus.

    São Lucas, ao contrário, escreveu para os cristãos procedentes dos gentios, e quer destacar a universalidade da redenção de Cristo. Segundo o Evangelho de Lucas, a genealogia de Jesus è ascendente (cf. Lc 3,23-28): desde Jesus através dos seus antepassados, passando por Abraão, remonta até Adão, pai de todos os homens, tanto judeus como gentios. O Evangelho quis mostrar o vínculo de Jesus com todo o género humano: Cristo é o Novo Adão, o novo princípio da linhagem humana e o salvador de todos os homens.

b) A Encarnação dá sentido a toda a história

    «Quando chegou a plenitude dos tempos enviou Deus o seu Filho, nascido de mulher» (Gal 4,4). A Encarnação teve lugar na plenitude dos tempos, isto é no tempo oportuno segundo os planos de Deus.

    O monge Dionísio o Exíguo (século VI) propôs-se colocar o nascimento de Cristo como centro da história d humanidade e, com os dados históricos de que dispunha, situou-o no ano 753 da fundação de Roma: esta data é o começo da era cristã. Hoje admite-se que se equivocou no seu cômputo, e pensa-se que Jesus deve ter nascido aproximadamente no ano 748 da fundação de Roma, equivalente ao 6 antes da era cristã. Este foi o momento mais importante da história: Deus e a eternidade entram na história humana para nos salvar.
    A postura de Dionísio o Exíguo, que de algum modo reflecte o que nos sugerem as genealogias de Cristo, tem um grande sentido teológico. Com efeito, Cristo é o fundamento de toda a história anterior, que tem valor salvífico só por meio d’Ele e a Ele se ordena. Assim como também Cristo é o fundamento de toda a história posterior, que vive da graça proveniente da sua obra redentora.

    «A Igreja crê que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontra no seu Senhor e Mestre»[1] Cristo é certamente o centro da história humana, não no sentido cronológico, mas qualitativo: Ele é «o alfa e o ómega, o primeiro e o último, o princípio e o fim» (Ap 22,13). N’Ele os homens encontram a fonte da vida sobrenatural, e também o seu sentido e meta última, que é a salvação.

Capítulo III

A REALIDADE DA ENCARNAÇÂO DO FILHO DE DEUS


1. A vinda do Filho de Deus ao mundo, concebido de santa Maria Virgem

a) A anunciação a Maria e a concepção de Jesus

    No admirável plano da doação que Deus faz de si mesmo à criatura, a Encarnação é o acontecimento central e culminante, e Maria foi a colaboradora com a sua fé e com o seu amor para união de Jesus com a humanidade.

    São Lucas descreve esse momento transcendental: O anjo Gabriel enviado por parte de Deus comunica o plano divino a Maria: «Conceberás no teu seio e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo (…) O Espírito Santo virá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra, e por isso o filho engendrado será santo, será chamado Filho de Deus» (Lc 1,30-35). A Virgem, cheia de fé e de confiança em Deus, dá o seu rendido consentimento à disposição divina: «Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38).

    «E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós» (Jo 1,14). O mistério da união – dos esponsais – entre o Filho de Deus e a humanidade, realiza-se no instante em que Maria pronunciou o seu sim «em nome de toda a natureza humana»[2]. E ela concebeu como homem o Filho eterno do Pai, que se fez realmente seu filho.

b) A Encarnação é obra do Espírito Santo

    A Sagrada Escritura deixa muito claro que Jesus Cristo não foi concebido por obra de varão, como os ouros homens, mas sim unicamente pelo poder e obra do Espírito Santo, permanecendo a sua Mãe sempre virgem (cf. Mt 1,18-25; Lc 1,34-38). E assim o confessou a Igreja desde os primeiros testemunhos e a Tradição e as primeiras formulações da fé.
    A «virtude do Altíssimo» (Lc 1,35), pela qual se levou a cabo a Encarnação, é o poder infinito do único Deus. Assim pois, a Encarnação do Filho de Deus é obra da Trindade. Todavia, a concepção milagrosa de Cristo só costuma atribuir-se ao Espírito Santo, que ali interveio juntamente com o Pai e o Filho: «O concebido nela vem do Espírito Santo» (Mt 1,20). É que a revelação atribui ao Espírito Santo as obras que manifestam especialmente o amor e o poder divinos, e em particular atrubui-se-Lhe o mistério da Encarnação do Filho de Deus em Maria Santíssima.
    Todavia, como a filiação é a relação de uma pessoa com respeito ao que a engendrou, Cristo – que é Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade – não é, nem se pode chamar, filho do Espírito Santo, nem da Trindade, mas somente de Deus Pai.

c) Maria é a Mãe de Deus

   Maria, escolhida por Deus Pai desde toda a eternidade para será Mãe do seu Filho, pelo seu consentimento e aceitação da vontade divina, foi realmente feita a Mãe de Deus. «Com efeito, aquele que ela concebeu como homem, por obra o Espírito Santo, e que se fez verdadeiramente seu filho segundo a carne, não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (‘Theotokos’) (cf. DS, 215)»[3].

