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31/01/2014

Leitura espiritual para 31 Jan

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. 
O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Mc 5, 21-43

21 Tendo Jesus passado novamente na barca para a outra margem, acorreu a Ele muita gente, e Ele estava junto do mar. 22 Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, que, vendo-O, lançou-se a Seus pés, 23 e suplicava-Lhe com insistência: «Minha filha está nas últimas; vem, impõe sobre ela as mãos, para que seja salva e viva». 24 Jesus foi com ele; e uma grande multidão O seguia e O apertava. 25 Então, uma mulher que havia doze anos padecia um fluxo de sangue, 26 e tinha sofrido muito de muitos médicos, e gastara tudo quanto possuía, sem ter sentido melhoras, antes cada vez se achava pior, 27 tendo ouvido falar de Jesus, foi por detrás entre a multidão e tocou o Seu manto. 28 Porque dizia: «Se eu tocar, ainda que seja só o Seu manto, ficarei curada». 29 Imediatamente parou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo estar curada do mal. 30 Jesus, conhecendo logo em Si mesmo a força que saíra d'Ele, voltado para a multidão, disse: «Quem tocou os Meus vestidos?». 31 Os Seus discípulos responderam: «Tu vês que a multidão Te comprime, e perguntas: “Quem Me tocou?”». 32 E Jesus olhava em volta para ver quem tinha feito aquilo. 33 Então a mulher, que sabia o que se tinha passado nela, cheia de medo e a tremer, foi prostrar-se diante d'Ele, e disse-Lhe toda a verdade. 34 Jesus disse-lhe: «Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fica curada do teu mal». 35 Ainda Ele falava, quando chegaram da casa do chefe da sinagoga, dizendo: «Tua filha morreu; para que incomodar mais o Mestre?». 36 Porém, Jesus, tendo ouvido o que eles diziam, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; crê somente». 37 E não permitiu que ninguém O acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. 38 Ao chegarem a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço e os que estavam a chorar e a gritar. 39 Tendo entrado, disse-lhes: «Porque vos perturbais e chorais? A menina não está morta, mas dorme». 40 E troçavam d'Ele. Mas Ele, tendo feito sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que O acompanhavam, e entrou onde a menina estava deitada. 41 Tomando a mão da menina, disse-lhe: «Talitha kum», que quer dizer: «Menina, Eu te mando, levanta-te». 42 A menina imediatamente levantou-se e andava, pois tinha já doze anos. Ficaram cheios de grande espanto. 43 Jesus ordenou-lhes com insistência que ninguém o soubesse. Depois disse que dessem de comer à menina.



CARTA ENCÍCLICA
SACERDOTII NOSTRI PRIMORDIA
DO SUMO PONTÍFICE PAPA JOÃO XXIII
AOS VENERÁVEIS IRMÃOS PATRIARCAS, PRIMAZES, ARCEBISPOS, BISPOS E OUTROS ORDINÁRIOS DO LUGAR
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SÉ APOSTÓLICA
E A TODO O CLERO E FIÉIS DO ORBE CATÓLICO

SOBRE O SACERDÓCIO NO CENTENÁRIO DA MORTE
DO SANTO CURA DE ARS

I. ASCESE SACERDOTAL

…/2 cont.

