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18/12/2013

Leitura espiritual para 18 Dez

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Mt 12, 9-21

9 Partindo dali, foi à sinagoga deles, 10 onde se encontrava um homem que tinha atrofiada uma das mãos; e, eles, para terem de que O acusar, perguntaram-Lhe: «É permitido curar aos sábados?». 11 Ele respondeu-lhes: «Que homem haverá entre vós que, tendo uma ovelha, se esta cair no dia de sábado a uma cova, não a agarre, e não a tire de lá? 12 Ora quanto mais vale um homem do que uma ovelha? Logo, é permitido fazer bem no dia de sábado». 13 Então disse ao homem: «Estende a tua mão». Ele estendeu-a, e ela tornou-se sã como a outra. 14 Os fariseus, saindo dali, tiveram conselho contra Ele sobre o modo de O levarem à morte. 15 Jesus, sabendo isto, retirou-Se daquele lugar. Muitos seguiram-n'O, e curou-os a todos. 16 Ordenou-lhes que não O descobrissem, 17 para que se cumprisse o que tinha sido anunciado pelo profeta Isaías: 18 “Eis o Meu servo, que Eu escolhi, o Meu amado, em Quem a Minha alma pôs as suas complacências. Farei repousar sobre Ele o Meu Espírito, e Ele anunciará a justiça às nações. 19 Não discutirá, nem clamará, nem ouvirá alguém a Sua voz nas praças; 20 não quebrará a cana rachada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça triunfar a justiça; 21 e as nações esperarão no Seu nome”.



CAMINHO DE PERFEIÇÃO

CAPÍTULO 39.
Prossegue a mesma matéria e dá avisos sobre tentações, sendo algumas de diversos modos, e propõe remédios para que se possam livrar delas.

1. Pois, guardai-vos também, filhas, de umas humildades que infunde o demónio com grande inquietação sobre a gravidade de nossos pecados. Costuma apertar aqui de muitas maneiras, até apartar a alma das comunhões e de ter oração particular (por o não merecerem, sugere-lhes aqui o demónio); e, quando se aproximam do Santíssimo Sacramento, em pensar se se prepararam bem ou não, se lhes vai o tempo em que haviam de receber mercês. Chega a coisa a ponto de fazer parecer à alma que, por ser assim, está abandonada de Deus e quase põe em dúvida a Sua misericórdia. Tudo quanto trata lhe parece perigo, e sem fruto tudo quanto faz, por bom que seja. Põe-lhe uma tal desconfiança que lhe caem os braços para fazer qualquer bem, porque se lhe afigura que o que é bem nos outros, nela é mal.

2. Olhai muito, filhas, a isto que vos direi, porque algumas vezes poderá ser humildade e virtude o terdes-vos assim por tão ruins e outra grandíssima tentação! Porque eu passei por isso, o conheço. A humildade não inquieta, nem desassossega, nem alvorota a alma, por grande que seja; mas vem com paz e gozo e sossego. Ainda que alguém, por se ver ruim, entenda claramente que merece estar no inferno, e se aflija, e lhe pareça de justiça que todos o hajam de aborrecer, e não ouse quase pedir misericórdia, se for boa a humildade, esta pena traz em si uma suavidade e contentamento que não nos quereríamos ver sem ela. Não alvorota nem aperta a alma; antes a dilata e torna apta para melhor servir a Deus. Essa outra pena tudo perturba, tudo alvorota, revolve toda a alma; é penosíssima. Creio que pretende o demónio que pensemos ter humildade e, se pudesse, a voltas com isto, desconfiássemos de Deus.

3. Quando assim vos achardes, atalhai o pensamento da vossa miséria o mais que puderdes, e ponde-o na misericórdia de Deus, no que Ele nos ama e padeceu por nós. E, se é tentação, até nem isto podereis fazer, pois o demónio não vos deixará sossegar o espírito nem pensar em nada, senão naquilo que mais vos afligir: Muito será se conhecerdes que é tentação.
O mesmo fará sugerindo penitências desmedidas, para dar a entender que somos mais penitentes do que as outras e fazemos alguma coisa. Se vos andais escondendo do confessor ou da prelada, ou se, dizendo-vos eles que deixeis essas penitências não fazeis caso, é clara tentação. Procurai, por mais pena que vos dê - obedecer, pois nisto está a maior perfeição.

4. O demónio ainda vem com outra bem perigosa: uma segurança em nos parecer que, de maneira nenhuma, voltaríamos às culpas passadas e prazeres do mundo; «já compreendi e sei que tudo acaba e que mais gosto me dão as coisas de Deus». Esta, se é no princípio, é muito má, porque, com esta segurança, não se lhes dá nada de se porem de novo nas ocasiões, e faz-lhes fechar os olhos, e praza a Deus que não seja muito pior a recaída. Porque o demónio, quando vê que lhe pode causar dano uma alma, fugindo-lhe e dar proveito a outras, faz tudo quanto pode para que ela não se levante.
Assim, por mais gostos e provas de amor que o Senhor vos dê, nunca andeis tão seguras que deixeis de temer o poderdes tornar a cair, e guardai-vos das ocasiões.

