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09/12/2013

Leitura espiritual para 09 Dez

Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.

Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Mt 7, 12-29

12 «Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; esta é a Lei e os Profetas. 13 «Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele. 14 Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que leva à Vida, e quão poucos são os que dão com ele! 15 «Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós vestidos de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes. 16 Pelos seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem uvas dos espinhos, ou figos dos abrolhos? 17 Assim toda a árvore boa dá bons frutos, e toda a árvore má dá maus frutos. 18 Não pode uma árvore boa dar maus frutos, nem uma árvore má dar bons frutos. 19 Toda a árvore que não dá bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 20 Vós os conhecereis, pois, pelos seus frutos. 21 «Nem todo o que Me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos Céus, mas só o que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus. 22 Muitos Me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizámos nós em Teu nome, e em Teu nome expulsámos os demónios, e em Teu nome fizemos muitos milagres?”. 23 E então Eu lhes direi bem alto: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade”. 24 «Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha. 25 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha. 26 Todo aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica será semelhante a um homem insensato que edificou a sua casa sobre areia.27 Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína». 28 Quando Jesus acabou estes discursos, estavam as multidões admiradas com a Sua doutrina, 29 porque os ensinava como quem tinha autoridade, e não como os seus escribas.




CAMINHO DE PERFEIÇÃO

CAPÍTULO 23.
Trata de quanto importa não voltar atrás quem começou o caminho da oração e volta a falar do muito que importa que seja com determinação.


1. Pois digo que vai muitíssimo em se começar com uma grande determinação, e isto por tantas causas, que seria preciso alongar-me muito se as dissesse. Só duas ou três vos quero dizer, irmãs.
Uma é que não é razão ou justo que não demos a quem tanto nos tem dado e continuamente dá, uma coisa que já nos tínhamos resolvido a querer-Lhe dar, (não certamente sem interesse, mas antes com tão grandes lucros para nós) e que é esta preocupação em sermos fiéis, com toda a determinação, e não como quem empresta uma coisa para voltar a tirar. Isto não me parece a mim que seja dar; antes fica sempre com algum desgosto aquele a quem emprestaram uma coisa e lha tornam a tirar, em especial se lhe faz falta e já a tinha como sua; ou então, se são amigos, e aquele que lha emprestou é devedor de muitas dádivas feitas sem qualquer interesse, com razão isto lhes parecerá mesquinho e de muito pouco amor, pois nem ainda uma coisita quer deixar em seu poder, nem sequer ao menos como sinal de amor.

2. Que esposa haverá que, recebendo muitas joias de valor de seu esposo, não lhe dê sequer um anel, não pelo que vale, que tudo é já seu, mas em testemunho de que é sua até morrer? Pois, merecerá menos este Senhor, para que d'Ele façamos tão pouco, dando e retomando um nada que Lhe demos? Que este bocadinho de tempo que nos determinamos a dar-Lhe do muito que gastamos connosco e com quem não nos há-de agradecer, já que Lhe queremos dar esses instantes, dêmos-Lhe o pensamento livre e desocupado de outras coisas, e com toda a determinação de nunca mais Lho tornarmos a tirar, por mais trabalhos que daí nos advenham, nem por contradições, nem securas; mas que eu já tenha esse tempo por coisa não minha, e pense que mo podem pedir por justiça, quando eu de todo não Lho quiser dar.

3. Digo «de todo», para que não se entenda que, deixar de o dar algum dia ou em alguns, por ocupações justas ou por qualquer indisposição, já seja retomá-lo. A intenção seja firme, que não é nada melindroso o meu Deus; não olha a minudências, antes terá de que vos agradecer, pois isto é dar alguma coisa. O demais é bom para quem não é franco, senão tão apertado que não tem coração para dar; muito faz se empresta. Enfim, faça-se alguma coisa, que tudo toma em conta este Senhor nosso; tudo faz conforme queremos. Para tomar-nos contas não é nada mesquinho, mas generoso; por grande que seja o alcance tem em pouco perdoá-lo. Para nos pagar é tão cuidadoso, que não tenhais medo deixe um só erguer de olhos, se nos lembrarmos d'Ele, sem prémio.