S. João Maria Vianney, exemplo de pobreza evangélica

12. Primeiramente tendes o exemplo de pobreza, virtude pela qual o humilde cura d'Ars, se tornou digno êmulo do patriarca de Assis, de quem foi, na Ordem Terceira, discípulo fiel. [17] Rico para dar aos outros, mas pobre para si mesmo, viveu num total desprendimento dos bens deste mundo, e o seu coração verdadeiramente livre abria-se com generosidade a todos os que, afligidos por misérias materiais ou espirituais vinham até ele de toda a parte em busca de remédio. "O meu segredo é bem simples, dizia ele, é dar tudo e nada guardar". [18] O seu desinteresse fazia-o atender a todos os pobres, sobretudo os da sua paróquia, aos quais testemunhava extrema delicadeza, tratando-os "com verdadeira ternura, com os maiores cuidados e até com respeito". [19] Recomendava que nunca deixassem de ter atenções para com os pobres, porque tal falta recai sobre Deus; e, quando um miserável batia à sua porta, sentia-se feliz, ao recebê-lo, com bondade, por lhe poder dizer: "Sou pobre como vós; hoje sou um dos vossos!". [20] No fim da sua vida, comprazia-se em repetir: "Estou muito satisfeito; já não tenho nada de meu; Deus pode chamar-me quando quiser". [21] Por isso, veneráveis irmãos, podereis compreender como, de todo o coração, exortamos nossos queridos filhos do sacerdócio católico, a meditar num tal exemplo de pobreza e caridade. "A experiência cotidiana atesta - escrevia Pio XI, ao pensar no cura d'Ars - que a acção dos sacerdotes de vida modesta, os quais, segundo a doutrina evangélica, não procuram absolutamente os seus próprios interesses, redunda em extraordinários benefícios para o povo cristão". [22] E o mesmo Pontífice, considerando o estado da sociedade contemporânea, dirigia também aos padres este grave aviso: "Ao ver que os homens vendem e compram, tudo pelo dinheiro, os padres caminhem desinteressadamente pelos engodos do vício, e desprezando todo o baixo desejo de ganhar, busquem almas e não dinheiro, a glória de Deus e não a sua!" [23]

Aplicações aos padres de hoje

13. Estas palavras devem estar inscritas no coração de todos os padres. Se há alguns que possuem legitimamente bens pessoais, que não se prendam a eles! Que se lembrem, antes, da obrigação que formula o Direito Canónico, a propósito dos benefícios eclesiásticos, "de despender o supérfluo com os pobres ou com as obras pias".[24] E queira Deus que nenhum mereça a censura do santo pároco às suas ovelhas: "Quantos têm dinheiro guardado, e tantos pobres a morrer de fome!". [25] Mas nós sabemos que muitos padres vivem, de facto, em condições de verdadeira pobreza. A glorificação de um dos seus, que voluntariamente se despojou de tudo e se regozijava com o pensamento de ser o mais pobre da paróquia, [26] será para eles um providencial estímulo para se dedicarem à prática de uma pobreza evangélica. E se a nossa paternal solicitude pode servir-lhes de conforto, saibam quanto nos regozijamos pelo seu desinteresse no serviço de Cristo e da Igreja.

14. Mas, ao recomendar esta heróica pobreza, não pretendemos, de forma nenhuma, veneráveis irmãos, aprovar a pobreza total a que, por vezes, são reduzidos os ministros do Senhor nas cidades e no campo. No seu comentário da exortação do Senhor ao desprendimento dos bens deste mundo, São Beda, o Venerável, previne-nos contra qualquer interpretação abusiva: "Não se deve crer que seja prescrito aos santos não conservar dinheiro para seu uso pessoal ou para dar aos pobres, visto ler-se que o próprio Senhor... tinha algum dinheiro para os gastos da Igreja nascente...; mas que não se sirva Deus por causa disso, nem se renuncie à justiça com receio da pobreza". [27] Pois o operário tem direito ao seu salário, (cf. Lc 10, 7) e, fazendo nossas as preocupações do nosso predecessor imediato, pedimos instantemente a todos os fiéis que correspondam com generosidade ao louvável apelo dos bispos, desejosos de assegurar aos seus colaboradores recursos convenientes. [28]

Sua castidade angélica

15. S. João Maria Vianney, pobre de bens materiais, foi igualmente exemplo de voluntária mortificação da carne. "Não há senão uma maneira de se dar a Deus no exercício da renúncia e do sacrifício - dizia ele - isto é, dar-se totalmente". [29] E, em toda a sua vida, praticou, em grau heróico, a ascese da castidade.