5. Procurai muito consultar sobre essas mercês e regalos com quem vos esclareça, sem ocultar coisa nenhuma. E tende esse cuidado: no princípio e fim da oração, por subida contemplação que seja, acabai sempre no conhecimento próprio. E se é de Deus, ainda que não queiras nem tenhais este aviso, o fareis ainda muitas vezes, porque traz consigo humildade e deixa sempre mais luz para conhecermos o pouco que somos.
Não me quero deter mais nisto, porque achareis muitos livros com estes avisos. Tudo o que disse é por ter passado por isso e me ter visto em trabalhos algumas vezes. Tudo quanto se possa dizer, não pode dar absoluta garantia.

6. Pois, Pai Eterno, que havemos de fazer senão recorrer a Vós e suplicar-Vos que estes nossos inimigos não nos tragam em tentação? Venham antes coisas públicas, pois, com o Vosso favor, melhor nos livraremos. Mas estas tentações, quem as entenderá, Deus meu? Sempre temos necessidade de Vos pedir remédio. Dizei-nos, Senhor, alguma coisa para que nos entendamos e descansemos. Já sabeis que, por este caminho, não vai a maior parte, e se têm de ir com tantos medos, irão ainda muitos menos.

7. Coisa estranha é esta; como se aos que não vão por caminho de oração não tentasse o demónio! e que todos se espantem mais que ele engane a um só dos mais chegados à perfeição, do que de cem mil que vêm cair em enganos e pecados manifestos, que nem é preciso andar a ver se é bem ou mal, porque a mil léguas se vê ser de Satanás.
Na verdade, têm razão, porque são tão poucochinhos os que engana o demónio dos que rezarem o Pai Nosso do modo que fica dito, que, como coisa nova e não usada, causa admiração. É coisa muito própria dos mortais passar facilmente pelo que vêm continuadamente, e espantar-se muito do que acontece muito poucas vezes ou quase nenhuma. E os próprios demónios os fazem espantar, porque lhes convém a eles, pois perdem muitos com um que chega à perfeição.

CAPÍTULO 40.
Diz como, procurando andar sempre em amor e temor de Deus, iremos seguras entre tantas tentações.

1. Pois, nosso bom Mestre, dai-nos algum remédio para vivermos sem muito sobressalto em guerra tão perigosa.
Aquele que podemos ter, filhas, e por Sua Majestade nos foi dado, é «amor e temor». O amor nos fará apressar o passo; o temor nos fará ir vendo onde pomos os pés para não cair em caminho onde há tanto em que tropeçar, como é este em que caminhamos todos os que vivemos. E com isto é bem certo não sermos enganados.

2. Dir-me-eis: como saberemos se temos estas duas virtudes tão grandes, tão grandes? E tendes razão, porque sinal muito certo e determinada não o pode haver; porque se o tivéssemos de ter amor, ficaríamos certos à que estamos em graça. Mas olhai, irmãs, há sinais que parece até os cegos vêm; não ficam secretos; e, mesmo que não os queirais entender, ele darão vozes que fazem muito ruído, porque não são muitos os que os têm com perfeição, e assim se notam mais. É como quem não diz nada: amor temor de Deus! São dois castelos fortes donde se faz guerra ao mundo e aos demónios.

3. Quem deveras ama a Deus, todo o bem ama, todo o bem quer, todo e bem favorece, todo o bem louva, com os bons se junta sempre e os favorece e defende; não ama senão verdades e coisa que seja digna de se amai Pensais que é possível, a quem mui deveras ama a Deus, amar vaidades, oi riquezas, ou coisas de deleites do mundo, ou honras, ou tenha contendas ou invejas? Não, que nem pode; e tudo, porque não pretende outra coisa senã, contentar ao Amado. Andam estes morrendo para que Ele os ame, e assar dariam a vida para entender como mais Lhe hão-de agradar.
Que o amor de Deus, se deveras é amor, é impossível que estej muito encoberto. Senão, olhai um São Paulo, uma Madalena: em três dias um começou a dar mostras de estar enfermo de amor: foi São Paulo. A Madalena, desde o primeiro dia; e como o deu bem a entender! Que isttem o amor: há mais e menos; e assim se dá a conhecer conforme a forç que ele tem. Se é pouco, dá-se pouco a conhecer; se é muito, muito; mas pouco ou muito, como haja amor de Deus, sempre se conhece.