    Por isso, sob o impulso do Espírito Santo, é chamada «a mãe do meu Senhor» desde a concepção de Jesus, ainda antes do nascimento do seu Filho (cf. Lc 1,43).

d) «O Verbo se fez carne»: a Encarnação

    »O Verbo se fez carne» (J 1,14), diz São João no prólogo do seu Evangelho, significando por «carne» o homem inteiro, conotando o mais visível e o mais humilde do ser humano, em contraste coma excelência do Verbo[4]
    Tomando essa frase do evangelista, a Igreja chama «Encarnação» ao facto de que o Filho de Deus tenha assumido uma natureza humana para levar a cabo, mediante ela, a nossa salvação. O acontecimento único e totalmente singular da Encarnação consiste em que o Filho de Deus se fez verdadeiramente homem sem deixar de ser Deus.

    Este mistério é tão essencial que «a fé na verdadeira encarnação do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé cristã»[5]; mistério que a Igreja defendeu e aclarou especialmente durante os primeiros séculos face às heresias que a falseavam. 07

2. Jesus Cristo é perfeito homem

a) A realidade do corpo de Cristo.
    A heresia do docetismo gnóstico.

    O gnosticismo é uma amálgama de doutrinas místicas orientais, de tipo filosófico (sobretudo platónicas) e cosmogónico, que teve uma rápida propagação nos primeiros séculos da nossa era. Uma das suas variantes cristãs, o docetismo, é uma doutrina aparecida já no século I que considera que a matéria é má e, por consequência, nega que Cristo tivesse um verdadeiro corpo material, de carne humana: o corpo de Cristo seria só aparente. Portanto, o seu nascimento ou a sua paixão e morte não foram reais mas só fictícias e irreais.

    Todavia, a Sagrada Escritura testemunha claramente que Cristo foi homem verdadeiro, com um corpo real: é descendente de David, foi concebido pela Virgem Maria, nasceu, cresceu, cansou-se, teve fome e sede, dormiu, sofreu, derramou o seu sangue, morreu, foi sepultado, etc. O seu corpo não era fantasmagórico, mas material de carne e osso, era real e tangível, inclusive depois da Ressurreição (cf. Lc 24,39; 1Jo 1,1-3).

    Já desde a própria época apostólica a fé cristã insistiu na verdadeira Encarnação do Filho de Deus face a estas heresias (cf. 1 Jo 4,2-3; 2Jo 7), que foram refutadas pelos Padres e escritores clássicos dos primeiros séculos, como Santo Inácio de Antioquia, Santo Ireneu e outros. Estes escritores não só mostraram a verdade do corpo de Cristo com a Sagrada escritura na mão, como argumentaram também que negar a realidade do corpo de Cristo é negar a realidade da redenção obrada pelo Senhor.

b) A realidade da alma de Cristo. A heresia do apolinarismo

    Apolinar de Laodiceia (século IV) sustentou que o Verbo não teria assumido uma humanidade completa, pois dois seres íntegros não poderiam fazer-se realmente um. A humanidade de Cristo estaria somente composta de carne e alma sensitiva. Nesta natureza o Verbo assumiria a função de alma intelectiva e racional.

    Todavia, a Sagrada Escritura testemunha claramente que Cristo foi perfeito homem com uma alma humana racional verdadeira: alegrou-se, entristeceu-se, comoveu-se, teve afectos, era totalmente livre, obedeceu, era humilde, veraz, generoso e misericordioso, etc. Enfim, Jesus tinha todas as virtudes e qualidades da alma humana.

    O erro de Apolinar foi refutado por São Gregório de Nisa e outros Padres da Igreja que insistiram na perfeita humanidade de Cristo: Jesus não seria perfeito homem se carecesse de alma humana, se não tivesse uma inteligência e vontade humanas. Doutra forma não teria redimido a linhagem humana, pois «não foi curado o que não foi assumido), e Cristo curou todo o homem: corpo e alma.

    O apolinarismo foi condenado pelo Papa São Dâmaso e posteriormente pelo concílio I de Constantinopla (ano de 3181)[6]. Desde então o Magistério da Igreja tem ensinado sempre que Nosso Senhor é «perfeito Deus e perfeito homem: que subsiste com alma racional e carne humana»[7].

(cont.)





[1] GS, 10.
[2] S. Th. II,30,1.
[3] CCE, 495.
[4] Este modo de expressar o todo pela parte (o homem pela carne) é habitual na Escritura: cf. Is 40,5; Jb 19,26; 1 Cor 1,29; 2 Cor 7,5; 1 Pd 1,24; etc.
[5] CCE, 463.
[6] CF. CONC. DE CONSTANTINOPLA, DS, 149.
[7] Símbolo Quicumque, DS, 76.

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