16. O seu exemplo sobre este ponto parece, particularmente oportuno, porque, em bastantes regiões, infelizmente, os padres são obrigados a viver, em virtude do seu cargo, num mundo onde reina uma atmosfera de excessiva liberdade e sensualidade. E a palavra de s. Tomás‚ para eles cheia de verdade: "É por vezes mais difícil viver virtuosamente tendo cura de almas, por causa dos perigos exteriores". [30] Além disso, muitas vezes, estão moralmente sós, pouco compreendidos, pouco amparados pelos fiéis a quem se dedicam. A todos, e, sobretudo, aos mais isolados e mais expostos, nós dirigimos um apelo premente, para que toda a sua vida seja um puro testemunho dessa virtude a que s. Pio X chamava "o mais belo ornamento da nossa ordem".[31] E recomendamos-vos, insistentemente, veneráveis irmãos, que procureis para os vossos padres, na medida do possível, condições de existência e trabalho que estimulem a sua boa vontade. É preciso, a todo o custo, combater os perigos do isolamento, denunciar as imprudências, afastar as tentações da ociosidade ou os riscos do excesso de trabalho. Lembremo-nos igualmente, a este respeito, dos magníficos ensinamentos do nosso predecessor na Encíclica "Sacra Virginitas". [32]

17. Foi dito do cura d'Ars: "A castidade brilhava no seu olhar". [33] Na verdade, quem estuda a sua personalidade fica surpreendido, não só pelo heroísmo com que este padre subjugava seu corpo (cf. 1 Cor 9,27), mas ainda pela força da convicção com que conseguia que a multidão dos seus penitentes o seguisse. É que ele sabia, por uma longa prática do confessionário, os males causados pelos pecados da carne. Por isso de seu peito saíam estes gemidos: "Se não houvesse almas puras que aplacassem a Deus ofendido pelos nossos pecados, quantos e quão terríveis castigos teríamos nós que suportar!". E, falando com experiência, juntava ao seu apelo um estímulo fraterno: "A mortificação tem um bálsamo e um sabor de que não podem prescindir os que alguma vez os conheceram... Neste caminho, o que custa ‚ o primeiro passo". [34]

18. Esta ascese necessária da castidade, longe de fechar o padre num estéril egoísmo, torna o seu coração mais aberto e mais acessível a todas as necessidades dos seus irmãos. Dizia optimamente o cura d'Ars: "Quando o coração é puro não pode deixar de amar, porque encontrou a fonte do amor, que é Deus".

19. Que benefício para a sociedade humana ter assim, no seu seio, homens que, livres das solicitações temporais, se consagram inteiramente ao serviço de Deus e dão aos seus irmãos a sua vida, os seus pensamentos e as suas forças! Que graça para a Igreja ter padres empenhados em guardar integralmente esta virtude! Com Pio XI, consideramo-la a glória mais pura do sacerdócio católico, ela que nos parece "a melhor resposta aos desejos do Coração de Jesus e aos seus desígnios sobre as almas sacerdotais". [35] Não estaria também conforme com os desígnios da divina caridade a mente do santo cura d'Ars, quando exclamava: "O sacerdócio‚ o amor do Coração de Jesus!" [36]

Seu espírito de obediência

20. São numerosos os testemunhos sobre o espírito de obediência do santo, podendo afirmar-se que para ele a exacta fidelidade ao "prometo" da ordenação foi motivo para uma permanente renúncia de quarenta anos. Durante toda a sua vida, com efeito, aspirou à solidão de um santo retiro, e as responsabilidades pastorais foram para ele pesado fardo, do qual por várias vezes tentou libertar-se. Mas a sua obediência total ao Bispo foi mais admirável. Por isso, veneráveis irmãos, temos o prazer de relatar algumas testemunhas da sua vida: "Desde a idade de quinze anos este desejo (da solidão) estava no seu coração para o atormentar e tirar-lhe a felicidade de que poderia gozar na sua posição". [37] Mas "Deus não permitiu que pudesse realizar tal desígnio. A divina Providência queria sem dúvida que, sacrificando o seu gosto à obediência, o prazer ao dever, João M. Vianney tivesse constantemente ocasião de se vencer". [38] "Vianney continuou cura d'Ars com obediência cega e assim ficou até à morte". [39]