4. Outra razão é porque o demónio não tem tanto pé para tentar. Tem grande medo às almas determinadas, pois já tem experiência do muito dano que lhe fazem e que tudo quanto dispõe para as prejudicar, vem a ser em proveito delas e de outros, e ele sai com perda. Não devemos, no entanto, andar descuidadas nem confiar nisto, porque nos havemos com gente traidora, e aos avisados não ousa tanto acometer, porque é muito cobarde; mas, se visse descuido, faria grande dano. E se tem a alguém por mudadiço e que não está firme no bem, nem com grande determinação de perseverar, não o deixaria em paz nem a sol nem a sombra. Meter-lhe-á medos e mostrar-lhe-á inconvenientes que não mais acabam. Eu sei isto muito bem por experiência; e assim o soube dizer e digo, pois ninguém sabe o muito que isto importa.

5. A outra razão - e faz muito ao caso -, é que a alma peleja com mais ânimo. Já sabe que, venha o que vier, não há-de voltar atrás. É como quem está numa batalha e sabe que, se o vencem, não lhe perdoarão a vida e, se não morre na batalha, há-de morrer depois. Peleja com mais determinação, quer vender bem cara a vida - como dizem - e não teme tanto os golpes, porque tem diante dos olhos o quanto lhe importa a vitória e que nela lhe vai a vida.
É também necessário começar com a segurança de que, se não nos deixamos vencer, sairemos bem da empresa; isto, sem nenhuma dúvida, pois, por pouco lucro que se tire, sairemos muito ricos. Não tenhais medo que vos deixe morrer de sede o Senhor que nos chama para que bebamos desta fonte. Isto já ficou dito e quisera eu dizê-lo muitas vezes, porque este temor acobarda muito as pessoas que ainda não conhecem de todo a bondade do Senhor por experiência, ainda que o conheçam pela fé. Mas é grande coisa ter experimentado a amizade e carinho com que trata aos que vão por este caminho e como faz quase tudo à Sua custa.

6. Os que isto não experimentaram, não me maravilho que queiram a segurança de algum interesse. Pois já sabeis que é de cem por um ainda nesta vida, e que o Senhor disse: «Pedi e recebereis». Se não credes a Sua Majestade nas passagens do Seu Evangelho em que nos assegura isto, de pouco aproveita, irmãs, que eu quebre a cabeça em vo-lo dizer. Digo, no entanto, a quem tiver alguma dúvida, que pouco perde em experimentá-lo; isto tem de bom esta viagem: nela dão-nos mais do que pedimos e até do que acertaríamos a desejar. Isto é infalível, eu o sei; e aquelas de vós que, por bondade do Senhor, o sabeis por experiência, eu posso apresentar por testemunhas.

CAPÍTULO 24.
Trata de como se há-de rezar com perfeição a oração vocal e quão junta anda esta com a mental.

1. Voltemos, pois, agora a falar com as almas que eu disse não se poderem recolher, nem prender o entendimento em oração mental, nem fazer considerações. Não mencionaremos aqui estas duas coisas, pois isto não é para vós; mas há, de facto, muitas pessoas a quem só o nome de oração mental ou contemplação parece que atemoriza, e porque, se algumas destas viera esta casa porque, como já disse, nem todas vão pelo mesmo caminho.

2. Quero agora aconselhar-vos (e até posso dizer ensinar-vos porque, como mãe, pelo ofício que tenho de prioresa, é lícito), como haveis de rezar vocalmente, porque é justo entendais o que dizeis. E, como quem não pode pensar em Deus, pode ser que também se canse com largas orações, tão-pouco me quero intrometer nelas, senão nas que forçosamente devemos rezar, pois somos cristãos, que são o Pai Nosso e a Ave-Maria, para que não possam dizer de nós que falamos e não entendemos o que dizemos, salvo se nos parecer que basta fazê-lo por costume, pronunciando só as palavras, e que isto basta. Se basta ou não, nisso não me intrometo: os letrados o dirão. O que eu quereria, filhas, que fizéssemos é que não nos contentássemos só com isso. Porque, quando digo «Credo», parece-me ser de razão que entenda e saiba o que creio; e quando digo «Pai Nosso», será amor compreender quem é este Nosso Pai e quem é o Mestre que nos ensinou esta oração.