4. Mas, do que agora mais tratamos, que é dos enganos e ilusões que demónio arma aos contemplativos, não há pouco: aqui sempre o amor muito - ou eles não serão contemplativos -, e se dá a conhecer muito e de muitas maneiras. É grande fogo, não pode deixar de dar grande resplendor. E, se não há isto, andem com grande receio; creiam que têm bem que temer, procurem entender o que é, orem por essa intenção, andem com humildade e supliquem ao Senhor que não os traga em tentação; que, certo é, não havendo este sinal, eu temo que andemos nela. Mas, andando com humildade, procurando saber a verdade, sujeitas ao confessor e tratando com ele com sinceridade e franqueza, - conforme está dito -, aquilo mesmo com que o demónio pensa dar-vos a morte, vos dará a vida, por mais ciladas e ilusões que vos queira fazer.

5. Mas se sentis este amor de Deus que digo, e o temor que agora direi, andai alegres e sossegadas; pois, para vos perturbar a alma a fim de não gozar tão grandes bens, o demónio meter-vos-á mil temores falsos e fará com que outros também vo-los metam. Já que não pode apanhar-vos, ao menos procura fazer-vos perder alguma coisa, assim como aos que poderiam lucrar muito se acreditassem serem de Deus as tão grandes mercês feitas a uma criatura tão ruim, e julgassem ser isso possível. Parece algumas vezes que esquecemos as Suas antigas misericórdias.

6. Pensais que importa pouco ao demónio meter estes temores? - Não! mas muito, porque causa dois danos, Um, é atemorizar os que o escutam e temem assim de se chegarem à oração, pensando poderem também ser enganados. O outro, é que muitos se chegariam mais a Deus, vendo que é tão bom, - como digo - e que é possível comunicar-se agora tanto aos pecadores, desperta-lhes o desejo da mercê e têm razão que eu conheço algumas pessoas a quem isto animou e começaram a ter oração e em pouco tempo saíram verdadeiros contemplativos, fazendo-lhes o Senhor grandes mercês.

7. Assim, irmãs, quando virdes entre vós alguma a quem o Senhor as faça, louvai muito ao Senhor, mas não penseis por isso que está segura, antes ajudai-a com mais oração, porque ninguém o pode estar enquanto vive e anda engolfado nos perigos deste mar tempestuoso.
Assim, não deixareis de entender este amor onde o houver, nem sei como se possa encobrir. Aqui na terra, quando amamos as criaturas, dizem ser impossível e que quanto mais fazem por encobri-lo mais se descobre, sendo coisa tão baixa que nem merece o nome de amor, porque se baseia num mero nada. E havia de se poder encobrir um amor tão forte, tão justo, que vai sempre crescendo, que não vê coisa para deixar de amar, assente sobre tal alicerce como é o ser pago com outro amor, do qual já não se pode duvidar, pois está posto à vista tão a descoberto, por tão grandes dores e trabalhos e derramamento de sangue até perder a vida, para que não nos ficasse nenhuma dúvida desse amor? Oh! valha-me Deus! Que coisa tão diferente deve ser o outro amor a quem este tenha experimentado!

8. Praza a Sua Majestade nos dê o Seu antes de nos tirar desta vida, porque será grande coisa, à hora da morte, ver que vamos ser julgados por Aquele a quem temos amado sobre todas as coisas. Poderemos ir seguras do pleito de nossas dívidas; não vamos para terra estranha, mas para a nossa própria, pois é a d'Aquele a quem tanto amamos e nos ama Lembrai-vos, aqui, filhas minhas, do lucro que traz consigo este amor, e da perda de o não ter, que nos põe nas mãos do tentador, em mãos tão cruéis, mãos tão inimigas de todo o bem, e tão amigas de todo o mal.

9. Que será da pobre alma que, acabada de sair de tais dores e trabalhos, como são os da morte, cai logo nelas? Que mau descanso lhe vem! Que despedaçada irá para o inferno! Que multidão de serpentes de toda a espécie! Que temeroso lugar! Que desventurada hospedagem! Pois, se para uma noite mal se sofre uma má pousada, se são pessoas dadas a regalos (como o são os que para lá mais devem ir), que pensais, pois, que sentirá aquela triste alma em pousada que é para sempre, que não terá fim?
Oh! Não queiramos regalos, filhas; estamos bem aqui; tudo é uma noite numa má pousada. Louvemos a Deus, esforcemo-nos por fazer penitência nesta vida. Mas, que doce será a morte para quem já a fez de todos os seus pecados e não tem de ir ao Purgatório! E como até poderá ser que, ainda neste mundo, comece a gozar da glória, não verá em si temor, senão inteira paz

10. Mas já que não chegaremos a isto, irmãs, supliquemos a Deus que, se formos logo receber penas, seja onde, com a esperança de sair delas, as soframos de boa vontade e onde não percamos a Sua amizade e graça, e que no-la dê nesta vida para não andarmos em tentação sem o entendermos.


santa teresa de jesus

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