21. Esta total adesão à vontade dos superiores era, convém afirmá-lo, inteiramente sobrenatural no seu motivo: era um acto de fé na palavra de Cristo que dizia aos seus apóstolos: "Quem vos ouve, ouve a mim" (Lc 10,16), e, para ser-lhe fiel costumava habitualmente renunciar à sua própria vontade na aceitação do seu pesado encargo do confessionário e em todas as tarefas cotidianas onde a colaboração entre confrades torna o apostolado mais frutuoso.

22. Estimamos propor como exemplo aos padres, esta rigorosa obediência, esperando que saibam compreender toda a sua grandeza e cada vez a cultivem com maior empenho. E se, um dia, sentissem a tentação de duvidar da importância desta virtude capital, hoje tão facilmente esquecida, convençam-se de que têm contra si as afirmações claras e nítidas de Pio XII, que atesta que "a santidade da vida pessoal e a eficácia do apostolado têm por base e sustentáculo a obediência constante e exacta à sagrada hierarquia". [40] Deveis também recordar-vos, veneráveis irmãos, com quanta força os nossos últimos predecessores denunciaram os graves perigos do espírito de independência no clero, tanto para o ensino da doutrina como para os métodos de apostolado e para a disciplina eclesiástica.

23. Não desejamos insistir mais sobre este ponto, preferindo exortar os nossos filhos que foram chamados ao sacerdócio a desenvolver em si mesmos o sentido filial de que pertencem à Igreja, nossa mãe. Dizia-se do cura d'Ars que ele só vivia na Igreja e só para a Igreja trabalhava, como palha que se consome no fogo. Padres de Jesus Cristo, nós estamos no braseiro que o fogo do Espírito Santo anima; tudo recebemos da Igreja; só agimos em seu nome e pelos poderes que ela nos conferiu: esforcemo-nos para servi-la nos laços da unidade e pela forma por que ela deseja ser servida. [41]

Nota: revisão da versão portuguesa por ama

(cont.)
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Notas:
[17] Cf. Ibid. t. 227, p.137.
[18] Cf. Ibid, t. 227, p. 92.
[19] Cf. Ibid. t. 3897, p. 510.
[20] Cf. Ibid, t. 227, p. 334.
[21] Cf. Ibid. t. 227, p. 305.
[22] Carta Enc. Divini Redemptoris; AAS 29 (1937), p. 99.
[23] Carta Enc. Ad Catholici Sacerdotii; AAS 28 (193), p. 28.
[24] CIC., can.1473.
[25] Cf. Sermons du B. Jean B. M. Vianney,1909, t, l, p. 364.
[26] Cf. Arch. Secret. Vat., t. 227, p. 91.
[27] In Lucae Evangelium Expositio, IV, in c.12; PL, 92, col. 494-495.
[28] Cf. Exort. Apost. Menti Nostrae; AAS 42(1950), pp. 697-699.
[29] Cf. Archiv. Secret. Vat., t. 227, p. 91.
[30] Summa theol. II-II, q.184, a. 8, c.
[31] Exort.  Haerent animo: Acta Pii X, IV, p. 260.
[32] AAS 46 (1954), pp.161-191.
[33] Cf. Arch. Secret. Vat. t. 3897, p. 536.
[34] Cf. Arch. Secr. Vat. t. 3897, p. 304.
[35] Carta Enc. Ad Catholici Sacerdotii; AAS 28 (1936), p. 28.
[36] Cf. Arch. Secr. Vat, t. 227, p. 29.
[37] Cf. Ibid. t. 227, p. 74.
[38] Cf. Ibid. t. 227, p. 39.
[39] Cf. Ibid, t. 3895, p.153.
[40] Exort. In auspicando: AAS 40 (1948), p. 375.
[41] Cf. Arch. Secret. Vat. t. 227, p.136.



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