3. Se quereis dizer que já o sabeis e que não há porque vo-lo recordar, não tendes razão; pois, de mestre a mestre vai muito; e é grande desgraça não nos lembrarmos aqui daqueles que nos ensinam; em especial, se eles são santos e são mestres da alma, é impossível esquecê-los, se somos bons discípulos. Pois de tal Mestre como o que ensinou esta oração e com tanto amor e desejo de que nos aproveitasse, nunca Deus permita que não nos lembremos d'Ele muitas vezes, quando dizemos esta oração, embora por sermos fracos, não seja todas as vezes.

4. Pois, quanto à primeira coisa, já sabeis que Sua Majestade nos ensina que seja a sós; e assim fazia Ele sempre que orava, não por necessidade, mas para nosso ensinamento. Já está dito que não se sofre falar com Deus e com o mundo, pois outra coisa não é estar a rezar e a ouvir, por outro lado, o que se está a dizer, ou a pensar no que se nos depara sem nos irmos à mão; salvo em certas ocasiões em que, ou por maus humores - especialmente se é pessoa que tem melancolia -ou por fraqueza de cabeça, nada se consegue fazer por mais que se queira, ou em que Deus permite que haja em Seus servos dias de grande tempestade para nosso maior bem e, ainda que então se aflijam e procurem aquietar-se, não podem nem estão atentos ao que dizem, por mais que façam; não assenta em nada o entendimento, antes parece ter frenesi, de tal modo anda desbaratado.

5. Na pena que isto dá a quem está assim, verá que não é sua a culpa. Não se aflija, que é pior, nem se canse em querer dar juízo a quem, por então, não o tem, que é o seu entendimento, mas reze como puder; e até nem reze, mas, como enferma, procure dar alívio à sua alma; e ocupe-se em outra obra de virtude.
Isto é já para pessoas que têm cuidado com a sua perfeição e já compreenderam que não devem falar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo.
O que podemos fazer da nossa parte é procurar estar a sós, e praza a Deus que isto baste, como digo, para entendermos com quem estamos e que o Senhor responde às nossas petições. Pensais que está calado? Embora não O ouçamos, bem fala Ele ao coração, quando do coração Lhe pedimos.
E bom é que consideremos, cada uma, que foi a nós mesmas a quem o Senhor ensinou esta oração e que no-la está apontando, pois nunca o mestre fica tão longe do discípulo que seja preciso falar em altas vozes, mas muito perto. Isto quero eu que entendais para rezar bem o Pai Nosso: convém-vos não vos apartar de junto do Mestre que vo-lo ensinou.

6. Direis que isto já é meditação e que não podeis, nem mesmo quereis, senão rezar vocalmente. Porque também há pessoas mal sofridas e amigas de se não incomodar que, como não têm o costume, é-lhes difícil recolher o pensamento e isto a princípio; para não se cansarem um pouco, dizem que mais não podem nem sabem, senão rezar vocalmente.
Tendes razão em dizer que isto já é oração mental. Mas eu vos digo, na verdade, que não sei como apartá-la da vocal, se é que esta há-de ser bem rezada e entendendo com quem falamos. E é mesmo obrigação procurarmos rezar com advertência. E praza ainda a Deus que, com estes remédios, vá bem rezado o Pai Nosso e não acabemos em outra coisa impertinente. Tenho-o experimentado algumas vezes, e o melhor remédio que encontro é procurar trazer o pensamento n'Aquele a quem dirijo as palavras. Por isso, tende paciência e procurai criar o costume de coisa tão necessária.


santa teresa de jesus

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